SEMANA QUENTE…

Me fartei de tanto basquete nesses últimos cinco dias, principalmente com a torrente de jogos no March Madness da NCAA, com jogos muito bons, apesar de muitas das equipes intervenientes adotarem o nosso mais do que implantado modelo do reinado das bolinhas. A garotada está queimando de qualquer lugar com uma volúpia que impressiona. No entanto, vão se classificando aquelas equipes que tradicionalmente atuam no perímetro interno, e muito mais agora, quando seus homens altos , numa significativa e impressionante transformação, abandonaram o modelo “cincão monstro” por jogadores velozes, flexíveis e incrivelmente mais habilidosos, dotando as partidas de uma velocidade impensada a bem pouco tempo atrás, exatamente como vem pregando o Coach K desde que assumiu as seleções americanas nos últimos mundiais e na olimpíada. Ironicamente, sua Duke foi eliminada por Mercer na primeira rodada, exatamente por sua equipe abusar dos longos arremessos em detrimento do jogo interior, que foi a arma letal de seu adversário para derrotá-la merecidamente, além de se utilizarem de um sistema defensivo impressionante e efetivo.

Sei que veremos nas rodadas finais jogos que definitivamente determinarão o fim dos jogadores setorizados, que estão sendo substituídos pelos polivalentes, plenos de fundamentos, velocidade e destrezas, atuando indistintamente dentro e fora dos perímetros, a ponto de já despontarem armadores de mais de dois metros em grande parte das equipes, reforçando seus sistemas defensivos, inclusive no poder reboteiro.

Por aqui, duas boas novas, as transmissões de jogos pela internet, patrocinadas pela LNB, e a grande vitória do Flamengo na Liga das Américas, num bom jogo no Maracanazinho como não se via a muito tempo, repleto de torcedores plenos de felicidade com o merecido título, conquistado frente a um adversário que face às fraturas de comando vem se perdendo nos momentos decisivos de importantes jogos. Torna-se inadmissível o que vem ocorrendo celeremente no comando da equipe paulista, quando nos momentos mais críticos e decisivos seu técnico abre mão de sua liderança permitindo uma ingerência cada vez mais atuante de seu assistente, e até dos jogadores estrangeiros, que duvido convicto que o fariam em seu país de origem, sem que sofressem forte restrição de seus técnicos. Aliás, como manda a tradição de seu país, sequer tentariam…

Quanto à equipe carioca, seu técnico conseguiu convencer o elenco a jogar dentro do perímetro na hora decisiva do jogo, convertendo arremessos mais seguros e eficientes, confirmando uma vitória desenhada desde o inicio do jogo, e que contou com a fratura de comando de seu adversário, acima comentada. Porém, com vistas ao Mundial mais para o fim do ano, preocupa uma declaração de seu técnico quanto ao reforço do elenco, quando mais objetivo seria uma boa reestruturada, ou mesmo mudança, de sistemas de jogo para fazer uma condigna oposição a um basquete mais determinante como o europeu, que certamente se desconcertaria frente a algo inesperado, uma forma diferenciada de jogar, fora de seus padrões. Mas isso é outra história…

Quanto às transmissões de jogos pela LNB pela internet, somente aplausos pela iniciativa, longamente defendida nessa humilde trincheira, onde nasceram as primeiras tentativas de veiculação de jogos completos quando do NBB2, que sempre podem ser acessados em seu espaço Multimídia. Somente um porém a ser acrescentado, os dispensáveis comentários de técnicos que deveriam se encontrar na direção de equipes, e não atrás de um microfone, onde sem duvida alguma procurarão influenciar os tele ouvintes, e não seus jogadores, com suas convicções técnico táticas. Se supostamente competentes para esse trabalho, mais o seriam na direção de equipes, substituindo muita gente que ai está posando de Head Coach…

Mas como desgraça pouca é brincadeira, cometi o supremo erro de assistir o jogo entre Paulistano e LSB, quando foi perpetrado um espetáculo grotesco que somou má direção e administração de equipe, com comportamentos ante desportivos, frutos de um monumental equivoco travestido de equipe de elite, que nem discursos de “mea culpa” podem ser omitidos e muito menos relevados, prova são os resultados alcançados (?) pela franquia de uma das mais tradicionais cidades voltadas ao basquetebol paulista. Que fique a lição bem aprendida, se humildade existir em aprender…

Amém.

Fotos – Reproduções da TV e Globoesporte.com. Clique nas mesmas para ampliá-las.

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4 comentários

  1. Rodolpho 24.03.2014

    Professor, tenho a impressão de que se o Marcelinho abandonasse os chutes de 3 pontos e usasse somente tiros de média distância, vindo do fundo, usando um ou dois bloqueios dos pivôs, ele faria uns 10 pontos a mais por jogo. O que o senhor acha?

    Falo isso porque ele raramente erra esse tipo de jogada, mas o Flamengo insiste em quase nunca usá-la. Fora que forçaria muito mais faltas, prejudicando seus marcadores e tentando mais lances livres, arremesso que ele domina como poucos.

    Outra jogada que raramente falha, porém quase nunca utilizada, é a vinda do Marquinhos do fundo, recebendo a bola na cabeça do garrafão e usando a infiltração (com ou sem corta-luz), como, por exemplo numa enterrada linda, depois de driblar seu marcador e o pivô(Bábby) que dobrou. Com mais de 2,05 e tanta agilidade eu acho ele subutilizado demais esperando bola na posição de “corner player” enquanto o Laprovittola espera o Marcelinho, num desespero de garoto de 15 anos, correr pra cima e pra baixo, pra chutar a 2 metroa da linha de 3 pontos. O senhor discorda?

    Essas duas jogadas abririam muito mais espaço pros pivôs jogarem pois forçaria muitas dobras dos pivôs adversários. E como quase todo time do NBB é defensivamente desorganizado a porteira dos 100 pontos por jogo estaria escancarada não só contra o Vila Velha, mas para ao menos metade dos jogos.

    Registro aqui também minha insatisfação de não ver o Felício defender o Bábby, que é 15 cm mais alto do que o Shilton. O rapaz é craque. Espero que possamos vê-lo em quadras brasileiras por mais tempo do que vimos o Nenê, reserva esquecido que era no Vasco.

  2. Basquete Brasil 24.03.2014

    Prezado Rodolpho, lendo atentamente seu comentário, me reporto ao sistema que utilizei no Saldanha, sem tirar nem por, onde os alas, sendo altos, agiam como pivôs móveis, cruzando o garrafão, não só sagital, como lateralmente, num ininterrupto e fluido carrosel interior, onde a movimentação de todos, armadores e alas pivôs, propiciavam um sem numero de oportunidades próximas da cesta, numa distância onde a precisão superava em muito os longos tiros de três. Sem dúvida alguma o Marcelo, o Marcos, o Alexandre e o Meinsse se beneficiariam demais, tendo o Laprovittola na armação com o Gegê, ou mesmo o Marcelo se se dispusesse a fazê-lo.Mas seriam mudanças de sistema drásticas demais para um técnico jovem, ainda atrelado à mesmice que impera entre nós.
    Quanto ao Felicio, concordo em parte com você, pois ainda tem de evoluir muito, principalmente no drible, nas fintas e nos passes, para pretender voos maiores.
    Um abraço, Paulo Murilo.

  3. Rodolpho 24.03.2014

    Ainda bem que não estou maluco, professor.

    Só não entendo o motivo de, no Brasil, esperarem o jogador jovem evoluir sentado no banco, enquanto na NBA o jogador, mesmo tendo muito a melhorar, sempre tem a chance de jogar. Vai ver os americanos de nada sabem sobre o jogo.

  4. Basquete Brasil 24.03.2014

    Mas você esquece que os técnicos americanos insistem no preparo dos fundamentos desde sempre, pois conhecem as bases e os fundamentos do jogo, sem os quais não alcançariam a posição de comando que ostentam por mérito. Já por aqui, o QI define o quem é quem, mais conhecidos como estrategistas, um tanto alheios a detalhes menores, como os fundamentos…
    Num cenário como esse, jogadores jovens que não se apresentarem “prontos” poucas chances terão. Ignorância sobre os mais importantes detalhes do grande jogo não representam obstáculos para essa turma de “conhecedores” do mesmo.
    Por isso nossos jovens não evoluem, e os aterrorizantes números da LDB confirmam isso.
    Um abraço Rodolpho. Paulo Murilo.

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