SEIS POR MEIA DÚZIA…

 

P1120358-001P1120363-001P1120369-001P1120374-001P1120376-001P1120379-001P1120382-001P1120386-001

Que tal as inovações Paulo, te agradaram, são realmente promissoras?

Você só pode estar de brincadeira, ou não? Quando o técnico estreante declara que sua equipe foi excepcional com somente 10 dias de treinos para adquirir sua “filosofia” de jogo, e a mesma apresenta ao final uma convergência assustadora, arremessando 10/31 de três pontos e 16/28 de dois, em tudo e por tudo dando continuidade a “filosofia” de seu antecessor, pode-se conceituar de tudo, menos que algo tenha mudado de verdade, a ponto do comentarista da TV afirmar que se fosse o técnico de Bauru não tiraria essa característica dos jogadores da equipe, e focaria na defesa, para vencer os jogos…

Legal tal testemunho, não? Somente esquece que alguém neste vasto deserto de ideias e concepções de jogo, pode ter a iniciativa de fazer sua equipe defender de verdade, dentro e fora do perímetro, como os americanos o fizeram nas duas partidas de sua pré temporada contra os paulistas. Logo, incidir na premissa de que esse é o caminho do grande jogo entre nós, cheira, e muito mal, a uma tentativa mal ajambrada de tornar o reinado das bolinhas a nossa nova “filosofia” de jogo com vistas a 2016, o que seria realmente trágico, indesculpável, imperdoável…

Mas caro Paulo, está ai o Steph Curry fazendo história com sua forma de jogar, pontuando e pulverizando recordes “com um sorriso nos lábios”, derretendo suas pitonisas midiáticas tupiniquins, ao ponto de preconizarem uma nova era do basquetebol, que nunca mais será o mesmo depois dele. Meus deuses, falaram o mesmo quando do aparecimento do George Mikan, do Wilt Chamberlain, do grande Jordan, e o basquete continua sua saga solidamente escudado nos fundamentos do jogo, onde o arremesso é a cereja do bolo dos mesmos, que de quando em vez faz nascer um talento em seu quase pleno domínio, como o Oscar, o Riva, o Bird, e agora o franzino Curry , que mais cedo ou mais tarde deverá ser marcado, e que mais adiante será substituído por um mais talentoso, pois no final das contas, a evolução do grande jogo depende exatamente disso, o revezamento dos talentos através as décadas de sua gloriosa existência…

Steph Curry, domina com quase perfeição um dos aspectos mais sensíveis do arremesso, principalmente os de longa distância, que inclusive foi o ponto crucial de minha tese de doutorado defendida em 1992 (Estudo sobre um Efetivo Controle da  Direção do Lançamento com uma das Mãos no Basquetebol, na FMH/UTL), onde fica bem claro os rígidos limites nos desvios dos mesmos, somente dominados por uma ínfima parcela daqueles jogadores (as) que o praticam, e cuja precisão vai muito além do “treinamento voluntário”, como define Marcel de Souza, pois determinados parâmetros de pegas e empunhaduras definem os verdadeiros padrões de excelência direcional necessária ao sucesso das tentativas, e que mais apuradas se tornam sob assédio defensivo e variações de corridas, partidas e paradas exercidas pelo jogador em uma dura partida…

Curry é um desses talentos, dentro de uma modalidade que renasce e se recria por todo o tempo, em torno de suas bases e estruturas, em torno dos fundamentos do grande jogo, o que é algo monumental…

Desculpem, voltando ao jogo, o que saltou aos olhos foi a manutenção da mesmice técnico tática que permanece intacta e pétrea, com armadores nominados e muito bem pagos errando passes bisonhos, desarmando em vez de armando, confusos e perdidos num jogo com 15/49 arremessos de três, numa partida recheada de bons pivôs, esquecidos pelos paulistas e mal servidos pelos cariocas, ambos perpetrando 26 erros de fundamentos, quando bastou uma das equipes marcar um pouquinho melhor, para vencer um jogo insosso e repetitivo…

Sistemas novos, nem pensar, mas sim novos jogadores 1, 2, 3, 4 e 5 substituindo os 1, 2, 3, 4 e 5 que saíram, como se as simples trocas auferissem novos conceitos de jogo, numa ciranda de pseudo especializações que se repetem a cada ano, e já estamos no oitavo, véspera de uma olimpíada caseira, que nos ameaça com uma extrema vergonha, se não apresentarmos uma nova concepção de jogo, mas em hipótese alguma sequer parecida com a que ai está, soberana e autofágica, ainda mais quando nossos jovens sedimentam no exemplo do Curry a sua forma de ver e sentir o jogo, o que exigirá uma competente orientação dos professores e técnicos na direção correta e sensata dos fundamentos individuais e coletivos, sem os quais sistemas de jogo se tornam inócuos…

Enfim, toda a minha ansiedade exposta no artigo anterior se perdeu ante a realidade do que assisti, um verdadeiro seis por meia duzia do NBB anterior, e que temo ter continuidade, alimentado pelo corporativismo que se apossou do grande jogo em nosso país, solene, absurdo, injusto, e acima de tudo, cruel…

Amém.

Fotos – Reproduções da TV. Clique nas mesmas para ampliá-las e acessar as legendas.

 



Deixe seu comentário