UMA BOA(E ATUAL)PERGUNTA…

  • Thiago Tosatti 10.05.2011 (3 dias atrás)

Boa Tarde Professor!
Tenho visto todos os jogos e algumas vezes os jogadores simplesmente ignoram o que seus técnicos estão dizendo nos pedidos de tempo. No primeiro jogo entre Brasilia e Pinheiros ao final da partida Shamell simplesmente ignorou as instruções e acabou por perder a bola, isso pra ficar apenas neste exemplo. Às vezes seguem as instruções por uma ou duas posses de bola e depois voltam ao que vinham fazendo anteriormente.
Como o senhor fez para conseguir isso com atletas consagrados? Na base vejo os atletas respeitarem muito mais os treinadores e seguirem as instruções com muito mais fidelidade.
Quando o senhor dirige equipes professor, como faz para que suas instruções sejam seguidas em quadra?
Desde já lhe agradeço!

Quando da publicação do artigo Estratégia Básica, de 9/5/11, o leitor Thiago Tosatti enviou o comentário acima, vindo a se somar aos muitos comentários e emails enviados a mim com a mesma proposição – O que o Senhor faz para que suas instruções sejam seguidas por seus jogadores?

Pronto, temos ai estabelecida uma discussão que em muito transcende o simples fato do que faço ou deixo de fazer, se estendendo ao que todo o universo de técnicos fazem, ou deixam de fazer, aqui, ou mesmo lá fora.

Primeiro, técnico nenhum instrui em jogo sem antes fazê-lo exaustivamente em treinos. Quando muito diagnostica fragmentos e detalhes que observa na defensiva adversária, e muito mais importante, nas atitudes técnicas e comportamentais de sua própria equipe frente aos mesmos, auferindo daí em diante as devidas correções.

Segundo, para que tal estágio de compreensão técnico tática seja alcançado pela equipe, um dos fundamentos básicos a ser aplicado é o de ensinar (isso mesmo, ensinar) seus jogadores a pensar seus movimentos, atitudes e ações frente aos oponentes, no que podemos definir como leitura de jogo.

Terceiro, para que essa leitura se torne factível nos treinamentos, urge uma providência fundamental: Que se instrua os defensores para anular o próprio sistema  ofensivo adotado pela equipe, utilizando todos os recursos que puderem aplicar (até mesmo faltosamente), pois dessa forma as mais diversas variáveis ofensivas aflorarão pela necessidade urgente e inadiável do confronto direto, fator desencadeador da criatividade, muitas e muitas vezes bloqueada pela enganosa fluência de jogadas ante uma passiva defesa. Não podemos nos esquecer que uma prevalência defensiva origina uma evolução ofensiva, e vice-versa, chave do progresso técnico tático.

Quarto, que o espírito de equipe seja permanentemente preservado, dentro e fora da quadra, com reuniões, conversas e trocas de experiências, debates, discussões, e acima de tudo, companheirismo, paciência, compreensão e amizade.

Quinto, que todos os itens acima se amalgamem em torno e no âmago da pratica diária dos fundamentos, onde jogadores altos e baixos, armadores, alas e pivôs se nivelem pelo esforço comum e homogêneo, na busca do domínio e compreensão do grande jogo, em suas minúcias e consequentes descobertas, como num grande barco, onde todos remam num mesmo rumo, numa mesma busca pela integridade técnica e pelo respeito comum.

Nos jogos, os conhecimentos e domínio dos sistemas defensivos e ofensivos, aceitos, estudados, treinados, discutidos e aperfeiçoados por todos, democraticamente, fluirão naturalmente, onde o técnico acrescentará detalhes e aspectos observados, diagnosticados e, com o consenso de todos, corrigidos ou reforçados.

Bem, de certa forma são essas as ações que promovo nas equipes que dirijo e dirigi nos muitos anos de quadra, da formação até a elite, com coerência e bom senso, e sempre propugnando pela coesão e pelo aspecto educativo do grande jogo.

Espero ter respondido às perguntas e questionamentos de todos aqueles que prestigiam esse humilde blog, em especial a você, prezado Thiago.

Amém.



2 comentários

  1. Thiago Tosatti 16.05.2011

    Caro Professor!
    Muito obrigado pelos esclarecimentos, confesso que eu tinha uma visão muito mais simplista, e quando as instruções não eram seguidas pensava logo em afundar jogadores desobedientes no banco.
    Vou certamente rever o que venho pensando a este respeito e procurar colocar em prática seus conselhos.
    Mais uma vez muito obrigado Professor!!

  2. Basquete Brasil 16.05.2011

    Fico feliz com a sua compreensão, prezado Thiago. Mais adiante nos dê a oportunidade de compartilhar seu renovado enfoque, ação esta que tem tudo a ver com o progresso do grande jogo. Sucesso.
    Paulo Murilo.

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