AMBIENTE DE RACHÃO…

Alô Paulo, tirou férias do blog? Não, estive acometido de uma crise renal, e você sabe quão doloroso um cálculo pode se tornar. Mas aos poucos a saúde vai se restabelecendo, a ponto de tomar coragem para assistir um massacre em forma de jogo, como o Brasília e São José.

Massacre, como? De tudo que possamos conceituar como algo parecido a uma partida de uma liga superior, a começar pelos primários erros nos fundamentos, terminando com a mais completa demonstração de desprezo tático, principalmente aqueles emanados pelos técnicos, jamais seguidos pelos jogadores, todos eles, de ambas as equipes, como num tácito acordo comportamental, preocupante e corrosivo.

Nos fundamentos, nada mais chocante do que a visão equivocada da pancada como forma e opção de defesa, visão essa rompida pelas sucessivas falhas individuais e coletivas durante toda uma partida com 52 arremessos de três, 26 para cada equipe, e 48 faltas (25/23) pessoais, provando mais uma vez a incapacidade defensiva fora do perímetro de nossos jogadores, e sua agressiva volúpia dentro do mesmo, somado a 20 erros (9/11) de passes, andadas e perdas de bola.

Mesmo atuando permanentemente com dois armadores na quadra, a equipe do São José o fazia no sistema único, onde um armador principal era o responsável por todas as ações ofensivas, no caso o jovem Fischer, talentoso e promissor, mas que adquiriu o erro mais comprometedor para um armador, o de atacar dando as costas para seu marcador, obliterando dessa forma grande parte de sua visão periférica, além de se tornar vitima de dobras seguidas e muitas vezes fatais, situações estas que seriam minoradas se recebesse apoio próximo e constante do outro armador na quadra, claro, se posicionado como tal, e não como um ala aberto tradicional, decorrência do sistema único empregue por sua equipe.

Além do mais, sua ambição pontuadora evita um maior apoio a seus pivôs, principalmente o Murilo, que esquecido no perímetro ofensivo interno, veio para o externo para tentativas de três (3/5), quando deveria ter sido mais explorado em sua verdadeira posição, principalmente no decisivo quarto final.

No entanto, ironicamente, no último lateral cobrado por um Guilherme que deveria ser o receptor e não o autor do mesmo, o erro mais primário num passe foi cometido, o de fazê-lo paralelo à linha final, propiciando a interceptação por parte do Fischer, que a partir daí definiu a partida com uma bandeja e um arremesso de lance livre, numa compensação a alguns e sérios erros cometidos por ele no transcurso do jogo.

No aspecto tático, o caos organizacional foi a tônica do jogo, onde o “chegar e chutar” foi explorado ao máximo por ambas as equipes, ocasionando uma espiral de erros assustadora, preocupando pelo fato de ainda não conseguirmos evoluir para sistemas de jogo que primem pela amplitude criativa, dissociada da mesmice endêmica a que nos mantemos atados às vésperas do encontro olímpico em junho na cidade de Londres.

Não podemos mais nos manter nesse “ambiente de rachão”, pois o preço a ser pago poderá vir a comprometer seria e irremediavelmente nossa atuação olímpica, após 16 anos de ausência motivada exatamente por isso, jogar o grande jogo como se pequeno e insignificante fosse. Temos a obrigação de evoluir, ao preço que for.

Amém.



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