AO ALARICO…

Me perdoe Alarico, mas algo tem de ser dito nesse momento, algo que ocorreu quando você e o Vanderlei Mazzuchini (Diretor Técnico da CBB e representante da Metodista) estiveram na minha casa em Jacarepaguá, para planejar uma parceria com a Metodista de São Paulo e o Vitoria  no NBB3, e propus uma composição meio a meio em todos os momentos do processo, no que fui mais adiante, obviamente vencido e deliberadamente afastado por um grupo cuja única finalidade era a de participar da LNB de forma absolutamente majoritária.  Deu no que deu, ou seja, a última classificação no paulista e a dissolução do acordo, onde somente dois jovens jogadores do Vitoria, que praticamente não jogaram, foram relacionados, e a equipe que tão bons resultados havia conseguido nas rodadas do returno do NBB2 foi simplesmente desfeita sem maiores contemplações. Eram bons jogadores, não inflacionados e pouco aproveitados nas demais equipes da Liga, mas compromissados com a proposta inovadora que expus a eles.

Mesmo assim, sugeri a você a remontagem daquela equipe, que mantida unida para o NBB3 se classificaria aos playoffs com certeza, e isso assegurei a você, pois praticavam um sistema de jogo diferenciado das demais equipes, quando venceu algumas das mais poderosas, inclusive a que viria se sagrar campeã do NBB2, e contava com uma base bastante sólida, experiente e comprometida  para desenvolvê-la.

Preferiu você investir numa nova direção, só que alinhada com o sistema único de jogo comum a todas as equipes, abandonando de forma definitiva todo aquele trabalho que se prenunciou forte e radicalmente inovador.

Mais uma vez a equipe foi mal, pois frente à realidade do sistema único pouco poderia contestar frente a equipes mais fortes no mesmo, apesar de contratar 17 jogadores, recorde na Liga, no intuito de reverter uma situação motivada por uma direção técnica totalmente equivocada.

Claro, que uma sucessão tão longa de maus resultados, com derrotas de mais de 60 pontos de diferença (recordes negativos na Liga, e agora repetidos na Sub 21) prejudicaria futuros possíveis patrocínios, que não se sentiriam incentivados a apoiar uma equipe pouco ranqueada, num mercado onde a exposição de uma marca junto a um projeto mais vencedor é condição básica no mesmo.

Então, sabedor que a grande maioria de jogadores daquela equipe se encontravam descompromissados com equipes para o NBB4, mais uma vez, e teimosamente, sugeri a você a remontagem da mesma, pois lá no fundo me incomodava o fato de não ter podido, ao menos, testemunhar um bom trabalho iniciado nas mais difíceis condições, como aquele no returno do NBB2, e inclusive sugeri o nome do técnico Washington Jovem para dar continuidade ao mesmo, pois como meu assistente, inclusive indicado por você, acompanhou todo o processo de treinamento orientado por mim na direção de um novo sistema de jogo. Você se negou (sequer respondeu ao meu email), e inclusive declarou na imprensa que o Vitoria se apresentaria com jovens egressos da sub 21 e uns poucos jogadores mais experientes, e sob a direção de um técnico americano, ou um paulista.

Com a perda do patrocínio a uma semana do inicio do NBB4, você se viu forçado a desistir do campeonato, desfecho este que jamais teria  acontecido se o projeto iniciado no returno do NBB2 tivesse sido continuado, ou mesmo logo após a dissolução da parceria com a Metodista, pois resultados mais objetivos teriam sido alcançados, e disso tenho a mais absoluta certeza, pois não costumo errar previsões nesse nível.

Enfim Alarico, sem jamais negar sua transcendental importância para o basquete capixaba, através o longo e penoso caminho percorrido para implementá-lo, não posso deixar de mencionar o erro estratégico cometido com uma equipe que tinha tudo para se firmar no altamente competitivo cenário da LNB, fato hoje reconhecido por muitos analistas do grande jogo, por força de sua ousadia em aceitar percorrer novos caminhos técnico táticos, e a mim em particular, quando você mesmo me reconduziu às quadras numa idade pouco ou nada valorizada dentro da dura e injusta realidade do país, a que retribuí com um trabalho diferenciado e certamente promissor, além de muito sacrificado e doloroso, mas que não encontrou de você uma resposta que justificasse a extinção do mesmo, além do meu sumário afastamento..

Fiquei imensamente triste com a ausência da equipe no NBB4, e confiando na sua inesgotável vontade de ajudar no soerguimento do basquete brasileiro, sugiro que reconsidere retomar aquele bom trabalho iniciado no returno do NBB2, a fim de que o mesmo seja completado com principio, meio e fim para o NBB5, já que fora do NBB4, e que foi o prioritário motivo que me fez continuar naquela equipe, recusando na sua presença e testemunho em São Paulo, o convite de uma das mais poderosas equipes da liga, e ficando no final , sem pertencer a nenhuma.

Desejando seu pronto restabelecimento, subscrevo-me,

Paulo Murilo Alves Iracema

Professor, Técnico de Basquetebol e Editor do Basquete Brasil.

 

NOTA- Incluo o vídeo (clique aqui) do último jogo realizado em Vitoria no NBB2 contra o CETAF, onde podem estar embutidos alguns dos motivos responsáveis pelo meu afastamento, não só da equipe, como do basquete brasileiro. Vale dar uma olhada, como também, ouví-lo. PM.

Amém.



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