O ANTIGO E O NOVO…
No último pedido de tempo de seu adversário, o setentão técnico do São José empunha a prancheta, pela primeira vez naquela partida, mas nada anota na mesma, e com um impulso para trás, levanta-se de sua cadeira e demonstra ali mesmo como um defensor deve se comportar frente a um adversário pronto para um arremesso de três, certamente uma tentativa a ser feita pela equipe do Paulistano naquela apagar de luzes de uma partida que, frente a tantas ausências por contusões e penalização, tinha tudo para se situar em inferioridade ante o classificado às finais do Paulista, completo e embalado.
Não precisou rabiscar nada, simplesmente demonstrar como agir ante um longo arremessador, ainda mais quando pertencente a uma equipe que, na semi final acima mencionada, convergiu com 13/28 arremessos de dois, e 13/30 de três, frente a um Pinheiros não muito longe disso, com 14/30 e 10/25 respectivamente, numa orgia de bolinhas que vai se tornando lugar comum para ambas as equipes, e a maioria das demais naquele campeonato mencionado como o melhor e mais técnico do país.
Venceu o jogo privilegiando o jogo interno um pouco mais do que seu oponente, pois também arremessou algumas bolas longas intempestivas e fora de um contexto baseado em menos erros de fundamentos e maior ritmo e controle de jogo, principalmente por ter de lançar jogadores muito jovens contra um finalista da terra, e o mais emblemático foi a armação do seu jogo ficar nas mãos de jogadores rotulados de 3 para cima, pois o Alex e o Gustavo a realizaram com bastante competência, ajudando em muito o Laws, que viu um pouco facilitado seu trabalho com aquelas inesperadas funções, ainda mais por não terem encontrado, em nenhum momento, uma anteposição mais enérgica e coletiva por parte dos armadores do Paulistano.
Mas, a grande lição que ficou desse jogo, foi a postura técnica, onde, de um lado um técnico de 73 anos demonstrava, mesmo sem o conhecimento tático completo de uma equipe assumida dias antes (pediu a todos que fizessem o que estavam acostumados, para não gerarem confusão…), que o poder do conhecimento dos atalhos e dos fundamentos do jogo, em tudo e por tudo auxilia e socorre de verdade jogadores no árduo campo da luta, com detalhes e minúcias que definem e decidem ações individuais, complementando as coletivas, face a situações onde o profundo conhecimento do jogo realmente influi em seu resultado, ao contrário de um prospecto de técnico, que aos 33 anos não possui a vivência teórico prática que o separa em 40 anos de seu oponente, quando o controle emanado de esquemas táticos grafados nervosamente em uma prancheta, jamais substituirá o relacionamento olho no olho emitido por alguém profundo conhecedor de seu mister, desencadeando firmeza e confiança em jogadores ávidos por incentivos a sua criatividade e livre, pensado e responsável comportamento nos momentos de uma decisão, fatores que, em hipótese alguma podem ser produto de rabiscos em uma midiática prancheta.
Espero que o experiente e competente técnico Edvar Simões venha suprir com sua enorme experiência no comando de equipes de elite, um vácuo existente pela premência imatura de uma mídia e realidade nacional, que força e promove falsas e inconsistentes renovações numa atividade onde o estudo, pesquisa, vivência e aprimoramento somente se solidificam através o longo caminhar de uma existência, onde os privilégios do QI político e corporativista não encontram condições de prosperar ante o mérito.
Com ele e mais o Helio Rubens, quem sabe com mais alguns, saiamos dessa mesmice endêmica e doentia em que estão transformando o grande jogo no país, cada vez mais formatado e padronizado de 1 a 5…
Amém.
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