TRISTEZAS E FELIZES MOMENTOS…
Realmente é muito difícil assistir e compreender o basquetebol que estamos praticando de uns vinte e cinco anos para cá, e por mais que me esforce, caio no lugar comum da mesmice endêmica desde sempre. É muito triste e desalentadora a realidade que aí está, escancarada, de uma pobreza criativa indescritível, seja sob qualquer argumento minimamente plausível que tentemos explicá-la
Dois bons exemplos desse impasse podem ser avaliados com razoável precisão, a linearidade sistêmica que se instalou e enrijeceu a todos na maneira uniforme, formatada e padronizada que desenvolvem o grande jogo entre nós, e a danosa autofagia que tem se abatido por sobre todos nossos prospectos, lançados ainda muito imaturos nos porões do profissionalismo selvagem, onde não conseguem evoluir tecnicamente, pois priorizados pela engorda física e os interesses financeiros de agentes e empresários, adequando-os a valores que na maioria das vezes se chocam com suas realidades técnicas e sonhos juvenis…
Testemunhar um jogador perdido na quadra pela ausência de um simples sistema que o encaixasse no jogo de equipe, e vê-lo devolver velozmente as duas únicas bolas que recebeu no pivô, abrindo mão, ou sendo orientado a não tomar qualquer iniciativa pessoal, mas livre para tocos e enterradas pontuais, sendo avaliado como craque por uma mídia passional, torna-se, sem dúvida alguma, um preito ao desperdício, não só dele, o Bebê, mas de todos os outros que pularam as etapas mais fundamentais de sua formação, que, quem sabe, seja revertida pelos jovens que se iniciam em equipes universitárias americanas, seguindo o exemplo de australianos e canadenses, que já recolhem frutos em suas seleções nacionais…
Por outro lado, assistimos todas as equipes do NBB9 atuarem técnica e taticamente da forma padronizada que tanto critico, e agora com uma novidade, quando todos os arremessos iniciais de suas partidas são de três pontos, como que preparando o público para a dura realidade que assistirão dali em diante, o que é algo deplorável..
Mas hoje é um dia muito especial, não só pelo meu septuagésimo sétimo aniversário, mas pela maravilhosa constatação de que, ao contrário da enorme tristeza de me ver (nunca sentir) coercitivamente afastado do grande jogo, vejo e sinto que cumpri com alguma sobra meus deveres de professor, técnico, jornalista, e acima de tudo, pai e amigo de três filhos vencedores em suas vidas privadas e profissionais, onde a Andrea Raw, bailarina, professora, coreógrafa e produtora, vai se tornando referência da dança moderna brasileira. André Luis, designer e publicitário, firme em sua trajetória criativa na americana Novica. João David (Jay Raw), meu caçula que vive na Irlanda a cinco anos, para onde foi em busca de seu sonho como cantor, compositor e líder de sua banda Late Train, além de estar terminando a faculdade de informática e estar trabalhando na IBM. Enfim, são os melhores amigos que um pai poderia ter, ao lado daqueles que privaram, e ainda privam da minha vida de professor e incorrigível basqueteiro…
Peço aos deuses que ainda me concedam saúde e disposição para continuar a luta pela educação de qualidade, o soerguimento do grande jogo através deste humilde blog, e o livro prometido ao André, que está prestes a ser concretizado, além de um derradeiro pequeno grande sonho, a de voltar a dirigir uma equipe, ação preparada, estudada e pesquisada por toda uma vida. Daqui a pouco almoçarei com a Andrea, feliz e recompensado por tudo, ou quase tudo…
Amém.
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