A FUGIDIA E TEIMOSA ESPERANÇA…
Segundos antes do início da partida, jogadores reunidos em torno do técnico, ouviram suas últimas instruções – Façam a chifre, melhor, a chifre baixo, e briguem pelos rebotes… E lá se foram os botafoguenses para o bola ao alto, onde já os esperavam os rubro negros, que tenho a certeza de que ouviram algo semelhante, já que ambas as equipes, como todas da liga, jogam taticamente iguais, de 1 a 5, espaçadas, trocando passes de entorno cada vez mais velozes, com seus pivôs vindo fora do perímetro para os idefectíveis, repetidos e manjadíssimos bloqueios, e concordes com algo que as definem irmamente, atuando para o desenlace trabalhado e desejado arduamente, a prioritária finalização com arremessos de três pontos…
Foram 20/55 (9/26 para o Botafogo e 11/29 para o Flamengo), 40/68 de 2 pontos (18/32 e 22/36 respectivamente), com 24/29 lances livres (11/14 e 13/15), mais 21 erros (11/10), num jogo nervoso e intenso, vencido pela equipe que apostou um pouquinho mais no jogo interno, o Flamengo (90×75), fazendo por merecer a classificação para a final com Franca, quando ambas darão prosseguimento à mesmice técnico tática, perene e inamovível, através um sistema único patrocinado e exequibilizado por todas as franquias desde o NBB 1, sem que ocorresse em todos estes anos uma mudança sistêmica sequer, a não ser uma única e solitária proposta, exceção justificadora a regra geral e impositiva do sistema único de jogo, o Saldanha no NBB 2, injusta e coercitivamente apagada do cenário basquetebolístico tupiniquim…
Mas da qual copiaram (copyrights mencionados, nem pensar…) e continuam copiando (os vídeos aí estão a disposição) a dupla armação, os alas pivôs rápidos e maleáveis, a defesa deslizante e lateralizada quanto a linha da bola, a alternância de rítmo ofensivo, mas sem nunca alcançarem o sentido coletivo daquele bela e humilde equipe, (não dominam a didática necessária para implementá-la) pelos deslocamentos constantes de todos os jogadores nos perímetros ofensivos, a baixíssima opção pelos arremessos de três, alcançando bons placares de 2 em 2 e de 1 em 1, onde a precisão atingia índices seguros e confiáveis, e mais claro ainda, o posicionamento recatado, maduro e sem exibicionismos e tretas com as arbitragens ao lado da quadra, de seu técnico de mãos livres de pranchetas midiáticas e absolutamente imprestáveis, assim como absolutamente cônscio de sua importância vital nos exigentes e intensos treinos, onde se faz realmente necessário, e não agindo, como a maioria se comporta estelarmente nos jogos, como se fossem eles o foco principal dos mesmos, onde as cenas reverentes, quando tem sua cadeira diligentemente colocada por um assistente, tendo outro lhe passando a caneta e a prancheta nos pedidos de tempo, como se catedráticos fossem, numa cena absolutamente risível, e por que não, dispensável pela falsidade em si…
Veremos então a continuidade do que aí está e sempre esteve desde sempre, com os melhores jogadores de 1 a 5 da praça, os mais bem pagos pela constância e aceitação do que fazem ano após ano, repetida e ciclicamente, como num carrossel colorido, iluminado e embalado pela mesma música, indefinidamente, onde o espetáculo é propiciado por estrangeiros razoáveis de bola, e por um ou outro nativo, que teimosamente tenta lutar contra a mesmice endêmica que o asfixia em sua luta pelo contraditório, porém tendo em seus calcanhares a tribo corporativa (estrategistas, dirigentes e agentes) que repete após o encerramento de cada temporada, o mantra das contratações mágicas, claro, de 1 a 5, agora alcunhadas de “peças” , numa reposição em rodízio do existente na praça, dos nomões e raros prospectos oferecidos prematuramente ao draft da matriz, escanteando os “dispensáveis”, principalmente aqueles que classificam equipes no acesso à liga maior, já que os responsáveis pelas suas franquias não os reconhecem como ” aptos” a elas pertencerem…
São maldades e injustiças cometidas, pois estando todos enquadrados nos mesmos princípios e regras do sistema único, podem ser classificados pelo fator “produtividade”, mas que não é o mesmo que qualifica os estrategistas, membros do corporativismo, e do continuísmo absolutamente necessário para manter o nicho econômico financeiro que os mantêm, limitado e exclusivo…
Um ex jogador, agora comentarista, explanava ontem seu ponto de vista sobre a qualidade técnica que se espera para o desenvolvimento e massificação do basquetebol em nosso país, enaltecendo a enorme contribuição dos muitos americanos e alguns latinos que aqui atuam, como o fator mais importante para a presença de torcedores nas arenas e ginásios deste enorme e injusto país, quando deveria enaltecer a implementação do fator maior que os tornam exemplos a serem seguidos, sua formação de base, aprimorada em seus países de origem, praticamente ausente aqui, dolorosa e inconsequente, e verdadeiramente trágica…
Serão finais repletas de emoção, suor e muita luta, mas também repletas de chutes de três, equilibrados ou não, contestados ou não, grandes e esperadas falhas defensivas, individualidades exacerbadas, erros crassos de fundamentos, estrategistas com crises e esperneios ao lado da quadra, pressòes injustificadas na arbitragem, mobilidade ofensiva de todos os jogadores próxima de zero, litros de tinta gastas em pranchetas descerebradas, chifres de todos os tipos e nuances, narradores perto da apoplexia e do impropério vocal, comentaristas dizendo nada sobre sistemas de jogo, e muito sobre churrascos, abraços, lembranças e beijos televisivos, brados solenes festejando acessos de torcedores nas redes midiáticas, onde recordes têm de ser quebrados…
Enquanto isso, quem sabe, sentado em algum ponto da bancada, o técnico croata assista o que temos de melhor, que ao lado da turma que joga na matriz e na europa, comporá a seleção ao mundial, onde até jogador que abjurou a camisa da seleção já tem vaga garantida, pensando e raciocinando como deverá agir de acordo com os parâmetros vigentes em nossa realidade, na qual o novo, o inusitado, o ousado, o diferenciado é abafado e negado pela onipresença de um sistema anacrônico de jogo, reforçado pela ausência de uma consistente formação de base, alicerce fundamental para a existência sustentável do grande jogo, como a existente em seu país de origem…
Quem sabe tenhamos alguma chance, mas honestamente, tenho muitas dúvidas e pouquíssimas certezas, sendo uma delas a esperança em dias melhores…
Amém.
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É isso aí, professor. Os anos passam e continuamos patinando no mesmo lugar, com poucas variações. Um abraço.
Mas até quando Reny, ate quando ? E muito triste assistir tanta asneira vicejando nas quadras, tanta enganação e arrivismo. E pensar que temos ótimos técnicos e professores alijados de um processo cada dia mais temerário e suicida, da até medo. Mas ainda creio em dias melhores para o grande jogo, que bem poderiam partir de cidades tradicionais na modalidade, como sua Uberlândia. Se o voleibol pode, porque não o basquetebol? Um abração. Paulo Murilo.