O REINADO DAS “BOLINHAS” VI…

“O emotivo superou o basquete”, foi o que disse o Ruben Magnano à TV após o jogo, definindo com precisão a realidade do mesmo, numa contundente contra mão ao clima feérico e grandiloquente dos responsáveis pela transmissão adjetivando a partida como fantástica, do mais alto nível, a prova da grandeza do basquete brasileiro, agora pertencendo à elite mundial, e outros mais elogios inócuos e irreais.

Jogo iniciado, juiz antenado, discursos didáticos a torto e a direito, quando motivado, ou provocado por uma falta técnica, o técnico pinheirense esbraveja com o midiático juiz – “Cansei de ser roubado, até aqui dentro…” Tá me chamando de ladrão?” – “Não, é o outro…” num diálogo lamentável, transmitido em som estéreo, à cores, e em rede nacional, e que em nenhum momento foi sequer citado pelos comentaristas de plantão.

Segue o jogo, com três arremessos de três convertidos pelo pivô Alírio, numa tácita demonstração de como jogaria a equipe brasiliense, aberta e penetrante, favorecendo seu jogador mais talhado para esse tipo de ação, o Alex.

Mas erros de fundamentos seguidos do outro pivô, o Cipriano, permitiu que a equipe paulista encostasse no placar, mas com a saída do Figueiroa que vinha jogando em dupla com o Paulo, a equipe retornou ao sistema único, terminando o primeiro tempo quatro pontos atrás (36 x 40).

Foi um primeiro tempo terrível, onde a convergência se fez presente para ambos os lados, com 6/13 nos arremessos de dois pontos e 4/13 nos três para o Paulistano, e 6/14 nos dois e 7/11 nos três para Brasília, numa tendência progressiva que se confirmou ao fim do jogo, quando a equipe paulista perpetrou um 13/28 nos dois e 8/33 nos três, com a equipe candanga assinalando 17/28 e 11/22 respectivamente, para um final apoteótico de 55 tentativas de três e 22 erros de fundamentos, num jogo muito mais próximo da definição do Magnano, do que a viagem no imaginário dos que transmitiam um jogo que somente eles viram.

No intervalo, numa entrevista, o jogador Nezinho discorre sobre a arbitragem, seus dúbios (em sua opinião) critérios, e o excesso de “papo” de jogadores e juízes, o que tumultuava demais a partida. No entanto, no quarto a seguir o mesmo jogador se perde em discussões e contatos com um dos juízes( foto), numa contradição flagrante ao seu depoimento anterior. Enfim, a tão decantada relação didática entre juízes e jogadores havia se transformado em uma autêntica baderna, inconcebível para um jogo de tal importância.

No quarto final, sem que a equipe paulista contestasse os longos arremessos de seu adversário, viu a contagem se expandir até um final de 81 x 62 para a equipe do planalto central, mas não antes de aos 6:53min para o fim da partida (foto), ante uma tentativa de reação, o jogador Marcos levar um “toco de aro” retumbante, além de sua equipe teimar nos arremessos de três (foto), quando teria mais do que suficiente tempo para de 2 em 2 se aproximar dos candangos, que desta forma irão, por mais uma vez, decidir o campeonato contra um surpreendente São José, num absurdo jogo único e em quadra neutra, em troca de uma transmissão em rede aberta da emissora líder no país.

Mas não podíamos encerrar esse artigo sem mencionar mais uma aberração às regras do jogo, quando em lances livres um câmera invade a quadra, se coloca logo atrás do jogador (foto) que irá executar o arremesso, num flagrante desrespeito às mesmas, atitude que não encontra guarida nos grandes campeonatos do resto do mundo, mas conta com o beneplácito de nossos juízes.

Amém.

Fotos – Reprodução da TV. Clique nas mesmas para ampliá-las.



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