PORQUE HOJE É NATAL…

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Pois é minha gente, hoje é Natal, data do congraçamento, do perdão, da esperança, do amor fraterno, da fé no amanhã, do soerguimento…

Homem forjado no desporto, como praticante visando qualidade de vida, professor, técnico e hoje jornalista bissexto, blogueiro a 15 anos, ligado ao basquetebol desde sempre, teimoso e lutador, me sinto agradecido aos deuses por ainda me manter ativo aos 78 anos, absorto no estudo permanente do processo educativo, e dos meandros do grande jogo em particular…

E é exatamente sobre ele que gostaria de tecer alguns pontuais comentários, principalmente nos aspectos técnico táticos por que vem passando nos últimos anos, num momento em que a mente permanentemente aberta de um experiente profissional se debruça sobre a realidade da modalidade em nosso imenso, desigual e injusto país…

Ontem assisti pela TV o jogo Franca e Flamengo, no qual algumas novas ações encontraram eco ao analítico caudal de apelos e sugestões que venho estabelecendo regularmente através artigos aqui publicados desde 2010, logo após a curta temporada que participei na direção técnica do Saldanha da Gama no NBB2, onde introduzi algumas idéias de treinamento e sistemas de jogo, totalmente contraditórias ao sistema único utilizado por todas as franquias, como tentativa mais do que válida de provar a possibilidade prática de poder jogar o grande jogo de forma diferenciada, com resultados bastante positivos, abrindo um enorme portal para sistemas inovativos, ousados, onde a criatividade fosse desenvolvida e incentivada, desde a formação de base até as divisões adultas…

Propugnava  e aplicava na prática a dupla armação, garantidora da posse de bola sem os sobressaltos do pressionamento defensivo, da amplitude organizativa em torno de todo o perímetro externo, pela constante movimentação abrindo linhas seguras para passes internos, onde os três alas pivôs, rápidos, flexíveis e atléticos, também em constante, ininterrupto e aleatória  movimentação (talvez o aspecto mais impactante da proposta, pois partia da criatividade dos jogadores a consecução das jogadas, naquelas situações de jogo que estavam vivenciando, e não produtos de jogadas de antemão imaginadas e armadas em pranchetas, por parte dos estrategistas ao lado da quadra) , abrindo espaços para a recepção segura dos mesmos, sempre um passo à frente dos defensores, provocando espaços, que por menores que fossem, os tornavam factíveis ao drible, a finta e o arremesso, exatamente por estarem sempre um tempo adiante da defesa. Por outro lado, essa formação propiciava o estabelecimento da defesa linha da bola lateralizada, pela velocidade de seus componentes e a ausência de jogadores pesados e lentos, logo plenamente aptos ao jogo antecipativo e constante contestação…

E foi o que vi um pouco em Franca no jogo de ontem, porém ainda um tanto atado ao sistema único, com seus chifres e punhos  castradores, que são jogadas que povoam o imaginário de jogadores utentes das mesmas desde a formação de base, com sinais pré existentes, posições estratificadas, e comportamentos mais voltados ao 1 x 1 do que ao coletivo tão ansiosamente desejado e buscado por todos, mas que infelizmente não o alcançam por não dominarem os fatores pedagógicos necessários às didáticas exigidas para sua aprendizagem efetiva e sustentável…

Foi um jogo com menos de 20 arremessos de três para cada equipe (8/19 e 7/19), e que no entanto alcançou a casa dos 100 pontos, demonstrando que de 2 em 2 e 1 em 1 podem as equipes pontuarem efetivamente, sem a trágica hemorragia dos insanos chutes de fora, e o mais instigante de tudo, sem contar com a presença de americanos individualistas, porém contando com talentosos jovens nacionais que merecem um sistema proprietário de jogo, e não serem encordoados como marionetes descerebrados de fora da quadra. Ensiná-los, treiná-los e orientá-los olho no olho, e não através midiáticas e cretinas pranchetas, é a chave para a reforma de que tanto necessitamos, para sairmos do terrível limbo em que nos encontramos. Seria um belo presente de natal se tudo o que ví se transformasse em realidade, após sete anos em que dei partida a essa até agora inglória luta para poder voltar a dirigir equipes da LNB, quando poderia  ter abreviado essa tão ansiada evolução em pelo menos cinco anos, após o que foi demonstrado no Saldanha no NBB2 (e nas equipes de base por mais de quarenta anos) ter sido tão revelador e importante, e que somente agora está sendo valorizado, não pelo Saldanha em si, e muito menos por mim (que santo de casa faz milagres?), mas pelo colonizador Warriors e já algumas equipes da NBA, aceitando o repto inovador do Coach K quando na direção das últimas e campeãs equipes americanas em olimpíadas e mundiais…

Em contraponto a tudo isto, aconteceu um jogo entre Vasco e Paulistano, vencido pelos paulistas por 77 x 71,quando foram perpetrados 20/63 arremessos de três e 31/59 de dois (15/29 de 2 e 10/32 de 3 para os paulistas e 16/30 e 10/31 respectivamente para os cariocas), com 24 erros de fundamentos (13/11), numa demonstração tácita de que convergências de tentativas de arremessos se firmam a cada dia entre as equipes,principalmente aquelas que são dirigidas por estrategistas que permitem, e até incentivam essa forma de jogar, e que são os verdadeiros responsáveis pela autofágica realidade em que vive o nosso indigitado grande jogo, pequeno, minúsculo para todos eles, precursores e mantenedores da tragédia que administram…

Torço para que o exemplo de Franca frutifique, que seu técnico evolua com firmeza, que sua tradição seja mantida, e que uma ou outra franquia siga seus passos, o que duvido bastante, a não ser que apareça uma que siga o exemplo do hoje extinto Saldanha, aquele do NBB2, brilhante, humilde e inovador…

Desejo a todos que me leem neste humilde blog, um Feliz Natal e um 2018 pleno de sucessos, muita saúde e amor ao grande, grandíssimo jogo…

Amém.

Foto – Arquivo. Clique duplamente na mesma para ampliá-la.



2 comentários

  1. PEDRO RODRIGUES DE SOUZA 03.01.2018

    LEGADO QUAL HISTÓRIA VOCÊ ESTÁ CONSTRUINDO EM SUA VIDA?
    Pensar em seu legado é olhar para seu caminho e observar se realmente esta é a melhor estrada…
    Sempre falo em minhas palestras de uma faceta existente no nível da Pirâmide do Processo Evolutivo: o LEGADO.
    Ao contrário do que muitos pensam, não estou me referindo a heranças ou bem materiais, mas as memórias, sentimentos, inspirações e exemplos que você vai deixar para o mundo e para as pessoas quando não estiver mais aqui.
    Grandes homens e mulheres, ao longo da história, construíram seus legados.
    Alguns de forma consciente, outros sem compreender, ao certo, como suas ideias e atitudes, mesmo depois de sua partida, ainda impactariam tantas gerações ao longo dos anos, ao longo do tempo.
    Isso acontece porque, como eu sempre falo – o legado é algo verdadeiramente atemporal.
    Portanto, seja bom ou ruim, o certo é que quando ele é forte sempre causa muitos impactos em nossa vida.
    Todos nós temos os nossos “heróis e vilões”, aquelas pessoas que nos inspiram e também que nos causam temor ou mesmo revolta e mágoa.
    Quando, por exemplo, tivemos uma infância maravilhosa e fomos muitos amados, reconhecidos e respeitados por nossos pais e avós, naturalmente este é um legado que desejamos retransmitir aos nossos filhos.
    Por outro lado, quando vivemos ou conhecemos histórias que afrontam nossas crenças e valores, nos trazem lembranças ruins ou violam os nossos sentimentos, nosso maior desejo é de que aquela herança negativa não se perpetue mais.

    HÁ LEGADOS E LEGADOS!

    Vejamos o exemplo de Adolf Hitler, o cruel líder nazista, a marca que ele deixou para o mundo foi de terror, ódio, massacre e intolerância.
    Hoje, mesmo depois de sua morte, a cada vez que nos deparamos com as histórias e imagens do seu holocausto, o que desejamos é que nunca mais algo tão aterrador, brutal e tétrico se repita.
    Este, entretanto, foi seu legado e, por pior que seja, acredite – ainda hoje existem pessoas que veneram sua figura.
    Por outro lado, ao ouvirmos a história da Madre Tereza de Calcutá e da corrente do bem que ela criou, em meio a muita dificuldade e pobreza, para ajudar e cuidar daqueles que não tinham nenhuma assistência médica, escolar, alimentar e humana, na Índia; nós reconhecemos que seu legado, até hoje, é uma inspiração para sermos mais fraternos, caridosos, e amorosos com o nosso próximo.
    Sua bondade e generosidade foram irradiadas para todo o mundo por meio das suas irmandades, formadas por pessoas que doam seus cuidados, atenção, respeito e dinheiro para ajudar a tratar e cuidar daqueles que tem menos.
    Com estes exemplos, quis mostrar as duas faces do legado, aquele que inspira e aquele que horroriza.
    Fiz isso para que você entenda como tudo aquilo que fazemos hoje, aqui e agora, traz reflexos às próximas gerações e realmente se transforma em nossa marca no mundo.
    SEU LEGADO. SUA HISTÓRIA!
    Qual legado você está deixando para seus filhos? Pense!
    Muitos acham que um grande legado só se faz por meio de grandes feitos, riqueza, heroísmo e fama, porém este é também só mais um engano que devemos desmistificar.
    Saiba que mesmo que você viva num local inóspito, com poucos moradores e sem muitas condições de vida, se é uma pessoa do bem, que sempre contribui positivamente com a sua comunidade, que faz boas ações, é alegre e solícito, você sempre será admirado, respeitado e lembrado por aqueles que testemunharam sua vida.
    Se mesmo passando com muitas dificuldades, provações e desafios ao longo de toda sua história, você sempre se manteve firmemente honesto e resiliente, este é o seu exemplo, o seu legado.
    Do mesmo modo, se em sua carreira você sempre foi um profissional dedicado e comprometido em melhorar a vida das pessoas por meio do seu trabalho, aquilo que construiu será o seu legado.
    Se por outro lado, você sempre foi alguém com uma personalidade forte, para a família, amigos ou sociedade, difícil de lidar, este será o seu legado e uma memória negativa que todos farão questão de apagar.
    Pense então, sobre o legado que você está construindo!
    Qual legado você está vivendo agora?
    Qual é a sua realidade e os seus comportamentos e pensamentos atuais?
    O que você tem feito de positivo e negativo?
    Onde pode e precisa melhorar?
    Qual lembrança você quer ser?
    Quais memórias de você quer deixar?
    Saiba que todos estes questionamentos não tem nada a ver com morte, mas como a vida que você está levando hoje, aqui em seu tempo presente.
    Quando falo deste futuro hipotético, estou te convidando a repensar suas atitudes, a rever suas crenças e valores e a ressignificar os fatos que impedem você de ser alguém infinitamente melhor.
    PENSE NISSO E CONSTRUA UM LEGADO QUE VALE A PENA SER VIVIDO, TESTEMUNHADO E LEMBRADO!

  2. Basquete Brasil 04.01.2018

    Prezado amigo Pedro, li e reli seu comentário, para ao final me convencer definitivamente que legados já possuo, não muitos, mas preciosos e acima de tudo convincentes. Meus filhos, independentes e corajosos, trabalhadores e competentes, educados pelo exemplo no dia a dia, semana a semana, meses a meses, anos, décadas, e ai estão gerando seus próprios legados, que em muito superam os meus, dos quais foram testemunhas. Meus alunos, que revejo poucos, afinal educação é investimento a longuíssimo prazo, mas sabendo o quanto de dedicação, e mais uma vez, exemplos, destinei a todos eles com toda a força do pouco que sei, reconhecendo que mais aprendi do que ensinei desde sempre. Meus jogadores, dos mais jovens aos mais veteranos, que me honraram com sua atenção, respeito, consideração pela liderança competente e responsável exercida por longos e longos anos. Meus pares, no magistério e na técnica, pelo respeito e raras demonstrações de reconhecimento, infelizmente uma dura realidade que nos cerca. Meus (poucos) amigos, sinceros na crítica, contidos no elogio, que me fizeram pensar e conceituar princípios e comportamentos vida a fora, fortalecendo meu mais importante legado, o de me negar a aceitar a falsidade, a fraude, a injúria, a covardia, a pusilanimidade, a traição, fatores estes que reforçaram ao extremo o exercício do legado maior, o de fervorosamente bradar minha indignação perante o erro, a omissão, o crime, cometidos contra gerações perdidas de jovens neste imenso e injusto país, que com a ajuda dos deuses, continuarei a exercer até o fim de minha caminhada, penosa, sacrificada, porém laboriosamente vivida. Sim amigo Pedro, tenho um legado, que me parece, dos bons…
    Abração e obrigado. Paulo.
    Em tempo – O livro que sai este ano com certeza, não se constituirá num legado, e sim um testemunho…do mesmo, assim como o seu. PM.

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