UMA COERENTE CONVOCAÇÃO…

Todo bom professor, assim como os técnicos desportivos sabem muito bem o que venha a ser uma progressão pedagógica, que é uma somatória de elementos didáticos cuja resultante é a sólida aprendizagem de um, ou mais módulos de ensino.

Quando essa progressão é descontinuada, acontecem fraturas na aprendizagem dos módulos propostos, criando vácuos, que se não preenchidos, põe a perder grande parte dos esforços despendidos até aquele momento.

O técnico Magnano, não somente sabe, como demonstra conhecer esse mecanismo com o seu metódico trabalho, buscando um novo posicionamento de comportamento técnico tático da seleção, cuja conquista da classificação olímpica demonstrou o acerto inicial de seu trabalho. No entanto, a meta a ser atingida em Londres, ainda carece de um maior preparo, no intuito de serem sanadas ou atenuadas carências ainda existentes na equipe, que se não for mantida a continuidade do árduo trabalho, as fraturas acima mencionadas se imporão irremediavelmente, principalmente na armação e no jogo interior ofensivo, e na sedimentação do rígido conceito defensivo que implantou.

De frente a tão complexos aspectos para a formulação de uma competente estratégia visando os sérios, rudes e tão próximos embates olímpicos, é que o sagaz argentino efetuou essa convocação, que está coalhando a grande rede de comentários que vão do esquecimento de determinados jogadores, ao prejuízo que estará causando aos clubes a que pertencem os selecionados, numa discussão onde as causalidades deveriam ceder espaço às verdadeiras intenções do mesmo.

Vejamos por partes:

– Os jogadores do Brasília, Alex, Guilherme e Nezinho, dos mais experientes e veteranos da seleção, sofreram uma grande mudança técnico comportamental sob o comando do Magnano, principalmente no posicionamento defensivo e na contextualização do coletivismo proposto e  exigido por ele, mas ainda carecendo de importantes ajustes, a fim de que tais comportamentos fossem mantidos durante todo o transcurso dos jogos, sem sofrerem oscilações das que ocorreram amiúde em Mar del Plata. A participação desse trio em mais uma intensa rodada de treinamento, aproveitando o fato da equipe candanga não disputar grandes torneios até o Pan, seria a grande oportunidade para que o Magnano influenciasse esse importante núcleo no que acredita ser o caminho a ser tomado pela seleção.

– O mesmo poder-se-ia afirmar sobre a dupla flamenguista, também liberta de sérios torneios até o Pan, e assim como o pessoal de Brasília, necessitada de um reforço de aprendizagem no conceito Magnano de ser e jogar.

– Como o Spliter, apesar da greve na NBA, não se dispôs a jogar campeonatos fora dos Estados Unidos, arriscou o Magnano sua convocação, talvez a mais acertada, visto a baixa produtividade do excelente pivô, mais retrabalhado do que treinado nos Spurs, numa mudança de fundamentação técnica que, saltando aos olhos, o fez, infelizmente, regredir em seu excelente condicionamento europeu. Essa nova rodada de treinamento, principalmente fundamental, seria de ótima valia para ele.

– Benite, Murilo e também o Nezinho, com a ausência dos europeus e do Marcos, único dos básicos envolto numa competição de alto nível, onde seu clube investiu prodigamente, teriam uma nova oportunidade de se inserirem nas conceituações do Magnano, agindo quase como um personal training para uma competição, que se não tão importante no plano internacional, mas perfeitamente apta a um melhor preparo visando Londres.

– Quanto aos novos, o armador Davi, o ala armador José Roberto, o ala Bruno, e o pivô Cristiano, constitui-se numa convocação justa, pois visando a necessária renovação, já a situa dentro dos conceitos do argentino, mantendo sua coerência de trabalho.

Enfim, como continuidade de um trabalho, aparando arestas diagnosticadas e sentidas no pré olímpico, nesse momento antecedente ao Pan, e com vistas a Londres, creio que o Magnano agiu com precisão e inteligência, guardando suas observações finais quando do acompanhamento do NBB4, e de certos óbices que todos, de dirigentes e agora jogadores outrora críticos, colocaram em suas mãos, sobre a dupla da NBA, participar ou não (será que teremos ressuscitado Pilatos?…), numa situação que o porá a prova perante si mesmo, ainda mais se tratando de um hermano, colocada por outros não tão irmãos assim.

Creio que tomadas de posição acionadas de livre arbítrio por adultos responsáveis, sabedores da significância de uma camisa de seleção nacional, não deveriam ser discutidas, nem proteladas, já que tomadas voluntaria e espontaneamente, cabendo tão somente a todos nós desejarmos que prossigam suas carreiras felizes e realizados, e somente isso.

Amém.

Foto divulgação FIBA Americas. Clique na mesma para ampliá-la.



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