30 DIAS DEPOIS…

Enfim, pude ver a seleção em ação após 30 dias de treinamento intensivo, e mesmo assim via internet, num jogo contra a fraquíssima equipe da Venezuela, e absurdamente contando somente com nove dos quatorze jogadores que permanecem disputando posições no grupo final.

É lamentável que após tanto tempo treinando, e agora jogando, problemas burocráticos ainda pendentes, retire do técnico argentino a possibilidade de ver na prática o resultado de seus esforços no comando da seleção, e isso às vésperas de um pré olímpico decisivo.

Na verdade, o motivo escamoteado do público interessado na seleção, aponta para o não pagamento dos seguros de alguns dos jogadores, os mais valorizados, deixando-os como torcedores de arquibancada, num momento importante da preparação da equipe, que se confirmado tratar-se-ia de uma falha imperdoável e altamente comprometedora, digna de uma administração caótica e equivocada.

Quanto ao arremedo de jogo, alguns pontos podem ser enfocados, tais como:

– A equipe vai adotar o sistema único de jogo, adaptando um dos armadores como um ala, atitude que foi largamente utilizada pelas equipes do NBB, o que leva a crer que três serão os armadores constantes da lista final, e onde o Huertas e o Rafael se manteriam, restando a última vaga a ser disputada pelo Nezinho, o Benite e o Raul, pois a ausência nos jogos até agora disputados do Rafael, reforçam o fato de que seu seguro está sendo providenciado, assim como o do Paulão, pois em caso de possível corte por deficiência técnica, que num prazo de 30 dias qualquer técnico notaria, tais esforços quanto ao mesmo não seriam levados adiante, como estão, ou parecendo estarem sendo.

– Definindo o sistema de jogo, como aquele que os jogadores estão mais do que ajustados em suas funções de 1 a 5, demonstra o técnico argentino que seu esforço maior deverá estar direcionado ao sistema defensivo, principalmente dentro do perímetro, onde parece acreditar que serão decididos os jogos no pré olímpico, daí sua predileção pelos pivôs de força, como o Caio e o Rafael, permitindo maiores liberdades ao Guilherme, e certamente ao Spliter, apostando na velocidade de contra ataques, tão ao gosto do jogador brasileiro, e isso ficou bem claro, pelo menos no jogo de hoje, quando a trinca do Brasília foi complementada pelo Caio e o Marcelo, nos melhores momentos dessa forma de jogar.

– Mas, sempre o indefectível mas, duas equipes que adoram jogar fora do perímetro, Porto Rico e Dominicana, duelarão com nosso ponto mais fraco, mais claudicante, a praticamente inexistente anteposição aos arremessos de três, os quais são poderosíssimos nestas duas equipes, assim como a Argentina, fator este, que aparentemente não foi corrigido nestes 30 dias.

– Acredito que no próximo torneio de Foz do Iguaçu, tais tendências se materializarão, porém bem mais reforçada pelas presenças dos cinco jogadores até agora indesculpavelmente ausentes, num modelo de gestão desportiva simplesmente lamentável.

– Finalmente, duas, e mais do que repetidas, constatações, a de que o Marcelo continua arremessando o que quer nos três pontos, e o fato de que o Alex agora arremessa o lance livre dentro dos 5 segundos regulamentares, em vez dos 11 segundos nos jogos do NBB, sob a proteção desvelada de nossos árbitros de renome internacional.

– Ah, a também constatação de que o Raul e o Nezinho, sob intensa pressão viram as costas para o defensor, pois incapacitados na sequência drible, passo atrás concomitante ao corte, arma fundamental e básica de todo armador de alta qualidade, principalmente numa seleção nacional. Nada posso mencionar sobre o Rafael Luz, pois não o vi jogar, assim como sobre o Benite, que muito antes do defensor dele se aproximar já arremessou, de que distância for, comprometendo bastante seu depoimento público de querer se tornar um armador puro.

Bem, após 30 dias de intenso treinamento, pouco, ou nada mudou em nossa forma de jogar, a não ser uma certeza que se espraiou no imaginário de nossos analistas e torcedores, de que o fator osmótico advindo do bom técnico argentino, junto aos nossos jogadores, possam transformá-los em vencedores olímpicos, tal qual como ele o foi brilhantemente em Atenas.

Mas não basta tocar, e sim fazê-los jogar de uma forma diferenciada de um sistema que todas as equipes se utilizarão em Mar Del Plata, inclusive a de seu próprio país. Essa seria nossa grande e decisiva oportunidade, ao quebrar e romper essa mesmice esmagadora e óbvia.

Amém.

OBS- Clique na imagem para ampliá-la (Foto Deportes-Venezuela)



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