QUANDO AS ESTRELAS SE ENCONTRAM…
Oi Paulo, o que achou do Jogo das Estrelas? Não achei…
Mas o que não achou, cara? As estrelas do jogo…
Como não? Vejamos: Três dos mais eficientes e habilidosos armadores da Liga, o Fúlvio, o Muñoz e o Rafinha lá não estavam, assim como não vi em quadra jogadores altos como o Jonathan, o Amiel, o Teichmann, o Douglas, entre outros ausentes, sequer serem mencionados. Mas vi jogador levar toco de aro, tropeçar durante o drible e a finta, passar direto para a lateral, arremessar longe do aro, e o óbvio da não marcação dos adversários, em comum acordo. E ai, bem ai, contando inclusive com o próprio testemunho do Robert Day, afirmando que com a total liberdade para arremessar, foi o que fez, e atingiu os 50 pontos, “like a practice…”
Mas nada o impressionou nos dois dias? Sim, a presença do público francano, fazendo jus às tradições daquele grande centro de basquetebol, assim como me impressionou sobremaneira ver um jogador vencer o circuito de habilidades, cometendo por duas vezes nas fintas finais a infração de andar com a bola, já que a paralisava na palma de sua mão, a fim de mudar de direção com mais velocidade, já que o drible suscedâneo ao se tornar inexistente fazia com que alguns preciosos segundos fossem economizados (a maioria dos juízes conotam essa infração como condução da bola, quando na realidade a infração cometida é a de andar com a mesma, pois o binômio ritmo-passada é quebrado pela interrupção proposital no trajeto da bola). Revejam o vídeo e constatem a irregularidade. O Nezinho, ao superar os obstáculos dentro das regras deveria ter sido o vencedor, mas…
Caramba Paulo, não viu mais nada de relevante? Ah, sim, vi mais duas coisas, como o show de desinformação e de gracinhas globais, vindo de pessoas que nada têm a ver com o basquete (volei incluso…), junto a outro que tem (autodenominado BBB…), já que pelo canal aberto o marketing em torno dos mesmos pretensamente capitalizaria o grande público para o espetáculo, deixando os comentaristas de ofício de castigo no Sportv. E também, o surgimento de um outro astro global, o juiz Renato, que aos poucos vai se deixando levar pelo showbizz (microfones de lapela em jogos, dispensáveis discursos didáticos aos jogadores…), o que lastimo, por se tratar de um excelente árbitro.
Concluindo então Paulo? Concluindo ser esse espetáculo a meio caminho da temporada, algo inadequado tecnicamente, pois retira de algumas equipes jogadores, e até técnicos, importantes para nestes dez dias de intervalo, treinarem melhor suas equipes, principalmente as que se situam nas colocações finais (o motivo de meu não comparecimento no JE de Uberlândia em 2010), mas os 15 técnicos da Liga e outros mais, lá estavam para uma reunião técnica (será que a colocação sobre o jogo único imposto pela Globo foi aí discutida?), cumprindo uma determinação da LNB que mantêm um comitê técnico com todos aqueles que dirigiram equipes no NBB, aliás, menos um… Um jogo desse calibre, ao final da temporada, com a participação real dos melhores, e as respectivas premiações, teria de ser estudado, para ser o grande fecho da mesma, e não essa meia bomba de técnica duvidosa e que não conta com os melhores, democratica e tecnicamente estabelecidos ao final de uma temporada.
E fechando a análise, creio que ficou bem clara a opção de todos os envolvidos com a festa pelo sistema único de jogo, desde a apresentação dos quintetos que iniciariam a disputa, dispostos em pares de 1 a 5, com direito a especificações de cada uma das posições, até as instruções pranchetadas de uma forma padronizada comum a todos, jogadores, técnicos, narradores e comentaristas, numa forma contundente de alertar a quem ouse pensar, agir e jogar de uma outra forma que não a estabelecida por todos, no que chamo de mesmice endêmica, e que encontrou nesse Jogo das Estrelas sua ratificação até aqui,definitiva. como convém a uma sociedade cada vez mais corporativa, o que é de se lamentar.
Mas apesar de toda essa exibição milimetricamente copiada da NBA (com um porém, de ser lá uma festa exclusiva do basquete…), ainda acredito que os talentosos jogadores brasileiros sejam merecedores de outras formas de pensar e jogar o grande jogo, precisando para isto de um pouco mais de criatividade na forma de sistemas diferenciados e dedicação mais concentrada nos fundamentos do jogo. Anseio e sempre ansiarei para que isso venha a acontecer.
Que me perdoem os maravilhados e deslumbrados com o grande espetáculo global de Franca, órfãos do passado brilhante do grande jogo entre nós (tanto os que o testemunharam, como os que o imaginam ou não…), mas, definitivamente, sou um técnico, e não um torcedor de fórmulas prontas e palatáveis, e para tal, prezo e busco a precisão técnica e o bom senso.
Amém.
PS- Video divulgado pelo blog Rebote.