O GRANDE GERSON…

Em junho de 2012 postei um artigo sobre o grande pivô Gerson Victalino, que fora vítima de uma enorme e injustificável injustiça, que calou fundo no ambiente desportivo brasileiro, republicando-o, pois também se reporta à sua espetacular presença no Mundial de 1986 na Espanha…

Ontem perdemos o formidável jogador aos 60 anos, deixando seus admiradores órfãos de uma personalidade impar, humilde e acima de tudo guerreira, muito pouco reconhecido e prestigiado pelo alto comando diretivo do desporto brasileiro, como quase sempre acontece…

Vai deixar grandes lembranças o grande Gerson Victalino.

Amém.

GERSON…

sábado, 16 de junho de 2012 por Paulo Murilo13 Comentários

Estava em Portugal fazendo meu doutoramento em 1986, e ali do lado, na Espanha, transcorria o Campeonato Mundial de Basquetebol, com a grande presença da equipe brasileira. Meus estudos não permitiam que lá fosse assistir a competição, mas a acompanhava através os jornais e a TV.

E foi uma caminhada brilhante a da nossa seleção, com atuações coletivas inesquecíveis, e algumas contundentes presenças em quadra por parte de jogadores que defendiam uma tradição de qualidade histórica em nosso país, e que acima de tudo amavam defender sua gloriosa camisa, sem protelações, recusas, esquivas e interesses que não fossem os da seleção.

Um destes jogadores se elevou ao máximo de sua posição, o grande pivô Gerson. Reboteiro inigualável sucedeu o inesquecível Ubiratan, pelo poder defensivo, pela dedicação, pelo amor ao grande jogo. Rivalizou e superou jogadores como Sabonis, David Robinson, Wiltger, tendo ao seu lado outro mito nos rebotes, o Israel.

Terminou o Mundial como o maior e mais eficiente jogador na difícil e altamente especializada arte dos rebotes, com brilho e poder.

Na quarta feira passada, o grande jogador foi retirado do recinto onde a seleção olímpica treinava por ordem de um técnico estrangeiro. Lamentável, vergonhoso, constrangedor.

Mas quem sabe, talvez mereçamos, por nossa omissão e subserviência.

Amém.

Fotos – Reproduções. Clique nas mesmas duplamente para ampliá-las.

Link do artigo original com fotos mais definidas-http://blog.paulomurilo.com/2012/06/16/gerson/

13 comentários

  • Douglas – SP
  • 18.06.2012
  • E nessa época, infelizmente pivô brasileiro só conseguia se destacar na defesa e pegando rebotes resultantes dos quatrocentos mil arremessos do mala do Oscar em cada partida. Aliás, hoje em dia as coisas não são muito diferentes.
    Quanto a situação pela qual o Gérson passou, é realmente triste e lamentável.
    Esse é um dos problemas em se ter um técnico estrangeiro. Para ele não importa quem construiu a história do basquete aqui, creio que ele nem sabe quem é o Gérson.
    Não importa a situação das categorias de base no país, naturalizando estrangeiros sem um pingo de identificação tudo se resolve (uma tremenda de uma trapaça que dificilmente ele aceitaria na seleção Argentina).
    Não importa se os jogadores atuais são comprometidos com a seleção. O negócio do Magnano é receber o salário, convocar os medalhões e com isso se eximir de qualquer responsabilidade por qualquer fracasso que possa vir a acontecer.
    Considero o Magnano um baita treinador, mas não goste desse jeito sargentão dele.
  • Rodolpho
  • 18.06.2012
  • Menos, pessoal. Bem menos.
  • Douglas Gaiga
  • 18.06.2012
  • Olá, professor.
    Nesse caso, houveram erros dos dois lados.
    Lado da CBB, e, sem sombra de dúvidas, o mais grave: Sequer alguém conhecer a imagem de um atleta de mérito, que muito fez à seleção e que representou a entidade em um passado bem pouco remoto. Sinceramente, eu mesmo não o conhecia, possuia apenas 1 ano de idade quando ele fez tudo que foi descrito pelo nosso professor Paulo Murilo. As referências do passado são poucas. E, se a CBB não lembra sequer dos títulos mundiais do passado, não dá para esperar nada diferente disso com os ex-atletas.
    Lado do ex-atleta: Poderia ter se comunicado previamente com a esquecida entidade, refrescando a memória de sua participação na seleção, e que, humildemente, gostaria de conversar com os atletas atuais, dando data e horário de sua visita. Infelizmente, teria que ser assim. Não deveria, mas é a triste realidade.
    Abraços, professor.
  • Basquete Brasil
  • 19.06.2012·
  • Prezado Douglas, muito além da dureza que podemos externar sobre um assunto tão delicado como este, devemos nos ater prioritariamente às origens do mesmo, a grande omissão dos técnicos quanto ao associativismo relegado desde sempre entre os mesmos, e por conseguinte o nascedouro de tantos desencontros e equívocos. Somos, talvez, o único país com um passado tão brilhante no grande jogo, que não tem em sua organização a presença de uma associação de técnicos atuante, técnica, forte e progressista. Esse indesculpável hiato, origina todo um processo corporativista de uma minoria atuante e retrógrada, que impõe a triste realidade que nos esmaga e humilha, nas duas últimas décadas de um basquete mais retrógrado ainda.
    Um abraço, Paulo Murilo.
  • Basquete Brasil
  • 19.06.2012
  • Mas o suficiente, prezado Rodolpho, infelizmente.
    Paulo Murilo.
  • Basquete Brasil
  • 19.06.2012
  • Nada justifica esse desconhecimento, principalmente por parte da gestora maior do basquete no país, prezado Douglas Gaiga, nada, absolutamente nada.Essa é a verdade.
    Um abraço, Paulo Murilo.
  • Ricardo
  • 19.06.2012
  • Sobre as figuras –> realmente sensacional a tabela dos rebotes!
    E também o comentário ao lado da figura de baixo “El juego brasileno se basa en gran parte en la capacidad reboteadora de sus jugadores….”!
    Tomara voltemos a ter algo similar com essa safra de pivôs que temos atualmente (incluindo os diversos jovens).
  • Basquete Brasil
  • 19.06.2012
  • Foram grandes tempos aqueles, prezado Ricardo, que ainda custarão um bocado para serem resgatados, pois havia um sólido trabalho de base nos clubes e colégios também. Hoje, buscam-se “nomes”, como artigos prontos a usar, assim como prontos para serem descartados se não atenderem aos rogos e padrões dos estrategistas. Formar, corrigir, ensinar, desenvolver, pouco e insuficiente é feito, a não ser esperarem que nossos jovens partam e voltem do exterior com a “experiência internacional” tão valorizada pelos mesmos, a fim de garantirem suas capitanias hereditárias, seu corporativismo mafioso, seus nichos salariais impenetráveis. Enquanto perdurar essa barreira, dificilmente cruzaremos as fronteiras do progresso do grande jogo entre nós.
    Um abraço, Paulo Murilo.
  • Giancarlo
  • 20.06.2012
  • Olá, professor,
    Não sei se o senhor teve a oportunidade de ver os jogos da Seleção Sub-18 no site da FIBA Americas.
    Foi um bom resultado contra o Canadá, vaga na final garantida.
    Só me preocupa um pouco o oba-oba generalizado e instantâneo. Até compreendo: para quem sofre diante do Paraguai, eliminar um badalado time canadense talvez pareça, realmente, histórico. Já estamos agora elevando um garoto de 16 anos, franzino que só, ao patamar de A Próxima Esperança.
    Mas não custa lembrar dois ou três resultados recentes (quarto lugar no Mundial de Paulão, aquele vice do continente com Lucas Bebê) que em absolutamente nada condizem com nossa realidade aqui.
    Publiquei agora há pouco um texto sobre nosso armador, Deryk, de Limeira. Estamos vencendo sob sua liderança. Já virou “herói” por ter feito uma bola de três contra os canadenses no fim, sendo que tinha 2/9 em aproveitamento até então, ignorando a própria Grande Aposta brasileira.
    “Em quatro jogos da Seleçãozinha na Copa América, há um claro divisor nos números do armador. Contra México e Ilhas Virgens, ele acertou 11 de 24 arremessos no geral (45,8%), oito de 15 na linha de três (53,3%). Contra EUA e Canadá, aproveitamento despencou para 7 de 27 (25,9%) e 4 de 16 (25%), respectivamente. Em média, Deryk arremessa 12,5 vezes por partida para um total de 15,0 pontos e 3,25 assistências. ”
    Seguimos formando reizinhos, mas tenho notado cada vez mais na rede uma empolgação suprema com o estado das coisas. Por não compartilhar dela, acabo enxotado para o time dos pessimistas por natureza, dos que torcem contra, dos que sabe-se-lá-o-que-se-pode-definir-pela-lógica-deles.
    Amém, professor, amém.
    Um abraço,
    Giancarlo
  • Basquete Brasil
  • 21.06.2012
  • Giancarlo, esbocei um artigo sobre o jogo do Brasil com o Uruguai pelo Sul Americano, assim como consegui ver o jogo final do Sub 18 pelo computador, apesar das interrupções, e para ser franco, deletei o que havia escrito, e sabe porque? Nada teria a acrescentar do que já venho a anos escrevendo, publicando, me indignando…
    Afinal, o que poderia escrever a mais do que você publicou exemplarmente, o que mais?
    Restou somente o silencio sobre o curso nivel III da ENTB, cuja finalidade era a de provisionar a turma que dirigirá a LDB, quando cursos nivel I é que deveriam ser prioritários (Cursos de verdade, e não reuniões comentadas). Aliás, um curso nivel III de 4 dias está de bom tamanho para formar estrategistas… Técnicos? Jamais.
    Mas, depois da pequena catarse, e olha que já são 3hs da madrugada, me deu vontade de publicar algo a respeito, mas como Scarlett O’Hara na última fala de O Vento Levou- “Amanhã, pensarei algo a respeito…”
    Um abraço, Giancarlo. Paulo.
  • Lucy Silva
  • 21.06.2012
  • Professor eu estou tão revoltado como o nosso mão santa Oscar,
    o que é tão grave que além da CBB não tentar se retratar pedir desculpas pelo mau que fez ao nosso grande Gérson, e com isso a todos nossos ex grandes jogadores que passaram pela seleção, porque poderia acontecer com qualquer um deles, qualquer um ex técnico, e até com o senhor, é que muitos mais muitos mandaram mensagens no facebook para a CBB, twitters, e-mails, reclamando disso,
    e a CBB, não digitou nem um ‘a’, fingindo de surda, ela está desprezando, menosprezando, não tá dando a mínima, fazendo pouco caso , indiferença, sabe quando você fala com uma pessoa e essa não olha para você, não te responde, olha no vazio e finge que a pessoa não existe,
    isso que a CBB está fazendo nas reclamações de todos no caso Gérson,
    vergonhosa Gestão,
    burra Gestão,
    nem o Grego era Burro assim,
    agora tem um campeonato nacional 3X3 da CBB no Rio em um ginásio e um campeonato 1×1 patrocinado por uma empresa americana que será no Aterro do Flamengo e leva o vencedor a São Paulo e de lá para Alcatraz-USA, não é que a CBB mudou do dia 01/08 para justamente dia 08/08 o campeonato adulto, justamente no dia do campeonato da empresa americana,
    e agente reclama com ela, como é que pode fazer uma coisa dessas, e a CBB tá fingindo que nós não existimos no nosso questionamento tipo caso Gérson,
    deixa ela que ela vai ver,
    fizemos uma enquete num grupo de facebook de basquete no Rio de Janeiro,
    qual campeonato você prefere ver, assistir dia 08/08, o 3X3 da CBB ou o 1×1 King of the rock basketball no aterro,
    é uma grande surra que a CBB tá levando na enquete,
    a CBB despreza o torcedor do basquete,
    despreza bem,
    porque dia 08/08 torcida lá no campeonato dela vai praticamente ser só dos familiares dos envolvidos no evento,
    infelizmente essa Gestão terá apoio quando começar as olimpíadas das Tvs, muito grande da Globo, e aí o que se passa na mídia não é a realidade que está dentro dessa instituição, a maioria do população que se mobiliza nas olimpíadas para torcer pelo Brasil não saberá o que lá dentro está ocorrendo.
  • Lucy Silva
  • 21.06.2012
  • corrigindo o campeonato é dia 08/07(julho) e não 08/08
  • Basquete Brasil
  • 22.06.2012
  • Respeito sua indignação, prezada Lucy, mas se mantenha sempre num razoável grau de frieza na observação e constatação dos fatos, a fim de poder contribuir com sugestões que possam vir a contribuir para a redenção e soerguimento do grande jogo no país. Acredito que dias melhores hão de vir, com certeza.
    Um abraço, Paulo Murilo.

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A ENDÊMICA CEGUEIRA…

Quarentena a todo vapor, saída para vacina contra a gripe cercada de todo um aparato de guerra, máscara, assepsia ao sair e voltar, e sem sair do carro, mas ao final do dia, caramba, um momento simples de curtição gastronômica, frente a uma pizza e um cálice de um bom tinto português, compensando um pouco o afastamento social a que todos estamos submetidos, apesar de reféns dos descompassos governamentais a que assistimos incrédulos, ante tanta insensibilidade com a saúde de um povo sofrido e abandonado em sua grande maioria…

Porém, mesmo paralisado pela grave crise que nos assola, o grande jogo ainda nos reserva insuspeitadas surpresas, como as saídas das equipes de Bauru e Pinheiros do NBB, fato inadmissível num incompleto campeonato, principalmente frente aos critérios econômicos e logísticos exigidos às franquias para o ingresso na LNB, aspectos que não justificam seu abandono sob qualquer ponto de vista, como o de Bauru, mais focado na próxima temporada, como se a atual, que mesmo adiada sem prazo determinado, poderá, ou não, ser concluída, oferecesse um confronto desigual com Mogi no playoff, resultado nada desejado pela franquia em questão, cujo plantel não conta com as “peças” desejadas, mas possíveis para a próxima temporada. No caso do Pinheiros, clube referência na formação de jogadores de ponta, é uma saída mais drástica, pois já vinha dando indícios de que sairia do NBB, mesmo contando com uma equipe competitiva dentro dos padrões técnico táticos das demais franquias, alinhadas ao sistema único de jogo, agora oficialmente referendado pela LNB na escolha através votação do quinteto ideal dos NBB’s, onde as posições foram definidas como armador, dois alas e dois pivôs, modelo básico do sistema único, em contraposição a dupla armação e três alas pivôs que, aos poucos, vem sendo desenvolvido e aplicado por umas poucas franquias, com inconteste sucesso. Como vemos, a liderança técnica encastelada na liga, determina ser esta a direção a ser continuada no basquetebol nacional, onde a inclusão da ” filosofia” do chega e chuta deverá ser mantida agora, e nos futuros NBB’s, afinal de contas, trata-se do “basquete moderno”, aquele que nos levará de volta ao concerto internacional, fato que, particular e conscientemente, duvido que consigam, sob quaisquer critérios que se possa analisar, infelizmente…

Trata-se de uma endêmica cegueira, gosmenta e pegajosa cegueira, que me fizeram postar alguns artigos neste humilde blog, um dos quais relembro agora, colocando-o no painel daqueles que nunca foram comentados, apesar da importância de seu teor contestatório e desafiador. Leiam-no se assim o desejarem…

Amém.

A INADIMISSÍVEL CEGUEIRA…

quarta-feira, 17 de outubro de 2018 por Paulo MuriloSem comentários

Olhando com cuidado e muita atenção a página inteira do O Globo ai do lado, fico imaginando o que estão fazendo com o basquetebol brasileiro, proposital e cirurgicamente, destinado-o ao comezinho papel de “poste”(está na moda…) virtual e presencial de um outro jogo, de uma liga que sequer prática as regras internacionais, dimensionada à estratosfera de um poder econômico brutal, e um suporte técnico lastreado por uma formação maciça de base em suas escolas e universidades, numa contraposição devastadora frente a nossa realidade educacional, econômica e social, mas possuidora de um emergente mercado a bordo de seus 208 milhões de habitantes, onde um décimo de seus jovens, por si só, viabiliza investimentos em calçados, uniformes e apliques oriundos das franquias da turma lá do norte, e claro, de seus fiéis e colonizados prepostos abaixo do equador…

Honestamente, não vislumbro qualquer vantagem mínima nesse intercâmbio, a não ser para a turma lá de cima, amaciando nossos jovens na inoculação de seus princípios e metas a médio e longo prazos, onde o acesso às riquezas de seu interesse estratégico e político, se tornam factíveis na medida direta da maior ou menor simpatia e admiração de seus valores por parte de uma juventude torcedora da NBA, da NFL, e por que não, do MMA…

O basquetebol, sem dúvida alguma é o desporto mais consumido em todo o mundo, divulgado e estudado de forma científica desde sempre, e aquele que comporta a mais vasta bibliografia acadêmica e popular, o que justifica plenamente o imenso interesse político social dos irmãos do norte, principalmente na inteligente globalização que estabeleceram em sua liga maior, elencando cada vez mais estrangeiros em suas franquias multibilionárias…

Olhando com mais cuidado ainda me pergunto – o que representa o Le Bron, ou o Tom Brady para o nosso país, para nossos jovens, quando nenhum deles jamais poderá ter acesso ao seu status econômico e social jogando basquetebol ou chutando uma bola oval? Quem sabe trocando pancadas numa arena de MMA, como alguns patrícios que, inclusive, sugerem ser a modalidade adotada em nossas escolas…

Triste país, onde nem a direita e nem a esquerda deseja o povo educado. aquela para se manter no poder, esta para usá-lo como massa de manobra para conquistá-lo, como nos últimos desgovernos que nos lideraram, e que ainda teimam em manter o que aí está, vide a ausência dessa estratégica necessidade nos discursos dos que aí estão na reta final das eleições…

E no compêndio educacional e cultural de nosso imenso e injusto país, o grande jogo tem um lugarzinho no coração de nossos jovens, e daqueles que já o foram um dia, nas escolas, nos clubes, nos parques, e nas imorredouras imagens de um recente e brilhante passado, onde venciamos a todos, mesmo aqueles que agora nos impõem regras e comportamentos fora de nossa realidade, mas plenos da certeza de que, pelo poder econômico nos dobraremos a sua cultura e poder hegemônico…

Este é o padrão que está sendo estabelecido por uma liga associada a liga maior, aquela lá de cima, onde os negócios, os patrocínios e os master investidores semeiam a padronização, a formatação de um conceito de basquetebol antítese de nossa realidade de país carente daquele aspecto que tornam seus mentores poderosos, a formação de base, a massificação desportiva nascida na escola e nas políticas governamentais, nos destinando a feérica ilusão de um espetáculo dentro das quadras que raia ao ridículo atroz, em sua pobreza técnico tática e de formação de base, onde a média de erros de fundamentos, nessa versão 2018 da LDB, alcança os 35.9 por jogo, com partidas, como  UNI 71 x 85 Corinthians, com inacreditáveis 59 erros de fundamentos (29/30) !! E como nos primeiros quatro jogos da primeira rodada do NBB11, quando duas equipes perdem seus jogos arremessando mais de três pontos do que de dois (Paulistano 8/37 e Brasília 11/38), com um dos técnicos justificando –  Precisamos defender melhor. Tomamos bolas fáceis. Nós precisamos evoluir muito defensivamente. Isso é o que vai dar força para o time buscar os resultados. Porque com o poder ofensivo que nós temos, vai ser natural o nosso ataque desenvolver bem”- Terrível equívoco este, pois com tal desperdício de tempo e esforço com bolinhas em profusão (11/38), perdendo o jogo por um ponto, bastaria seguir a regra das continhas, trocando metade das bolas de três perdidas pelas de dois, quando venceria com alguma folga. Mas é claro que os jogadores tiveram o beneplácito do técnico na enxurrada de bolinhas, corroborando com a afirmação do mesmo sobre o “poder ofensivo” da equipe, ou não?

Felizmente, parece, ainda de uma forma um tanto tímida, que a hemorragia dos três pontos começa a ser estancada (inclusive na matriz) com contestações mais enérgicas e presentes no perímetro externo, o que será muito bom para o basquetebol tupiniquim, num momento em que as equipes embarcam seriamente na dupla armação, e investem em alas e pivôs atléticos, rápidos e flexíveis, mesmo que ainda falhos nos fundamentos básicos, tornando o jogo mais dinâmico, apesar de ainda muito longe da fluidez necessária para alçar ao patamar competitivo no campo internacional, fator este que exige um didatismo mais elaborado para o ensino e a aprendizagem da mesma, num processo pedagógico exclusivo de uns muito poucos profissionais ainda existentes no país, porém relegados ao ostracismo em prol de uma corporação de estrategistas, pouco ou nada interessada em modificar sua rentável e proprietária zona de conforto no restrito mercado de trabalho ora existente, onde o QI ainda impera absoluto…

E o mais instigante, é a irrefutável constatação, de que a origem de todo este movimento renovador tem sido proposital e politicamente omitido desde o NBB 2, quando iniciei junto ao Saldanha da Gama, com somente 49 dias de trabalho e 11 jogos disputados, tudo o que de forma rudimentar adaptaram no que aí está, demonstrados publicamente através os quatro primeiros vídeos completos de jogos daquela competição (hoje universalizados através redes abertas e fechadas de TV, Facebook e Twitter), nos quais todos aqueles avanços acima mencionados em conquistas técnico táticas foram divulgadas em 2010, bem antes das mudanças atuais, que estão sendo propagandeadas como as desencadeadoras do “moderno basquetebol”, mas que vem sendo copiadas e empregues sem o mais remoto reconhecimento de como, ou através de quem se iniciaram, numa canhestra apropriação, porém capenga e confusa, pois não conseguem penetrar no âmago de suas concepções, onde o didatismo acima mencionado se torna impenetrável para essa turma que se convenceu que o grande jogo nasceu junto com ela, esquecendo que desde o fim do século dezenove ele já existia, com a complexidade e a grandeza que desconhecem, e sequer se interessam em estudar, dando razão ao Alberto Bial em seu depoimento na matéria do O Globo reproduzida acima…

Mas duro mesmo é você testemunhar um ala pivô galardoado em seleções nacionais, a cinco segundos do final do jogo entre Corinthians e Franca, partir driblando de frente para a cesta, tentar uma finta com troca de mãos, perder a bola por pura inabilidade fundamental, dando adeus a uma possível vitória, numa condensação da dolorosa realidade em que lançaram o grande jogo, numa padronização e formatação absurda, quando inverteram com suas obtusas e midiáticas pranchetas e”filosofias” de jogo a prioridade dos fundamentos, substituídos e minimizados  pelo sistema único, num acordo e conluio inter pares, que nos lançou num poço que parece não ter fim, porém enfeitado e glamourizado com penduricalhos voltados aos poucos frequentadores das enormes e desertas arenas, também transformadas em rinhas de torcidas de camisa, onde o esporte cede vez ao pugilato e gratuitas agressões…

Fico por aqui, mas antes sugiro a leitura a seguir, de um blog de basquetebol de Joinville. elucidativo e revelador, pecando somente em não enfatizar os aplausos espontâneos de sua torcida pelas grandes jogadas da esquecida equipe do Saldanha (que podem ser ouvidos no vídeo), com seu basquetebol fluido e realmente apaixonante, executado por excelentes jogadores, nada valorizados ou mesmo bem remunerados, mas plenos da importância de praticarem um basquetebol proprietário e evoluído, o mesmo que tentam desde então copiar, sem no entanto reconhecer de onde vem o canto do galo. Se quiserem atestar o que aqui exponho, se aboletem na poltrona, curtam, aprendam, e se humildes forem, acompanhem os aplausos da torcida catarinense, num ginásio repleto e pulsante frente a uma forma inovadora de jogar o grande, grandíssimo jogo

Amém.    

Fotos – Reproduções da TV. Clique duplamente nas mesmas para ampliá-las.

Vídeo – Arquivo particular.

Outros vídeos disponíveis no espaço Multimídia deste blog.

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O PRESENTE PASSADO…

Já são vinte dias de quarentena, e prevejo muito mais daqui para frente, que deverão ser cumpridos rígida e responsavelmente, atitude cívica obrigatória nesses dias de crise sanitária por que todos nós passamos. Então, com o grande jogo paralisado, aqui e no resto do mundo, crescem no país as transmissões ao vivo com aulas e discussões sobre técnica, tática e treinamento de equipes, reunindo técnicos e professores interessados em novas tendências, vivenciando suas experiências na formação de base e na elite, enfim, se comunicando de uma forma que não haviam feito desde sempre. Aqui no blog, a procura de artigos mais antigos tem sido intensa, principalmente sobre fundamentos e sistemas de jogo, porém, muito pouco, ou quase nenhum interesse sobre treinamento, principalmente quando pecamos tanto no coletivismo, vítima mortal da baixa qualidade de nossos jogadores na prática consistente dos fundamentos básicos do grande jogo, e por conseguinte incapazes de exequibilizar com precisão e constância sistemas de jogo ofensivos e defensivos também. Este é um grande e delicado obstáculo que a maioria de nossos técnicos enfrentam, influenciados por culturas exógenas, antagônicas econômica e educativamente à nossa realidade de país carente, desigual e injusto…

Fico grato pela busca de antigos artigos, afinal estamos editando-os desde setembro de 2004, e já alcançam 1583 postagens, abrangendo um largo espectro de assuntos técnicos, táticos, sistêmicos, e acima de tudo, sobre a fina arte do treinamento, do ensino, da pesquisa e do estudo incansável, onde a figura escravizante, coercitiva e impositiva das pranchetas aqui jamais tiveram guarida. Por tudo isso, escolhi um artigo muito simples e evocativo sobre percepções e visões que se desvanecem frente a irrepetida realidade  com que nos defrontamos no dia a dia de nossa penosa caminhada, e por que não, diante de nossas ações como professores e técnicos do grande, grandíssimo jogo de nossas vidas…

  Amém.

MESTRES DO OLHAR E DO MOVIMENTO...

terça-feira, 15 de fevereiro de 2005 por Paulo MuriloEditar post17 Comentários

Este foi o título de uma reportagem sobre a exposição que explora as afinidades entre o escultor Alberto Giacometti e o fotógrafo Henri Cartier-Bresson publicada no O Globo no dia 17 deste mês. O texto menciona, entre várias coincidências, a vontade de ambos de congelar um momento em movimento. Disse Giacometti- “Toda a ação dos artistas modernos está nessa vontade de captar, de possuir alguma coisa que foge constantemente”. Já Bresson assim se manifestou- “Jogamos com coisas que desaparecem…e, quando elas desaparecem, é impossível fazer com que elas revivam”. Eis duas afirmativas que caem como um diáfano véu sobre as cabeças da maioria de nossos técnicos. Sonham de olhos abertos com a perpetuação dos movimentos que extrapolam de suas pranchetas mágicas, como se fosse possível a perenização das jogadas estabelecidas pelo sistema de jogo que empregam. Sempre que estabelecem contato com os jogadores repetem, e repetem, até a exaustão os mesmos movimentos, as mesmas soluções, clamam pela obediência à jogada, à rotatividade da bola, com uma intransigência que beira ao fanatismo. É como se fosse uma grande coreografia, onde a repetição das jogadas mortais é o supremo objetivo a ser alcançado. Mas, como mencionaram Giacometti e Bresson, os movimentos acontecem na mesma proporção em que desaparecem, e nunca são iguais, por isso viviam em busca de sua captação, a qual Bresson definiu como o “decisive moment”, o momento decisivo, único, fugaz e precioso se captado. Essa foi sua grandeza, pois foi o fotógrafo que mais o registrou no século XX. Nossos técnicos precisam, com urgência, entender que se uma jogada se repetir, com alto grau de frequência, pode-se afirmar que o sistema defensivo do adversário inexiste pela extrema fraqueza de seus integrantes. Um sistema ofensivo é de alta qualidade, não se der certo seguidamente, e sim se estabelecer situações que desequilibrem, pela imprevisibilidade de suas ações, o esquema defensivo do adversário. A repetição sistemática de jogadas produzem situações com alto grau de previsibilidade, e retiram dos jogadores a espontaneidade de suas ações, colocando-os numa situação de meros repetidores de movimentos pré-estabelecidos por seus técnicos, e se os defensores forem de boa qualidade, rapidamente se anteporão aos movimentos ofensivos, anulando sua eficiência. São nesses momentos que se estabelecem as diferenças entre uma equipe bem treinada de outra não tão bem preparada. Quantos são os técnicos que nos coletivos de preparação para os jogos, os interrompem para orientar sua defesa em função de seu próprio ataque pré-estabelecido? Que sempre orienta seus atletas na busca do inusitado, e não do conhecido? Que mesmo tendo um sistema fechado de jogo, propugna por rompê-lo sempre que possível, pois essa sempre será a ação desencadeada pelo adversário? Enfim, que reconhece ser a busca, não de um, mas de vários “momentos decisivos”, o fator a ser alcançado com afinco e dissociado do círculo vicioso coreografia/prancheta. Por praticar fotografia por longos anos, e de ter tido em Henri Cartier-Bresson um exemplo a ser seguido é que desde muito cedo procurei entender e praticar o “decisive moment” com algum sucesso, mas que pela compreensão de seu significado, pude levar a meus atletas um vasto leque de opções que visassem o encontro dos mesmos. “Jogamos com coisas que desaparecem…e, quando elas desaparecem, é impossível fazer com que elas revivam”. Cada jogada constitui um princípio e um fim em si mesma, e são irrepetíveis. Precisamos entender esse mecanismo para nos libertar das jogadas mágicas e das pranchetas milagrosas. Meus queridos colegas, precisamos encontrar novos caminhos, pois esse que aí está sendo trilhado por vocês não levará a lugar nenhum, perdão, sabemos onde ele vai dar…

Amém.

Henri Cartier Bresson e Alberto Giacometti

17 comentários

  • Carol
  • 12.05.2010
  • Eu queria saber de um movimento no basquetebol:mantenha a cabeça erguida e a bola debaixo da linha da cintura, não olhe para a bola enquanto se desloca e realize o controle de bola com os dedos e não com a palma da mão.Que movimento é esse?
    Responda, por favor 1!!
  • Basquete Brasil
  • 13.05.2010
  • Prezada Carol, este é o movimento básico do drible, o ato de progredir com a bola. Só não entendi bem o termo ” descola”, me parecendo ser usado em Portugal em vez de “desloca”. Em outras palavras – Ao progredir com a bola driblando, faça-o com a cabeça erguida, sem olhar diretamente para a mesma, e sim visualizando-a em visão angular ao sentido do deslocamento, usando para impulsioná-la somente as pontas dos dedos, jamais a palma da mão.
    Creio ser esta uma boa definição de drible.
    Espero ter respondido a sua pergunta. Um abraço, Paulo Murilo.
  • Amanda
  • 17.05.201
  • Eu achei que precisa mais das informações q as pessoas pedem pq fala fala mas não fala o q realmente a pessoa quer saber
  • Basquete Brasil
  • 17.05.2010
  • E o que você quer saber prezada Amanda? Aguardo suas indagações e perguntas. Um abraço, Paulo Murilo.
  • Jady
  • 07.06.2010
  • Olá eu gostaria de saber que movimento é esse?
    se inicia segurando a bola com as duas mãos.Ao passar a bola faz-se com que ela bata pelo menos uma vez no chão, antes de chegar ao colega
  • Basquete Brasil
  • 07.06.2010
  • Prezada Jady, assim como a leitora Carol acima, você me descreve um movimento dos fundamentos do basquete, que me parece ser parte de um teste ou prova da modalidade, numa escola ou faculdade.Sugiro que procure estudar mais os fundamentos (um bom livro é o Metodologia do Basquetebol, do Prof. Moacyr Daiuto, para que dúvidas como essa sejam dirimidas. Ah, o movimento é o do passe picado (bounce pass para os americanos, ou passe com ressalto, para os portugueses). Um abraço, Paulo Murilo
  • Helen
  • 20.06.2010
  • Sem ofender mas você falou bastante mas não que procurava.
  • Helen
  • 20.06.201
  • que ……..
  • Ellen
  • 20.06.2010
  • gostei parabéns
  • Basquete Brasil
  • 20.06.2010
  • E o que você procurava, prezada Elen? Diga, e quem sabe eu possa ajudá-la. Um abraço, Paulo Murilo.
  • Basquete Brasil
  • 20.06.2010
  • Obrigado, prezada Ellen. Um abraço, Paulo Murilo.
  • Paula
  • 08.06.2011
  • Muito bom o site, obrigada Paulo…As perguntas feitas pela Carol e Amanda, são de uma apostila da 6°série, do estado de SP.
    Pelo menos pra mim foi muito bom, pois o prof° de Ed.Física fala assim:Só mando fazer a apostila pq sou obrigado ‘-‘
    Então, mt obrigada, ajudou mt.
    Abraços
  • Basquete Brasil
  • 09.06.2011
  • Que bom que pude ajudá-la, fico feliz com isso.Um abraço.
    Paulo Murilo.
  • Tatiane
  • 15.08.2011
  • Não gostei das respostas
  • Laura
  • 27.05.201
  • Olá adorei esse site ,estava procurando informações para as respostas da apostila da sexta seria do segundo bimestre…e se não for incomodo gostaria que me esclarecesse o gesto que o juiz faz que ele com as duas mãos fechadas giras elas para a esquerda, vc sabe?ou eu não fui muito clara em minha pergunta???
  • Basquete Brasil
  • 29.05.2012
  • Prezada Laura, obrigado por gostar dos conteúdos do blog, mas peço que esclareça melhor seu pedido. Não entendi bem o seu relato sobre o gestual do juiz. Tente novamente. Obrigado. Paulo Murilo.
  • Basquete Brasil
  • Today
  • Como vemos, nenhum comentário específico sobre a matéria foi publicado, inclusive por qualquer técnico da modalidade, o que nos leva a triste conclusão de que nenhum deles entendeu absolutamente nada do que foi aqui postado, fato que justifica seus comportamentos técnico táticos até os dias de hoje, 2020. Realmente constrangedor…
    Paulo Murilo

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