SHILTON, SHILTON, OU A CRONOLOGIA DO DESCASO…

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Foi um jogo que, aparentemente, anunciava algo de novo (?) que se insinuava, ainda de forma débil, na forma de jogarmos o grande jogo, e quando inseri a interrogação acima, é porque a antevi e pratiquei cinco anos atrás no pequeno Saldanha no NBB2, numa ação que não foi bem varrida para baixo do tapete da história, pois um pozinho foi esquecido, e que ameaça se transformar num poeirão, claro, com outros “descobridores e criadores” táticos, para os quais copyrights existem para serem copiados, claro, sem menções de autoria, conceituando melhor, plágios, puros e simples, mas com um fator restritivo muito sério, o de ouvirem (e até gravarem) o galo cantar, sem, no entanto, reconhecerem onde se encontra o poleiro…

Isso posto, vamos aos fatos deste jogo exemplar, onde a equipe carioca resolveu, com acerto, jogar na dupla armação de verdade, com dois especialistas, Laprovittola e Benite, e três homens altos, Meyinsse, Marcos e Alexandre, infiltrados no perímetro interno, em constante movimentação, num entra e sai da bola rápido e incisivo, desmontando a que é considerada a melhor defesa da liga, e implementando uma substancial melhora em seu setor defensivo, face a grande mobilidade e combatividade interior, onde até o Marcos, notório mal defensor, se inseriu no contexto de luta de seus companheiros, aumentando a eficiência defensiva de sua equipe, inclusive, aleluia, nos rebotes, mas que sofreu uma grande queda com as entradas do Marcelo e do Hermann, quem sabe, insatisfeitos com a reserva, ou mesmo, sabe-se lá, com os problemas financeiros da equipe…

A equipe mineira também tentou, mesmo dentro de um rígido sistema único (que o Flamengo também usou, porém agindo mais livre na leitura de jogo) a formula da dupla armação e pivôs transitando no interior, com uma e decisiva diferença, o isolamento e descoordenação dos mesmos, além da inferioridade técnica, se relacionados com os cariocas, além de uma teimosa “obediência tática” que confundia fluidez com passes de contorno, muitos passes, sem a verticalização utilizada com sucesso pelo seu oponente…

Por estas razões, foi um jogo de poucos arremessos de fora (7/17 para os cariocas e 3/17 para os mineiros), que foram menos eficientes nas finalizações interiores (36/32 respectivamente), mas perdendo 10 lances livres contra 4 de seu adversário. e nesse ponto é que devemos ressaltar o fato insólito de toda a torcida rubro negra saldar efusivamente seu ex jogador Shilton pelos 0/7 lances livres perdidos, logo ele um pivô exposto a tal situação em todas as suas atuações na liga, que pela combatividade deveria ser um bom executante de lances livres, e que não o é desde sempre, mesmo passando por três equipes profissionais, fora as que pertenceu na base, sem que, em nenhuma delas tivesse esse problema atenuado, ou mesmo resolvido, exatamente pelo conceito que vigora em nosso basquetebol, de que jogadores da elite não precisam treinar e praticar os fundamentos do jogo, onde os arremessos são a cereja do bolo dos mesmos…

Concluindo, vimos um jogo priorizando o jogo interno, com homens altos transitando continuamente dentro do perímetro, e uma dupla e eficiente armação, que já se tornou uma bem vinda evolução de nosso jogo, somente aguardando que novos sistemas superem o “único”, desgastado pelos polegares, punhos, chifres e outras mais jogadas, que no frigir dos ovos, sempre foram as mesmas, dentro das quadras, ou rabiscadas freneticamente em pranchetas midiáticas e absolutamente estéreis…

Espero que evoluemos, um tanto tardiamente, confesso, porém muito triste e decepcionado por não ter tido a oportunidade de acelerar esse processo do qual fui o introdutor na liga, com todo o conhecimento didático e pedagógico de tê-lo desenvolvido e aplicado por quase 40 anos, não encontrando nesse imposto e coercitivo afastamento, nenhum movimento que o explicasse no âmbito dos técnicos, mas quem sabe agora com a anunciada, já pronta e deliberada ATBB – Associação de Técnicos Brasileiros de Basquetebol (pela sigla, técnicos extrangeiros estarão de fora? Pois se assim for, não se tratará de uma associação voltada prioritariamente à técnica, e sim um pseudo sindicato orientado às garantias empregatícias, o que seria uma pena, um grande desperdício, pois visaria a manutenção do corporativismo existente, vide os 15 magníficos do “mais alto escalão da modalidade no país” que a organizaram, onde a garantia de mercado priorizaria todo seu esforço e interesse, que tenho a mais absoluta certeza dezenas, ou centenas, de técnicos amariam participar de sua formação…), quem sabe poderia explicar “os porquês” de meu silencioso afastamento da profissão, da qual sou, talvez e academicamente, dos mais graduados no país, e uma das provas ai está, transparente e clara na utilização de sistemas de jogo por mim desenvolvidos, e somente lembrados através os artigos e videos deste humilde blog e de um Giancarlo Giampetro do blog Vinte Um, em seu solitário reconhecimento do quem é quem no grande jogo neste imenso, desigual e injusto país…

Mas como muitos dizem e afirmam – vamo que vamo, deixando a memória, o reconhecimento e o mérito para trás, onde devem sempre estar, não importando neste processo a negativa de exercício profissional (por conta de contra partidas?…) a que todos tem direito, se graduados e competentes, mesmo exercendo o contraditório, assim como eu…

Amém.

Fotos – Paulo Murilo. Clique nas mesmas para ampliá-las e acessar as legendas.

 



4 comentários

  1. Carlos Messias 04.02.2015

    Olá, boa noite.

    Fiquei curioso quando o senhor menciona “problemas financeiros” no Flamengo. Por quê? Os salários estão atrasados novamente?

    Abs.

  2. Basquete Brasil 05.02.2015

    “quem sabe, insatisfeitos com a reserva, ou mesmo, sabe-se lá, com os problemas financeiros da equipe…”. Como vê, prezado Carlos, somente especulo possibilidades que explicassem a apatia dos dois jogadores, sem afirmar uma ou outra possibilidade, apesar de ser pública uma situação de direitos de imagem e salários em atraso, que creio terem sido resolvidos, ou a caminho de sê-los…
    Um abraço, Paulo Murilo.

  3. sergio barreto gomes 05.02.2015

    Apenas para esclarecer.
    O Flamengo não tem atualmente qualquer problema financeiro e todas as obrigações seguem em dia. Marcelo é um jogador que nunca primou pela defesa e , além disso, não consegue mais fazer nem mesmo o que ele tinha de melhor que é o arremesso de longa distância. Não é qualquer jogador que consegue continuar competindo em alto nível aos 40 anos. Está na hora de fazer uma festa bonita de despedida para o Marcelo no final da temporada. Quanto ao Herrmann, diria que ele não se adaptou ainda ao jogo do Flamengo. Foi contratado para fazer a diferença, mas o fato é que esta muito irregular. Lembrando que este jogador foi MVP da última temporada da liga argentina. Toda a imprensa especializada da Argentina está muito surpresa como o mau desempenho do Walter Herrmann.

  4. Basquete Brasil 05.02.2015

    Pronto Sergio, estão esclarecidas as especulações em foco, e de uma forma bastante direta, porém passível de algumas outras…especulações, porque não? A problemática forma técnica do Marcelo, a inconstância competitiva do Hermann, ou mesmo sua incompatibilidade tática em quadra, seriam algumas delas, enfim, especulações necessárias aos esclarecimentos lúcidos e equilibrados, sempre primados pela analise desapaixonada e justa.
    Obrigado pela exposição.
    Paulo Murilo.

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