O NOSSO PRESENTE…

 

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No ano passado, quando da temporada da LDB, teci fortes comentários sobre a deficiência brutal nos fundamentos do jogo por parte da esmagadora maioria dos jogadores, numa idade em que já deveriam apresentar pleno conhecimento dos mesmos, e a caminho do seu mais completo domínio, fator que naquela altura não se fazia presente, tendo, inclusive, publicado números aterradores, como a média de todos os jogos em erros fundamentais, que alcançaram a cifra absurda de 28 por partida realizada…

Agora, bem no começo de uma nova temporada, por curiosidade numérica, já que privado de assistir a qualquer um dos 10 jogos diários (pelo menos 2 poderiam ser veiculados pela internet, a um preço perfeitamente coberto por parte da verba oficial, em vez de alocá-la em equipes que lá estão perdendo de 40 pontos, ou mais, praticamente em idade adulta, num desperdício de tempo e técnica), mas atento às estatísticas diariamente publicadas, onde, mesmo me privando de qualquer análise de sistemas de jogo, constato que aqueles mesmos erros de fundamentos apontados a um ano se repetem, e de forma ascendente, bastando uma simples continha percentual sobre 27 jogos iniciais do torneio, onde a media alcança absurdos e imperdoáveis 36,9 erros de fundamentos por jogo!!

Frente a tão clamoroso número, fico me perguntando como ser possível que ainda possam existir pranchetas sendo rabiscadas freneticamente com pseudas e “exaustivamente” treinadas jogadas, na vã e quase ingenuidade infantil de que surtam efeito pratico, se na consecução das mesmas se encontram jogadores que não sabem driblar, passar, fintar, bloquear, marcar, saltar e arremessar com relativa precisão, a fim de exequibilizar, pelo menos, um simples corta luz, um básico dá e segue, uma cobertura na linha da bola, um passe no tempo certo, um arremesso pensado e equilibrado, um bloqueio não faltoso, uma mudança assíncrona de direção, uma anteposição corporal, e não visual, em um rebote, um domínio das visões angulares e periféricas, num todo de fundamentos coletivos, que se presentes, os equipariam com as ferramentas necessárias e exigidas pelos sistemas ofensivos e defensivos de jogo, sejam de que escolas e estilos que fossem, para que funcionassem efetivamente…

Mas não, o “preparo tático” tem de prevalecer, sendo, inclusive, a bandeira maior dos técnicos da elite, aquela que pauta os comportamentos da turma que se inicia, jogadores e aspirantes a técnico, numa espiral às avessas de todo um processo de qualificação do grande jogo, aqui, hoje, minimizado em sua grandeza, trocado no escambo do imediatismo suicida e autofágico da mesmice endêmica em que se encontra, bastando como cruel comprovação a realidade obtusa de 36,9 perdas, em media, de bola por jogo, naquela exigência básica e fundamental para todo aquele que anseia jogá-lo para valer…

Acredito que, se somarmos a tantos erros e equívocos no conhecimento, ensino, aprendizagem e prática dos fundamentos, às doses letais das perdas nos longos arremessos, que se tornou um cultuado feitiche midiático, assim como as enterradas, ambas consideradas o ápice do basquetebol, por aqueles que nada, absolutamente nada, entendem do grande jogo, e mais uma generosa pitada de como não defender tecnicamente falando (para alguns, defender é ter 90% de vontade e 10% de técnica, quando na realidade, é exatamente o contrário), para termos o exato retrato de como nos situamos interna e externamente perante o apaixonante, complexo e altamente técnico universo do grande, grandíssimo jogo…

Amém.

Fotos – Divulgação LDB. Clique nas mesmas para ampliá-las.



2 comentários

  1. Josue Lima Guerra Filho 31.10.2014

    Estimado Prof.

    Bom dia!

    Na LDB a máxima que basquetebol se vence na defesa é extremamente pertinente!!!

    Mas oras, se somos um país com predominância ao ataque, contra defesas zonais, menos efetivos, logo que temos que pensar o que contrapõe a cultura do Brasil que se perfaz através da improvisação, da boa malandragem não em detrimento da técnica, dos treinamentos fundamentais e sim pela falta desses não em linhas gerais, mas como podemos observar e tenho observado muito bem, em algumas equipes, cujo o básico-do-básico não é empregado.

    Nessa idade ver jogadores marcando em pé, lado contrário em total desatenção a bola e voltando-se somente para seu marcador chegando a ficar de costas para a bola, erros grosseiros de rotação e flutuação, as negativas de linha de passe não se faz com os braços colados ao corpo, triangulo defensivo não existe e o pior de tudo, os professores pensam em resolver os problemas da defesa traçando estrategias de ataque!!!!

    Estamos tomando 40 pontos de diferença e não é porque a defesa está ruim é porque o ataque não pontua!!!!

    Assisti Pinheiros x Botafogo e o que me deixou irritado é a passividade do comandante que tomava 20 pts, mais tarde terminou em praticamente 50 pts quando num claro aceite a inferioridade de sua equipe (treina-se para perder?) frente ao time cadete/juvenil do pinheiros, sequer pediu tempo técnico para tentar recolocar sua equipe no jogo.

    E foi triste. Muito triste!

    Eu jamais, jamais deixarei meus atletas a deriva mesmo sabendo que a equipe adversária tem um elenco melhor seja o fator que for, estrutura, técnica, fisica…

    Um trabalho defensivo bem fundamentado e fazendo um jogo com trocas de passes e cadencia, explorando contra-ataques é suficiente para dar se não pariedade, vender a vitória a um preço alto, pois a equipe do Botafogo tinha bons atletas até e não justifica-se através do desempenho deles os 50 pts sofridos.

    Fica então de positivo para a LDB a democracia e o acesso das equipes onde espero de todo coração e amor ao basquete, que a evolução venha ainda que tardia.

    Um dia chegaremos lá!

    Abs

  2. Basquete Brasil 31.10.2014

    Prezado Josue, mais um excelente comentário seu fazendo com que me debruçasse sobre um passado não distante assim, relembrando um artigo que escrevi exatamente sobre isso, a arte do improviso. Mais uma vez obrigado pelo comentário, correto, enxuto, e acima de tudo, imparcial.
    Um abraço, Paulo Murilo.

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