O NOVIÇO…

-“Se quiserem arremessar oitenta vezes de três arremessem, estando livres, arremessem…”

O placar era o da foto acima, e faltavam uns 5min para jogar. E a equipe não se fez de rogada, perpetrando um 5/29 (17.2%) de arrepiar, estando livres ou não, além de cometer 11 erros na partida.

Não que a equipe de Uberlândia tenha feito algo de diferente, pois os números se aproximam bastante para ambas as equipes, nos arremessos de dois (23/37  para os mineiros, e 22/39 para os paulistas), nos de três (7/25 e 5/29 respectivamente), e nos lances livres (20/25 e 14/22), com o mesmo número de rebotes (34 para cada), e nos erros (8 e 11).

Um arremesso de dois, dois de três e seis lances livres a mais garantiram a vitoria dos mineiros, num jogo que teve duas etapas decisivas para o Uberlândia, o começo com o Coelho ( muito jovem, talentoso, mas que ainda comete erros básicos nos fundamentos, principalmente nos passes), e a vinda para seu posto do Collun, que ao contrário da opinião do comentarista do Sportv, é sim, com toda certeza, um armador de mão cheia, firme, seguro, ótimo defensor, e também pontuador quando necessário. Armando em dupla com o Day, e servindo seus ótimos pivôs, rápidos e atléticos pivôs, o Cipolini e o Gruber, restabeleceu o equilíbrio da equipe, que se ressente muito da ausência do Valter, que compõe o grupo mais homogêneo taticamente da liga.

Do lado paulista, a saída por contusão do seu americano, prejudicou a armação da equipe, mas continuava com um forte grupo nos rebotes e no jogo interior, que ao ser abandonado pela insânia dos três, viu ruir suas possibilidades de vitoria.

Nesse ponto, valeria à pena sugerirmos umas continhas (sem trocadilho…), a saber:

– A equipe paulista errou 24 bolinhas de três (72 pontos tentados e perdidos), numa derrota de 14 pontos. Se tivessem trocado a metade do desperdício de três por arremessos de dois, através o jogo interior e mesmo as penetrações, poderia ter alcançado 24 pontos em 48 possíveis, correto? Ora, perderam o jogo por 14 pontos, desnudando o terrível erro na instrução recebida por seu noviço técnico,   descrita no inicio desse artigo, pois em cinco minutos e de dois em dois pontos, poderia encostar e até vencer a partida, e mais seguramente ainda, se agisse dessa forma desde o começo da mesma.

Logo, muita caminhada sobre pedras terá de ser percorrida pelo noviço técnico, começando por um maior comedimento fora da quadra na relação com a arbitragem, e o espalhafato coreográfico, que retira de seu foco os detalhes mais ínfimos do jogo, aqueles que definem e decidem partidas, desviando-o do centro das sutis decisões, onde instruções como a que foi exarada, perde o sentido técnico tático em uma partida de uma liga superior.

Jogos difíceis e detalhados são vencidos com a cabeça fria, vamos assim dizer, a começar pelos seus lideres, o de fora e o de dentro da quadra, cuja sintonia sempre será interrompida pelos rompantes nervosos e enfurecidos, que são as situações ansiadas e bem vindas pelos ocasionais adversários.

Amém.

Foto- Reprodução da TV. Clique na mesma para ampliá-la.



7 comentários

  1. Carlos Alex Soares 05.02.2012

    Professor Paulo Murilo,

    Gustavo é novo, ele aprende. Mas principalmente precisa manter a humildade, coisa que o senhor acabou chamando a atenção em seu texto ao dizer que esta tendo rompantes frente a arbitragem, coisa que não fazia no início da temporada – e se fazia não era visível. Agora, se achar que motivou o grupo e que tem um supertime, vai para o brejo… Vai por que o forte é a tática e não o discurso para os microfones da sportv, socados na face dos técnicos… Uns dizem o que querem e passam por ridículos; outros se abstém de falar e são mais omissos com seu time do que simplesmente pedir para tirar o microfone dali…

    Veja bem, não é limitar a imprensa, mas assim como o Bernardinho (e outros do volei) coloca um cara com laptop e contato via rádio com o banco no topo das arquibancadas (será que ainda faz isso?), eu faria o mesmo com o sinal da TV… Pequenos detalhes fazem a diferença na estratégia de vitórias… Pode não servir ali, naquele jogo, mas tenho certeza que serve no conjunto da obra se olham os vídeos e o que a sportv grava.

    Há uma relação muito próxima, muito íntima em um equipe que, as vezes, não é positivo para o espetáculo o que vão dizer por lá – um colega chamar o outro para o jogo (de que maneira?), cobrar passes corretos, orientar o novato e até os palavrões e movimentos motivacionais que ocorrem no banco ficam tolidos por causa daquela invasão da imprensa…

    Enfim, Gustavo falou essa bobagem, Mortari já mandou longe, voltarem lá (para a quadra) e jogar e também já ficou em silêncio… É um momento íntimo que não deveria ser filmado… Que tal fazer que nem a NBA: mandar comerciais para o ar, colocar os comentaristas para falar e editar uma frase importante que foi dita no pedido de tempo debitado? Eu gosto mais desse formato, pois preserva toda a equipe…

  2. Basquete Brasil 05.02.2012

    Carlos, a Liga jamais deveria permitir que a TV espetasse microfones em lapelas de juizes, técnicos e sei lá mais quem, para preencher o vazio de análises de seus comentaristas e narradores, que com uma ou duas exceções nada sabem do grande jogo, e ainda têm a ousadia de tentar fazer a cabeça de nossos jovens com suas “preferências” técnicas. Quanto ao noviço técnico, creio que está se inclinando tendensiosamente ao estereótipo do “técnico atuante”, aquele que participa, e muitas vezes pensa ser a estrela do espetáculo, com gestuais freneticos e reclamações a arbitragem, esquecendo sua verdadeira função, a de calmo e preciso orientador de seus jogadores, quando preciso for, estando profundamente focado nos detalhes das duas equipes, avaliando o quanto de seu treinamento poderá fazer frente às situações naturais do jogo. Somente dessa forma ele terá sob dominio as condições básicas de diagnose e eficiente correção no tempo necessário.
    Mas vamos ver Carlos, como seu crescimento se dará à luz do bom senso e da humildade.
    Um abraço, Paulo.

  3. André Astolfi 06.02.2012

    Bom dia, Paulo Murilo.

    Ótimo esse seu “para preencher o vazio de análises de seus comentaristas e narradores”!

    Veja que o multicampeão vôlei não fica longe das “análises emocionadas” de seus ex-jogadores (parece que os vejo corar quando a fazem pois não podem, ao vivo, contestar os narra(dores)).

    Pergunta: os narra(dores) são escolhidos dando-se preferência àquele com voz mais estridente e chata? ou eles a adaptem ao gosto do “mercado” que supoem mais numeroso? Tá difícil.

    Mas o pior de tudo é quererem, comentarista (e não analista) e narra(dor), adivinhar o que o cara queria fazer e não conseguiu, e é quando se ouve mais bobagens. Enfim…

    E Fórmula 1, então (ter que escutar de um Reginaldo Leme que Senna morreu por uma fatalidade!). Sofro mais ainda porque sou engenheiro (e joguei vôlei amador – regionais e aberto de SP, e meu filho joga basquete sub-17, daí o meu interesse por essas coisas). Tá difícil e piorando.

    Hoje, no Brasil, alguns Blogs (em todas as áreas, diga-se, já que os jornais parecem anestesiados moralmente) no salvam da mediocridade e, definitivamente, o seu é um deles. Obrigado por isso. Como minha formação é vôlei, aqui aprendi muito mais rápido e de forma abrangente para acompanhar meu filho, que pretende seguir carreira (parece que tem o dom). Veja só, para quem não sabia a diferença de NBA para ACB.
    Gosto dos dois, apesar do 1×1 americano, é legal de se ver em alguns casos. Não quando um Kobe insiste em ser um … “Kobe”, a lenda.

    Um abraço, André Astolfi

  4. Basquete Brasil 06.02.2012

    Do sul
    Dosul@ibest.com.br
    186.215.61.71

    Recebi dois posts do remetente acima, Do sul, que não serão aqui veiculados sem que o autor dos mesmos se identifique, assinando dessa forma as graves acusações feitas a um postante desse blog, assim como a mim em particular, pelo artigo acima.
    Seu email é falso(atestado por envio/devolução do mesmo), sendo somente atestado sua origem, Porto Alegre.
    Assine, como todos aqui o fazem desde a fundação do blog, que ato continuo terá seus posts publicados, o que gostaria muito de fazê-lo, para enfim o senhor ter as respostas merecidas, assinadas e responsabilizadas.
    Paulo Murilo.

  5. Basquete Brasil 06.02.2012

    Que ótimo ter um voleibolista aqui no blog, participando efetivamente com a comunidade, da qual agora faz parte através o filhão, muito legal isso.
    Sem dúvida alguma nossos jornalistas televisivos pecam demais quando extrapolam suas reais funções de narradores e comentaristas, e se lançam como “educadores” das novas gerações, sem um minimo conhecimento e preparo nas modalidades que transmitem. O mundo do futebol, onde dizem, que todo brasileiro é mestre entendedor, teima em trazer para os demais esportes esse vicio nacional, originando disparates inenarráveis, responsáveis por muitas distorções na aprendizagem e prática dos mesmos, o que é desalentador e constrangedor. Quem sabe, aos poucos, ultrapassemos esta fase tão negativa. Torço para que sim.
    Um abraço, Paulo Murilo.

  6. will13 12.02.2012

    O gustavo é simplesmente o melhor técnico do campeonato.

    Essa sua crítica mordaz ( apesar de expor pontos discútiveis sobre o comando do gustavo ) acaba por esconder o brilhante trabalho do “noviço”, pq se vc se voltar para os técnicos não-noviços, vc vai ver problemas mil vezes maiores do que os apontados ao gustavo.
    Desde a não vivacidade em apontar os detalhes do jogo ( como o gustavo brilhantemente faz ) até “grandes técnicos” q se escondem atrás dos jogadores ( principalmente dos norte-americanos ).

    Q tal falar do pifío trabalho do Hélio rubens? Q tal falar sobre a inoperância e do nepotismo do “senhor” mortari?

    Desculpe pela exaltação, mas acho q o post de certa maneira não dá a real pintura do quadro.

    Quanto a frase do “noviço”, faltou complementar a sua frase,
    além dele ter dito q poderia se chutar ESTANDO LIVRES, se falou também do RECONHECIMENTO DA POSSE DE BOLA, procurando encontrar os erros de “match-up”.

    Eu sou obrigado, a concorda com o bira bello ( só nisso, pq em 99% das vezes ele só fala “$%#**”) o Collun não é armador, no máximo ele é um armador chutador, a primeira coisa q está na mente dele é: chutar, chutar, chutar… Já perdi as vezes q o vi chutando com 18 segundos, ou logo após transitar até o perímetro. Ele é um shotting-guard. Quanto é a média de assistências dele? Bem baixa imagino.

    O q eu concordo plenamente, sem tirar nem pôr,é quanto aos comentários pobres , rasos, e doutrinatórios ( da mais fraca mentalidade q eu já escutei sobre o grande jogo ). É uma das coisas q mais me desmotiva em assistir os jogos do NBB. Esse comentarista sempre vem com um: É… …Éxcepcional, ou, É… …Muito bom. Quando todos estão esperando dados ou
    um perspicaz estudo sobre o q se tangencia na quadra de basquete.

    As transmissões se tornam a coisa mais rasa e sem conteúdo do mundo do basquete. Eu fico me perguntando o q esses caras dá globo ficam pensando quando assistem as transmissões da NBA e NCAA com as estudiosas análises dos diversos profissionais nos EUA.

  7. Basquete Brasil 12.02.2012

    Prezado Will, inicialmente afirmo respeitar seu ponto de vista sobre o técnico Gustavo, mas que em absoluto concordo com o mesmo, pois numa divisão ápice ele somente está iniciando sua carreira, seu noviciado. Bem mais adiante, com o acumulo de vivências e experiências, quem sabe, atingirá o status de liderança ora apregoado por você.
    Quanto aos demais e veteranos técnicos, tenho exercido análises e críticas dentro dos principios éticos de que são merecedores, assim como os tenho feito aos mais jovens, os noviços.
    Num aspecto, ambos, veteranos e noviços não podem falhar, o de transmitir com a maior e convicta clareza instruções e recados, pois dessa habilidade dependerão os comportamentos de seus jogadores.
    Sobre o Collun, reafirmo como tecnico experiente que sou, sua qualidade de armador, que ao estrapolar sua capacidade de arremessador, somente o faz se liberado pelo técnico, pois em caso contrário estaria cometendo um grave infração comportamental, o que não me parece estar ocorrendo em sua equipe.
    Nos demais pontos de vista, creio que não hajam maiores discordâncias entre nós.
    Obrigado por sua apaixonada e educada participação, fato que muito qualifica esse humilde blog.
    Paulo Murilo.

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