2 ARMADORES E (?)PIVÔS MÓVEIS…
A seleção brasileira se sagrou campeã no sul americano, e em cima do tradicional adversário, a Argentina, pena que somente por 10 pontos, quando, se de 2 em 2 pontos poderia ter chegado aos 20-30 de diferença, bastando que para tal tivesse concentrado o jogo no perímetro interno, onde nossos pivôs se impuseram pela velocidade, e não pelo embate físico. A síndrome dos 3 pontos ainda não foi debelada, por puro ciúme dos “shooters” com a dinâmica dos 4 pivôs móveis que se revezaram de 2 em 2, com o Murilo de regente, jogando de frente para a cesta, e não de costas como os pivôs grandalhões e pesados argentinos. E para 3 pivôs móveis faltou pouco, já que o Arthur e o Tavernari também se movimentaram em deslocamentos constantes dentro do perímetro, onde os 2 pivôs ágeis e moveis reinaram absolutos.
E tudo isto fundamentado nas ações de 2 armadores sempre em quadra, nas figuras do Fúlvio, do Nezinho e do Luis Felipe, todos armadores natos, ações estas menos decisivas quando o Duda destoava na função por não dominá-la como os outros 3, daí sua preferência pelos arremessos de 3 sempre que possíveis. E mais, com os armadores sempre próximos, e não como costumávam jogar se escondendo no fundo do ataque.
Tanta mobilidade também acrescentou uma melhora substancial na defesa antecipativa e veloz, falhando só e gravemente nas anteposições dos precisos arremessos longos dos argentinos, quando um posicionamento bem próximo e energico aos mesmos, os instigariam às conclusões de 2 pontos, numa troca de 3 por 2 altamente benéfica para a equipe.
E pensar que quando sempre defendi a utilização permanente da dupla armação no controle do perímetro externo, e da utilização de pivôs de grande mobilidade no interno, fui tachado de teórico e lunático, até o dia em que retornei às quadras e provei com o humilde Saldanha que as possibilidades existiam, e não só com dois pivôs móveis, e sim com três! Mas estamos aprendendo, e depressa. Por isso parabenizo o João Marcelo que conseguiu exequibilizar esse inusitado modo de jogar, com algumas boas adaptações, fruto do que observou também, quando sua antiga equipe do Paulistano enfrentou a minha no NBB2 e perdeu em casa, exatamente pela utilização que fizemos da dupla armação e dos três pivôs móveis que não soube, ou não pode marcar. Agora a Argentina que se cuide daqui para a frente, já que estamos, aleluia, evoluindo técnica e taticamente de verdade.
O engraçado nessa história toda foi a declaração do Magnano em uma entrevista cedida ao jornalista Rodrigo Alves do Rebote em 30/06/2010, sob o título Papo de Mundial – Rubem Magnano, quando declarou –“ No meu estilo não jogo com dois armadores, mas há uma possibilidade tática aberta”.
Acho que a comissão técnica que esteve na Colômbia nesse sul americano optou pela “possibilidade tática” e venceu os conterrâneos do excelente técnico argentino. Mas será ser possível que essa mesma “possibilidade” possa ser empregue no Mundial que se avizinha? E por que não, também, os 3 grandes pivôs?
Não sei se teria a coragem necessária para fazê-lo. Pena, pois seria instigante e revolucionário. Meu humilde Saldanha (hoje acabado…), o provou.
Amém.
Quem assistiu o primeiro jogo contra o Chile, não acompanhou mais nenhum jogo e assitiu o jogo contra a Argentina não acreditou no que viu. Era um outro time vestindo a camisa do Brasil. Os chutes de 3 foram bem menos à esmo e a movimentação que os armadores impuseram deu a certeza que os argentinos iriam correr atrás dos brasileiros o jogo inteiro.
Ótimo trabalho da comissão técnica. E é uma pena que apenas o nezinho fora chamado para compor os treinos da seleção principal. O Fúlvio merecia uma chance também. Que venha o mundial.
Professor Paulo, faz tempo que quero questiona-lo o seguinte.
Eu assisti alguns jogos do Boston Celtics, time da temporada 1986.
A linha principal era: Danny Ainge, Dennis Johnson, Larry Bird, Kevin McHale e Robert Parish.
Quando vi, me lembrei muito do sistema proposto pelo senhor.
Muito.
Neste video talvez fique mais claro do que meu texto:
http://www.youtube.com/watch?v=pnm24AWHeMo&feature=related
É apenas um breve video, mas a forma de jogar da equipe é muito interessante.
Bird ora no poste alto, ora no poste baixo, raramente recebendo parado a bola. Os outros dois pivos, em movimentação constante, abrindo para passar se necessário.
E dois armadores. Ainge e Johnson, com disposição para os passes e depois sim para a conclusão, praticamente todas dentro do perimetro.
O Boston chutava pouquissimo de tres, alias neste epoca, os chutes de tres pontos pouco representavam nas partidas, em termos de volume.
Isso, se considerarmos que o volume ofensivo de Larry Bird era de:
19 chutes tentados por jogo, apenas 2 da linha dos tres e outros 17 dentro do perimetro.
Professor, quando vi, me lembrei e muito do que o senhor propoe.
Sei que Bird não é pivo. Não como os pivos sao refenciados hoje, como Shaquille O´Neal ou Dwight Howard. Mas, porque os pivos nao podem ter a qualidade de passe, visao de jogo, drible, arremesso de um Bird ? Porque negligencia-los ?
Porque Kevin McHale e Robert Parish servem neste sistema do Boston como passadores, como definidores de jogadas de todas as formas, mas prioritariamente perto da cesta e recebendo em movimento e alguns outros pivos de hoje, apenas estacionam e pedem bola parados ?
Enfim Professor, era essa minha duvida.
Um grande abraço ! Henrique Lima
PS: O link que enviei Professor, nao aparece, mas se selecionar o texto, o senhor verá.
Sem dúvida foi uma outra equipe. Só discordo quanto aos arremessos de três, que foram vastamente tentados em detrimento do jogo interior, este sim, devastador. Nossos jogadores que atuam fora do perimetro ainda titubeiam na leitura do jogo, mais preocupados que sempre estão em suas produtividades finalizadoras, já que incentivadas por uma midia equivocada.
Por estes comportamentos, prezado Douglas, torna-se urgente volvermos aos fundamentos, intensa e dedicadamente.
Um abraço, Paulo Murilo.
Sim Henrique, já houve um tempo em que o basquete era jogado magnificamente na NBA. Veja como dois eram os estilos de jogo, com sistemas antagonicos e ambos eficientes.Outras equipes da liga atuavam mais diferentemente ainda, numa profusão criativa e de técnica individual e coletiva refinada.Hoje, a globalização esmagou o bem jogar, substituindo-o pelas Battles under basket, dunks,e muito marketing. Sobrou o que ai está. Mas como sou teimoso, e não saudosista puro e simples, mantenho o sonho dentro de mim, espelhado nas equipes que, teimosamente ainda dirijo.
Um abraço, Paulo Murilo.
Professor, a parte da tática do passado da NBA é muito mais rica do que a atual.
Atualmente, devemos ter umas 20 equipes jogando da mesma forma e várias delas perdendo vários jogos e mesmo assim, ficando na mesmice e algo em torno de 7-10 equipes que jogam um pouco diferente ou com conceitos que não são habituais na NBA.
Alias Professor, acho que nunca na liga tivemos tão poucos técnicos excelentes. Tirando Phill Jackson, Popovich, Sloan, Adelman, Don Nelson e talvez mais um ou outro que esqueci agora, o resto não faz parte de uma tradição de grandes tecnicos que a NBA tinha ao menos, no começo da decada de 90.
Isso também contribui para que o jogo seja repetido várias vezes e repensando pouquissimas.
Um abraço, Henrique Lima.
A isto chamam de globalização, artimanha logística que justifica a linearilização de uma atividade humana, facilitada e operacionalizada por um poder central. Criar novos caminhos ante tal poder, e que aufere grandes lucros a todos os envolvidos no processo, torna-se um fato raro, e frontalmente combatido pela ameaça de quebra de um monopolio aceito e degustado pela maioria, de técnicos a jogadores, de dirigentes a midia, como um clube fechado, onde a mediocridade se disfarça de elite, todos em defesa do status quo.
O passado de tradições esportivas advindas basicamente do meio escolar e universitario, locais onde o estudo, a pesquisa e as inovações tecnologicos nasciam e se espalhavam, inclusive no âmbito dos desportos, cedeu seu lugar às grandes organizações que visam o lucro, as franquias, onde a pragmatização técnico tática garante o fluxo continuo da riquesa mantenedora do poder e de seus seguidores.Uns poucos tentam quebrar essa corrente, como os Suns em um passado recente, rapidamente engolfado pelo poder maior.
Aqui entre nós, esse exemplo vem se esgueirando sorrateiramente, mas pela insipiência do combustivel basico para a sua sobrevivência, o aporte financeiro, ainda existem algumas brechas onde as inovações e atitudes corajosas podem reverter esse provavel quadro. Quem sabe aqui em nosso país possamos pelo menos equilibrar tais tendências. A pobreza de recursos pode, quem sabe , retardar a imposição vinda de fora. Talvez…
Um abraço Henrique. Paulo.