PRESTANDO CONTAS…
Terminou mais uma das fases da LDB, e como nenhum dos muitos jogos puderam der assistidos, a não ser pelos residentes em Recife e Joinville, o que não é o meu caso, somente as estatísticas divulgadas pelo site da LNB puderam servir de balizamento para um tipo de analise, que, de forma alguma espelha a realidade dos jogos, a não ser por um único de seus aspectos, o número de erros de fundamentos cometidos pelos sub 22 em ação, e que foram muitos, muitos mesmos, e por isso assustadores…
No entanto, algo de novo pode ser pescado na numerologia das planilhas da Liga, tornando-se, inclusive, algo muito bem vindo, algo que desde sempre foi uma das bandeiras aqui levantadas nessa humilde trincheira, a brutal hemorragia nos arremessos de três pontos, que na liga maior já ultrapassa, em algumas e nomeadas equipes, os arremessos de dois pontos, no que denominei de convergência, perigosa e irreal ante os conceitos mais primários do bem jogar o grande jogo, com bom senso e inteligência, marcas determinantes desta modalidade exemplar…
Sem dúvida, a diminuição expressiva das bolinhas de fora, em função de um maior aproveitamento do jogo interior, deve ser recebida com a esperança de que algo muito positivo esteja por vir no aspecto técnico tático, cujos primeiros indícios estão demonstrados nos valores estatísticos apresentados nessa etapa da LDB, exceto quanto ao enorme e preocupante número de erros e falhas na execução dos fundamentos básicos, numa demonstração tácita do ponto que deve ser energicamente atacado por todos os responsáveis pela formação de base no país, pois em caso contrário, se teimarem em concentrar seus esforços na aplicação prioritária de sistemas de jogo, que sem o lastro de fundamentos bem estabelecidos, nada apresentam de prático e eficiente no desenvolvimento sólido de padrões e comportamentos, pouco ou nada evoluiremos, em comparação direta com centros mais evoluídos em países que os priorizam, tornando-os no fator mais estratégico de sua preparação de jovens…
Foram, nessas seis rodadas acontecidas, cometidos 2677 erros de fundamentos, com a média de 37.1 por partida (foram 72), o que atribui aproximadamente 18.5 erros por equipe, que na altura do desenvolvimento técnico de jogadores dos 19 aos 22 anos, chega a ser imperdoável…
Porém, algo de mais devastador vai se tornando lugar comum, a errônea e absurda aceitação de que se tratam de jogadores “prontos”, que por conta de tão equivocado status, são privados do ensino (isso mesmo, ensino…), da prática constante e prioritária de sua ferramenta básica de trabalho, os fundamentos, como o solfejo e dedilhar na música, as empostações e colocação de voz no teatro, as longas e perenes repetições da dança, o conhecimento, manejo e domínio de uma bola de basquetebol…
Mas para tanto, nossos técnicos da formação têm de ser preparados e orientados para o ensino, em todas as suas nuances didático pedagógicas, com sólidos conhecimentos dos movimentos e ações básicas, onde pranchetas e “jogadas” cedam espaço vital ao desenvolvimento técnico individual e coletivo, no fortalecimento das valências físicas advindas desse treinamento, onde o contato do jovem com a bola seja constante e enriquecedor, ensinando-o a amar o jogo em conjunção a seus companheiros, numa cumplicidade que se estenderá por toda sua vida competitiva, e mais além, com certeza…
Somente desta forma poderemos almejar jogadores preparados para assumirem sistemas defensivos e ofensivos de jogo, com domínio e conhecimento pleno de todos os segmentos técnicos necessários, com precisão e conhecimento de causa, pois, em caso contrário, não passarão de meros repetidores de sistemas impostos e manipulados por estrategistas e suas midiáticas pranchetas, que na esmagadora realidade dos jogos, não encontram eco dentro das quadras…
2677 erros, média de 37.1 por jogo, é o mais lídimo retrato do que tem sido apresentado pela nova geração do grande jogo entre nós, as exceções não contam, e que são ínfimas para as nossas reais necessidades…
Amém.
Foto – Divulgação LDB.