E TUDO CONTINUA E CONTINUARÁ IGUAL, LAMENTAVELMENTE…

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Não tem sido fácil para mim manter essa abstinência de artigos sobre o grande jogo, mas é que estava sendo doloroso demais externar a mesmice endêmica em que ele foi afundado, documentando uma outra mesmice crítica aqui nesse humilde blog, a de que nada mudou, e nem mudará, se dependermos da tradicional e da nova geração de estrategistas que enganam e se escondem por trás do biombo travestido de prancheta, mais midiática do que de importância realmente técnica, a não ser para seus equivocados utentes…

E o mais emblemático é assistirmos o beneplácito da crítica especializada, sempre pronta a absolver a garranchada exposta nas mesmas, para mais adiante confessar que a grande maioria dos “atentos e interessados” jogadores, simplesmente não cumprem nada do que é lá rabiscado, lambuzado e diligentemente apagado com as costas daquelas mãos sôfregas e tatibitates…

E é nesse ponto que sugiro algo didaticamente interessante e elucidativo, que pranchetassem sobre folhas soltas, como nas antigas tabuletas de presença  dos bedéis de escolas, para que ao final dos jogos pudessem admirar, quem sabe, entender eles mesmos o que perpetraram nos seus caóticos pedidos de tempo, folhas ordenadas cronológicamente por um dos incontáveis assistentes refestelados nos bancos, como auxiliares privilegiados na pressão das arbitragens, como documentos que muito esclareceriam (?) certas atitudes e decisões quando nas revisões videografada pós jogos, e que para melhor entendimento justificariam, ou não, a enxurrada de palavrões e reprimendas ditatoriais e infantis em adultos, muito dos quais, pais de família…

Joga-se o NBB9 como jogaram os de 1 a 8, iguais, monocórdicos, com uma ou outra ilustração, como a da moda atual, o fator “intensidade”, aquele que concede primazia à equipe que supere pelo diferenciado esforço físico o sistema de jogo utilizado por todos igualmente, na tentativa de equalizar, e mesmo superar, a maior qualificação de jogadores nas estratificadas posições de 1 a 5, chaga que nos aflige e corrói técnica e taticamente desde sempre, determinando a ascendência de dirigentes, agentes, empresários e técnicos coniventes com o sólido corporativismo que implantaram para protegerem-se de inovações que ponham em risco seu sagrado e fechado mercado…

E pensar que bastaria uma ou duas equipes que se diferenciassem na forma de ver, sentir e jogar o grande jogo, de preferência formada por jogadores pouco ou nada ranqueados, dos muitos e muitos que existem nesse enorme e injusto país, dirigidos e orientados a sistemas diferenciados, que os tornassem proprietários de uma nova forma de atuar, reagir, criar e improvisar por sobre algo perfeitamente tangível, existente e factível, porém, vedada aos medíocres, aos omissos, aos osmóticos que simplesmente copiam, atuam e se comportam como vedetes intocáveis, midiática e politicamente, onde, com pouquíssimas exceções, pululam desde as categorias de base até a elite, posudos, e profundamente equivocados sobre suas pseudo importâncias e influências sobre os mais jovens, reservando aos mesmos o palavrório de baixo calão que expelem nas transmissões televisivas, explicadas e relevadas pelos comentaristas e narradores como “explosões normais de jogo”, numa absurda e imperdoável conivência…

Por tudo isso, e por ter tido um dia a oportunidade de atuar na liga, e dar seguimento a um comportamento linear desde as categorias formativas por mais de 50 anos, como professor, técnico e agora jornalista, é que me sinto desconfortável em simplesmente assistir e escutar o que jamais admiti, pratiquei e utilizei como mensagem a jogadores e aos mais jovens, para os quais a chave de sua educação passa inquestionavelmente  pelo exemplo dos que comandam, fator básico para o progresso cidadão dos mesmos…

Mesmice técnica e tática endêmica, pranchetas midiáticas, palavrões, gestual circense ao lado das quadras, pressão descabida nas arbitragens e apoio inconteste dos que decidem sobre tantos e discutíveis comportamentos, cansam, ou melhor, se tornam insuportáveis…

Amém.

Foto – Reprodução da TV. Clique na mesma duplamente para ampliá-la.

                                                                                                                                                                 

CONSTATANDO, LAMENTANDO, SUGERINDO…

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Finalmente aconteceu o que nunca deveria ter acontecido, na medida em que toda aquela “ gente” escondida e escamoteada pelo anonimato nas mídias “ especializadas” da modalidade jamais teve a coragem de lutar aberta e responsavelmente pelo grande jogo, dando as suas abençoadas caras aos tapas da dolorosa realidade que agora expõe e fragmenta nosso indigitado basquetebol, finalmente lançado ao colo de um COB voleibolista, e de um ME absolutamente incompetente, ambos politicamente alinhados ao desporto de “ alto nível”, em um país que ainda discute se a educação física deve ou não pertencer ao currículo básico das escolas no país. Agora mesmo, a Finlândia acaba de estabelecer seu currículo básico, tornando somente três disciplinas obrigatórias, a linguagem, a matemática e a educação física, claro, por não ser uma nação de primeiro mundo, como o nosso imenso,desigual e boçal país…

Se até o momento do desenlace dessa imensa tragédia, coube ao COB e ao ME financiarem a permanência da atual administração da CBB, injetando vultosas verbas, garantindo a incúria e descalabro lá existente, tornando por isso impossível sua capacidade de retornar ao lugar de segundo desporto no gosto popular do brasileiro, lugar este tomado desde a perda política do patrocínio do BB, fator crucial na escalada técnica do vôlei, feita e concretizada por excelentes técnicos de quadra, inteligentemente voltados ao alto nível, e distantes da formação massiva de base, já que regiamente forrados de verbas federais…

Muitos poucos lutaram às claras contra toda essa enxurrada de desacertos e incúrias administrativas, capitaneadas por elementos despreparados e totalmente voltados aos seus interesses pessoais, monetários principalmente, lá colocados por um colégio eleitoral fechado e comprometido com as benfeitorias irmãmente distribuídas, todos garantidores, por suas incapacidades, do domínio e reinado quase absoluto da nova “ paixão” do povão, o voleibol, que na recém finda olimpíada somente alcançou a quinta posição na preferência da torcida brasileira, mesmo sendo campeão, vendo o estraçalhado basquetebol na terceira…

Muito bem, o grande jogo estará até 2020 nas mãos da FIBA, do COB e do ME, ou seja, em nada evoluiremos em projetos de base, de massificação, de desenvolvimento escolar, pois sequer o MEC estará presente, ausente que teima em estar quando frente a desafiadora indústria do corpo, maleficamente instalada nesse imenso e desigual país, quando a perda da sua monumental clientela juvenil jamais poderá ser colocada em jogo, com projetos de educação física em escolas e universidades, jamais, pois é muita grana a ser conquistada, ao preço que for, mesmo que às custas da ignorância de seu povo…

Mas algo, mesmo emergencial, ainda poderia ser tentado, antes que pudéssemos dar o definitivo salto para dias melhores, que hão de vir, que terão de vir, sob o preço de afundarmos definitivamente no terceiro mundismo, algo que poderíamos fazer para dirimir, ou mesmo equilibrar a votação federativa espúria e de cartas marcadas, que tanto empobrece o cenário desportivo nacional, tornando realidade a possibilidade de indicarmos verdadeiros representantes, que elegeriam o poder confederativo de uma forma mais evoluída e equânime, já que democraticamente mais estável, o aumento da massa votante, dando às associações de técnicos estaduais, que deveriam ser estabelecidas sob a égide e orientação técnico administrativa por uma de caráter nacional, também votante, somadas a dos árbitros, todas fazendo companhia a dos jogadores, que faz parte do colégio eleitoral confederativo. Teríamos os atuais 28 votos acrescidos de mais 29 regionais mesmo, criando o salutar equilíbrio de forças atuantes no soerguimento do grande jogo no país…

Sexta feira agora, dia 25, a ABTT fará realizar em São Paulo, no Hotel São Paulo Inn Loft, das 10:00 às 14:00hs, um congresso para discutir as questões mais determinantes para o soerguimento da modalidade, e, se tivesse sido convidado, seria a proposta acima que exporia naquele plenário. Mas como bem sei que não o serei, sugiro que ao menos estudem a proposta acima, que garanto ser perfeitamente realizável, tendo como precedente condição o direito a voto da associação de jogadores, e nada mais objetivo e plausível que, no espaço temporal que nos separa de 2020, quando cessará a intervenção tríplice, não tenhamos a oportunidade e competència de termos uma associação de técnicos organizada nos 27 estados da federação, que somadas a nacional e a existente dos árbitros, duplicássemos o colégio eleitoral, dotando-o do equilíbrio fundamental ás escolhas geridas pelo mérito, pela experiência e pela comprovada competência.

Seria essa a minha colaboração aqui publicada neste humilde blog.

Amém.

Foto – Reprodução da TV. Clique duas vezes na mesma para ampliá-la e acessar a legenda.

AS DUAS FRENTES DE LUTA…

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Nos idos de 2005, com o Basquete Brasil no seu nascedouro, iniciei uma série enorme de artigos sobre a politicalha instalada na CBB, fator que nos prejudicaria naquele e nos subsequentes ciclos olímpicos, fazendo companhia ao Melchiades Filho e o Alcir Magalhães na inglória luta a ser travada, o que foi feito, intensa e inesgotavelmente, até os dias de hoje.

A luta foi pautada pelo aspecto técnico, didático, pedagógico e administrativo, visando porém a massificação, o trabalho eficiente na base, o preparo de mais e melhores professores e técnicos, a existência forte e atuante de associações de técnicos, de jogadores, de juízes, todos irmanados pelo soerguimento do grande jogo.

Mais adiante vieram o Fabio Balassiano, a turma do DraftBrasil, o Rodrigo com o seu instigante Rebote, e a luta ganhou contornos mais robustos e confiáveis, e o mais importante, começavam a influenciar opiniões em escala crescente, expondo as mazelas da mentora aos olhares inquisitivos de um público mais bem informado e interessado.

No entanto, o enfoque proposto se fragilizava frente a uma legislação que em tudo e por tudo garante o status quo vigente, onde 27 presidentes federativos, eleitos pelos clubes de seus estados, somados agora ao presidente da associação de jogadores, elegem para a CBB o candidato alinhado a seus interesses, nem um pouco focados em ciclos olímpicos, massificação e trabalhos na base, cansativos e pouco rentáveis, e por conta disso impõem sua mediocridade, ciclo após ciclo, em duas décadas de decadência programada e inexorável finitude.

Veio a LNB, e com ela uma nova proposta de profissionalismo sério e programado, à imagem das grandes ligas internacionais, inaugurando uma gestão oposta a que se faz e aplica numa CBB, carcomida pelo protecionismo, fisiologismo e obscura administração orçamentária, em nada comparada a transparente gestão da liga, fator que desencadeou uma nova frente de questionamento sobre a utilização de verbas públicas por parte de uma evasiva CBB, ação liderada pelo Fabio com o seu combativo Bala na Cesta, inaugurando uma abordagem ainda não explorada, a contabilidade omitida da CBB, num belo trabalho de jornalismo investigativo, tornando pública a catástrofe administrativa da mesma, culminando com sua suspensão pela FIBA…

E neste ponto, não posso fugir de uma análoga situação nos idos dos anos 30 na Chicago dominada por um Al Capone brutal e sanguinário, mas que somente pode ser derrubado e enclausurado pela omissão de impostos ao governo federal, num país que conota crime inafiançável a sonegação dos mesmos.

Sem dúvida alguma, no esporte profissional de hoje o poder do dinheiro ganha contornos inimagináveis, sobretudo nas modalidades mais em evidência no mundo, onde o basquetebol se situa entre os mais praticados e rentáveis. No entanto, mesmo no país em que ele é mais desenvolvido.o campo profissional inexistiria sem a massificação na base colegial e universitária, onde sua continuidade é forjada nas aulas de educação física e nas equipes amadoras dos colégios e universidades espalhadas por todo o país…

Logo, e apesar do importante trabalho jornalistico de alta qualidade do Fabio, num ponto não posso concordar, quando ele afirma num vídeo que publicou no Facebook (…) Esporte não é, não é mais educação física. Esporte é saúde, inclusão e sobretudo negócio. Esporte é muito dinheiro envolvido, e muita gente que deveria sair do esporte por não ser séria, continua comandando o nosso esporte. Esse é o problema do basquete brasileiro hoje (…)

( declaração aos 28:40 min do vídeo)

Discordo frontalmente com essa declaração, pois infringe o mais elementar princípio do esporte, sua destinação educacional, cidadã, salutar, e acima de tudo, inclusiva, social e politicamente. O esporte profissional sorve somente uma mínima parcela desse universo educacional, selecionando os mais bem dotados atlética, mental, psicológica, e tecnicamente aptos as modalidades escolhidas, marcando a grande maioria de praticantes com seus princípios humanísticos e éticos, complementando sua instrução de qualidade, numa educação democrática, igualitária, e inclusiva…

Parabenizo o Fabio  pelo seu instigante e definitivo trabalho jornalístico, que muito ajudará a esclarecer os meandros secretos do grande jogo em nosso país, culminando as velhas lutas e lutadores que o antecederam, ao apontar com precisão o ponto chave que teve a primazia de abordar com seu costumeiro brilhantismo, os tortuosos caminhos das vultosas verbas alocadas e sua gestão equivocada e incompetente.

Amém.

Foto – Arquivo pessoal

Video – Facebook Bala na Cesta.

14/11/16, UMA ICÔNICA ENCRUZILHADA…

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14/11/16 é uma data especial para mim, pois é meu aniversário, que ao longo dos anos sempre comemorei junto a família e aos amigos, todos como eu, apaixonados pelo grande jogo, pelo basquetebol querido e amado…

14/11/16 é a data da queda brutal do grande jogo entre nós no aspecto confederativo, afastado da comunidade internacional pelos desmandos e corrompida administração nas duas últimas décadas, fruto do mais deslavado e criminoso corporativismo que foi implantado ao preço do escambo político e de  interesses pessoais…

14/11/16 fratura uma ossatura doente e carcomida pela desfarçatez e insensibilidade clubística, federativa e associativa, integrantes de uma corrente eletiva de mútua ajuda e permanente colaboração interesseira, todos voltados ao bem comum da “comunidade”…

14/11/16 escancara a dura realidade negada, omitida, aviltada, postergada desde sempre, e que terá continuidade garantida pelo processo eletivo existente, onde 27 presidentes de federações, eleitos pelos clubes de cada uma delas, acrescidos do presidente da associação de jogadores elegem o poder confederativo (na maioria das vezes por aclamação), que continuará a ser determinado à luz de seus mais recônditos interesses, a não ser que sejam mudados radicalmente os meios que o exequibilizam…

14/11/16, quem sabe, se transforme no marco do efetivo soerguimento do grande jogo neste imenso e desigual país, na medida em que se faça valer o mérito e a competência, bens muito acima da politicagem arrivista e criminosa que imperou até agora. Quem sabe  se vislumbre uma nova era, quem sabe…

Amém.

Foto – Divulgação CBB.

TRISTEZAS E FELIZES MOMENTOS…

 

Realmente é muito difícil assistir e compreender o basquetebol que  estamos praticando de uns vinte e cinco anos para cá, e por mais que me esforce, caio no lugar comum da mesmice endêmica desde sempre. É muito triste e desalentadora a realidade que aí está, escancarada, de uma pobreza criativa indescritível, seja sob qualquer  argumento minimamente plausível que tentemos explicá-la

Dois bons exemplos desse impasse podem ser avaliados com razoável precisão, a linearidade sistêmica que se instalou e enrijeceu a todos na maneira uniforme, formatada e padronizada  que desenvolvem o grande jogo entre nós, e a danosa autofagia que tem se abatido por sobre todos nossos prospectos, lançados ainda muito imaturos nos porões do profissionalismo selvagem, onde não conseguem evoluir tecnicamente, pois priorizados pela engorda física e os interesses financeiros de agentes e empresários, adequando-os a valores que na maioria das vezes se chocam com suas realidades técnicas e sonhos juvenis…

Testemunhar um jogador perdido na quadra pela ausência de um simples sistema que o encaixasse no jogo de equipe, e vê-lo devolver velozmente as duas únicas bolas que recebeu no pivô, abrindo mão, ou sendo orientado a não tomar qualquer iniciativa pessoal, mas livre para tocos e enterradas pontuais, sendo avaliado como craque por uma mídia passional, torna-se, sem dúvida alguma, um preito ao desperdício, não só dele, o Bebê, mas de todos os outros que pularam as etapas mais fundamentais de sua formação, que, quem sabe, seja revertida pelos jovens que se iniciam em equipes universitárias americanas, seguindo o exemplo de australianos e canadenses, que já recolhem frutos em suas seleções nacionais…

Por outro lado, assistimos todas as equipes do NBB9 atuarem técnica e  taticamente da forma padronizada que tanto critico, e agora com uma novidade, quando todos os arremessos iniciais de suas partidas são de três pontos, como que preparando o público para a dura realidade que assistirão dali em diante, o que é algo deplorável..

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Mas hoje é um dia muito especial, não só pelo meu septuagésimo sétimo aniversário, mas pela maravilhosa constatação de que, ao contrário da enorme tristeza de me ver (nunca sentir) coercitivamente afastado do grande jogo, vejo e sinto que cumpri com alguma sobra meus deveres de professor, técnico, jornalista, e acima de tudo, pai e amigo de três filhos vencedores em suas vidas privadas e profissionais, onde a Andrea Raw, bailarina, professora, coreógrafa e produtora, vai se tornando referência da dança moderna brasileira. André Luis, designer e publicitário, firme em sua trajetória criativa na americana Novica. João David (Jay Raw), meu caçula que vive na Irlanda a cinco anos, para onde foi em busca de seu sonho como cantor, compositor e líder de sua banda Late Train, além de estar terminando a faculdade de informática e estar trabalhando na IBM. Enfim, são os melhores amigos que um pai poderia ter, ao lado daqueles que privaram, e ainda privam da minha vida de professor e incorrigível basqueteiro…

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Peço aos deuses que ainda me concedam saúde e disposição para continuar a luta pela educação de qualidade, o soerguimento do grande jogo através deste humilde blog, e o livro prometido ao André, que está prestes a ser concretizado, além de um derradeiro pequeno grande sonho, a de voltar a dirigir uma equipe, ação preparada, estudada e pesquisada por toda uma vida. Daqui a pouco almoçarei com a Andrea, feliz e recompensado por tudo, ou quase tudo…

Amém.

Fotos – Arquivo pessoal. Clique duas vezes nas mesmas para ampliá-las.

CENAS DE UM CENÁRIO REPETIDO…

 

CENA 1 –  Ligo a TV para o início do NBB9, jogo de graúdos em  Bauru, com o time da casa recebendo o campeão da liga, o temível Flamengo…

Bola ao alto, e de saída os primeiros oito arremessos são de 3, mas a primeira cesta foi de 2. Prevendo mais uma chata avalanche de bolinhas, pois institucionalizada, troquei de programa e fui assistir algo menos previsível…

Retornei mais tarde ao final de uma segunda prorrogação e fui direto para o levantamento estatístico, e não deu outra, estava lá bem grafado, 18/66 bolinhas de 3 ( 12/37 para Bauru, 6/29 para o Flamengo), onde os especialistas detonaram sua arte mais midiática do que técnica, com 2/10 do Marcelo, 1/7 do Marcos, 3/10 do Alex e 1/8 do Meindl, num jogo vencido a duras penas pelos 12/18 do J. Batista nos sempre relegados 2 pontos (num total de 26/56 de sua equipe), e nos 30/35 Lances livres de apenas 1 ponto cada (com Bauru perpetrando 17/28 nos mesmos), numa partida que perdeu por 3 pontos…

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É duro, duríssimo constatar que o cenário continua inalterado, congelado, estratificado, onde 31 erros de fundamentos são cometidos, parecendo nulas as pré temporadas que fazem para acentuar a mesmice em que vivem, com as pranchetas cada vez mais presentes, asfixiantes, exalando as percepções equivocadas de seus postulantes, a cada temporada mais grudados e confidentes com seus inermes e limitados alter egos…

Eis que recebo um telefonema de um amigo de longa data, que me confidencia – Paulo, aconteceu neste jogo aquilo que você denomina como o “sonho dourado” dos estrategistas, outorgando-os com um tempo para cada ataque a ser realizado , pois as quatro e decisivas ações ao final do tempo regulamentar foram antecedidos de pedidos de tempo, como que monitorando genericamente o comportamento presente no campo de jogo, fator que considero o mais nocivo para o desenvolvimento adulto e pensante dos jogadores (e não marionetes descerebrados), cuja ausência de raciocínio, acuidade mental e física nos momentos de decisão, nos tem cobrado amargamente quando em seleções nacionais…

Claro, claríssimo, que para o grande público “sobram emoções”, mas que nada somam às nossas reais e técnicas necessidades nas grandes competições internacionais (acredito mesmo que essa turma não está nem aí para isso, voltados que estão para seus dotes mágicos de estrategistas, e para seus currículos…), onde nosso previsibilíssimo jogo, se choca com a dura realidade da mais ausente e ansiada criatividade, produto de ações espontâneas e treinadas, jamais tuteladas de fora do campo de luta, através aqueles que se consideram os donos do grande jogo, sem jogá-lo…

Mas Paulo, a maioria, ou quase a totalidade deles jogou, muitos, inclusive saindo direto da condição de jogador para a de estrategista, ou não?…

Sim, é verdade, e o mais insólito é que o fizeram no âmago do sistema único, mantendo-o como a suprema verdade (certamente a única que conhecem) que nos tem esmagado irremediavelmente, e até agora, sem previsível reversão, o que é trágico…

CENA 2 – Ao início da nona temporada da LNB, com seu já bem estabelecido NBB, agora supervisionado por uma NBA cada vez mais inclusa no mercado tupiniquim, subvencionando parte dele no aspecto comercial e de marketing, indicando um caminho que  conhece e domina em seu país de origem, bem diferente da realidade que nos toca, sem a estrutura de base escolar e universitária que os tornam estáveis às oscilações estruturais e econômicas que nos afligem desde sempre, e que deixa num segundo plano outra de nossas maiores deficiências, talvez a maior de todas, a técnica do grande jogo aqui praticado. Ao adotarmos fiel e cegamente o sistema único, originado na grande liga, formatando e padronizando-o, trilhamos um caminho até agora sem volta, monocórdio, instalando e fixando a mesmice endêmica, que só nos faz retroceder ano após ano, década após década, lamentavelmente…

Fica bem claro que dificilmente sairemos desse estágio técnico em que nos encontramos, pois torna-se evidente a força cada vez maior do corporativismo que une a todos, dirigentes, agentes, técnicos,  jogadores, e grande parte da mídia, interessados em manter os espaços conseguidos, numa rasgação de seda disseminada e aceita por todos, engalanando e incensando a mediocridade técnica vigente, envolvendo emocionalmente jogos abaixo da crítica mais benevolente, achando que dessa forma promove e desenvolve o grande jogo entre nós, cometendo o equívoco mais letal, o de omitir sua vulnerabilidade técnica, tática, e acima de tudo, estratégica…

CENA 3 – Me preocupa sobremaneira o processo de estagnação que se instalou técnica e taticamente no nosso basquetebol, fator este desestimulante aos que torcem e assistiam os jogos em busca de jogadas e jogadores de qualidade, uma raridade hoje em dia, com o basquete pasteurizado e medíocre que acontece repetidamente em nossas quadras.

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Agora mesmo, no sul americano de clubes, a equipe do Paulistano perpetrou um dantesco 15/40 nos arremessos de três, e somente 11/27 de dois pontos, deixando bastante clara a opção de seu técnico, digo, estrategista, pelos arremessos de fora, e inclusive, num de seus tempos, arguiu fortemente seus jogadores, mencionando estarem os mesmos com “cagaço” (desculpem…) de arremessar, passando a bola para companheiros marcados, que assim mesmo arremessaram, numa oportuna postura de colocar nas mãos dos jogadores a responsabilidade decisória, algo discutível, pelos 40 arremessos de três, somente possíveis com sua particular anuência, deixando esplícita a incapacidade de sua equipe de decidir “lá dentro”, haja vista as 20 conclusões nesta estratégica área, onde seu vencedor adversário concluiu 34…

CENA FINAL – Decididamente, nada deixa prever que acontecerão mudanças técnico táticas neste MBB9, e os primeiros jogos confirmam essa tendência, repetida, aliás, desde sempre, desde a fundação da LNB. O resultado imediato dessa trágica realidade é o da continuidade corporativista existente, onde a forma atual de jogarmos o grande jogo se tornará praticamente definitiva daqui para diante, sem que qualquer corrente contraditória tenha a oportunidade de se antepor a essa catástrofe, onde a “filosofia” dos arremessos de três, das enterradas “monstros”, e do reinado das midiáticas pranchetas, arautos do vazio técnico tático que nos esclui da criatividade, do improviso responsável, do coletivismo decorrente da simbiose entre técnico e jogadores, aspecto estratégico definidor dos grandes objetivos inerentes a modalidade, da base a elite, na qual a exigência de qualificação superior se torna fundamental, e cuja minimização alimenta o arrivismo e a expansão dos provisionamentos ditos “legais”…     .

Sinceramente, não é a melhor das perspectivas que nos aguardam…

Amém.

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