A DERROCADA DOS FUNDAMENTOS…

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Oito foram os jogos nas duas primeiras rodadas deste turno final da LDB, todos jogados na Gávea, e que se estenderão até a decisão final na segunda feira às 21hs.

Sem dúvida nenhuma, trata-se de um longo torneio visando dar experiência a novos jogadores e técnicos também, onde o decisivo patrocínio financeiro do Ministério dos Esportes gerido pela LNB o tornou factível, contando com boa organização, boas estatísticas, mas zerando outro e importante fator, a quase total ausência de público na competição, e a mais completa ausência de imagens para divulgá-lo e tornar conhecidos seus participantes, mesmo que as mesmas fossem transmitidas pela internet, de uma forma simplificada, porém fundamental na divulgação, mesmo que o fosse em vídeos posteriores.

Mas algo de assustador pairou por sobre a qualidade desses jogos, desses jogadores, da orientação técnica e tática, quando números comprometedores vieram a público jogo após jogo, numa espiral descendente de erros numa divisão aspirante à elite, onde tais e tantos erros já não deveriam ser cometidos, basicamente nos fundamentos do jogo, já que unanimemente todos os envolvidos praticavam o sistema único, formatado e padronizado pela corporação técnica que se apossou do nosso basquetebol e  avalizados pela ENTB/CBB, onde os chifres, punhos, ombros, cabeças, camisas, e não sei mais quantas denominações da mesmice praticada por todos, canalizaram os jogadores a posições de 1 a 5, onde as possibilidades de criação e espontaneidade se tornam reféns de coreografias e pranchetas de técnicos compromissados com a mesmice endêmica que nos estrangula e coisifica perante os padrões da imprevisibilidade técnico tática que tão bem define o grande jogo.

E para que não pairem dúvidas sobre o numerário destas duas rodadas, ai estão os mesmos nos oito jogos realizados:

– Arremessos de 2 pontos – 326/683  –  47.7%

– Arremessos de 3 pontos  – 66/300    –  22.0%

– Lances Livres                  – 194/341  –  56.8%

– Rebotes                            – 624         –  78 (média por jogo)

Realmente preocupantes a falta de eficiência dessa turma jovem em seus arremessos, principalmente quando incutiram (ou foram incutidos…) em suas cabeças de que são “especialistas” nos três pontos, largamente desmentidos pelos 22.0% de acerto em suas tresloucadas tentativas. Mesmo nos dois pontos e nos lances livres suas médias são abaixo do exigido a jogadores dessa faixa etária.

Mas o assustador mesmo, e que deixei para o final, a fim de que todos aqueles envolvidos no preparo desses jovens reflitam com seriedade e responsabilidade, são os erros nos fundamentos, fator fulcral no desenvolvimento e consecução de qualquer sistema de jogo que se empregue, mesmo o único, que tanto defendem e divulgam como algo a ser preservado, como seus empregos desde sempre…

Faço questão de listá-los jogo a jogo e em ordem crescente, disputados pelas oito equipes, indistintamente, como testemunho do abismo a que está sedo empurrada mais uma geração pelos “estrategistas” permanentemente de plantão junto ao grande jogo, frutos do político compadrio do Q.I. e da mais completa ausência da meritocracia, base do desenvolvimento de qualquer modalidade desportiva que se preze. Acreditem, é verdade:

– Minas/ Brasília    –  30

– Ceará/Brasília      –  30

– Minas/Ginástico   –  32

– Bauru/São José     –  34

– Flamengo/Pinheiros-36

– Ginástico/Ceará     –  42

– São José/Flamengo-  42

– Pinheiros/Bauru     –  46

São 292 erros de fundamentos, com uma absurda média de 36.5 por partida.

Enfim, não bastam palmas para os sistemas, as jogadas, as midiáticas e quiméricas pranchetas, as bolinhas salvadoras, as cinematográficas enterradas, itens fragmentários que nada representam, sequer se tornam elementos decisivos de um verdadeiro jogo de basquetebol, sem o pleno domínio de seus fundamentos, elemento que amálgama e justifica aquelas habilidades para a composição de uma verdadeira equipe do grande jogo.

Mas, trata-se de um assunto, muito, muito sério mesmo, restrito àqueles que o conhecem e o entendem, de verdade…

Fico na dúvida se irei comparecer em uma das rodadas finais, pois  custo a me conformar com a visão de passes errados, dribles canhestros, fintas desconexas, arremessos arrivistas, bloqueios fora do tempo, contra ataques lateralizados, defensores passivos e ausentes, rebotes descolocados, leitura de jogo embotada, sistemas robotizados, chiliques extra quadra com transferência de erros crassos para a arbitragem, caras e bocas, braços cruzados, arrogância…

Quem sabe se meu filho basqueteiro me conceder uma carona, reverei  velhos conhecidos, meu velho local de trabalho onde treinávamos fundamentos pra valer…

Amém.

Foto – Divulgação LNB.



6 comentários

  1. Gil Guadron 29.12.2013

    O ATAQUE , UM PAPO … continuacion

    Los fundamentos son las — pequeñas cosas que hacen la gran diferencia — en que tan efectivo y eficiente sera su ataque.

    Las destrezas de ataque usted las puede dividir en:

    1– Con la pelota, y

    2– Sin la pelota.

    Usted debe desarrollar jugadores del perimetro, y jugadores interiores ; pero todos ellos Deben entrenar los fundamentos del basquetbol.

    Cada jugador debe convertirse en una amenaza ofensiva. Para hacerlo cada vez que recibe la pelota en el atque de medio campo enfrente la canasta rival( square up ) colocandose en la posicion conocida como la triple amenaza :

    a – Piense en tirar,
    b – piense en pasar, y
    c – piense en driblar.

    Para algunos jugadores seria unicamente pensar : en pasar , pasar y pasar la pelota !!!.

    Menciono algunos movimientos partiendo de la posicion de triple amenaza :

    1 – Amago de drible y Tiro de jump,
    2 – Amago de drible y penetra hacia la canasta

    3 – El crossover

    — Subrayar que el paso de amague ( jab step , es corto cinco , seis centimetros ). Al ejecutar el paso corto , explosivo, le permite el atacante sacar ventaja del desplazamiento del defensor leyendo la situacion del juego en esa fraccion de Segundo.

    Algunos movimientos sin la pelota son :

    1 – Los desmarques en “V”, en “L” etc.

    2 – Las pantallas.

    El basquetbol es en gran medida improvisacion de parte del jugador y si este domina los fundamentos, el basquetbol es menos complicado.

    No olvide que las tacticas y estrategias — cualquier sistema de juego — no son mas que la aplicacion de los fundamentos.

    Con el mayor de los respetos.

    Gil Guadron

  2. Walter Neto 29.12.2013

    Porfessor Paulo,

    Os numeros mostram que nao existe controle tecnico e tatico.

    As equipes arremessam um total de 123 arremessos por jogo. E como se estivessem jogando sem adversarios. Os numeros mostram que nao existe movimento de bola, selecao de arremessos e controle do ritmo de jogo. O alto numero de erros de fundamentos demonstram o mau preparo de nossos atletas que vem da base mas que tambem resultam do mau preparo durante os treinamentos.

    A numeracao de 1 a 5 deveria limitar os erros de fundamentos, mas com tantos erros por jogo – fica evidenciado tambem pde que nenhum desses atletas sao especialistas da posicao…

    Se este e o rumo do nosso basquete – temo pelo futuro!

  3. Henrique Lima 30.12.2013

    Professor Paulo,

    que desgosto.

    Tenho assistido NBA (que o nível anda lamentável também, de forma geral) e atualmente, não listo mais do que cinco ou seis times que consigo ver basquetebol MUNDIAL: Real Madrid, Olympiakos, a defesa do Indiana Pacers, San Antonio Spurs, Michigan State … enfim, a nata da nata na Europa, NBA e NCAA.

    Não é atoa …

    Assistir ao basquetebol que praticamos e mesmo os que são espelhos de muitos treinadores daqui do nosso país(LA Lakers, NY Knicks, por exemplo) tem sido um atento à minha inteligência e muita perda de tempo.

    Estão matando o basquetebol e poucos vem resistindo.
    Seja na Europa, nos EUA … aqui, podemos contar nos dedos os que resistem.

    Este texto do senhor joga a pá de cal por completo, até porque todos os treinadores destes times que o senhor citou, não importam com tudo que foi dito e muitos não tem conhecimento algum para sequer entender.

    Afinal, tem que pranchetar, tem chutar de três mesmo, atleta não pode pensar e principalmente, não pode treinar e dominar os fundamentos básicos.

    Um forte abraço ! E que 2014 seja melhor pro nosso basquetebol.

    Muita paz e saúde para o senhor !

  4. Basquete Brasil 30.12.2013

    Gil, uma verdadeira aula de fim de ano, como presente à turma jovem que nos prestigiam. A cada artigo seu mais se avulta em mim da necessidade de concretizar o CBEB, que se os deuses ajudarem nascerá nesse 2014. Obrigado por sua sempre presente e competente participação nesse humilde blog do amigo de sempre e todas as horas. Feliz 2014 Gil. Paulo.

  5. Basquete Brasil 30.12.2013

    Walter, são razões apontadas por você, e que sempre tiveram respaldo em meus comentários e artigos, que me fazem convicto de que algo irá acontecer em breve, que permita uma reviravolta drástica nessa triste situação. Não podem, e não têm o direito de perpetuar tanta enganação.
    Desejo a você muito sucesso em 2014 com o seu belo projeto nos Estados Unidos. Conte comigo, sempre. Paulo.

  6. Basquete Brasil 30.12.2013

    Henrique, que essa pá de cal possa ser substituída por uma de humus ricamente adubado de novas idéias e projetos, mesmo que pequeninos em seu nascedouro. Não podemos desistir nunca, nunca.
    Um feliz 2014 repleto de esperanças em dias melhores. Paulo.

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