TUBO DE ENSAIO…

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Recebi um convite vip da CBB, através seu diretor administrativo Carlos Fontenelle, e lá fui para a arena da Barra assistir o segundo jogo da seleção nesta qualificação ao mundial contra a Venezuela. Naquela vastidão olímpica foi difícil encontrar o estacionamento, ainda mais embaixo de chuva, mas encontrei. Acessei a arena e me vi no recinto vip, coalhado de figuras conhecidas de longa data, e outros bem mais jovens que não poderia reconhecer, e daí para diante foi um festival de  boas e esplêndidas reminiscências, e umas tristes daqueles que já se foram, além de muitas histórias e causos sempre presentes em ocasiões como esta, que eram frequentes no passado, e tão raras no presente…

Dialoguei com algumas gerações que vi jogar, que treinei, e que admirei ali estarem com o eterno sorriso de felicidade de pertencerem a uma confraria respeitosa e saudosa de tempos que marcaram sua educação desportiva e cidadã, e da amizade sincera mesmo pertencendo a equipes rivais. Foi uma excelente decisão da CBB reunir a todos, e somente espero que a repitam daqui para diante, pois o soerguimento do grande jogo dependerá, em muito, da união de todas as gerações que povoaram as quadras do país com sua técnica, alegria e comprometimento com a sua grande causa…

Então, fomos para a quadra, com um bom público para uma segunda feira chuvosa nos confins da Barra, para um jogo, que de antemão se apresentava bastante fraco, face aos sérios desfalques da seleção venezuelana, por motivos noticiados pela imprensa, de caráter político, fruto da enorme crise por que passam. De nossa parte, também desfalcada dos jogadores da NBA e Euroliga, mais o pedido de dispensa do Marcos, deixando as equipes num mesmo patamar de equilíbrio de forças, mas não de técnica, prenunciando uma oportunidade de testagem dos mais novos e pouco experientes jogadores convocados pelo novo técnico. E foi exatamente o que ocorreu…

Como já tinha tentado na primeira partida com o Chile, manteve o croata a formação inicial em dupla armação, com o Yago e o Benite (desculpem os analistas, mas o Benite foi, é, e sempre será um armador, jamais um ala, e inclusive não tem estatura para sê-lo), escalando o Varejão, o Lucas Dias e o Alex como o trio do perímetro interno, numa configuração que envolveu os venezuelanos, anulando-os, inclusive, com uma defesa muito forte e antecipativa, e que evoluiu decisivamente com a entrada do Fulvio, e depois do Fisher, numa combinação variada de armadores que propiciaram aos homens altos, Varejão em particular, ações incisivas e determinantes próximas a cesta, como deve se comportar uma equipe que deseja valorizar cada ataque em pontos, sejam de 2 ou 1 de cada vez, e não desperdiçar energias em ataques equivocados, com arremessos despropositados de 3 (foram 8/22), que é um vício nosso a ser extirpado e colocado em seu devido lugar, ou seja, como uma arma a ser utilizada naqueles momentos em que o perfeito equilíbrio e liberdade do especialista sejam alcançados, e não ser estabelecido como padrão de jogo, como foi utilizado pela Venezuela, com péssimo e esperado resultado…

E é nesse ponto em particular, que soa constrangedor o fato do Hettsheimeir toda vez que entra numa partida vindo do banco, execute em sua primeira ação um arremesso de três, errando sucessivamente, quando o técnico estreante, porém largamente experiente, lança-o em conjunto com o outro pivô, Lucas Mariano, para serem servidos pela dupla armação, numa tentativa corajosa para aumentar a velocidade e o tráfego dos gigantes próximos a cesta, numa antevisão do que pretende desenvolver na seleção pela busca do coletivismo tão ansiado por todos, e que encontrou no Varejão, no Alex e no Lucas Dias a resposta inicial ao seu repto. No transcorrer da partida realizou o croata muitas trocas e combinações, utilizando até uma tripla armação, mas foi num momento do terceiro quarto quando reavivou a armação única, com o Yago e a dupla pesadona Lucas Mariano e Hettsheimeir, que por poucos minutos a seleção se viu praticando o sistema de jogo que em hipótese alguma podemos mais permitir que aconteça, e que foi ironicamente o momento em que o jovem armador arremessou suas duas bolas efetivas de três, como única opção frente a ausência de mobilidade de seus companheiros no âmago da defesa venezuelana…

Ficou bem claro que um armador de 18 anos, muito baixo, porém veloz e temerário, que ainda se perde em firulas desnecessárias, ainda terá que evoluir e praticar muita  leitura de jogo, até o momento em que estará apto para liderar uma seleção nacional, pois em caso contrário poderá ser bastante prejudicado pela precoce antecipação a certas e obrigatórias etapas que terá de percorrer e jamais saltar, para adquirir e sedimentar as técnicas e o raciocínio lógico necessários a função, assim como os alas incensados por uma mídia carente e ansiosa por estrelas, o Meindl e o Lucas Dias, necessitarão de um vasto preparo nos fundamentos do drible ambidestro, nas fintas com e sem bola, passes e arremessos velozes, curtos e médios, para se situarem como efetivos e indispensáveis valores a serviço do grande jogo, e não restritos a esporádicas penetrações unilaterais, e arremessos de fora imprecisos e muitas vezes desnecessários. Fundamentos e mais fundamentos, é a receita que o técnico croata deveria implantar seriamente, ainda mais sendo ele advindo de um país líder no desenvolvimento e ensino dos mesmos, para aí sim, com a turma afiada em seus instrumentos básicos de trabalho, o corpo e a bola, partir para sistemas ousados e corajosos de jogo, como tem ensaiado, com a dupla armação e a turma gigante, ágil, rápida e flexível, trafegando no perímetro interno, e disposta pelo preparo e vontade combativa, desenvolver o básico e inicial sistema, o defensivo, que é o responsável direto pelo sucesso do outro, o ofensivo…

Enfim, é o que desejaria que fosse desenvolvido pelo croata, pois é o que faria se lá estivesse, com a mais absoluta certeza, pois é o que precisamos implantar, para servir de exemplo aos jovens que se iniciam, numa formação de base estratégica a espera de uma radical mudança para melhor. Creio que é chegada a hora…

Amém.

Foto – Divulgação CBB. Clique duplamente na mesma para ampliá-la. 

BRAND, BRAND NEW!!!…

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Foi um jogo com resultado mais do que previsível, dada a fraqueza do basquetebol chileno, principalmente quanto a estatura, desproporcional a da equipe brasileira, que se saída dominaria os rebotes, o que realmente aconteceu. Com uma defesa permanentemente na linha da bola, por sobre um sistema de jogo correlato ao que praticamos, formatado e padronizado desde sempre, bastou anteciparem-se às manjadas jogadas para forçarem os andinos aos arremessos de três, em que são para lá de medíocres, originando uma torrente de contra ataques de extrema facilidade. No entanto, quando os chilenos conseguiam chegar mais próximos à cesta, pudemos atestar que ainda nos falta muito de técnica e posicionamento defensivo, principalmente nas coberturas, demonstrando o enorme trabalho que o técnico croata terá pela frente para afinar sua defesa no âmago do perímetro interno, e mais trabalho ainda para forçar o grupo às contestações no externo, pois ficou bem claro que as inúmeras oportunidades de arremessos longos dos chilenos protagonizariam um outro desfecho fosse o adversário uma equipe com bons especialistas da longa distância, dos muitos que encontraremos daqui para diante…

Daqui a pouco, na arena da Barra, duelamos com os venezuelanos, equipe bem mais capacitada que a chilena, quando poderemos atestar a quantas estamos defensivamente, pois lá na frente insistiremos no sistema único, até que o novo técnico encontre tempo hábil para um treinamento mais específico dentro de suas convicções técnico táticas, vagamente esboçadas com a utilização positiva da dupla armação (Yago, Fisher e Benite se revezaram nas funções), e que hoje a noite poderá contar com mais tempo em quadra do Fulvio, formando duplas permanentemente ativas na armação da trinca de alas pivôs, poderosos dentro do perímetro, pois a partir do momento em que o Lucas e Hettsheimeir perderem uns quilinhos a mais, e o Varejão recobrar um pouco mais de sua mobilidade, atuando em constante movimentação com os alas Alex, Lucas Dias e Mendl, estará a seleção muito próxima do que melhor se faz em algumas seleções mundiais, a americana e a espanhola, como exemplos, até o dia em que entenderemos que a dependência pelos jogadores da NBA e da Euroliga, em muito poderá ser minorada com a adoção de um sistema de jogo realmente fluido e veloz, com o mencionado equilíbrio entre jogo externo e interno que o novo técnico expôs em suas recentes entrevistas, e pela aferição que externou sobre a fraqueza defensiva de nossos jogadores, frutos da enorme permissividade na arte de defender seu território, marca registrada do basquetebol de onde é originário…

Como vemos, o nosso bilíngue croata é fã de carteirinha da dupla armação e de uma trinca de homens altos, ágeis e vigorosos trafegando sôfregos e ariscos pela cozinha de seus adversários, levando lá para dentro um problemão para resolverem, e não esse pastiche de jogo de passes periféricos e chutação desenfreada que praticamos sob a égide e bênçãos de estrategistas que agora, no umbral de um possível sucesso croata, rapidamente adotarão o sistema brand new, pois novidades como essa nunca aparecem, ou são reconhecidas por aqui…

Mas pera lá! Como não são conhecidas por aqui, como? Por acaso não o introduzi em nosso país no NBB2 dirigindo o Saldanha da Gama por 11 jogos no returno daquela competição, vencendo equipes poderosas, mesmo estando em último lugar na tabela? Já contei essa história em dezenas de artigos aqui nesse humilde blog, não esquecendo o fato inconteste de que vinha desenvolvendo e aplicando essa sistema a mais de 40 anos, por todas as equipes que dirigí, seleções estaduais inclusive, sempre divulgando e discutindo uma forma diferenciada de jogar o grande jogo, desde que o Basquete Brasil iniciou sua jornada em setembro de 2004. Porém, o que ninguém explica o porque de não mais ter tido oportunidade em qualquer equipe brasileira, mesmo tendo sido apontado como o melhor técnico daquela competição pela maioria dos blogs de basquetebol, numa marginalização injusta e indesculpável, criminosa até…

A mídia explode agora veiculando a grande novidade, e inclusive O Globo abre o espaço que divulga a NBA (honestamente, o que ela representa para o nosso basquetebol, o que?) para matérias como esta que reproduzo, onde “descobrem” encantados algo que fizemos e dominamos a décadas, porém sem o apoio, a divulgação e o reconhecimento da irmandade corporativa que se apossou do grande jogo no país, tornando-o cada vez menor, até quase o extinguir, mas que agora, graças a um inteligente e astuto croata, nos redimirá com seu sistema de dupla armação e três homens altos, velozes, ágeis e ariscos, praticando o basquetebol total, sem especialistas em posições e sim especialistas no jogo, exigindo para tal uma completa revolução na arte, por nós esquecida, do competente e exigente ensino dos fundamentos, detalhes abominados por estrategistas mais preocupados em jogadas de passo marcado, e não fruto das técnicas individuais e coletivas, da criatividade e da sublime arte da improvisação…

Ele não usa a prancheta, e segundo um embevecido comentarista, se relaciona olho no olho (alguém já discutiu isso até a exaustão…), mostrando falhas e brechas a serem exploradas, incentivando e apoiando seus jogadores, não dando chiliques ao lado da quadra, nem pressionando teatral e  agressivamente a arbitragem, ele simplesmente cuida de seus jogadores, dentro e fora da quadra, e por isso tudo prevejo que poderá fazer um bom trabalho por aqui, pois traz algo de Brand New a esse pago tupiniquim, algo que não conhecemos, ou…

Será que não conhecemos, mesmo? Meus deuses, como são hipócritas e omissos, propositalmente omissos todos os componentes desse corporativismo mafioso que odeia o grande jogo, pois incapazes de reconhecerem minimamente sua grandeza, sua complexidade de grande, grandíssimo jogo, e que não é para qualquer um, pranchetado, ou não…

Amém.

Foto – Reprodução do O Globo de 26/11/17. Clique duplamente na mesma para ampliá-la.

O ÚNICO CAMINHO…

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Tem sido um novembro de muito trabalho em casa, na tentativa de colocá-la em ordem até o natal, depois dos muitos contratempos por que passei após o incêndio de março, mas aos poucos estou conseguindo dar conta da tarefa, além das demais que teimo desenvolver, como esse humilde blog, um tanto defasado, não só pelo curto espaço de tempo que disponho, mas, e principalmente, pela aversão que tenho desenvolvido pela mesmice endêmica que vem estrangulando inexoravelmente o grande jogo, pelo menos aquele que conheci, pratiquei, estudei, pesquisei e venho ensinando por cinco décadas…

Sem dúvida alguma paramos no tempo, em sua principal e determinante face, a da técnica de jogo, hoje mascarada por “avanços” midiáticos “like NBA”, com números circenses, bailarinas, pegadinhas, e outras mais tupiniquins, como narradores tonitruantes, ufanistas, festivos, futebolísticos, assessorados por comentaristas e entrevistadores que pouco informam sobre as técnicas do jogo, igualmente festivos, que se esmeram em recados de fans e números de ouvintes, e estrategistas sobraçando pranchetas solidamente compromissados com o sistema único de jogo, certamente o único que conhecem, num nicho onde os muito poucos que entendem do riscado se apagam frente a uma realidade marqueteira, mil anos luz afastados da essência do grande jogo, basicamente aquela que tanta falta nos faz neste decisivo momento, o de seu soerguimento, depois da formidável queda que o lançou num limbo atroz nos cenários caseiro e internacional…

Então, como perder precioso tempo assistindo o mesmo do mesmo ano após ano, onde a média de erros de fundamentos se mantêm no absurdo número de 27,2 por jogo na liga maior, e já nem mais falo da hemorragia crônica dos três pontos, com todas as franquias jogando da mesma forma, e que somente agora, dez anos depois de fundada, suas defesas começam a se antecipar às manjadas jogadas, principalmente por parte de alguns americanos mais escolados, propiciando algumas vitórias pontuais, porém muito aquém do desejável impacto modificador do padronizado e formatado modelo que aí está, medíocre, primário, escancarado a todos…

Ainda mais, analisando as estatísticas da LDB, com a média de 35 erros por jogo, com algumas partidas atingindo os inacreditáveis mais de 50 erros de fundamentos, absurdo dos absurdos. E querem soerguer o basquetebol dessa forma? Vão lá nas estatísticas e aufiram tais números, estarrecedores e comprometedores…

Treinam-se (?) táticas, sistemas, padrões e comportamentos, a jogadores que acima dos 17 anos simplesmente não sabem jogar basquetebol com pleno conhecimento e domínio de seus fundamentos básicos, todos se considerando especialistas nas bolinhas de três, e vem tais estrategistas posarem de doutores e conhecedores do grande jogo? Simancol B12 é pouco para essa turma graduada em cursos de 4 dias pela falida ENTB, e osmoticamente grudados em um ou outro luminar da modalidade, como se fosse possível incorporar seus incontáveis anos de conhecimento e trabalho duro em 2 ou 3 anos, e que desfila imponente como se a salvaguarda do grande jogo lhe pertencesse, todos calados e subservientes à sombra de um croata salvador…

Logo mais destinarei um tempinho para acompanhar a seleção em sua estréia nas qualificatórias ao Mundial de 2019 na China, jogando contra o Chile em terras andinas, sabendo de antemão como jogará, claro, dentro do sistema único, mais seguro quando tiveram somente uma semana de treinos, com talvez uma disposição defensiva mais enérgica, fator natural a todo namoro inicial entre comandante e comandados no primeiro encontro de uma competição desse nível, porém menos impactante graças a fragilidade conhecida do basquetebol masculino chileno. Talvez na segunda feira, quando enfrentaremos a Venezuela aqui no Rio, tenhamos um verdadeiro retrato do que nos espera daqui para diante, quando o técnico croata terá a oportunidade de aferir a nossa realidade, e do quanto terá de trabalhar para minorar nossas deficiências mais urgentes, sabedor que é da nossa deficiente formação de base, antítese da formação desenvolvida historicamente em seu país, que nos tinha num passado não tão distante assim, como rivais diretos, fruto da bela formação que ostentávamos e perdemos criminosamente nos últimos 30 anos…

Infelizmente temos de reconhecer que não será com penduricalhos midiáticos, ufanismos desenfreados, endeusamentos precoces, cópia deslavada e colonizada de uma matriz que somente nos quer como consumidores de seu bilionário produto, econômico, cultural e mercadologicamente interesseiro, que emergiremos do atoleiro em que nos encontramos, e sim, atuando fortemente na base colegial e clubística, nas pequenas e grandes ligas municipais, estaduais e nacionais, na criação e desenvolvimento de associações estaduais de técnicos, formando melhores professores e técnicos através substanciais incrementos e correções curriculares nas escolas de educação física, hoje mais voltadas a área da saúde, balizando e sedimentando o culto ao corpo, numa indústria bilionária capitaneada por holdings de academias para onde são direcionados seus formandos, vigiados e controlados por cref´s abusivos e equivocados, para os quais uma política nacional de educação física e desportos centrada nas escolas se torna altamente indesejada, por interferir no mercado milionário de jovens que jamais migrariam para suas hostes se pudessem usufruir de seu direito constitucional a uma educação de qualidade nas escolas e nos hoje quase dizimados clubes de bairros e comunidades…

Se o grande jogo quiser honesta e sinceramente sair de tão humilhante posição, precisa investir seriamente em qualidade, qualidade mesmo, e não escambo político, protecionismo interesseiro, para investir no conhecimento, no estudo e pesquisa de alto nível, no mérito enfim, abandonando de vez o imediatismo e as “ações entre amigos”, cujos resultados mancharam o brilhante histórico do nosso basquetebol. É o único caminho a ser percorrido…

Amém.

Foto – Reprodução da TV. Clique duplamente na mesma para ampliá-la.

PEQUENOS E INSTIGANTES TÓPICOS…

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– Nosso técnico croata tem feito o que seu antecessor pouco fazia, ou seja, percorrer as quadras do país para observar de perto os valores que poderão defender a seleção nas próximas, muito próximas eliminatórias para o Campeonato Mundial, e que, tenho a mais absoluta certeza, o está deixando surpreso com o que está testemunhando, principalmente com a concepção de nossos estrategistas liberando geral uma artilharia boçal e irresponsável nos arremessos de três, todos sintonizados com a ausência defensiva fora do perímetro, responsável pela descomunal farra por parte de jogadores que se consideram especialistas neste crítico e especialíssimo arremesso (que a crítica midiática vem definindo hilariamente como um fundamento específico), transformando os jogos numa mera competição de tiro aos patos, errática, absurda e profundamente prejudicial ao grande jogo, principalmente ao servir de imagem e parâmetro aos jovens que se iniciam nesta complexa modalidade. Números assustadores o devem estar horrorizando, e temeroso frente ao enorme abacaxi que tem em mãos, que, talvez, o belo salário que aufere não compense o esforço descomunal de Prometeu que o espera, escalando um cume improvável de alcançar de acordo com a realidade que tem presenciado, como por exemplo os três últimos jogos do playoff paulista, onde foram arremessadas 102/183 bolas de dois, e 69/180 de três, sendo que na terceira partida de série foram cometidos 12/45 de três (18/27 de dois) pelo Paulistano, e 12/29 (16/26) respectivamente por Franca, numa desvairada orgia do que estão querendo implantar no país, como arremedo de um Warriors da matriz que idolatram beociamente. Com exemplos como estes, antevejo sérios problemas com um técnico que prioriza a defesa, o ritmo, os fundamentos, e por conseguinte o coletivismo, antítese do “chega e chuta” que tem presenciado, e mais claro ainda, as performances americanas em jogos onde são a maioria nas formações básicas, e o pior, sendo quase todos meia-boca, ocupando um precioso espaço aos jovens ansiosos por uma chance, mas importantes para estrategistas que lançam nas mãos deles as decisões, que omitem nos rachões disfarçados em treino, e os rabiscos desenfreados em suas midiáticas e enganosas pranchetas. Prevejo sérios problemas para o croata, mesmo hablando español…motta

– No entanto, a excelente conquista do sul americano sub 14 pela seleção masculina, tendo, inclusive, o MVP da competição, o Felipe Motta, filho e neto de ilustres basqueteiros, os Paulos Cesares Motta, dando seguimento a uma linhagem de brilhantes jogadores que foram, agora espelhados num jovem formado pela escola italiana, mas que optou defender o país de sua família, mesmo após se sagrar campeão italiano por uma equipe de Roma e ter seu nome cogitado para integrar a seleção daquele país, e na sua primeira participação internacional se sagra campeão e MVP da competição. A equipe brasileira, bem dirigida por uma técnica especializada na formação de base do EC Pinheiros, numa meritória indicação da CBB, merece todos os elogios, principalmente pelo fato de ser o primeiro degrau para o futuro de nossas seleções, e que as demais equipes de base sejam formadas e dirigidas por professores com o mesmo cabedal da técnica campeã, e não ungidos politica e compadrinhamente, como se tornou hábito nas administrações anteriores da CBB. Torço ardentemente que nas próximas seleções seja dado seguimento progressivo aos fundamentos do grande jogo, assim como sistemas ofensivos e defensivos diferenciados, a fim de dotar os jovens em sua ascensão etária, de um amplo cartel de conhecimentos técnico táticos, livrando-os das amarras asfixiantes de um sistema único, passando desta forma a servir de exemplo para a formação de base em escolas e clubes, onde a pluralidade de conhecimentos e leitura de jogo atinja o mais alto patamar para a prática de um basquetebol criativo, ousado e acima de tudo, vencedor…JP3_9199-1200x800

– Também aconteceu o lançamento do NBB 10, com o anúncio das conquistas que catapultarão o grande jogo às grandes conquistas, começando com o depoimento dos eternos cardeais, o Marcelo, o Guilherme e o Alex, figuras ícones e dominantes, repetindo o discurso de sempre, acompanhando o grande progresso feérico e de marketing da LNB, com bola personalizada, atrações antes, durante e após os jogos, com as transmissões televisivas abertas, fechadas e via internet, com sofisticadas estatísticas, anunciantes e patrocinadores de peso, com equipes recheadas de americanos e uns poucos latinos, dolarizados e independentes tecnicamente como sempre, mas com um grave, gravíssimo senão, eterno e constrangedor senão, a manutenção corporativa de estrategistas compromissados com o sistema único, maciço, pétreo, inamovível, mantenedor do status técnico tático que aí está,escancarado e falido, porém alinhado a realidade de jogadores que se revezam pelas equipes, ano após ano, e americanos que se sentem à vontade por encontrarem o sistema de jogo que convivem em sua terra, intacto, cristalino, e de automática adaptação. Novidades neste campo, sim, a adoção da dupla armação, dos pivôs leves e ágeis, do jogo mais livre, numa imitação canhestra de algumas equipes da NBA, como o Warriors, adaptando-os às movimentações sacramentadas pelo sistema único, com seus chifres, punhos, etc.,porém nada parecido a algo de realmente novo, diferenciado, como o exemplar Saldanha do NBB2, e aqui refaço o desafio feito em 2010, jamais aceito pela comunidade de estrategistas tupiniquins. Pena que não me foi dada a alforria pelo castigo de inovar e vencer alguns luminares naquela lapidar ocasião, o que foi um brutal erro, já que poderíamos ter antecipado em sete anos a definitiva fuga de um sistema absurdo e equivocado, que nos teria ajudado a trilhar novos e corajosos rumos, com algo nosso e proprietário, e não essa mal ajambrada, porém conveniente, cópia da matriz…P1150624

– Finalmente, o que falta ao Ministério Público, a Polícia Federal, a Receita Federal para expurgar de vez esse momento mafioso e seus conhecidos utentes, que se apossou do desporto nacional nos últimos 30 anos, o que falta meus deuses?…

Amém.

Fotos – Reproduções da internet e do site CBB. Clique duplamente nas mesmas para ampliá-las.