O VÔO ALTO (OU BAIXO) DO GIGANTE…

(…) “O basquete me conquistou. É elegante e mesmo a um segundo não está terminado. É um jogo de recursos, inteligente, e gosto de pensar- afirma ele que pensa ser advogado – Mas no Brasil, faltam torneios nacionais sub-20.

Ele revela que talvez escolhesse ser ala-pivô.

– Bolas de três, treino escondido. O técnico quer que eu jogue sob a cesta, sem sair do garrafão. Nos treinos, acerto muitas de três, mas no jogo, nem tento. Se errar, o técnico me põe no banco. Diz que para tentar uma de três, tenho de fazer 20 pontos e dar cinco tocos – ri Bebê “(…)

( Jornal O Globo de 6/5/11-Reportagem de Claudio Nogueira)

Como bem podemos atestar, se pudesse ele escolheria ser um ala-pivô, como o era o Nenê quando se foi para a NBA, onde o transformaram fisicamente no que é hoje, quando poderia ter sido um ala-pivô para marcar época na história do nosso basquetebol, mesmo jogando por lá.

Observem detalhadamente a foto, onde o equilíbrio de formas antevê um ala-pivô potente, elástico, veloz, e acima de tudo inteligente e orientado para o estudo que sucederá sua vida pós basquetebol, mesmo que amealhe milhões de dólares.

Mas o atual técnico formador espanhol, o vê embaixo da cesta, sem as habilidades de drible, fintas, passes e arremessos próprios de um ala, que com 2,13m teria condições de bons arremessos, inclusive os longos, pela amplitude de elevação e movimentos.

Mas não, urge redimensioná-lo, física e tecnicamente, transformando-o num novo Nenê, fragilizando suas articulações e tendões, super alimentado-o com complexos vitamínicos, e sabe-se lá o que mais…, a fim de atender aos reclames comerciais e de exigências pseudamente técnicas, em nome de vultosos e possíveis contratos, numa aventura que pode levá-lo ao paraíso, ou ao inferno, num mercado humano de valências nem sempre desportivas.

Então, guardem bem essa imagem, se possível imprima-a, para compará-la daqui a um ou dois anos, ou meses se for indicado nos drafts, quando testemunharão uma mudança cavalar (é o termo mais correto…) no físico esbelto e proporcional, daquele que poderia ter sido um dos mais autênticos e promissores alas-pivôs do basquete internacional, desejo quase secreto dele mesmo, o Bebê, e não o cincão desejado por todos aqueles que pensam entender o grande jogo, numa masturbação mental que poderá ter um não muito promissor desfecho. Mas não importa, sempre haverá um novo Bebê para alimentar tão precários e doentios anseios…

Amém.

Foto- Ivo Gonzales (clique uma e duas vezes para ampliá-la)



14 comentários

  1. Carlos Alex Soares 15.05.2011

    Prof. Paulo Murilo,

    escrevi isso no Bala na Cesta e quase fui crucificado. Esse guri esta muito mal orientado, sendo colocado a sua mesa a grande mudança financeira que uma empreitada como essa poderá lhe render já este ano, em vez da formação que uma universidade americana e aprender o jogo lhe renderia no futuro.

    Talvez seja isso: nosso Nowitzki será só mais um embaixo do garrafão, desfigurado fisicamente, sem grande participação no jogo, mas com o bolso recheado. Hoje, só isso interessa: o imediatismo do dinheiro na mão.

    Deus queira dê tudo certo para esse brasileirinho.

  2. Basquete Brasil 15.05.2011

    Então já somos dois a escrever a respeito, Carlos. E sabe por que? Porque somos professores antes de sermos técnicos, e muitissimo antes, remotamente mesmo, de sermos meros mercadores de gente, não importando a idade, e nem os seus sonhos.
    Mas um dia, sei lá caro amigo, um dia tudo isso poderá mudar, na medida que nossos jovens sejam conveniente, responsavel e competentemente educados para a vida, para o progesso e o desenvolvimento do país, e não para a locupletação indigna de uns poucos, despresíveis que são.
    Um dia, quem sabe…
    Paulo.

  3. PEDRO RODRIGUES DE SOUZA 17.05.2011

    Paulo Murilo,

    Um sábio chegou à cidade de Akbar, mas as pessoas não deram muita importância.
    Conseguiu reunir em torno de si apenas alguns jovens, enquanto o resto dos habitantes ironizava seu trabalho.
    Passeava com os poucos discípulos pela rua principal, quando um grupo de homens e mulheres começou a insultá-lo.
    Ao invés de fingir que ignorava o que acontecia, o sábio foi até eles, e abençoou-os.
    Ao sair dali, um dos discípulos comentou:
    “Eles dizem coisas horríveis, e o senhor responde com belas palavras”.
    O sábio respondeu:
    “Cada um de nós só pode oferecer o que tem”.

    Cassan Said Amer conta a história de um palestrante que começou um seminário segurando uma nota de 20 dólares e perguntando:
    – Quem deseja essa nota de 20 dólares?
    Várias mãos se levantaram, mas o palestrante pediu:
    – Antes de entregá-la, preciso fazer algo.
    Amassou-a com toda fúria, e insistiu:
    – Quem ainda quer esta nota?
    As mãos continuaram levantadas.
    – E se eu fizer isso?
    Atirou-a contra a parede, deixou-a cair no chão, ofendeu-a, pisoteou-a e mais uma vez mostrou a nota – agora imunda e amassada. Repetiu a pergunta, e as mãos continuaram levantadas.
    – Vocês não podem jamais esquecer esta cena – comentou o palestrante.
    – Não importa o que eu faça com este dinheiro, ele continua sendo uma nota de 20 dólares. Muitas vezes em nossas vidas somos amassados, pisados, maltratados, ofendidos; entretanto, apesar disso, ainda valemos a mesma coisa.

    PAULO MURILO,
    PARA TECER MEUS COMENTÁRIOS SOBRE ESTE ASSUNTO, RETRATO ATRAVÉS DESTAS DUAS ESTÓRIAS O MEU ENTENDER;
    NO MUNDO DO BASKET O SEU CONHCEIMENTO TE FEZ SÁBIO.
    POR ISSO PODES OFERECER O QUE TENS.
    OS SEUS INIMIGOS VEZ ´POR OUTRA TE PISOU, MALTRATOU, OFENDEU CONTUDO VOCÊ É COMO A NOTA DE 2O DOLARES, QUE MESMO AMASSADO, PISADA, OFENDIDA VOCE VALE MUITO AIDNDA.
    PEDRO RODRIGUES

  4. Luiz Eduardo 17.05.2011

    Bom dia professor!
    O engraçado é que a escola espanhola ( vide Gasol) e europeia prima por fazer o contrário que estão fazendo com o Lucas. Na sua grande maioria, os pivos europeus geralmente são mais leves e habilidosos, não limitando-se ao jogo embaixo do aro.
    Quanto ao comentário do Alex, acho que se ele for para a NCAA, é ai que vão limita-lo e “transforma-lo” mesmo.
    o lucas tem cabeça boa, e o fato de estar treinando outros aspectos do jogo me faz acreditar que ele não se deixara ser podado.
    Abraços
    Luiz

  5. Basquete Brasil 17.05.2011

    Pedro, dessa forma você me derruba de vez. Se como simples e esforçado técnico, já sou contestado nas “altas esferas”, que decidem, contratam ou destratam, imagine no patamar de sábio, me trituram, com nota de 20 ou 100 dólares na mão…
    Agora, sem brincadeiras, é um baita assunto para ser discutido, não?
    Fico imaginando-o numa equipe do NBB, como um pivô móvel, que ele mesmo sonha em ser, vindo de fora para dentro do perimetro ostentando toda aquela pujança e velocidade, simplesmente imparável. E você acha que um espanhol de boa cêpa vai querer enfrentá-lo dessa forma? Por que não foi mantido na primeira liga, já que talentosissimo, indo parar numa quinta, e sendo preparado exclusivamente para o pivô? Já já se inicia o processo de engorda e de força, numa posição que terá sempre grandes oponentes pela frente, na Europa ou nos Estados Unidos, bem ao contrário se fosse preparado como um ala pivô, que os enfrentaria num breve espaço de tempo, inimaginável e inadimissivel para eles.
    Ainda daria tempo de trazê-lo de volta, e prepará-lo conforme o grande desejo dele, na ala pivô, e com 2,13m…
    Mas, as notas de dólares já baloiçam em sua direção, e na dos que anseiam lucrar com ele, simples assim, e nesse ponto o Alex tem toda a razão.
    Vida que segue Pedro, quem sabe outros Bebês possam surgir, porque esse de agora, me parece que…já era.
    Paulo.

  6. Basquete Brasil 17.05.2011

    Prezado Luiz, como disse acima respondendo ao Pedro, porque alimentar uma potencial arma contra eles em seleções, se o material está ali, bem a disposição para manipulá-lo ao bel prazer? Terão mais um pivô para buscar as bolas perdidas por seus arremessadores, e não um arriete de fora para dentro de um perimetro que não teriam como defender. Vejo um raro e altissimo talento que irá se perder técnica e estratégicamente, por incúria, ma fé, ou simplesmente, burrice…nossa. Ele merecia algo de muito melhor.
    Um abraço, Paulo Murilo.

  7. Reny Simão 18.05.2011

    Muito boa a matéria, como sempre.Gostei muito também do comentário do querido amigo Pedro Rodrigues. Lembrei-me de nossas conversas no ano passado em Istambul, tomando um vinho e “curtindo um bom papo” com os amigos. Senti saudades.

    Um abraço

  8. Ricardo 18.05.2011

    Interessante, não conhecia essa faceta dele! Acompanhando a distancia (por uma ou outra noticia espaçada) achava que ele era um pivo por vocação.

  9. Basquete Brasil 18.05.2011

    Tomando um vinho e curtindo um bom papo…em Instambul? Que inveja Reny. Na próxima oportunidade também estarei nessa. Até lá, vamos tentando abrir olhos e mentes no universo do grande jogo, tão mal tratado por aqui, e com o Pedro sempre cobrando…
    Um abraço Reny, Paulo.

  10. Basquete Brasil 18.05.2011

    E pode crer prezado Ricardo, ser esta a verdadeira faceta dele. Mas não é do interesse de seus ” mentores”, ou sei lá que denominações têm. Fico imaginando o quanto de técnica um talento desse poderia assimilar, se em mãos competentes e realistas. Prefiro não imaginar…
    Um abraço, Paulo Murilo.

  11. Filipe 18.05.2011

    Profº o Sr viu os números de Dirk Nowitzki no 1º jogo contra o Oklahoma? 48 pontos sem nehuma tentativa de três pontos!!! Impressionante também os lances livres, 24/24. Aula de basquetebol.

  12. Basquete Brasil 19.05.2011

    O Dirk é um jogador que prima pela precisão, e foi muito bem formado desde a base em seu país, a Alemanha. Porque arriscar arremessos com altas percentagens de erro, se possui técnica refinada para uma aproximação onde os arremessos se tornam mais precisos? Técnica apurada e sólidos fundamentos, eis a base do grande jogo. Pena que nossos jogadores não enxerguem o óbvio, e o pior, seus técnicos(?).
    Um abraço Filipe. Paulo Murilo.

  13. Carlos Alex Soares 22.05.2011

    Temos vários Bebês pelo Brasil… Sabe de quem é a missão de formá-los? Da inútil CBB!!! Esta no seu estatuto: desenvolver o basquete no país. Isso, não ocorre.

    Outro dia em vi um guri no supermercado, com os pais, lá pelas 19h. O pai, em torno de 1,95m, a mãe 1,80m para mais e o guri? Talvez 1,70/1,75m. Com o mesmo uniforme do colégio dos meus filhos e naquele horário? Me apresentei e perguntei a idade. 11 anos!

    Então, prontamente, dei para o pai um cartão, pedi que me procurasse se o guri quisesse jogar basquete. resposta: “ah, basquete… Tem time aqui em Pelotas?”.

    Como desabrochar tais potenciais se não há política de desenvolvimento e estão sempre envoltos em maracutais na entidade-mor? Lamentável, outro guri que perderemos para o voleibol…

    Por isso reafirmo: existem Bebês pelo Brasil afora, basta uma política de formação que atenda o Brasil como nação e não os interesses de meia dúzia.

  14. Basquete Brasil 22.05.2011

    E você acha que essa meia dúzia de sacripantas vão largar a rapadura sem luta, Carlos? Os Bebês que esperem, ou mesmo nem comecem a aparecer, pois sacrificados de saída. Quem sabe um dia, um dia…
    Paulo.

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