O “CHIP”…

Terminada a semifinal da Liga Sul Americana, a pequena equipe do Instituto Cordoba (a grande é o Atenas), vem ao Rio e de uma tacada só encaçapa três das melhores equipes do NBB, com sobras e um basquetebol solidário e fluido, mesmo exagerando na artilharia de três, com uma atenuante, acionada por dois grandes especialistas na difícil arte dos longos arremessos, frente a caóticas defesas fora do perímetro, e dentro também, com um jogo interior potente e muito bem coordenado entre seus armadores e alas pivôs, permanentemente em movimento, todos, e mais, defendendo na linha da bola, marcando os pivôs pela frente, e blindando com maestria o posicionamento nos rebotes…

Flamengo, Bauru e Minas não encontraram em nenhum momento antídotos para frear os hermanos, que como estamos cansados de saber, dominam os fundamentos básicos do jogo em escala muito maior que os nossos esforçados jogadores, provando mais uma vez que, mesmo se utilizando, como nós, do sistema único de jogo, nos supera em cada posição codificada (as tais de 1 a 5) por força de sua técnica individual mais apurada, principalmente no drible, nos passes, nas desmarcações, no posicionamento defensivo, e nos arremessos curtos, médios e de longa distâncias, fruto de uma competente e paciente formação de base…

Em nenhum momento os contestamos com eficiência fora do perímetro, na recuperação frente a uma finta incisiva, na marcação e anulação de corta luzes e bloqueios, fatores estes e todos aqueles mencionados acima, que constituem todo um corolário de conhecimentos técnicos individuais, coletivos também, dos básicos fundamentos do grande jogo, sem os quais perfeitamente ensinados, aprendidos, treinados ao máximo e inteligentemente integrados a sistemas de jogo com seletividade permanentemente aberta, adaptando-os às melhores características de cada jogador, não funcionarão, ainda mais quando encordoando-os como marionetes presos a movimentos desconexos e grotescos advindos de rabiscos mais desconexos ainda de pranchetas absolutamente ridículas. Fez muito bem a LNB proibindo microfones nos pedidos de tempo( o que não ocorreu na LSB), poupando a todos aqueles que amam e entendem o grande jogo, de testemunhar absurdos, inclusive e  pretensamente bilíngues, proferidos por estrategistas, alguns dos quais nem bem sabem por que ali estão posando de técnicos da elite, a não ser por um poderoso, interesseiro e corporativista QI…

Não por acaso um leitor deste humilde blog,  postou o seguinte comentário no artigo anterior :

JoãoYesterday·

Treinador…só não vê quem não quer mesmo…ainda por cima o Instituto vem no rio e faz barba e cabelo em alguns dos nossos principais times…e ninguém falou nada a respeito desse baita fiasco….abraço coach.

 

E tem toda a razão o prezado João, o mutismo foi quase geral, demonstrando o quão inexplicáveis foram para todos os resultados numa arena montada para a consagração tupiniquim (afinal seria uma decisão entre equipes brasileiras), e que nas duas rodadas finais se apresentou deserta de torcedores, que mesmo na estréia sequer preencheu um dos lances de cadeiras do anel inferior da monumental arena, assim como a grande maioria dos jogos do NBB. E não me venham falar das “nações de camisa”, dos “clássicos dos milhões”, da pujança do renascido basquetebol, das estrelas retornadas e dos americanos em pencas abrilhantando uma das mais “importantes ligas do mundo”, toda essa parafernália exaltada aos berros e bordões ufanistas e desconjuntados da realidade em volta, enaltecida por comentaristas que em sua maioria (as exceções, muito poucas não contam) vêem e comentam jogos opostos ao que vemos ao vivo e a cores, alguns apresentados a modalidade um ou dois anos atrás, porém desenvolvendo raciocínios e opiniões que raiam ao grotesco, o que é profundamente lamentável, já que influem negativamente junto a ouvintes sequiosos de aprender mais sobre o grande jogo…

E por conta desse absurdo cenário, chegamos aonde estamos, fora da realidade técnico tática do jogo, promovendo o “chega e chuta” desenfreado dos arremessos de três, a deificação das enterradas e dos tocos “monstros”, do individualismo exacerbado e irresponsável, da ausência defensiva a ser compensada “lá na frente”, afinal a “melhor defesa é o ataque”, relatos cínicamente comprovados com os discursos de meio meio tempo com jogadores afirmando o contrário, que é algo muito sério e que sequer pensam, ou têm condições técnicas de realizar, de estrategista afirmando ao entrevistador que utilizará um sistema exaustivamente treinado para surpreender o adversário, e mais adiante continuar na mesmice endêmica em que vive desde sempre, e de repente um aviso “bomba” de uma nova contratação que retirará uma equipe da situação de falência em que se encontra, ou seja, mais um…americano.

Então minha gente admiradora do grande jogo, não se sinta espantada quando o Petrovic anuncia que temos de trocar o “chip” para sobrevivermos no cenário internacional, o que o corrijo – Não prezado Petrovic, chip amplia ou reduz uma equação, aumenta ou diminui valores, quantidades, impulsos positivos ou negativos, pois o que temos de trocar, trocar não, por inexistência, e sim implantar um software, um programa muito bem pensado, discutido, pesquisado e elaborado com o que temos de melhor em cabeças pensantes, que existem, estão aí, mas fora desse coercitivo e inamovível contexto corporativista que se apossou do grande jogo, impedindo-o de prosperar, evoluir, até mesmo respirar, blindando um nicho onde a mesmice e a mediocridade imperam solenes, ambiente onde um chip nada representa, mas que balançaria ante a realidade de um programa, de um planejamento sério de verdade, exequibilizado por quem realmente entende e conhece o grande jogo, enfim de um baita software…

Agora a pouco, na metade do primeiro quarto do jogo entre Joinville e Brasília, troquei de canal e fui para o Arte 1, pois se tratava de uma partida dantesca em todos os sentidos, e só fui saber do resultado pela internet, quando constatei pelas estatísticas que ambas as equipes convergiram em seus arremessos (17/32 de 2 e 13/35 de 3 para Joinville, e 14/24 e 13/31 para Brasília) e um total de erros de 26 (15/11), na segunda vitória de Brasília na competição (84 x 77), que é a equipe que anunciará uma contratação “bomba”, quem sabe o Carmello Antony…

Amém.

Fotos – Reproduções da TV. Clique duplamente nas mesmas para ampliá-las.



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