A CONTÍNUA HEMORRAGIA…

Creio não existir nada mais frustrante a um bom basqueteiro do que ler comentários que falseiam a verdade dos fatos, em nome da unilateral emoção, do eletrizante e espetacular final, omitindo o outro e fundamental lado, o da técnica, o verdadeiro e definidor fator de um embate no âmago da elite.

Mais frustrante ainda é não poder ter visto o jogo, a não ser pelo olhar torcedor de quem omite por desconhecimento as grandes “verdades”, e não as nuances reveladoras do bem jogar o grande jogo.

17/25 nos arremessos de dois, 11/29 nos de três para um Pinheiros vencedor, assim como 14/29 de dois e 13/30 de três, para um Palmeiras perdedor por 87 a 82, numa convergência absoluta e absurda para um jogo de basquetebol, no qual os presentes torcedores (não sei se muitos…) testemunharam com emoção ou incredulidade 31/54 arremessos de dois pontos e 24/59 de três, numa autofágica demonstração do que vem ocorrendo em crescente escalada na direção de uma débâcle terminal em nossa forma de jogar o grande, e por incúria, cada vez mais minimizado jogo. Um número final assusta pela malignidade neste exemplar jogo, o fato de que foram perdidas 23 bolas de dois pontos, e inacreditáveis 35 de três, ou 105 pontos, contra 46 de dois!!

Então, emoções à parte, os que lá estiveram viram um desenfreado bang bang de pretensos “especialistas” nos longos arremessos, sob o manto protetor e torcedor de seus técnicos, todos passageiros de um tobogã que não se sabe onde vai parar, em sua descida a um poço absolutamente sem fim…

E como selo de autenticação, somemos 21 erros de fundamentos perpetrados por equipes caras e bem patrocinadas, mas infelizmente necessitadas de um medieval instrumento ainda insubstituível nesses tempos cibernéticos, uma simples, rudimentar e humilde… bússola.

Amém.

Foto – João Gabriel – GloboEsporte

 

NÃO ESQUECENDO –

I OFICINA DE APRIMORAMENTO DO ENSINO DE BASQUETEBOL

 



4 comentários

  1. Caio 08.02.2013

    Olá Professor,

    Estive ontem no ginásio do Pinheiros. A alta quantidade de tentativas de 3 pontos tem explicação, pelo menos em parte, na péssima marcação no perímetro das equipes (muitas vezes debatida aqui neste blog, inclusive). Durante o segundo período, no qual o Palmeiras abriu larga vantagem, imagino que os palmeirenses tenham chutado no mínimo dez bolas sem nenhum tipo de contestação (sob os olhares do técnico Mortari, que vociferou inúmeros palavrões a cada chute recebido, mas pouco fez para barrá-los).

    É preciso falar também sobre o descontrole do jogador Mineiro, que foi expulso e saiu da quadra com o dedo na cara do árbitro e querendo partir pra cima de um jogador do Palmeiras. Todo jogo que vejo do Pinheiros, ao vivo ou pela TV, vejo no mínimo uma falta técnica para esse jogador.

    Ainda assim, destaco o armador Arthur Pecos, de 18 anos, que fez seus tiros longos mas mostrou bom domínio dos fundamentos do jogo e uma busca pelo jogo interior. Gostei do jogador.

  2. Basquete Brasil 09.02.2013

    Prezado Caio, sem dúvida alguma nossa proverbial omissão defensiva propiciou essa praga dos três, e sem data para ser revertida, se depender da maioria dos técnicos que temos na direção de equipes da elite. Mas algo tem de ser feito, pelo prêço que for, senão corremos o serio risco de um potente fracasso em 2016, e o pior, dentro de casa. Podemos notar que nossas jovens promessas já se dedicam ao “salutar” desafio dos três, e sem ostentarem precisão e confiabilidade para exercerem uma arte para muito poucos, os longos arremessos. Infelizmente, a cumplicidade de muitos técnicos os incentivam nessa pratica, em tudo e por tudo lesiva ao desenvolvimento do grande jogo em nosso país. No que vai dar, sabemos muito bem, mas a quem importa?
    Quanto as seguidas faltas técnicas do jogador do Pinheiros, ele somente emula em quadra o exemplo que se encontra ao lado da mesma.
    Um abraço, Paulo Murilo.

  3. Josue Filho 09.02.2013

    Prezado Profº

    Boa tarde!

    Estive também nesse referido jogo e o que vi foi um jogo muito mal orquestrado por seus Técnicos, onde no Pinheiros, Mortari pouco podia ou precisou fazer para conseguir a vitória, logo que ficou evidente que abrira mão da mesma ao poupar seus atletas, dando espaço para os Juvenis (mesmo assim só fizeram numeros no banco, algo costumaz tratando-se de Mortari), vindo de uma Liga das Américas cansativa inclusive pelas viagens.

    Esse jogo definitivamente o Palmeiras muito mal dirigido (perdoe-me a falta de ética), por um treinador que ao meu ver, jamais deveria ser contratado para dirigir a equipe alviverde, principalmente pelo ótimo trabalho que vinha sendo realizado pelo antecessor João Monteiro (Padola), que com parte desse elenco e somente Caleb Brown (otimo armador que teve queda em seu rendimento), batera equipes como Pinheiros, Paulistano, dentre outras no campeonato Paulista, essas mesmas equipes que surraram o atual Palmeiras no NBB.

    Um jogo de emoçoes fortes (foram 54 suspiros) nos erros de arremessos de três pontos. Pinheiros com seus super pivôs chutando de três a vontade, Palmeiras também com seus cincões modernos dotados de fundamentos chutando como se não houvesse consequencias, afinal de conta, os chutes eram incontestes mesmo…

    Palmeiras que esteve a frente do placar por margem confortavél até, viu seu jogo se esvair e proporcionar uma reação comediantemente heróica do Pinheiros e sofrer mais uma derrota acachapante. É triste ver que um clube de tradição na modalidade, passe por um momento tão conturbado em seu retorno, podendo sofrer o contraste de mais um rebaixamento, como foi no futebol.

    Eu aprendi que o adulto é reflexo para a base, que os ensinamentos vem de cima para baixo. Nesse caso, sofro em pensar como será o futuro da base alviverde, que já teve um passado brilhante.

  4. Basquete Brasil 10.02.2013

    Prezado Josue, é triste constatarmos essa realidade conferida por você in loco e em cinza, provando pela enésima vez o quanto ainda teremos de caminhar para alcançarmos a excelência no grande jogo. Somente um reparo em sua aprendizagem, onde os reflexos das divisões adultas balizam o comportamento da base, quando deveria ser exatamente o oposto, onde a divisão principal representaria todo um trabalho realizado na formação, inclusive no aspecto tático, totalmente embasado nos fundamentos do jogo. Essa inversão piramidal é que nos empobrece e nos expõe bem abaixo das grandes nações, que têm na educação de qualidade, e consequentemente uma superior formação desportiva, os resultados muito acima dos nossos. Inverteremos essa tendência estratégica para o país? Honestamente temo que demoraremos ainda muito nessa direção. Um dia, quem sabe…
    Um abraço, Paulo Murilo.

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