O REINADO DAS “BOLINHAS”III…
Aleluia, convergiram de novo, um repeteco do Brasília, uma relusente entrada do Paulistano.
E sem maiores delongas, vamos aos instigantes números:
Brasília – 19/31 nos arremessos de dois pontos.
15/30 nos de três pontos.
Paulistano – 9/26 nos de dois.
9/31 nos de três.
Para um placar de 97 x 63 para Brasília, depreende-se que para um total de 57 arremessos de dois e 62 de três, a magnanimidade das defesas somente encontraram resposta por parte de Brasília, já que para um total de 57 tentativas, independendo se de dois ou três pontos, a pontaria e precisão do Paulistano só vingou em 18 ocasiões, que convenhamos, é constrangedor ante tanta permissividade defensiva candanga.
É preocupante? Se é, e muito, pois destas duas equipes ponteiras da Liga, com certeza sairão muitos dos convocados para Londres, principalmente quando se esmeram na antítese do que propôs o Magnano em Mar del Plata, uma defesa sólida e confiável.
Brincadeirinha, ou um claro recado de como se vêem atuando pela seleção olímpica, nos braços das “bolinhas” milagrosas?
Temo que mais venha por aí, superando a perigosa convergência, transformando o jogo num infantil e despreocupado Pinball, onde cada lançamento independerá de como será contestado, não só pela passividade defensiva, como a total ausência de vontade em exercê-la, pois se as “bolinhas” estão caindo aqui, talvez não caiam acolá, numa estúpida gangorra, movida pela “sorte” e pela irresponsabilidade, que não é adolescente.
Se os títulos argentinos foram o produto de uma concepção de entrega ofensiva e defensiva desde as divisões de base, da qual o Magnano estruturou a grande seleção, não acredito que o consiga aqui, desprovido que está, e cada vez mais afastado daquela concepção vencedora, e frente a essa maldita realidade do chutar e deixar chutar, a do absurdo reinado das bolinhas.
Podemos reverter tal situação? Se técnicos e jogadores quiserem, talvez um pouco, se não, chance nenhuma, a não ser que o vírus que aqui grassa seja inoculado nos nossos adversários. No entanto, devemos ter sempre em mente que a história do grande jogo entre eles os tornaram vacinados ao mesmo, logo…
Amém.
Foto – Divulgação LNB. Clique na mesma para ampliá-la.o reino das
Paulo Murilo,
O que mais me chama a atenção nesses dados sobre os arremessos na partida entre Brasilia e Paulistano, é o fato de a equipe paulistana ter arremessado mais de 3 pontos do que de 2, equivalendo-se em números de chutes com a equipe do Distrito Federal.
Até aí tudo bem, isso, infelizmente, já é lugar comum no nosso basquete: a enxurrada de chutes de 3 pontos, deixando-se de lado as jogadas mais perto da cesta com um percentual de acerto mais alto.
A equipe candanga com seus decanos, o famoso quarteto, já calejado nesse tipo de jogada, já é manjada e não podemos prever algo de diferente, já está lá enrraizado, e dificilmente prevejo uma mudança.
Mas uma importante questão a se ver aqui é que a equipe paulistana é composta em sua maioria esmagadora por jogadores jovens, com menos de 24 anos e que poderão (ou não) ser o futuro da modalidade no nosso país e comandada por um técnico também jovem, um suspiro de mudança que, infelizmente, não está nem perto de acontecer, vide a sua famosa frase em um outro jogo, já demonstrada pelo senhor aqui em um outro artigo. O que mostra que a bola de neve só aumenta e o ciclo parece não ter fim.
Uma pena…
Abraços,
Claudio
http://blog.paulomurilo.com/2012/02/05/o-novico/
Aqui, o citado artigo com a famosa frase do técnico paulistano.
A convergência infelizmente voltou com força total, nobilíssimo Professor. No meu Fla, que no início do NBB mostrava um alentador jogo interno, com uso constante do Caio Torres e do excelente Kammerichs, vejo o aproveitamento desses jogadores cair vertiginosamente. Como apenas o Marcelinho se sobressai nesse cenário, o rubro-negro vem caindo absurdamente na qualidade do jogo praticado, devido a apatia das demais peças do elenco…
Atualmente, vejo apenas São José jogando um basquete minimamente razoável em termos táticos. Não por isso, seus pivôs apresentam bons números, sobretudo o Murilo, disputando a ponta da tabela de cestinhas, sobressaindo em rebotes, e o Fúlvio com números expressivos em passes e crescendo também em pontos, indicando saber dosar a assistência e a definição.
Mas continuo na torcida. Espero que os times comecem a pensar melhor no jogo nos playoffs, tranquilizando-se pela classificação, em vez de se desesperarem para a obtenção do título.
Abraços!
Prezado Claudio, quando uma equipe arremessa mais de três do que de dois pontos num jogo, confessa e aceita sua inoperância tática para se situar e evoluir no âmago da defesa adversária, que por seu lado dispensando a defesa externa a “incita” no caminho das “bolinhas”, num explicito “pagar para ver”, apostando no erro em jogadores incapazes aos arremessos de curta e media distâncias. No frigir dos ovos, Claudio, é a incapacitação técnico tática de lá chegar, coletiva ou individualmente falando, e por conseguinte, falha no sistema escolhido e treinado, ou mesmo, adequado, que a faz sucumbir, seja ela composta de veteranos ou jovens. Nossas equipes ao pecarem em dois elementos básicos do jogo, os fundamentos e sistemas que as levem aos arremessos próximos e seguros, fatalmente enveredam pelo caminho das bolinhas, que aliás, são endeusadas e incentivadas por uma certa midia voltada ao “espetáculo”.Um abraço, Paulo Murilo.
Em compensação, prezado Victor, a valorização do Marcelo em termos contratuais se eleva vertiginosamente, ainda mais retornando ao posto de maior pontuador da competição, externando não ter ficado muito satisfeito com sua participação “tática” em Mar del Plata, aspecto merecedor de uma repaginada para sua triunfal despedida em Londres. Atente que o Giovanonni agregou um arremesso em elevação e fuga ao seu arsenal, e o Alex nunca chutou tanto de três como agora, logo, os cardeais rides again, e o argentino que se vire com as bolinhas da trinca. Que ensaiam uma festa, sem dúvida, ensaiam à sério. Agora, se vai dar certo? Duvido…
Em tempo, o São José conseguiu algo minimamente alentador, equilibrou a chutação de três com o jogo interno, pecando somente quando o Murilo vai lá fora competir com o Jefferson. Mas com o Fulvio mais fino, deixando-o mais lépido, e um americano que parece não cansar nunca, vai a equipe se ajustando no crescer da competição. Pena que, por mais uma vez, o Uberlândia desmontou em lesões, deixando uma pergunta no ar – Que preparação física a equipe utiliza ano após ano? Mistérios, mistérios…
Um abraço, Paulo.
Olá Professor. Sou um assíduo leitor, parabéns por mais um belo artigo, pelo blog, e pela luta por um melhor basquetebol em nosso país.
Gostaria de saber sua opinião em outro assunto, no entanto. A maioria dos jovens jogadores que eu vejo se destacando não são os famigerados alas das posições “2” e “3” do inabalável sistema único, tão questionado pelo Sr. A maioria dos novos destaques, ou promessas da categoria, são armadores e pivôs: Benite, Raulzinho e Rafael Luz (que já são convocados para a seleção principal), os maiores destaques da seleção sub-17 ano passado eram armadores (que jogavam juntos inclusive); além dos pivôs Lucas Nogueira, o Fred do Flamengo, Augusto Lima; e jogadores na basquetebol universitário norte-americano, Scott Machado e Fabrício Melo.
Seria uma tendência então abolirmos esse sistema de 1 a 5 e passarmos a jogar com uma dupla armação e pivôs móveis? Tendo em vista que esses devem ser os jogadores da seleção nacional em um futuro próximo, e os alas cardeais já são envelhecidos. Ou simplesmente não usaremos o que temos de melhor e vamos tentar encaixar todos nas barreiras das posições do sistema único?
Muito boa colocação, prezado Vitor, e sobre isso somente comento que, independentemente da forma que passassemos a atuar, continuarmos atrelados ao sistema único só nos levará, cada vez mais, para o fundo do poço, pois as demais grandes nações praticantes já o estão abandonando, inclusive muitas das equipes da NBA. Quando levei para a prática, no Saldanha da Gama, o sistema de dupla armação e três pivôs móveis (ou alas-pivôs se preferir), o fiz como um alerta à necessidade de tentarmos jogar o grande jogo de uma forma diferenciada, de uma forma que pudesse resgatar o jogo coletivo, os arremessos mais precisos, o jogo interior, a criatividade aprisionada em nossos jogadores pelas algemas do sistema único, e sua manipulação de fora para dentro das quadras, através formatações e padronizações do comportamento técnico tático de nossos jovens, por técnicos compromissados ao sistema único. Foi este um dos motivos da minha marginalização na liga superior, como uma punição por querer se desgarrar da mesmice endêmica que sufoca o nosso basquete. As novas gerações apontadas por você, merecem ser tratadas de outra forma, com seus armadores e pivôs se sobressaindo aqui e no exterior, mas para isso, teriam de contar com uma pequena revolução na forma de treinarmos e prepararmos nossas extratificadas equipes, o que duvido a médio prazo possa vir a ocorrer, pois o ranço dos últimos vinte anos ainda se imporá por um bom tempo, infelizmente, e por conta disso, mais gerações se perderão na mediocridade.
Um abraço.Paulo Murilo.
Professor, existe alguma explicação por parte de jogadores e técnicos sobre a convergência? Me refiro aos jogadores e técnicos empregados no NBB atual, responsáveis por tal bizarrice que é a total falta de comprometimento defensivo e despreparo ofensivo.
E outra pergunta (mais da parte técnica do que tática)…
Por que a imensa maioria dos jogadores (pivôs em geral), quando faz o corta-luz, “gira” pro lado errado, dando as costas pra bola? Acontece, inclusive, com muita frequência na NBA. De cabeça consigo citar uns poucos gatos pingados que não cometem erro tão bizarro, Duncan, principalmente. Nenê e Splitter também dominam o fundamento, mas o Varejão chega a ser irritante perceber que um dos fundamentos mais básicos (e solidários) do nosso esporte não é decentemente executado.
Um grande abraço e melhoras na saúde.
Precisamos do sr. de volta ao NBB!
Se você, prezado Rodolpho, observar com atenção o modo de jogar das equipes do NBB, seus comportamentos técnicos e táticos, concluirá que a esmagadora maioria delas o fazem de forma padronizada, produto de uma formatação que nos foi imposta pelo modelo NBA, e que nem as mudanças que ocorrem atualmente na liga americana as afastam do que consideram o “basquete moderno”.
Com essa formatação, a constituição das equipes ao fim das temporadas, assim como o estoque tático dos técnicos que trocam de equipes, ou mesmo os que permanecem, se torna um ato corriqueiro, inter pares, pois pouco terão de se adaptar às novas equipes, já que a forma de jogar permanecerá a mesma, variando somente no que diz respeito ao preparo físico e o novo ambiente que passarão a pertencer. Logo, estabelecido o corporativismo mantenedor dos contratos e salários, as diferenças que estabelecerão as equipes mais fortes, serão aquelas que por conta de investimentos mais vultosos, arregimentarem os melhores jogadores em cada uma des posições de 1 a 5, estabelecendo um circulo vicioso de mesmice que se repetirá a cada nova temporada. Por conta desta situação de fato, pouco ou nada poderá ser mudado na nossa forma de jogar o grande jogo, a não ser que algo de inusitado e ousado apareça nesta cena tragicômica em que transformaram o nosso basquetebol.
Quanto aos corta-luzes, a realidade exposta por você confirma o quanto de desconhecimento dos fundamentos viceja no âmbito de nossos jogadores, que são os menos culpados, pois nunca foram devidamente ensinados e treinados nas bases do jogo.
Obrigado pelos votos de melhoras na minha saúde, que aos poucos vai se normalizando, obedecendo o rítmo natural dos homens da minha idade.
Quanto ao fato de retornar ao NBB, de muito já perdi as esperanças, pois frente ao corporativismo antes mencionado, não tenho cacife para enfrentá-lo, a não ser pelo fato de ser competente, corajoso e independente para enfrentar novos caminhos, novas formas de jogar o grande jogo, o que é “muito pouco” frente ao mesmo. Mas vida que segue.
Um abraço, Paulo Murilo.