ECOS DA OFICINA…

Olá,

Aqui é o Pedro que fez a oficina. Comecei a usar os circuitos nos treinos. A melhora na motivação para o treino dos fundamentos foi imediata. Agora pretendo fazer uma filmagem do treino para mostrar a elas daqui a dois meses + ou – para verificarmos a diferença na execução dos fundamentos.

Estou enviando duas fotos do circuito, como não tinha cadeiras suficientes utilizei cones e alguns outros materiais para as seções das atletas sem bolas.

Estamos apresentando a defesa linha da bola além do controle do arremesso também.

Abraço.

 

            Recebi esse email do Prof. Pedro Funk de São Paulo, que junto ao Prof. Fabio Aguglia estiveram comigo por quatro dias na Oficina de Aprimoramento de Ensino do Basquetebol, realizada em minha residência pela impossibilidade de utilização das dependências do IEFD/UERJ, como explicada no artigo anterior. Dois foram os realmente inscritos na Oficina, e outros quatro que não puderam comparecer, três de Minas Gerais e um do Paraná, e onde nenhum candidato do Rio de Janeiro se interessou na mesma, num exemplo categórico do grande e pujante momento que atravessa o grande jogo no nosso ex grande estado.

Lendo o email e vendo as fotos, tive a certeza do quanto podemos caminhar para uma realidade inovadora e aberta ao diálogo técnico, tático, e acima de tudo formativo, voltada aos mais jovens, voltada a uma correta formação de base, onde o ensino dos fundamentos básicos atinja a qualidade exigida para a pratica do grande jogo, pratica essa permanentemente presente na vida dos jogadores, independente da idade e da categoria a que pertençam.

Antes em Vitoria, agora em São Paulo, uma outra visão voltada ao treino dos fundamentos, ao ensino e pratica de sistemas e conceitos de jogo, ao preparo tático de equipes, à administração coerente à nossa realidade de país pobre e dependente de maiores incentivos à educação e ao desporto, ao planejamento factível, ao amor e dedicação ao estudo, à busca da integração e ampla discussão democrática e acessível a todos que amam o grande jogo.

Enfim, vejo com intensa alegria a criação de um novo tempo, através pequenas e enxutas intervenções no modo de ser e ensinar basquetebol, dentro da nossa realidade, e não a dos outros, ricos e poderosos, mas não tão superiores ao nosso talento e vontade de vencer.

Parabéns Pedro e Fabio, vão em frente, estudem e vençam.

Amém.

Fotos – Fotos enviadas por Pedro Funk. Clique nas mesmas para ampliá-las.

A INSIDIOSA SINDROME…

Lendo o comentário do Gil aposto no artigo anterior, A Insinuante Síndrome, podemos atestar o quanto ainda nos distanciamos dos maiores centros onde o grande jogo flui majestoso e definitivo, e o comportamento de técnicos e jogadores raramente ultrapassa ou fere a regra estabelecida e os princípios éticos que motivam toda a competição que disputam.

Claro que arroubos e reclamações existem, mas desrespeito e ameaças inexistem, pois em caso contrário as multas e sansões disciplinares são exemplares.

Por aqui, bem, por aqui a coisa soa diferente e genericamente, pois reclamar, tumultuar, vociferar e até ameaçar flui às avessas do que deveria ser, do que deveria acontecer dentro de uma quadra de basquete, onde a luta pela vitoria deveria priorizar o confronto justo e leal, e não as coercitivas pressões, numa insidiosa síndrome pela busca do álibi mencionado no artigo anterior, tanto por jogadores, como e mais gravemente, por técnicos.

– “O Lula foi muito inteligente ao criar de saída um ambiente que o favoreceria, afinal trata-se de um jogo decisivo…”

– “Não vai ter mais jogo, acabou…”

_ “Nós dois levamos uma técnica, mas ele extrapolou, levou outra e foi expulso…”

Ao vermos o jogo constatamos que ambos extrapolaram, e de saída, nas reclamações à arbitragem, ambos tentaram desestabilizar os árbitros, instando-os a decisões que os favorecessem, ambos mereceram as técnicas recebidas, mas um deles teve de se afastar do jogo, fator decisivo para a derrota de sua equipe, fato inaceitável a um técnico de sua qualificação e larga experiência.

É triste a premissa de que caminhamos celeremente para um estagio preocupante que cresce a cada rodada do NBB, ainda mais quando colocações para os playoffs estejam sendo definidas, centrando nas arbitragens “erros propositais” que justifiquem derrotas, quando na realidade estão em busca dos álibis que expliquem as mesmas, e por que não, suas próprias deficiências.

Enfim, temos um enorme problema pela frente, e que terá de ser equacionado com a presteza necessária para a consecução de um campeonato nacional de elite, começando com a retirada de microfones dos árbitros, aspecto desestabilizante por desencadear discursos, conversas e explicações que as regras por si mesmas se justificam, bastando somente aplicá-las, sem maiores contestações, e um comedimento comportamental e profissional por parte daqueles que treinam, orientam e dirigem jogadores pelas trilhas da técnica, da tática e do comportamento desportivo, os técnicos.

Meus deuses, que falta, que enorme e transcendental falta faz uma associação de técnicos, para a real e consistente evolução do grande jogo no país. Mas acredito que a teremos um dia, forte e decisiva.

Amém.

Fotos – Reproduções da TV. Clique nas mesmas para ampliá-las.

A INSINUANTE SÍNDROME (OU A BUSCA DE UM ÁLIBI)…

Tive este problema no Saldanha, e que problema, problemão. Mas com muita conversa, troca de idéias, e dando o exemplo no banco, trabalhando e deixando, esse o termo, deixando os juízes trabalharem em paz, fui afastando os jogadores de uma síndrome que assombra o nosso basquete marqueteado, a ponto de promover juízes a estrelas globais, atrelados a microfones de lapela, e seguidos sofregamente pelas câmeras ao sinalizarem corriqueiras faltas pessoais, e imaginem o espetáculo nas faltas ante desportivas e diálogos “didáticos” com os jogadores…

 

Reclamar de juízes, assídua e persistentemente está se tornando corriqueiro em nossos campeonatos, e o mais preocupante é que se alastra com a ação coercitiva sobre os mesmos por grande parte dos técnicos, determinando um aval de consentimento a seus jogadores no mesmo sentido.

 

Lembro-me que após o segundo jogo em São Paulo no NBB2 perguntei a um jogador o por que de tantas reclamações aos árbitros, e escutei a seguinte resposta – se não funcionarem agora, estaremos projetando para os futuros jogos…  Bem, não dei mais oportunidades a este tipo de raciocínio, conclamando a todos que evitassem tal comportamento, iniciando com meu próprio exemplo de não pressionar arbitragens em hipótese alguma.

 

Mas algumas recaídas ainda aconteciam, porém em bem menor número. Observei que partiam sempre de alguns jogadores que ainda não haviam atingido o preparo físico e técnico dos demais, como uma busca inconsciente de um álibi que justificasse uma possível derrota, face a seu despreparo, fatores que o colocavam na defensiva, onde a transferência de culpa focaria a arbitragem como a maior referência da mesma.

 

Com o aumento exponencial do preparo físico atingido pela maciça pratica dos fundamentos, e conseqüente maior firmeza na consecução técnica do sistema diferenciado de jogo que adotavamos, foram as reclamações rareando até praticamente sumirem, sempre referenciadas pelo exemplo vindo de um banco tranqüilo e focado no jogo, e não preocupado com a arbitragem.

 

Observo com bastante preocupação que alguns de nossos melhores jogadores se comportam dessa maneira, quem sabe na busca do álibi salvador que os inocentem frente a derrotas, como acima expus, principalmente aqueles que se aproximam de uma idade mais avançada, onde o preparo físico se ressente bastante, prejudicando em muitos casos a produção técnica dos mesmos, principalmente no aspecto defensivo, onde as exigências físicas são mais evidentes.

 

Por outro lado, o excesso de exposição midiática dos juízes, em tudo e por tudo contribui para que os álibis sejam buscados, inconscientemente ou não, já que as discussões e entreveros são permitidos, numa autêntica síndrome na busca dos mesmos, que justifiquem fracassos e omissões.

 

Creio que a simples formula adotada pela humilde equipe do Saldanha tenha sido positiva e proveitosa, saudada que foi com o testemunho do juiz Piovesan ao se aproximar de mim ao final de um dos jogos dizendo – Professor, parabéns pelas mudanças que fez, tornando nosso trabalho mais eficiente e produtivo, muito mais que uma equipe o senhor tem aqui uma família.

 

Precisamos combater essa síndrome, que prejudica em muito o desenvolvimento do grande jogo entre nós, principalmente pelo exemplo nada educativo dado aos mais jovens.

 

Amém.

Fotos – Reproduções da TV. Clique nas mesmas para ampliá-las.

 

 

E A OFICINA ACONTECEU…

Estou exausto, realmente cansado, mas feliz, pois apesar de todos os contratempos e desencontros administrativos, a I Oficina de Aprimoramento de Ensino do Basquetebol real e gloriosamente aconteceu.

Não foi nas magníficas instalações do IEFD da UERJ, mas sim na minha casa, não com um número de participantes que dignificasse a tradição de excelência daquela grande universidade, mas com somente dois professores de São Paulo, aos quais honrei o compromisso de realizá-la frente a inscrições antecipadas e pagas.

Antecipei um velho projeto de ter em minha casa a cada último final de semana de cada mês, dois, três ou quatro professores/técnicos, ou mesmo jornalistas e dirigentes, para um mergulho, uma profunda imersão no mundo teórico prático do grande jogo, disponibilizando minha grande experiência e extenso material instrucional e midiático que possuo, num olho no olho de intensa participação discursiva, inquisitiva e corajosa, pela busca de alternativas e caminhos que pudessem auxiliar o processo de soerguimento do grande jogo no país.

Foram 52 horas de puro trabalho argumentativo, na teoria e na prática, intervaladas com vídeos e uma ida ao ginásio do Tijuca para um jogo do NBB, onde pudemos promover a ambos o conhecimento e diálogo com figuras importantes do nosso basquetebol.

Enfim, espero que tão inédita realização tenha alcançado seus fins didáticos, pedagógicos, técnicos, táticos, e de profundo relacionamento humano, que trouxeram os professores e técnicos Fabio Aguglia e Pedro Funk Gambarini à cidade maravilhosa para conviverem uma experiência inesquecivel para esse velho e calejado professor, e aos quais agradeço de todo o coração a oportunidade a mim concedida.

Amém.

Fotos – Clique nas mesmas para ampliá-las.