PIMBA CATA PIMBA HISTÓRICA, E O PAU DE SELFIE…

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Que demora é essa Paulo, perdeu o gosto de escrever? Não, nada disso, é que ainda não assimilei o “feito histórico” do Bauru no Garden, quando foi apresentada ao mundo nossa gloriosa concepção do grande jogo, como numa avant première para 2016, com seus pivôs de três, inóspito e deserto perímetro ofensivo interno, e um armador de bússola e lamparina na mão em busca de um companheiro com quem verdadeiramente jogar, e na ausência quase constante do mesmo, se realizar com um triplo duplo competente, apesar dos dois rebotes de bônus…

Realmente, conceber um 11/43 de três, não é para qualquer um, não é normal, mas é, isto sim, um absurdo sem tamanho ou forma, indesculpável, constrangedor, vergonhoso, pois confronta princípios básicos do jogo, subverte a lógica, compromete seus executores, ofende o basquetebol…

Dizer e afirmar que a equipe jogou bem, fez história, e outros piripaques midiáticos e ufanistas, somente confirma a que ponto de pobreza e deficiente conhecimento técnico, tático e, acima de tudo, estratégico, chegamos triunfantes, sob o teto, este sim, histórico, da grande arena nova iorquina…

Quando no intervalo do jogo, o técnico brasileiro afirmou ao repórter que sua equipe poderia surpreender e até ganhar o jogo, contra uma outra que começava sua pré-temporada, talvez ainda estivesse com sua memória focada em Indianápolis muitos anos atrás, ao lado de Oscar e Marcel, abastecendo-os a não mais poder para instaurar e deflagrar o reinado das bolinhas, que choveram naquela final (e continuam a chover até hoje…), levando a equipe americana a amargar sua primeira derrota em solo pátrio, e até derrubando o ginásio, como apagando a derrota de seus arquivos, mas que, em hipótese alguma pretendem derrubar mais um, contestando os longos arremessos, e jogando lá dentro, como devería também ter sido feito, ao menos tentado, por nós, claro, se tivéssemos sólidos fundamentos e sistemas ofensivos ousados, corajosos e proprietários na forma de jogar, e não o ridículo pastiche de jogo apresentado, na desenfreada chutação para lá dos 6.75m a que estão acostumados…

Fico imaginando o que pretende a NBA em nosso país frente a esse cenário técnico indigente, padronizado e formatado numa mesmice endêmica lamentável, corporativista e subalterna, enfeitada por uma mídia especializada, muito mais interessada nas coisa de lá do que de cá, ainda mais com o dólar valendo quatro a mais…

Então, o que pretende a NBA/LNB desencadear a favor do nosso basquetebol, o que? Implantar mais comércio, dançarinas, mascotes, canhões de camisas, malabaristas, butiques, e sei lá mais quantas “promoções”, ou de uma vez por todas, e às claras, influir no mercado de jogadores, e por que não, de técnicos também? Muita gente ri de orelha a orelha com tais possibilidades, afinal de contas, uma vez colonizados, sempre colonizados, e que as glorias do passado se percam nas calendas do inferno, para gáudio dessa turma que estabeleceu a existência do grande jogo coincidente a suas vindas ao mundo, onde passado é passado, e estamos conversados…

Mas, o grande jogo nada representa de evolutivo sem as bases do passado, sempre presentes quando se trata de formação de base, de renovação tática, de ensino como produto de pesquisa no campo didático e pedagógico, como estratégia de desenvolvimento desportivo, educacional e cultural de países sérios e comprometidos com sua juventude, e muito distante de políticas fajutas sob a égide de “pátria educadora”…

O que vimos incrédulos no Madison Square, foi a antítese do jogo, foi o resultado do que viemos fazendo nos últimos vinte ou mais anos, convergindo arremessos (foram 11/43 de três, 19/38 de dois, contra 8/20 e 30/58, respectivamente dos americanos), sendo incompetentes no trabalho defensivo de pernas ante jogadores afiados em seus fundamentos, e sendo absurdamente ausentes do jogo ofensivo interno, exceto para jogadores peitudos como o Alex e o Meindl em suas penetrações de bola dominada, e de um armador tecnicamente bom, porém abandonado numa ilha de ninguém…

Não apresentar nem um arremedo de sistema de jogo interno, apostando por todo o tempo nas bolinhas é absolutamente insano, irreal, contundente, deixando no ar uma incógnita para domingo, quando enfrentarão uma equipe bem mais forte e poderosa do que os Knicks, num ginásio onde a linha dos três tem a mesma distância da de Nova Iorque, e onde a desculpa de jogar 48min com rotação de três jogadores se perde ante a realidade de contar com sete na reserva, a não ser que tenham ido passear, e que no caso afirmativo, um pau de selfie resolveria a situação antes, durante e após o jogo, pois atrações e autógrafos não faltarão, inclusive do delfin…

Antes do amém Paulo, nada a dizer sobre a LDB, agora na fase de definições? Por curiosidade pincei de forma aleatória um jogo das estatísticas da LNB, e não deu outra, 43 erros de fundamentos no jogo Pinheiros e Ceará (23/20), restando somente um doloroso e lamentoso…

Amém.

Fotos – Reproduções da TV. Clique nas mesmas para ampliá-las e acessar as legendas.



5 comentários

  1. Henrique Lima 11.10.2015

    Professor, como está ?

    Após muito tempo me aventurei em assistir um time brasileiro jogando.

    Bauru jogou nada. O jogo foi bem ruim e NYK tem um time muito aquém para disputar algo na NBA.

    E o pior, um dos cabeças no NBB/LNB e tudo mais, Rossi do Pinheiros, solta estas pérolas no twitter:

    Rossi ?@jfrossi 8 de out
    No MSG, em NY ontem,Bauru foi muito bem.
    Alguns jogadores jogaram tranquilos e poderiam estar na NBA…
    Fisher
    Mineiro
    Hatc$&&
    Jeferson

    Rossi ?@jfrossi 7 de out
    Bauru jogando no estilo Iugoslavo..

    Fica difícil quando o pessoal que faz basquetebol são OS mais cegos por aí.

  2. Henrique Lima 11.10.2015

    Escrevi um pouco sobre aqui, Professor:

    https://realidadebasquetebolclube.wordpress.com/

  3. Basquete Brasil 12.10.2015

    Olha Henrique, no andar que vai, prevejo sérios problemas e obstáculos para o futuro do basquete por aqui, principalmente na formação de base e nas seleções para 2016. Mas, se a realidade que ai está teima em se manter pelo corporativismo existente, pouco evoluiremos, muito pouco.
    Um abraço, Paulo.

  4. Josue Lima Guerra Filho 13.10.2015

    Prezados

    Bom dia!

    Definitivamente perdemos nossa identidade! Logo, perdemos e perderemos tudo…

    Como se classifica nosso basquetebol alguém sabe me dizer? Qual nossa principal característica? O que marca nossa escola (aliás temos uma escola?).

    Vivemos num eterno copiar inspirando-se em…Não criamos nada inovador, não contribuímos, participei de diversas clinicas e aprendi (reaprendi, vi novamente), como se ensinar a jogar me Motions, Shuffles, Triple Posts e afins, mas e algo criado sobre nosso biótipo, nossas características físicas e psicológicas, sobre nossa forma e condição de desenvolvimento nada?

    Fica muito claro em entrevistas nos pós jogos e até mesmo soa como uma desculpa aceitável e quase irrefutável, de que valeu a pena jogar com uma equipe superior (que de fato sempre foi), pois seus sistemas e métodos próprios os privilegia e muito pois têm domínio em tamanho e forma do mesmo e que para nós, vale a pena copiar, copiar e copiar…Não digo fazer uma releitura, não, vamos copiar!

    Criar conceitos a parir de um pré-conceito, fazer concepção a partir de algo concebido da menos trabalho, aqui a cultura de pegar pronto, importar em detrimento da formação tem nos levado a ruína quando está claro que seria e será a solução, pude ver isso de perto, aliás graças a Deus tive uma experiencia numa equipe que joga a LNB/NBB tanto na comissão técnica quanto na administração que me permitiu enxergar muita coisa que não tinha visto e está me embasando na escrita de hoje.

    O titulo do Flamengo para mim não foi legitimo! O titulo do Bauru (mesmo sendo Bauruense roxo) também não seria legitimo, pois o ato de importar para fortalecer atesta a incompetência do se trabalhar com o que tem, desprivilegiar aqueles de outrora que tanto lutaram para credenciar as equipes a disputarem uma final e acima de tudo, retrata a quantas anda nosso basquete que gasta-se mais e se produz cada vez menos.

    E para finalizar, dou graças a Deus mais uma vez por me permitir aprender da forma como venho aprendendo onde os velhos e ultrapassados continuam com a razão de que se vence jogos com equipe bem treinada em fundamentos, defesa forte com pressão na bola, com leitura de jogo e fazendo simples mas bem feito e sem perder o prazer por ensinar.

    Técnico ganha jogos, Professores (Coachs) ganham campeonatos!

  5. Basquete Brasil 14.10.2015

    Eis um comentário que me faz acreditar em dias melhores, Josue, não importando o tempo, os prazos para que prevaleçam, daqui a um pouco, ou muito tempo, desde que venham precedidos do trabalho honesto, evolutivo, criativo, meritório, e acima de tudo competente e profissional, onde o preparo, estudo, pesquisa e pratica permanente estejam sempre presentes, autoral, tendo como base e exemplo dos seus antecedentes na difícil tarefa do ensino, da técnica, da tática e da estratégia de jogo.
    Obrigado por sua inestimável colaboração. Paulo Murilo.

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