E AGORA, CAROS COLEGAS?…
Se o Coach K se adiantou no Mundial apresentando um sistema de jogo fundamentado na dupla armação, e jogadores altos transitando aleatoriamente pelo perímetro interno, indignando os puristas americanos e as viúvas do sistema único que por aqui colonizadamente pululam, imagino agora o grau de perplexidade de que estão acometidos com o que foi apresentado ontem pela equipe do Dallas, com sua trinca de armadores, o Kidd, o Terry e o Barea, se revezando de dois em dois, e seus altos alas pivôs bagunçando o coreto interno do Heat de tal forma, que no quarto final, passes e mais passes foram lançados de dentro para fora do perímetro para os equilibrados e soltos arremessos de três a não mais poder.
E o que argumentar sobre o “terrível” perigo dos mismatch’s a que a equipe do Texas se expunha com dois baixos armadores em quadra, obrigados a bloquearem gigantes como Lebron e Wade? Lógico, que para os escravos das estaturas e dos grandões, soaria como uma blasfêmia inominável, porém, em seus limitados conhecimentos sobre fundamentos básicos do jogo, jamais dimensionariam duas óbvias realidades, a de que para penetrar defesa adentro, tanto James, como Wade necessitariam do drible progressivo, e da finta em deslocamento lateral, ambos os movimentos realizados abaixo da cintura, logo, dentro dos domínios defensivos dos três armadores do Dallas, que também os lançavam para as laterais da quadra, onde somente a ação de arremessar por cima dos mesmos,baixos que são, poderia ser possível, já que a possibilidade de ir de encontro a um possível rebote deixaria de existir naquela posição.
A dupla armação da equipe do Dallas somente foi contestada quando da entrada de um armador de oficio, como o Bibby, pois o Lebron, que se postava repetidamente na função não conseguia progredir satisfatoriamente pela intensa pressão que sofria, no entanto, o técnico do Heat teimava na formação clássica da NBA, apostando suas fichas no trio de craques de sua equipe, e um só armador para acioná-los, e por isso perdeu, e tornará a perder se não contrabalançar as ações e o posicionamento dos jogadores do Dallas.
Essa mudança de padrão de jogo deverá influenciar decisivamente no futuro da grande Liga, anteriormente ensaiado pela equipe do Suns, dois anos atrás, e que foi tão duramente criticada.
E foi no transcurso daquele quarto e brilhante final, que meu filho me flagrou com um discreto e amargo sorriso nos lábios, sabedor da triste emoção que estava sentindo pelo fato de ter estudado, desenvolvido e aplicado desde sempre como técnico de basquetebol, (e lá se vão mais de 50 anos…), exatamente as bases do sistema a que estava assistindo a cores e cinematográfico HD, um sistema similar que ousou desenvolver no NBB2, na direção do Saldanha, e que empregou no Barra da Tijuca 15 anos atrás, e que por conta disso, foi defenestrado do NBB3, e dos subseqüentes, certamente.
Mas, se a equipe do Dallas for a campeã, não tenhamos a menor dúvida de que a dupla armação e a trindade de alas pivôs será implantada na maioria das equipes nacionais, pois se a matriz assim age, por que não a filial, ou pretensa e infeliz filial? Afinal, estudar para que, se um novo prêt à porter está no forno prontinho para ser consumido?
Aliás, o que terá a dizer a ENTB em seus próximos cursos de fim de semana? Mudará seus conceitos sobre o sistema único, extravasado e difundido inclusive nas seleções de base (a seleção sub-19 embarcou para o Mundial com somente dois armadores…), ou se adequará ao sopro que emana do hemisfério norte, já que o daqui não passou de um arfar?
Mais, o que dizer das duas idas do Wade para o vestiário em pleno jogo, mancando e sentindo fortes dores nos quadris, e conseqüentes voltas, lampeiro e pronto para o combate enquanto o efeito da “água milagrosa” persistisse?
E que dizer da entrega psíquica e física do Lebron, repetindo o desastre em Cleveland, senão os efeitos de um corpo cansado e estafado pelo efeito incontornável do tempo? Aliás, qual a verdadeira idade do Lebron?
Amém.