IMPACTando…

(…)“A experiência foi muito produtiva e importante dentro do trabalho de qualidade que estamos desenvolvendo com esta seleção. Essa também foi uma ótima oportunidade para muitos dos jogadores que estão tendo a primeira vivência internacional. O trabalho realizado na IMPACT teve o mesmo foco físico e técnico que desenvolvemos em São Sebastião. Fizemos também uma partida amistosa contra o grupo que treina na IMPACT para o draft e conquistamos a vitória. Estou muito contente com o resultado desta viagem”, analisou José Neto”.

Pela primeira vez participando de uma preparação internacional, o pivô mineiro Felipe Braga, de 17 anos e 2,10m, conta como foram os treinos.

“A oportunidade de participamos dessa fase no IMPACT foi muito boa. Além disso, treinar no formato que os americanos atualmente treinam foi fantástico. Os treinamentos foram bem pesados e a experiência foi maravilhosa. Participamos também de um jogo-treino que vencemos. Nosso time foi superior na defesa, e as bolas caíram. Fiquei muito contente com a experiência que tivemos em Las Vegas”, disse Felipe”(…).

( entrevistas publicadas no Databasket de 22/4/11).

 

Muito bem, mas o que me deixa perplexo é o trecho que diz – “O trabalho realizado na IMPACT teve o mesmo foco físico e técnico que desenvolvemos em São Sebastião”.

Então para que ir até lá com um batalhão, se o foco era o mesmo?  E se houvessem dúvidas, por que não enviar somente o técnico, ou um assistente para comprovar isso?

E porque ao acessar o site da IMPACT BASKETBALL, na coluna PROGRAMS, o item PRICING se mantém num branco absolutamente virginal, somente sendo possível o acesso através um cache do Google para os bens iniciados nos assuntos da grande rede? Nele encontramos os reais valores cobrados daqueles que usufruem dos serviços setorizados prestados pela empresa, faltando somente que sejam esclarecidos quais os que foram indicados para a nossa seleção, além dos transportes externos e internos, e as correspondentes estadias, além, é claro, os per diem da douta comissão.

E porque dentre todas as quatro sedes da IB nos Estados Unidos (Los Angeles, CA- Las Vegas,NV-  Saratosa, FL-  Novi, MI ) a de Las Vegas foi a escolhida, uma cidade sem qualquer atrativo cultural, a não ser a industria dos grandes cassinos? Por que não Los Angeles, onde um pequeno roteiro cultural aos grandes museus e vastas bibliotecas poderiam enriquecer um pouco nossos jovens jogadores, dando a eles uma experiência internacional um pouquinho além do que servirem de cobaias em metodologias voltadas ao mundo profissional, onde walkmans são o refúgio preferencial de seus participantes?  Todos eles precisam aprender a observar o mundo que os cercam, também fora de uma quadra de jogo.

Afinal de contas, este é o projeto que visa massificar o basquete em nosso país, investindo em 16 jovens escolhidos a dedo (critérios de escolha à parte…), sabendo todos aqueles que realmente entendem e conhecem o grande jogo, que pelas leis probabilísticas muito poucos, ou nenhum,  ascenderão as equipes seniores, na esperança furada de que venham a servir de exemplos de cima para baixo, a fim de arrebanhar multidões de jovens à pratica da modalidade?  A quem querem enganar pulando sem vergonhosamente as etapas sagradas do desenvolvimento primário do homem? Qualquer país desenvolvido educacional e culturalmente falando sabe muito bem que, somente um trabalho massificado, generalista e democrático pode gerar talentos científicos, literários, artísticos e desportivos que o faça ascender à categoria de desenvolvido, ao contrário daqueles que insistem em chafurdar na lama da incúria, da corrupção e da falta de amor incondicional ao país e seu futuro.

Finalmente, a última indagação? Quando veremos transparentemente os custos de tanta aventura inconseqüente, quando?

Resposta? NUNCA! ( Mas que aqueles monumentais cassinos são um barato, nem discutir…).

Amém.



4 comentários

  1. Thiago Tosatti 25.04.2011

    Professor, tudo bem??
    Eu discordo totalmente da forma como a CBB vem conduzindo o trabalho com estes jovens, mas é inegavel que eles tem tido oportunidade de se desenvolver. Da forma que o processo esta sendo conduzido apenas eles se desenvolvem, não há igualdade apenas privilégios para estes jovens escolhidos.
    Se a CBB pode gastar tanto com esses 16 jovens, porque não intervir nas federações estaduais para diminuir as taxas cobradas dos clubes subsidiando-as com este dinheiro por exemplo.
    Numa Confederação onde tudo é marketing, escolheram 16 personagens para fazer parte da sua campanha milionária, enquanto muitos atletas não tem equipamento adequado e local para treinar, e técnicos e professores pagam despesas e alimentação do próprio bolso porque amam o esporte.
    Um técnico que ajuda um atleta com dinheiro do próprio bolso não paga comissão, não da lucro e é um marketing negativo. Nessa administração esse tipo de pessoa não serve.
    Abraços Professor!!

  2. Basquete Brasil 25.04.2011

    Mas sob que ótica, e mesmo orientação está sendo tal desenvolvimento, prezado Thiago? Sob os distantes e irreais padrões da sociedade do norte, ou da nossa, que privilegiou(?) 16 jovens à margem de uma realidade inexistente e negada em nosso país, a da escolha natural advinda de um trabalho de massa junto às escolas e clubes?
    Esses meninos, escolhidos da forma que foram, através critérios discutíveis, sem dúvida se desenvolverão, mas bem ao largo da nossa realidade técnica e tradições de jogo, tanto na forma como nos conteúdos do mesmo, ou seja, estarão sendo levados de “bandeja” para o colo dos olheiros, agentes e empresários(vide as elevadas estaturas dos mesmos…), que não estão nem ai para o desenvolvimento do basquete nacional, e sim no que poderão lucrar com mercadoria tão barata.
    Quanto à CBB dispor de verbas para o real desenvolvimento do basquete no país, como isso poderá ser possível sem desfalcar valores nos projetos terceirizados que garantiram e viabilizaram os atuais mandatários na eleição passada? Nem pensar…
    Um abraço, Paulo Murilo.

  3. Ricardo 27.04.2011

    A propósito dos gastos da CBB aconselho: http://balanacesta.blogspot.com/2011/04/o-balanco-da-cbb.html

    Com as Olimpiadas de 2016 se aproximando mais e mais dinheiro público será injetado em confederações cuja capacidade de gerir esses recursos é muito questionável!

  4. Basquete Brasil 27.04.2011

    Obrigado pela indicação, prezado Ricardo.Falta somente que o verdadeiro dono desse dinheiro, o povo brasileiro, se insurja contra tamanho descalabro, contestando veementemente essa descarada roubalheira.
    Um abraço, Paulo Murilo.

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