DE BOLINHAS E MICROFONES…

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E cada vez mais os microfones invadem os pedidos de tempo técnico, quando um movimento mais brusco de cabeça pode levar o técnico e sua prancheta para a enfermaria, mas a noticia no foco da ação, transmitindo táticas ou mesmo palavrões e impropérios, tem de ser veiculada, ao preço que for, num espetáculo caipira sem similar no mundo globalizado do grande jogo. Fico imaginando um Bob Knight cercado daquela forma, e qual seria sua reação, mesmo agora idoso e aposentado…

 

O mais engraçado é constatar a ansiedade dos analistas e comentaristas, no afã de serem informados sobre as “estratégias” ali formuladas, abastecendo seus comentários sobre o que ouvem, e não pelo que vêem e testemunham no andamento do jogo, quando concordar e discordar baloiçam aos ventos de suas convicções e conhecimentos técnicos, ficando meio perdidos quando as traquitanas eletrônicas são rechaçadas por técnicos que se concentram em seus jogadores , suas equipes, e não na assistência midiática que o cerca. Realmente, é, e soa muito engraçado…

 

E por conta de tantas e equivocadas contradições, florescem opiniões abalizadas de que muitos erros de arremessos e de fundamentos em inícios de jogo são cometidos por ainda estarem os jogadores em processo de aquecimento, ainda muito nervosos, ou mesmo ansiosos em demonstrar domínio e experiência de jogo, alcançando a produção normal lá pelo segundo quarto, ou mesmo no terceiro, e se a partida for a decisiva, lá pelo quarto…

 

Acredito firmemente que, em se tratando de uma divisão de elite, tais flutuações de técnica e humores não devessem existir, pois afinal de contas estão no ápice de suas formações, vindos de uma base sólida (?), quando o primeiro arremesso é tão ou mais importante que o último, não fosse a somatória dos mesmos o fator que definirá o destino do jogo, quando arremessos de três pontos são disparados e falhados nas primeiras posses de bola, e que entram no rol das desculpas de inicio de jogo, mas que lá pelos quartos finais sem “dúvida alguma” cairão em pencas na cesta adversária, que é um aspecto que transcende a técnica e entra no fator mercadológico e de auto valorização profissional. Logo, errar dessa forma no início de jogos determina na maioria das vezes seus resultados, importantes ou não, decisivos mais ainda, onde os fatores responsabilidade,  compromisso, engajamento se tornam cruciais, base que são do coletivismo, do espírito de equipe.

 

Então, noves fora os erros apontados, por que não conotar seriedade desde o primeiro lançamento à cesta, por que não?

Nesse jogo entre Franca e São José, quando o duelo dos três determinou cinco acertos para cada equipe, num total de tentativas de apenas onze para os francanos e exorbitantes vinte e seis para os sanjoanenses, que desperdiçaram quinze tentativas a mais, ironicamente foi um arremesso inverossímil de três do jogador Cauê de Franca, lançando de antes do meio da quadra a segundos do final do segundo quarto, que determinou a vitoria de sua equipe por 63 x 61, provando que não importando quando, todo e qualquer arremesso é aquele decisivo para qualquer jogo que se presuma sério.

Na Liga Sul Americana, Bauru, com seu técnico mais comedido nas críticas e palavrório, dominou a boa equipe argentina do Boca, se utilizando da maior arma de seu rival, o jogo interior, abrindo mão de sua notória artilharia exterior (5/15 nos três) de forma decisiva, delegando a seu adversário o perímetro externo, onde perpetraram 7/30 em bolinhas, e arremessando 20 bolas de dois a menos que os paulistas, fazendo pender o fiel da balança a seu favor, numa demonstração bem clara de que arremessos próximos à cesta conotam mais precisão e vitórias como devem ser conquistadas, de 2 em 2, de 1 em 1, deixando os longos, imprecisos e aventureiros arremessos como arma suplementar de uma equipe bem treinada e preparada, e não como base estrutural de seu comportamento técnico, e acima de tudo, tático.

Aos poucos, bem devagar, parece que avançamos para alcançar parâmetros técnicos e táticos mais inteligentes e coerentes para o soerguimento do grande jogo em nosso país, bastando tão somente mais estudo, e muito, muito trabalho, principalmente na base da pirâmide, na formação, e não invertendo-a, como viemos agindo nas duas últimas décadas.

Espero e torço para que o bom senso seja restabelecido, já era tempo.

Amém.

 

 

 

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Fotos – Reproduções da TV e divulgação da LNB. Clique nas mesmas

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