MITIFICAR, MISTIFICANDO II…

E não deu outra de novo, cópia xerox da primeira partida, na repetição monocórdia de erros contabilizados de fundamentos (29/30), e outros relevados pela arbitragem, vide as constantes “carregadas” de bola do Yago nas mudanças de direção ao driblar excessivamente, no estilo “enceradeira”, seguido pelo George, e o Parodi do lado de lá, infração que é punida lá fora regularmente, mas não aqui, em prol da extrema habilidade de nossos armadores, não tão hábeis assim, pelo menos frente às regras do grande jogo…

Na artilharia insana promovida por ambas as equipes (25/70 na primeira partida, 26/71 na segunda nos 3 pontos, assim como 27/48 e 28/57 respectivamente nos 2 pontos), convergindo escandalosamente, sem freios ou limites, e claro, sem contestações de nenhuma ordem, onde a 48 segundos do final do último quarto, vencendo o jogo por 1 ponto (68 x 67), com ainda 8 segundos de posse, uma bolinha errada de 3 foi perpetrada por um dos nossos qualificados especialistas, para um pouco à frente, faltando 8 segundos estando empatados (68 x 68), outro dispara mais uma, errando também, com 3 segundos ainda por jogar, levando o jogo para a prorrogação, quando em ambas as situações, o correto, o obrigatório, seria a tentativa pelos 2 pontos, penetrando fundo, quando a possibilidade factível de uma falta pessoal teria de ser considerada, possibilitando a vitória no tempo normal (vide as duas fotos acima). Mas não, nossos abençoados reis do gatilho, acobertados pela direção técnico tática que permite, incentiva e corrobora com tais escolhas, como se o grande jogo fosse, ou estivesse sob o signo imutável da precisão cósmica de suas perfeitas (?) empunhaduras, lançam a pera, como definem a insânia (foram 26/77 nos dois jogos), que, a cada dia se desnuda, como uma absurda e irresponsável maneira de coisificar e arruinar a mais bela e coerente modalidade dos desportos coletivos, individualizando-o egoísta, e egolatricamente…

Neste jogo, a equipe brasileira tornou a arremessar mais bolas de 3 do que 2 pontos (13/36 e 16/29, mais 12/15 nos lances livres), e a uruguaia idem (13/35 e 12/28, mais 13/22), sendo que dessa vez pegou um rebote a mais que a brasileira (38/37) quando na primeira partida levou um capote de 45/25, não vencendo a partida pelas falhas seguidas de seu bom, porém cansado e desgastado pivô Batista que cometeu 8 erros de fundamentos dos 16 de sua equipe…

Nossos armadores, aqueles que deveriam alimentar com suas habilidades intrínsecas os alas pivôs atuando dentro do perímetro interno, vem forçando a especialização na chutação de fora (1/13 e 6/21 nos dois jogos), por dois motivos. um pela formação aberta (o “espaçamento” milagroso, artimanha daqueles que não dominam os fundamentos de drible ambidestro e as fintas) da equipe a cada ataque, outra, decorrente, pois os homens altos vem para fora do perímetro, ou para ensaiarem frágeis bloqueios (simplesmente não diferem os interiores dos exteriores, vide as duas fotos acima, provocando faltas de ataque ao se movimentarem equivocadamente pelo desconhecimento em si), ou mesmo para eles mesmos tentarem as tão sacrossantas bolinhas, fruto de ausência contestatória, mitificadas e endeusadas pela mídia tonitruante e cúmplice do festim, mas claro, em nome das emoções desencadeadoras do “você nunca viu nada igual”…

Então resta a tremenda dúvida, um doloroso impasse caindo no colo croata para selecionar a equipe para o importante pré olímpico que se avizinha, frente a duas realidades, uma, a dos mais experientes que atuam lá fora, com os da NBA lustrando os bancos (quando mudam de roupa) de suas equipes, jogando o mínimo de tempo possível, ou cedidos a equipes conveniadas de qualidade técnica inferior, e os que atuam em outras ligas europeias, com uma ou outra exceção, jogando por mais minutos, e outra, a dos veteranos que aqui atuam duelando no desenfreado “chega e chuta” com americanos e argentinos, que inteligente e rapidamente assimilaram a proposta midiática que clama por bolas “indecentes” de três, tocos e enterradas de “sacanagem”, colimadas com narrações e comentários f*…s, e daí para pior, se não acordarem do extremo ridículo a que também estão lançando nossos jovens talentosos, porém ainda muito aquém da genialidade interesseira que imputam aos mesmos…

Porém, temos de lembrar que todos os convocáveis, daqui e lá de fora, experientes e convenientemente rodados, ou não, atuam dentro do sistema único, fator altamente limitador quando enfrentamos equipes utentes do mesmo, porém com fundamentação técnica mais evoluída, tornando-os superiores nos confrontos individuais e coletivos, pela mais acurada leitura de jogo, que sob a ótica de uma engenharia reversa, os dotam da capacidade antecipativa sobre jogadas que dominam com perfeição, principalmente por desenvolverem defesas engajadas anos a fio no âmago daquele sistema…

Resta, no entanto, uma única porta de saída, de evolução, a busca de um sistema diferenciado de jogar, ofensiva e defensivamente, que se incutido nesses promissores jovens, realçando seus fundamentos básicos, acompanhados de alguns jogadores mais experientes e receptivos a novos caminhos, fazendo-os atuar de forma proprietária de algo somente seu, fator que poderia inverter leituras de jogo por parte de seus adversários, confundindo-os pela inversão de algo que dominam mais do que nós. Por isso, se torna urgente, sensato, inadiável, a começar pela base, o início de uma nova perspectiva de aprender, treinar, sentir e atuar no grande, grandíssimo jogo, e não nesse doentio marasmo em que se encontram, tentando demonstrar em quadra os devaneios advindos de pranchetas descerebradas e toscas, onde a criatividade e a improvisação consciente, cede espaço a mediocridade, ao arrivismo e a aventura irresponsável, principalmente quando punhos são cerrados pela conversão de uma improvável bola de três, depois de muitas tentadas, originando vitórias no áspero, porém condescendente  terreno de casa, bem diferente dos bem defendidos e contestados lá de fora…

Jamais perderei a esperança de ver nossos jovens jogarem o bom basquetebol, na defesa, no ataque, nos fundamentos individuais embasando os coletivos, lendo e pensando o grande jogo, sendo muito mais jogadores do que atletas puxadores de ferro, originando “pesquisas” que nunca vem ao público que pensam ignaro, que dominem, por conhecer profundamente, sua ferramenta de jogo, a bola, o seu comportamento técnico e tático, assim como de seus companheiros, pedindo e ajudando nas falhas comuns, e aplaudindo quando todos, uníssona e coletivamente cumprem um bom projeto de equipe, ao lado e sob a responsabilidade de professores e técnicos de verdade, e não… Ora, deixemos de lado, pois quem sabe, um dia lá chegaremos, pelo mérito, e não pelo Q.I. politico e corporativo…

Amém.

Fotos – Reproduções da TV.



2 comentários

  1. João 27.02.2020

    Treinador…algumas considerações:
    – o Brasil não figura no top ten da FIBA e não é por acaso, com esse basquete fraco que vem sendo apresentado nossa equipe realmente é de segundo escalão;
    – impregnou-se no basquete brasileiro (NBB) e nas bases , um sistema de jogo que esta levando nossas equipes tanto no masculino quanto no feminino a não mais participarem das principais competições internacionais da modalidade;
    – na maioria das escolas públicas do país a modalidade (e o esporte como um todo) esta desaparecendo, justamente o local que tradicionalmente abastecia com novos praticantes e futuros talentos o esporte nacional e que atravessa já a bastante tempo , por culpa dos governantes,um período que pessoalmente chamo de “ Holocausto Esportivo Escolar” ;
    – o trabalho a ser feito de remontagem e renascimento do basquete brasileiro deve ser realizado profundamente é dentro das bases, por pessoal realmente disposto a mudar o cenário tenebroso que já se vislumbra logo adiante;
    – com relação a equipe brasileira, e com pleno respeito a este atleta, mas o Yago não pode ser nem alternativa quanto mais comandar a armação da seleção nacional.
    Abraço Treinador.

  2. Basquete Brasil 29.02.2020

    Prezado João, sem dúvida alguma essa é a triste realidade do basquetebol em nosso indigitado país, que jamais se soerguerá com o exército de estrangeiros que a cada dia desembarca por aqui, e já prevejo um quinto jogador a ser aceito para cada equipe, numa escalada a serviço dos muitos interesses comerciais que vem cercando o mercado brasileiro, sendo loteado a preço vil. Politica nacional para a educação física e os desportos não preenche nem em sonho as prioridades do mundo político, pois manter o povo agrilhoado a ignorância é fator estratégico para se manterem no poder, onde educação de qualidade, desporto escolar, artes em geral, cultura popular se tornam inimigos, pelo fato de desenvolver a criatividade, o livre pensar por parte da juventude. Se vamos evoluir e se libertar deste destino mais do que anunciado? Não sei, mas ainda mantenho réstias de esperança que consigamos.
    Um abraço. Paulo Murilo.

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