SEM IMPORTÂNCIA?…
Sem importância? Como sem importância em se tratando de uma seleção brasileira num torneio internacional?
Lá estava a maioria de nossos veteranos, a base da equipe campeã nacional, o pivô líder na posição no NBB, e que só não foi ao Pré Olímpico face a uma cirurgia no ombro. E mais, o Benite , um dos armadores na conquista da vaga olímpica, e uma gama de jovens talentos para serem analisados dentro de uma competição com seleções de respeito, como Porto Rico e Republica Dominicana, além das sempre bem representadas Argentina e Estados Unidos. E tudo isso não tem importância? Ou queremos, ou teimamos em projetar uma futura performance em Londres contando somente com a base veterana representada em Guadalajara?
Quando a câmera da TV passeou pelo banco da seleção nos minutos finais do jogo contra os dominicanos, pudemos testemunhar o quanto de sofrimento e decepção estampava os rostos de toda a delegação, e a foto acima bem representa o estado de espírito da mesma, incrédula pelo pífio resultado.
E o quanto esse “pífio resultado” representa para Londres, já pensaram nisso? E o que terá de ser analisado, estudado, pesado e modificado pelo Magnano depois do que constatou na pratica quando uma equipe de escaldados veteranos e um armador jovem foram batidos por defesas pressionadas, em meia quadra pelos americanos, e quadra inteira pelos dominicanos, deixando serem descontados 17 e 20 pontos de vantagem naqueles jogos, e o pior, em apenas um quarto de cada jogo?
E que tal recordarmos que mesmo jogadores saudados como sumidades, como o Huertas e o Luz se viram em maus lençóis em Mar Del Plata quando fustigados por pressões pontuais, em nada comparadas com as pressões utilizadas no México?
Então, nos vemos com um problema de difícil solução em dupla armação (utilizada em ambos os jogos como medida para se safar das pressões, geralmente reunindo Nezinho e Benite), imagine então com somente um único armador, como a maioria absoluta de analistas, críticos, técnicos e torcedores reivindicam, afim de “garantir” a estatura da equipe? No entanto esquecem que ambos, Huertas e Benite se situam na faixa dos 1,90m, que para armadores de oficio auferem um bom padrão. O que não pode é querermos escalar Marcos, Marcelo e Alex como armadores sem as qualificações técnicas para a posição.
Mesmo os armadores, e esse Pan centrou bem a questão, viciados por anos e anos de solitária incumbência de liderar suas equipes, e que raramente sofreram em sua progressão pelas varias categorias, de marcações pressionadas de qualidade, deixaram de incluir em seus arsenais de habilidades técnicas aquelas manobras em sintonia fina, que os diferenciam de armadores forjados e formados em países onde a arte de defender é realmente levada a serio. É o que temos visto, comentado e alertado ano após ano em nosso país, e que se revelaram em toda a sua dimensão trágica neste Pan, e mesmo em muitas situações no Mundial e Pré Olímpico. Ou seja, uma referencia baseada única e exclusivamente na precariedade de nossa formação de base, onde os fundamentos do jogo foram, são, e continuarão sendo negligenciados, se não tomarmos e implementarmos profundas mudanças na forma de ensiná-los, principalmente os de defesa, que se constituem no pólo irradiador na melhoria dos fundamentos de ataque, numa troca progressiva de conhecimentos técnicos individuais e coletivos, adquiridos exponencialmente.
Sem importância, minha gente? Creio que agora o bom técnico argentino já tenha coletado da forma mais objetiva possível, os dados necessários para a formação de uma seleção consistente para Londres, constatando na mais dura das práticas o quanto de precária se encontra a nossa armação, e o quanto de trabalho que terá de despender para solucionar, ou amenizar tal vácuo, e onde a busca de outras soluções, e mesmo armadores, se fazem estrategicamente urgentes, pois acredito que temos jogadores nacionais talentosos para a posição no país, necessitando somente de um treinamento mais concentrado e competente, além, e isso ficou bem claro, de um sistema de jogo que privilegie o domínio absoluto e duplicado da bola, para daí em diante municiar o jogo interior, onde, pela primeira vez em muitos anos, temos jogadores altos, rápidos e atléticos em boa quantidade, formando uma equipe dinâmica, aonde todos venham a se movimentar incessantemente, tanto dentro como fora do perímetro, e não estabelecidos em suas capitanias hereditárias, pontuais e estáticas, na busca do triplo, da bolinha salvadora.
Por tudo isso, o Pan foi de uma utilidade transcendental, como base de analises e coleta de dados, que se não foram suficientes para vencer, o foram para projetar uma realidade que não podemos e nem devemos omitir, para que não se repita em Londres, onde os realmente melhores, mais técnicos e capazes deverão estar, e somente eles.
Amém.