A NOVA ERA…

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Estou em visita a Dublin, onde vive meu filho caçula que aqui está a  oito anos, e somente hoje tive acesso a internet, que percorri avidamente em busca de notícias sobre o basquetebol brasileiro, sabendo de antemão que as novidades seriam próximas do zero, e nao deu outra, pois o Paulistano bateu o Bauru na quinta partida, classificando-se para o playoff final com o Mogi, mas sem antes tornar a repetir a já tradicional convergência (12/35 nos arremessos de 3 e 14/30 nos de 2, contra 10/26 e 14/31 respectivamente por seu adversário), agora transformada pela mídia a tal ponto especializada, que  promove enfaticamente tal distorção como uma nova e grandiosa filosofia de jogo,que fatalmente será seguida mundo afora, com algum retardo europeu…

Será?  Claro que não, pois as contrapartidas motivadas pela contestação cada vez mais presente nas defesas fora do perímetro, principalmente na NBA, tem exigido prestações altamente precisas daqueles jogadores realmente especializados, que em absoluto é o caso da maioria de nossos jogadores, que se consideram conhecedores e praticantes desta seletiva e exclusiva elite dos realmente mestres, o que absolutamente não o são…

Uma partida com 28/61 nos 2 pontos e 22/61 nos 3, se torna inverossímil sob qualquer análise básica do jogo, quando o desperdício de 39 bolas longas, sabidamente imprecisas em qualquer estudo sério sobre direcionalidade e precisão em longas distâncias (existe uma pesquisa doutoral sobre este assunto – Iracema P.M. (1990)  “Estudo sobre um efetivo controle da  direcao do lancamento com uma das maos no basquetebol”- Tese de Doutorado, FMH/ Universidade Tecnica de Lisboa, Portugal), onde desvios de 0,5 graus na soltura e toque final na bola, tiram-na obrigatoriamente da amplitude do aro (os famosos “air balls”). Mas o que importa estudos e pesquisas sobre precisão e direcionalidade num basquetebol da mais alta qualidade como o nosso, onde “o jogo de risco” suplanta qualquer “princípio acadêmico”, e onde o “chutômetro e a chutação autofágica”, dita as regras da nova era filosófica do grande jogo tupiniquim e até internacional?…

Então caros e raros leitores, aguardemos os novos tempos do basquetebol  revolucionário e visionário pátrio, onde a atual e pageada filosofia do “chega e chuta” deixará de ser sazonal para se transformar numa endêmica e definitiva regra a ser, finalmente, sacramentada na formação de base ate a elite, num mergulho suicida de previsível conclusão, claro, para todos aqueles (muito poucos) que sabem muito bem para onde estara sendo levado o grande jogo no pais, sem que muita coisa possa ser feita para estancar a sangria final que se avizinha, e os resultados internacionais os exporão, como na recém finda Liga das Américas, onde os atuais finalistas foram varridos para baixo do tapete por equipes formadas e reunidas por algumas equipes hermanas que ja iniciam a contra reforma defensiva, ou não?…

Defesas cada vez mais eficientes nos “espaçamentos de quadra” que alguns apregoam como indefensáveis (vão entender do grande jogo assim nos quintos…), estarão operativas muito em breve pois, sucedendo uma “filosofia” ofensiva de jogo, uma outra defensiva ocorrerá, numa troca sucessiva e  clássica característica, que dota os desportos coletivos em sua apaixonante saga, a de nunca ver estabelecidas soluções sistêmicas definitivas, e sim como preâmbulos de fases evolutivas ad infinitum, sem as quais todo e qualquer princípio coletivista jamais sobreviveria, e um marcante exemplo desta evidência e a lamentável tendência de alguns “iluminados” em transformar um jogo grupal em individual, elevando aos píncaros os “duplos e triplos duplos ”, glorificando e endeusando a egolatria narcisista de uns pretensos ungidos, em função de uma coletividade, até mesmo nas constantes derrotas…

Enfim, teremos, por mais e incessante repetição, de enfrentar um ciclo olímpico da mesmice técnico tática que nos tem esmagado por mais de duas décadas, agora acrescida de uma “revolucionária filosofia”, produto direto do inteligente oportunismo na exploração de um hiato corporativista, no qual ninguém marca ninguém, e o último a acertar uma bolinha, vence o jogo e apaga a luz, em emocionantes e espetaculares partidas, numa triste confirmação do que aí está, e ficará por um longo tempo…

Que os pacientes deuses nos protejam…

Amem,

Foto – Arquivo pessoal. Clique duplamente na mesma para amplia-la.

 



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