MALDADES…

Maldade 1 – Inadmissível que um juiz publicamente “cobre uma aula em dobro, por ser particular” (foto 1) a um técnico que não se impõe a tais intimidades, pois nem de brincadeira (sadia e amigável, segundo o comentarista de TV) um juiz de verdade deveria confundir seu trabalho arbitral com amenidades voltadas ao burlesco. Jogo de alta competição não deveria se prestar a tais e constrangedoras “licenças poéticas”.

 

Maldade 2 – Jogo empatado, e a escolha para desempatá-lo foi uma bolinha de três perpetrada pelo atacante do Pinheiros (foto 2), um dos pivôs da equipe, e que errou. Mas o que não foi sequer comentado para valer foi que antecedendo essa bolinha, duas jogadas foram verdadeiramente decisivas. Com três pontos à frente e faltando 28seg a equipe de Joinville tem um lateral a seu favor, cobrado infantilmente pelo armador Kojo com um passe paralelo à linha final (erro básico de fundamentos), e por isso sendo interceptado, originando o arremesso de três do jogador Marcos, empatando o jogo. Coincidentemente, o jogador americano se machuca, não sei bem se no rosto, ou na perna, ou mesmo no tronco. O certo é que não retornou para a prorrogação, um dos motivos da derrota de sua equipe. Pode ser que a contusão tenha sido séria, mas que “apagou” a grotesca falha, com certeza…

 

Maldade 3 – Num jogo ríspido e físico, Brasília derrotou Bauru, se classificando para a semi final. Numa disputa de rebote, o encorpado pivô Jeff de Bauru ao oscilar seus braços em defesa da capturada bola, por pouco não atinge o jogador Alex, que se indispôs com o mesmo. Mais adiante, o cardeal desfere uma bofetada no pivô (só que esta atinge o oponente), sendo punido com falta técnica, quando, pelas regras do jogo deveria ser excluído (nesse caso o juiz não concedeu “aula particular”), e pouco depois um forte encontro de costados (foto 3) entre o Jeff e o Arthur, jogada comum em jogos dessa ordem, quase deflagra um conflito desnecessário e passional. Terminado o jogo, discursos explicativos e eivado de atitudes mal educadas e fora do contexto (foto 4), mas omitindo ter sido beneficiado com 24seg além dos 30seg a que teria direito nos seis lances livres que cobrou seguidamente com média de 9seg para cada(uma falta e duas faltas técnicas), no que não foi penalizado pela “didática arbitragem”. Lamentável.

Maldade 4 – Uma jogadora (foto 5) que foi induzida sistematicamente pelo sistema único em que foi treinada desde sempre, a correr desenfreadamente, como todos os nossos armadores o fazem desde a formação de base, mas uma das poucas realmente ambidestras na condução de bola, se expõe ao doping para, que maldade, correr mais ainda, como forma compensatória à sua pouca estatura. Houvesse outros sistemas de jogo optativos, onde a leitura de jogo propiciasse ações criativas, ousadas, corajosas, pausadas, sem pressa, pensadas, diversificando talentos e cultura desportiva, e dopings dessa forma seriam inexistentes. Pura maldade essa ditadura do sistema único, onde opções cedem todo o espaço às formatações e padronizações que esmagam e atrofiam o livre e democrático pensar, e fazer.

Maldade extra – “Agora chega, tratemos de jogar para que m….. não venham dizer que o time não tem comando, chega, chega. Primeiro vamos ganhar, e ao final…vamos ver”. Instruções do técnico de Brasília em seu último pedido de tempo, quando se deu conta que suas atitudes e de seus jogadores contra a arbitragem, estavam propiciando uma forte reação de seu adversário.

Creio que m….. não são bem os que, por força do ofício, comentam e criticam, e sim aqueles que dão sérios motivos para serem analisados, e por que não, criticados em seus “rompantes” nada profissionais, já que em funções públicas e fartamente divulgadas, e que devem ser respeitosas e educadas.

Amém

Fotos – Reproduções da TV, e divulgação LNB. Clique nas mesmas para ampliá-las.

O OUTRO JOGO…

Terminado o massacre, tenho em mim a certeza de que vi outro jogo, não aquele transmitido e comentado pela TV, maravilhoso espetáculo, a prova inconteste do grande momento que vive o basquete nacional, a mega expressão do jogo bem jogado (?).

“E agora, vejam que espetáculo, a entrada do 6º jogador em quadra, a torcida”, que ato contínuo entoa um coro “homenageando” os juízes, prontamente justificada como “ardente participação”, e mais adiante lança objeto em quadra, determinando uma falta técnica em sua equipe.

“Vejam o espetáculo de duelo entre os armadores, os armadores do Brasil!”. E tome de bola de três, penetrações suicidas, disparadas incontroláveis, e principalmente erros, muitos erros. Pelo visto, temo, e muito, pela armação brasileira em Londres, a não ser que o argentino apare asas em profusão…

Na realidade, foi uma das maiores peladas que testemunhei nos últimos tempos, onde ninguém em quadra atuou em equipe, em nenhum momento, tendo inclusive um exemplo de auto escalação, quando um dos cardeais se insurgiu contra sua substituição ouvindo um “calma, você volta logo…”, e voltou mesmo, rapidinho…

Mais ainda – “Depois do grande sucesso no vôlei, agora temos um juiz antenado no jogo, para vivermos as emoções de dentro da quadra”. E o que vimos de “muito didático” senão reclamações de jogadores, aulas desnecessárias de regras, perfeitamente dispensáveis numa liga superior, a não ser que lá estejam sem merecimento, será? Mas os mais, muito mais de 5seg previstos para as cobranças de lances livres nunca foram coibidos pelos antenados juízes. Triste, muito triste.

No entanto, justiça seja feita, quando num tempo pedido pelo técnico do Bauru, este discorreu sobre o posicionamento nos rebotes de forma precisa e rara entre seus pares, permanentemente ligados ao ataque. Pena que sua equipe e seu armador ensandecido se perdessem vitimas de uma ciranda descontrolada pelo excesso de velocidade, que os expuseram a uma sequência de erros inimagináveis.

Foi um rachão caprichado, mas nunca sequer parecido com um jogo de uma liga superior, onde o bom senso técnico tático deveria prevalecer por todo o tempo de sua duração, e não o tétrico exemplo de como não jogar o grande jogo, como deveria ser jogado. Espero que na segunda partida possamos ver armadores armando e assistindo, alas fintando e arremessando coerentemente, pivôs sendo devidamente abastecidos, e não ali colocados para simplesmente pegar alguns rebotes e aproveitar algumas sobras, e que todos, rigorosamente todos defendam suas cestas, com técnica e determinação, para no fim de tudo saírem da quadra após atuarem num grande jogo, e não em mais um dos rachões de suas vidas.

No outro jogo, um Flamengo que a cada dia que passa mais desaprende a defender, um Jackson anulado por um Day determinado, e uma equipe vencedora cujo técnico não pediu um tempo sequer, indicio de uma equipe superiormente bem treinada, ou um acerto inter pares para      que não se atrapalhassem mutuamente?  Torço pela primeira hipótese, que como toda hipótese…

Mais do que nunca, se avizinha nosso grande problema para Londres, uma armação de qualidade e de grande confiabilidade, que pelo visto nestes playoffs muito trabalho vai dar ao excelente argentino. Uma dupla armação de verdade, e não adaptada ao sistema único, deveria ser seriamente levada em conta pelo técnico da seleção, pois o ajudaria na montagem de uma defesa mais sólida, e em dupla os armadores se ajudariam no sistema ofensivo, diluindo com sua proximidade aqueles erros que constatamos na armação simples. Seria uma escolha sensata.

Amém.

Foto Galeria (Reproduções da TV, clique nas mesmas para ampliá-las):

1 – Ação padrão – arremessos de três sem rebotes colocados.

2 – Opção sistemática pelo arremesso de três em vez do mais seguro de dois.

3 – Armadores que jogam e deixam jogar…

4 – Unusual explanação sobre posicionamento nos rebotes.

5 – Antenado e “didático”…

6 – Lance livre – Ilegal média de 9seg para concretizá-lo…

JOGANDO A TOALHA…

Foi uma semana pródiga em jogos, bem ou mal jogados, na maioria das vezes bem menos analisados do que deveriam sê-los, frente ao que têm sido apresentado desde muito tempo.

Alguns de nossos analistas, perdidos entre as realidades de uma feérica e milionária NBA, e uma ainda trôpega e inconstante LNB, teimam em comparações sobre algo completamente antagônico, não só pelo aspecto técnico, como, e principalmente, pelo imenso abismo que as separam, o econômico financeiro, que nem uma mediação européia atenua tal distanciamento.

A realidade técnica da LNB é o legitimo retrato do grande jogo no país, perdido entre uma copia ingênua das grandes ligas internacionais, e o descompasso limitativo advindo das mesmas, onde riqueza em investimentos contrasta brutalmente com nossas carências em todos os sentidos, principalmente na formação de base que a alimenta, e em seu conseqüente produto direto, a ausência de uma identidade técnico tática de sua propriedade, e não emulada, e mal, da liga maior, no que designam de “conceito de basquete internacional”.

Nossa maior deficiência, a ineficaz formação de base, dá continuidade a um sistema técnico tático engessado e divulgado maciçamente pelas formatações e padronizações impostas por um grupo de técnicos afinados e alinhados com o sistema único que adotaram e impuseram a mais de duas décadas, calcado na forma de atuar das equipes da NBA, e cujos resultados teimam em nos desfavorecer continuadamente, mesmo sabedores da evolução técnico tática por que passa a grande liga.

E os resultados ai estão escancarados, mas pouco analisados, e com um mínimo de conhecimento realmente técnico, e não guiados por palpites e achismos na maioria das vezes ingênuos, desconexos, e até primários.

Um exemplo bem claro, foi a ausência de uma colocação objetiva sobre a equipe brasiliense na Liga das Américas em seu quadrangular final, quando em seu único jogo vencedor os candangos impuseram uma convergência absoluta (12/28 nos arremessos de 2 pontos, e 9/28 nos de 3, quase o mesmo resultado alcançado pelos mexicanos, 12/50 e 7/24 respectivamente) que os tornaram vencedores por apenas um ponto, quando, se atuassem mais dentro do perímetro, acionando seus pivôs, teriam vencido por uma margem mais tranquila. Mas a avalanche de bolinhas de três, compactuada pelas duas equipes, até mesmo na frouxidão defensiva fora do perímetro, definiu o jogo como numa loteria, onde venceria aquela que fizesse a última cesta. Lamentável.

Claro, que nos outros dois jogos contra as equipes argentinas, tal privilégio das arrivistas bolinhas foi restrito ao máximo, obrigando os candangos a um difícil e bem marcado jogo interior, definindo ai a superioridade defensiva dos hermanos, assim como sua maior eficiência ao atacar a frágil e desconectada defesa brasiliense (ironicamente com uma generosa quantidade de bolinhas…), numa irrefutável prova do quanto a “melhor equipe brasileira” é carente de um plantel, e não seis jogadores que atacam com sofreguidão e defendem com frouxidão, rimas à parte…

Outro exemplo, a drástica (e atá elogiável) diminuição dos arremessos de três na rodada de ontem no NBB4, como que de uma forma combinada, as seis equipes resolvessem defender o perimetro externo com mais vigor, e acertar suas contas under basket, na tradição esquecida dos grandes jogos entre as grandes equipes de um passado não tão distante assim, quando uma equipe mestra nas bolinhas, o Flamengo, vence pela segunda vez o Uberlândia (70 x 63), arremessando somente 6/15 bolas de três pontos (Uberlândia 7/20), e 20/46 (13/36) de dois respectivamente, assim como São José  ( 24/35 de dois e 6/21 de três) vencendo, também pela segunda vez seguida no playoff a Franca ( 29/49 e 2/5) por 96 x 85, provando que de dois em dois podem duas equipes atingir contagens acima dos oitenta pontos.

A mesma coisa podemos afirmar no jogo entre Pinheiros (22/41 e 4/16) perdendo para Joinville (23/41 e 5/21), também pela segunda vez por 74 x 68, mas com algo de inusitado e constrangedor, quando nos dois últimos tempos pedidos pelo técnico do Pinheiros o mesmo praticamente jogou a toalha, primeiro ao ver o jogador argentino de sua equipe se apossar da prancheta para elaborar uma forma de atacar, ante o mutismo do mesmo e sua enorme comissão técnica, e no tempo final, o assistente traçar uma ação rebuscada na prancheta, que na pratica, ambas, não deram em absolutamente nada, para a perplexidade de todos que assistiram e testemunharam o avesso do que venha a ser o comando de uma equipe de alta e complexa competição. Não a toa, corre o sério risco de levar um 3 x 0 de uma equipe muitas vezes menos  valorizada, tanto técnica, como economicamente, provando que em “taba que tem mais pagé do que índio”pouco ou nada pode funcionar, pelo menos em terras tupiniquins…

Enfim, como disse ao inicio, foi uma semana pródiga em jogos, bem ou mal jogados, mas em alguns e pontuais casos, pior dirigidos e liderados, e algumas fotos ilustram com propriedade essas histórias:

1 – Um técnico frente ao alheamento de seus jogadores…

2 – Aos 9.8 seg do final, assumindo (delegada?) a tática…

3 – …que é elaborada no solo…

4 – …perdendo para uma outra clara e transparentemente exposta na imponderável prancheta…

5 – A ira bilíngue (?)…

6 – …e o bode expiatório, again…

Amém.

FOTOS – Reprodução da TV. Clique nas mesmas para ampliá-las.