BIENVENIDO…

Por obra e graça de um marqueteiro o Moncho se foi, pois não possui um cacife que possa, ao menos emular, com uma medalha olímpica do hermano do sul, fator que por si só explica e define a presença do ex-voleibolista, agora mestre do marketing, no processo de queima do espanhol, e da ascensão do argentino.

Mas como nem tudo que reluz é ouro, e nem tudo que balança cai, a “genialidade” mercadológica, também resguarda óbices nem sempre levados em consideração, quando a frenética busca por patrocínios ( leia-se dinheiro, muito dinheiro, que se público, tanto melhor…), poderá, não, deverá se confrontar com os mesmos, a começar pela validade, confiabilidade e exequibilidade do projeto que o Magnano tão pronta, e oportunisticamente aceitou, a partir do momento que altas cifras (e põe altas nisso…) se esparramaram na mesa, fazendo inclusive aparecer um competente empresário no cerne da questão. Num momento em que a economia do país irmão se debate em sérios problemas, um contratão a 2hs de vôo de casa cai de um céu de brigadeiro, impossível de não aceitar.

Mas  Paulo, o cara é campeão olímpico, preenche com folgas o imaginário da turma jovem da mídia nacional, sempre empolgada pelos índices milionários do templo sagrado da NBA, profunda conhecedora das origens técnico táticas do grande jogo, mesmo desconsiderando, por desconhecimento voluntário, os grandes e eternos valores que nos levaram a sermos classificados pela FIBA a quarta potencia do basquetebol do século XX, e que por situações e problemas politico esportivos por que temos passado nos últimos vinte anos, vimos a mediocridade ser implantada na modalidade, exatamente na mesma época em que nasceram, e que hoje se negam a corrigir, e que agora podem contar com um vencedor olímpico do nosso lado?

Mas que ajuda efetiva ele poderá nos dar, assim como o Moncho não poderia tê-lo feito,  já que é simplesmente a ponta de um iceberg maturado por vinte anos, exatamente o mesmo tempo do inicio de nossa derrocada político mafiosa?

Ruben Magnano foi o ungido ápice de um trabalho minuciosamente planejado, e brilhantemente desenvolvido por um elenco de técnicos que se uniram para um bem comum, num trabalho de duas décadas, paciente e tecnicamente bem executado (como o foi Angelo da Luz, campeão mundial e vice olímpico no feminino…), e não o autor solitário de um feito, cujas bases coletivistas o levaram a colimar a brilhante conquista, e que evoluiu através as divisões de base por onde passou e se preparou para a vitória que o consagrou, não só o seu trabalho, como a de todos os seus pares, irmanados por objetivos comuns. E tais objetivos congregavam as peculiaridades do povo argentino, seu nacionalismo exacerbado, sua biotipologia adequada ao jogo, suas bases de boa alimentação, sua possibilidade direta de intercâmbio pelas duplas cidadanias italianas e espanholas, base eugênica de seu povo, o desafio sempre presente jamais limitado pelas fronteiras comuns com a grande nação com que sempre disputou a liderança hegemônica da America do Sul, que no momento de seu descenso político esportivo propiciou sua ascensão imparável e solidamente conquistada.

E no fim desta querela, uma situação de fato se revela na frieza de um único e poderoso argumento – Que bases implantadas o Magnano encontrará para, a exemplo de seu país, o torne tão ou mais vencedor a nível mundial? Encontrará uma base sólida de fundamentos desenvolvidos desde as mais tenras categorias de base?

Encontrará os técnicos brasileiros associativamente unidos, como em seu país, lastreando seu trabalho de líder?

Encontrará uma Escola de Treinadores, como a existente em seu país, solidamente implantada, cumprindo o papel estratégico de garantidora dos conceitos didático pedagógicos fundamentais no preparo daqueles que dão continuidade a um projeto de ampla cobertura nacional?

Respondo honestamente que nada encontrará, a não ser um bem fornido contrato a ser pago, não pelas promessas de ver seu competente trabalho originar conquistas mirabolantes, já que despidas de alicerces convincentes, mas sim pela inteligente abordagem de que foi consentido cúmplice, do incomensurável valor de sua medalha para amealhar patrocínios e abertura de mercados, numa tentativa de aqui saltar as etapas que o fizeram, em seu país, um verdadeiro campeão.

E se esta tentativa de saltar inevitáveis etapas vier a ser defendida como necessária ao soerguimento do nosso basquete, basta que lembremos o exemplo de sua  Argentina, e de muitos outros países que se estabeleceram lideres desportivos pelo trabalho, pela educação e pelo absoluto respeito aos professores e técnicos compromissados com o progresso de suas nações, ao contrario daqueles que se omitem e se aproveitam das situações, quando estas podem render bons dividendos.

Enfim, uma última questão – Quem o auxiliará neste temerário trabalho, e como estarão se engalfinhando pela pusilânime posição? Quem?

Menciono a questão na cola da colocação de um técnico de seleção nacional que afirmou- Ser assistente é a melhor das posições, pois quem sempre quebra a cara é o técnico principal – Engraçado, no meu conceito de equipe, numa comissão se cai um, caem todos, pois se trata de um conceito ético.

Bem feito Moncho, não foi por falta de aviso. E jamais confie em marqueteiro nenhum.

Bienvenido à Terrae Brasillis Magnano. Bom trabalho…

Amém.



8 comentários

  1. Basquete no Corredor Esportivo do Moneró 15.01.2010

    Boas colocações professor, Rubem Magnano é um técnico vencedor mais precisa que a estrutura o acompanhe sem ela nada se consegue, mas uma coisa temos que admitir ele é um excelente técnico porque depois que ele deixou a Seleção Argentina de Basquetebol esta nunca mais jogou como jogava com ele tanto no Vice Campeonato Mundial de 2002 como no Título Olímpico de 2004 e nas duas vitórias tanto em 2002 como em 2004 contra a seleção americana formada por grandes jogadores da NBA que ele conseguiu,

    mas estruturação do nosso basquete tem que acompanha-lo, se não os resultados podem não vir, com ela Rubem Magnano levou Montecchia, Ginobili, Nocioni, Scola e Oberto há grandes resultados a nível Internacional então quem sabe ele leve Huertas, Leandrinho, Varejão, Splitter e Nenê ao mesmo sucesso,

    no papel os nossos são tão bons como aqueles, mas sem estrutura bons times no papel comandados por um grande treinador como ele poucas vezes venceram.

  2. Elton Araújo 15.01.2010

    Títulos con la Selección Argentina [Ruben Magnano]

    * 2000: Campeón Sudamericano Sub 21, Selección Argentina.
    * 2000: Campeón Panamericano Sub 21, Selección Argentina.
    * 2001: Campeón Sudamericano Mayores, Selección Argentina.
    * 2001: Campeón Premundial Mayores, Selección Argentina.
    * 2002: Subcampeón Mundial, Indianápolis.
    * 2003: Subcampeón del Preolímpico, República Dominicana.
    * 2004: Campeón Sudamericano Sub 21, Ancud Chile.
    * 2004: Campeón Olímpico, Juegos Olímpicos de Atenas 2004.

    Títulos con clubes [Ruben Magnano]

    * Campeón Liga Nacional “A”, años 1991-1992, 1997-1998, 1998-1999 y 2008-2009, con el Club Atenas de Córdoba.
    * Campeón Liga Nacional T.N.A., años 1994-1995, con el Club Luz y Fuerza de Posadas.
    * Campeón Sudamericano de Clubes 1993 y 1994. Con el Club Atenas de Córdoba.
    * Campeón Panamericano de Clubes 1996. Con el Club Atenas de Córdoba.
    * Campeón Liga Sudamericana de Clubes, años 1997 y 1998. Con el Club Atenas de Córdoba.

  3. Basquete Brasil 15.01.2010

    Comos vemos prezado editor, definitivamente uma andorinha não faz verão, mesmo com o ninho alcochoado de dolares. Uma infra estrutura competente é fundamental para o seu trabalho fluir com razoáveis possibilidades. Mas onde a encontraremos, onde?
    Temo pelo pior, e espero estar errado. Um abraço, Paulo Murilo.

  4. Basquete Brasil 15.01.2010

    Vejamos prezado Elton – de 1991 a 1999 belo trabalho clubístico.
    De 2000 a 2004 efetiva e vencedora passagem por seleções.
    De 2005 até hoje volta ao ambiente clubístico.
    Total – 20 anos, exatamente as duas décadas mencionadas no artigo acima.
    Conclusão – Produto direto e inquestionável do projeto estabelecido pelos técnicos e dirigentes do país platino, sem discussões desnecessárias, já que fatos indiscutíveis.
    Paulo Murilo.

  5. David Barros 16.01.2010

    Como ele já venceu os americanos da NBA duas vezes pelo menos ele tem essa fórmula, não vou precisar mais torcer por outros ganharem deles, posso torcer para o Brasil agora ganhar deles, os poucos jogos do Brasil contra os jogadores da NBA foi só derrotas, falam que ganhamos em 1987 mas aqueles lá ainda não estavam na NBA,
    agora quem sabe isso pelo menos mude e agente consegue ganhar deles, devido a marra dos americanos quando entram em quadra e os comentários dos seus comentaristas menosprezando as seleções de outros países antes dos jogos, eu sempre torço para eles perderem.

  6. Basquete Brasil 16.01.2010

    Prezado David, muito mais importante do que deixar de perder para os americanos, é o fato inquestionável da luta que o Magnano terá de travar pela exequibilidade de um projeto cujas bases são a antítese da realidade a que está incluido em seu país, e que fundamentaram seu belo curriculo. Esse é o grande desafio, que o Moncho sequer tentou enfrentar, e que o Magnano será obrigado a fazê-lo. Vamos ver como o enfrentará. Um abraço, Paulo Murilo.

  7. Gil Guadron 17.01.2010

    Paulo : felicitaciones por su analisis bien profesional respecto al Sr. Ruben Magnano, y por lo referente a la Asociacion de Entrenadores de Argentina.

    El Sr. Magnano es tan reconocido mundialmente que en un reciente libro ( 2009 ) publicado bajo los auspicios de la NBA, una compilacion de varios excelentes entrenadores, cuyo editor es un Sr. Italiano, aparece un articulo de Ruben titulado ” El Flex Offense “.

    Mis respetos y agradecimientos a “ATEBA” ( Asociacion de Tecnicos en Basquetbol Argentina ), pues orgullosamente perteneci a tal Asociacion desde temprano en los años 70’s, siendo el socio #320 ,y puedo asegurarle que es una solida entidad profesional en beneficio de los entrenadores en todo sentido, hasta en el bienestar como seres humanos.

    Tanto sus clinicas como sus publicaciones de una gran nivel, ,sus ponentes : entre otros : el Jugoeslavo Ranko Saravica,el español Antonio Diaz Miguel etc.

    Sus publicaciones: la Revista “Tecnico en Basquetbol”, publicada seis veces al año , sus los “cuadernillos tecnicos”,los “apuntes de las clinicas dictadas” , los libros traducidos al español entre ellos: “Entrenando las defensas a presion y de hombre a hombre” de Neal Baise.

    Paulo muchas gracias por su objetivo analisis sobre dicha Asociacion, sin lugar a dudas la mejor de nuestra America .

    Personalmente atraves de ella , ademas de haber aprendido muchisimo basquetbol, conoci a personas argentinas bien dedicadas a nuestro deporte — al gran jogo — como usted dice, y ademas grandes personas de un gran corazon: entre ellas al fundador Don Juan Carlos Sola , a Jaime Perez, Abel Rojas, Roberto Amaya etc.

    Sin lugar a dudas el Sr. Magnano sera un gran timonel para la seleccion Brasileña de basquetbol, ojala tambien le copien a “ATEBA” su extraordinaria e independiente organizacion.

    Con respetos.

    Gil Guadron

  8. Basquete Brasil 17.01.2010

    Gil,o que vemos agora é a carga pesada que o Magnano terá às costas para fazer vingar um objetivo de resultados, sem fundamentações técnico táticas, formação seria de base e sem uma união de tecnicos nacionais. Enfim, se deparará com um deserto de idéias e realizações, onde a busca dos resultados se faz presente como a salvação do basquete brasileiro. Numa piramide invertida como essa, pouco, ou quase nada poderá realizar, a não ser faturar o caminhão de dolares de seu contrato. Argentina não é Brasil em termos do grande jogo, a não ser a oportunidade que terá de lastrear substancialmente sua conta bancária até 2012, e quem sabe, 2016. Lamentável a farsa que foi montada em nome de resultados somente factíveis com o embasamento argentino de mais de vinte anos.
    Um abração Gil, Paulo.

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