O IMPROVISO DO ALEX…

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P1150234Quarto jogo, 27/63 arremessos de 2 pontos e 21/68 de 3, assim contabilizados: 12/35 de 2 e 9/33 de 3 para o Paulistano,  15/28 e 12/35 respectivamente para Bauru, numa generalizada e convergente chutação, que bem espelha a quantas andam o nosso basquetebol de elite, noves fora os 26 erros de fundamentos (13/13), confirmando a média no campeonato, porém repleto de paixão e emoção a não mais poder, que segundo os entendidos, é o suficiente para a sua popularização, no que discordo desde sempre…

Numa entrevista após o jogo, o Alex afiança que no quinto jogo, praticamente em casa (Araraquara dista poucos quilômetros de Bauru) sua equipe vai com tudo para cima do Paulistano, forçando-o a improvisar, para vencer o jogo, e o título…

Sem dúvida uma estratégia inteligente, forçar o adversário a sair da segurança de seu jogo ofensivo coordenado, o tão badalado 5 x 5, oscilando para o improviso, que segundo a análise do competente jogador, em muito facilitaria defensivamente sua equipe, bem mais experiente e rodada, quebrando a confiança e a determinação de seus jovens oponentes…

E é nesse ponto que se manifesta a minha perplexidade, exatamente focada na premissa de que a quebra do sistema ofensivo de uma equipe que atua rigorosamente igual a de seu experiente oponente, assim como todas as demais do NBB, num sistema padronizado e formatado pelos estrategistas que as dirigem, e mesmo pela maioria daqueles que se propõem atuar na formação de base no país, espelhando o exemplo da elite, se torna a meta a ser atingida, pois, segundo o que divulgam, o provocado improviso facilita e concorre para a quebra do sentido coletivista, determinando sua derrota, certeza e afirmativa estas que discordo com a mais absoluta veemência de quem, por décadas, propugnou exatamente o que condenam, a prevalência da improvisação como o ápice técnico tático de um sistema realmente eficiente de ação ofensiva, mas claro, somente acessível para jogadores muito bem preparados nos fundamentos, e mais bem preparados ainda na concepção coletivista,  baseada num sistema de jogo proprietário, onde todos participam, desde sua montagem e mútuo entendimento, até sua viabilização no treino e no jogo, fator diametralmente oposto ao que praticamos da forma mais manietada e codificada de fora para dentro da quadra, onde esquemas e ordens são exaradas através pseudas e ilusórias táticas rabiscadas em pranchetas mágicas, que “até falam”, segundo ufanistas narrações, por estrategistas absolutamente convictos de que dominam as incontáveis facetas do jogo, as arbitragens, e de quebra, seus incautos e incrédulos jogadores, frente a tanta hermenêutica midiática, que extasia os menos esclarecidos interessados no grande jogo, porém se mostram risíveis para os que o entendem de verdade…

Por alguns anos neste blog, venho repetidamente tentando divulgar e esclarecer fatos vividos praticamente dentro das quadras e os aspectos teóricos e históricos que referendam tanta e solitária teimosia sobre essa transponível barreira, a consecução da coletiva fluidez ofensiva de uma bem treinada e orientada equipe, em direção a um jogo onde o improviso se impõe, exatamente pelo fato de ser o sistema admitido e duramente treinado, a amálgama que une todos os componentes de uma equipe, pelo estrito conhecimento que cada integrante tem de si próprio e de seus companheiros sobre suas capacidades individuais e coletivas no domínio dos fundamentos, capacitação esta exigida para a exequibilização do (e de qualquer) sistema de jogo escolhido, treinado e aplicado por todos, determinando enfaticamente sua natural fluidez, atingindo seu ápice exatamente pelas improvisações que emanam do seu perfeito entendimento por todos, através setorizadas etapas, sem atropelos, numa conjunção coletiva que prancheta nenhuma se fará necessária, sequer existente, frente ao inquestionável poder do treino, onde as dúvidas são dirimidas e aceitas por todos, ao encontro do campo de jogo, onde as verdades verdadeiras acontecem, vencendo ou perdendo, sem acusações, desculpas ou subterfúgios… 

Muitos, a maioria bem sei, acharão ser tal comprometimento a um sistema proprietário uma quimera, bastando o que aí está pranchetado e refém da autofagia das bolinhas de três, das enterradas e dos tocos cinematográficos, emoldurados por dançarinas, shows e atrações chinfrins extra quadra, bem ao gosto dos fissurados pelo que fazem e promovem nossos ricos irmãos do norte, mas nunca esquecendo que, se jogam da forma brilhante com que alguns lá o fazem deve-se as enormes e inesgotáveis capacidades de improvisação de que são possuidores,  pelo competente domínio dos fundamentos do grande jogo, mesmo atuando no sistema único, que é o fator que não dominamos, e o pior, não nos esforçamos em ensinar da forma mais abrangente possível, nos contentando com as táticas canhestras, estas sim improvisadas,  em midiáticas pranchetas…

Voltando ao depoimento do Alex, lembro ser sua maior característica ofensiva, exatamente a individualizada improvisação nas velozes penetrações e nos insistentes arremessos de fora, o que torna um tanto incoerente sua colocação sobre a equipe que enfrentará na final de sábado, e lembro mais ainda um jogo que sua equipe campeã no NBB2, perdeu uma partida para a última colocada naquele longínquo campeonato, atuando com um sistema proprietário, onde o improviso era a marca de seus jogadores dentro da fluidez de seus movimentos, quando provou que o coletivismo era possível sim, mesmo dentro da rigidez granítica que imperava, e continua a imperar entre nós. Saudosismo meu? Não, fato, que o próprio Alex testemunhou

Amém.

Fotos – A prevalência das bolinhas. Reproduções da TV. Clique duplamente nas mesmas para ampliá-las.

Vídeo – Jogo completo entre o Saldanha da Gama e Brasilia no NBB2.



2 comentários

  1. walter Carvalho 17.06.2017

    Professor Paulo,

    Sinceramente nao entendo os numerous do jogo. E INACEITAVEL! 68 arremessos de 3? Total maior do que de 2 pontos? E um crime a matematica do jogo.

    Outra coisa, A media de arremessos tentados (65), mostra que as equipes estao, tambem, perdendo oportunidades de produzirem mais arremessos durante o jogo devido ao alta media de erros de fundamentos.

    Que basquetebol e esse? Nao entendo! E este o caminho e o espelho que os nossos poucos jogadores em formacao estao expostos?

    Acho que e hora de sacudir a toalha e comecar tudo de novo! A NBA esta prestando um desservico para a formacao de novos jogadores nos EUA e no mundo! ISto ja confirmado por varios tecnicos Universitarios e de HS.

    Ate breve.

    Walter Carvalho

  2. Basquete Brasil 17.06.2017

    Obrigado pelo comentário Walter, foi meu assunto no artigo que acabo de publica. Um abração. |Paulo.

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