AS DECISÕES DO ARGENTINO…

E o Flamengo aos poucos vai mudando sua forma de jogar, numa hora decisiva do campeonato, onde erros contumazes cobram altos juros, e sem alternativas de correção. Num mata –mata  feroz como os que estão acontecendo, vence aqueles que conseguem diminuir seus erros mais notórios de ataque, já que defensivamente todas as equipes se constituem num erro só, nivelando por baixo tão importante e fundamental elemento do jogo.

Deixando um pouco de lado a sangria dos arremessos de três, e investindo nos de média e curta distâncias, a equipe da Gávea se impôs ao Bauru, apresentando um jogo interior mais intenso, que atingiu a boa marca de 25/45 (55%) nos dois pontos, 7/17 ( 41%) nos três e 11/15 (73%) nos Lances livres, contra os 19/30 (63%) de dois, 10/26 (38.4%) de três e 11/19 (57.8%) nos Lance livres do Bauru, que agindo ao inverso do Flamengo, viu suas chances de continuar na disputa se perder sem contestações. A fórmula de jogar de 2 em 2 se saiu muito melhor do que o tiroteio indiscriminado de três, pois diminuiu substancialmente o número de bolas perdidas pela inquestionável imprecisão dos longos arremessos, se comparados pelos de curta e medias distâncias.

Mas nada desse processo de mudança seria factível, se alguns jogadores chaves não dessem sua cota de colaboração necessária ao sucesso de tais mudanças, principalmente aqueles que se estabeleceram como paradigmas dos longos arremessos, como o Marcelo, o Helio, o Jefferson e o Duda. Desses ,  os dois primeiros realmente se adaptaram, ou pareceram se adaptar à nova conceituação da equipe, ao passo que os outros dois não, daí suas prolongadas estadias na reserva da equipe, que de tal modo os influenciaram negativamente, que ao entrar no jogo no segundo quarto, a primeira atitude tomada pelo Duda foi a de arremessar…de três, acertando, mas colocando em cheque as determinações do técnico, que um pouco mais adiante o retirou, não mais voltando ao jogo, numa ação correlata imposta ao Jefferson, tido até aquele momento como titular absoluto. Ou seja, o técnico argentino esperou até o momento das grandes decisões, para determinar o rumo ofensivo que sempre pretendeu dar a equipe, não o fazendo antes no intuito de dar a todos os jogadores as oportunidades de se enquadrarem às propostas que ia pacientemente incutindo no comportamento técnico tático de todos, e cujas respostas não poderiam sofrer mais protelações numa fase eliminatória da competição. Foi um jogada de quem conhece o grande jogo, e que sabe se arriscar e ousar, mesmo cercado de algumas personalidades teimosas e individualistas. Fica devendo ainda uma interferência mais concreta no sistema defensivo, bastante melhorado, mas ainda insuficiente ante adversários que atuam sob o sistema único, principalmente no perimetro externo.

Mas o mais enfático progresso motivado pela mudança, ou opção do jogo interno, ocorreu entre os homens altos da equipe, que passaram a participar mais e efetivamente das manobras ofensivas, encorpando o sentido coletivista e participativo de todos no processo tático, fatores que conotaram um potencial formidável a uma equipe que se tornará difícil de ser superada se aqueles jogadores ainda ausentes da proposta do hermano, resolverem optar pelo enquadramento ainda timidamente aceito pelos demais.

No entanto, numa rodada tão importante como essa, onde definições se fizeram presentes, ainda pudemos testemunhar resultados simplesmente inacreditáveis, como o de uma equipe repleta de grandes jogadores, como a do Pinheiros, perder para uma outra que simplesmente arremessou 11/34 bolas de três, e 12/32 de dois, numa convergência negativa que fere princípios clássicos do jogo, e que são a prova inconteste da mais total e comezinha ausência defensiva, por mais primaria que fosse. E mais, também colaborando com uma cota de 8/26 arremessos de três e 14/34 de dois, também pouco contestados pela equipe de Joinville, constituindo-se numa partida onde uma uniformidade foi regiamente alcançada, a da quase total ausência defensiva de ambas as equipes, perdendo aquela que praticamente eliminou o “quase”… E não precisava ter assistido o jogo, pois tais números explicam e esclarecem tudo.

Neste domingo os dois últimos semi finalistas serão conhecidos, que juntos às equipes de Franca e Flamengo poderão se constituir no mais ferrenho final de um NBB, com muita emoção e luta, mais ainda muito pobre em sistemas ofensivos de jogo, e ausência quase completa dos defensivos, infelizmente, e às vésperas de um pré olímpico fundamental.

Amém.

PS-Foto LNB.



4 comentários

  1. Cássio Góes 01.05.2011

    Professor Paulo, o senhor tem um prazo para a inauguração do blog do CBEB? Estou muito ansioso para ver o conteúdo dele! Um abraço, Cássio.

  2. Basquete Brasil 01.05.2011

    Prezado Cássio, com a viagem a trabalho do meu filho André para LA, e sendo o designer do blog, ficou seu lançamento para logo após a volta dele, daqui a 10 dias, pois ainda faltam alguns detalhes técnicos de acesso e divulgação dos conteúdos. Sei que já estamos atrazados, mas prefiro uma demora a mais, a fim de que se constitua numa ferrementa realmente útil e amigável para aqueles que desejam ir mais fundo no estudo do grande jogo.
    Um abraço, Paulo Murilo.

  3. Victor Dames 02.05.2011

    Bela análise, professor. Assino embaixo! Também creio que falta uma aplicação maior as determinações táticas do Gonzalo Garcia, já que é comum abandonarem as instruções, tanto defensivas quanto ofensivas, combinadas num tempo técnico ao primeiro sinal de insucesso, quando deveriam insistir até atingir o esperado resultado. Torço para que o Flamengo amplie essa concientização que vem implantando o bom técnico argentino.

    Abraços!

  4. Basquete Brasil 02.05.2011

    Também torço Victor, o nosso basquete necessita com urgência trilhar outros caminhos técnico táticos, na tentativa de fugirmos da mesmice endêmica que nos assaltou de a muito, e me parece que essa equipe do Flamengo poderá ditar esses caminhos, é claro, e como você bem frizou, se a concientização de toda a equipe se tornar presente.
    Um abraço, Paulo.

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