ENFIM, CONSEGUIRAM…
Custaram, perseveraram, se esmeraram ao máximo, insistiram, batalharam, e por fim…venceram (?), deram o grito primal, urraram de satisfação e orgasmo mental, e mudaram a estética, o modus faciendi de jogar o ex grande jogo (para quase todos eles…), mas que continua grande, grandíssimo para mim, apesar de derrotado frente ao novo tempo, ao Novo Basquete Brasil da convergência definitiva, do reinado absolutista das bolinhas, do abandono defensivo do perímetro, numa aceitação inter pares de uma competição de tiros irresponsáveis, estilosos, desqualificados, aceito por todos dentro de um sistema padronizado e formatado pelo estúpido e boçal corporativismo implantado coercivamente em todas as categorias, num sentido de jogo descerebrado dentro das quadras, e mais descerebrado ainda ao lado das mesmas, nos esgares, caras e bocas, gesticulação circense, coações explícitas, auto presença impositiva nos tempos e nos garranchos pranchetados, sem os quais, no discurso padrão da comunidade de comando, nada aconteceria de importante e decisivo na quadra, numa triste constatação de um falseado poder decisório, somente alcançado única e exclusivamente na arte do treino, quando o mais saber, o preparo, a vivência e a insubstituível experiência sempre dará as cartas nesse jogo específico para quem o domina, não para aquele que julga e pensa dominar, fruto do marketing, da arrogância, da troca, do escambo, jamais pelo mérito, jamais…
Caminhamos celeremente para a convergência dos arremessos de 2 e 3 pontos, não mais por parte de uma das equipes, e sim por ambas a cada jogo disputado, demonstrando a aceitação do que ousam implantar, já implantando nesse estágio inicial da lamentável mudança que se avizinha, solerte, capciosa, impositiva, como nos recentes Ceará x Mogi e Vitória x Mogi, quando no primeiro perpetraram 21/70 arremessos de 3 e 33/66 de 2, e no segundo, 18/65 e 25/60 respectivamente, e mais, a brilhante marca de 30 e 24 erros de fundamentos, mantendo a média da competição que é de 26 erros por jogo, um número realmente lastimável. A cada rodada, a cada partida, com umas poucas exceções, o que assistimos contritos é um desfile pré agônico de uma modalidade outrora brilhante, técnica, tática e sedimentada em bons fundamentos, preparada, orientada e dirigida por técnicos de verdade, e não o que aí está, escancarado, através cada vez mais falsos especialistas de três, arrivistas e oportunistas de ocasião, o mais abertos possíveis no ataque a fim de obterem espaços compensatórios às suas gritantes deficiências nos fundamentos de drible, fintas e passes, a maioria em busca do brilhareco midiático, frutos de exemplos recentes de jogadores individualistas se locupletando de um jogo coletivo, onde os duplos e triplos duplos é a meta pretendida, mesmo a custa dos esforços da equipe, sendo a vitória muitas vezes descartada na medida do brilho individual das estrelas, para a satisfação máxima dos que as empregam e agenciam…
O fruto dessa irracional busca pela glorificação individual, é manifesta pela explosão no cerne das equipes do desejo da maioria de seus componentes alcançarem o estrelato também, daí a chutação desenfreada de quase todos que as compõem, dolorosamente chancelados pelos permissivos estrategistas que as dirigem, ou pensam dirigir, bem mais torcedores do que aqueles que se encontram nas bancadas, quando uma atuação técnica, racional, estratégica se faria urgente e necessária, pois resultante da observação arguta e precisa, fruto de sua vasta experiência, onde o binômio diagnose/retificação (*) se impõe soberano, ação essa anulada ou minimizada pela cega militância praticada, na pretensa busca da vitória a qualquer preço…
Mas conseguiram o que tanto perseguiam, emular o exemplo da matriz que, se observarmos bem, chutam de três menos do que aqui, e mesmo assim somente através seus poucos especialistas de verdade, exceto por duas ou três equipes no seu vasto e rico universo de trinta, isso nos profissionais. Mas o que realmente importa por aqui é a busca pela genialidade, principalmente ao lado da quadra, e nesse pormenor somos realmente imbatíveis, ao conseguirmos formar técnicos de “altíssima qualidade” com dois ou três anos de experiência na liga maior, a que incentiva a convergência, a que ignora a defesa exterior, a que se lixa para os fundamentos, porém a que exalta as pranchetas em vez do treino, do treino de verdade, da longa e laboriosa vivência, da larga experiência adquirida nas derrotas e vitórias, da necessária participação na base formadora, das longas estradas de pedras percorridas, base estrutural do mérito, do grande jogo. Mas como todos jogam da mesma forma sistêmica, vence aquele que chuta a última e apaga a luz…
Parabéns a todos, afinal conseguiram implantar o novo conceito convergente de jogar, onde a relação custo/benefício…ora o que isso importa, quando o que passa a valer é a bola de três, a enterrada monstro e o toco fenomenal, ou não?…
Que os deuses nos ajudem, pelo menos, se uma nova administração reabrir a ENTB, reestruturando-a como deve ser uma escola de verdade, numa iniciativa que poderá vir a ser válida na corajosa tentativa de reverter tão triste quadro…
Amém.
(*) – Diagnose/Retificação – A capacidade didática de diagnosticar falhas, erros e omissões técnicas em ações individuais e coletivas e suas decorrentes correções, onde o espaço temporal entre ambas define a maior ou a menor qualificação do professor/técnico, conceito não muito difundido entre estrategistas, principalmente os menos experientes…
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