POSTADO EM 2012, ATUALÍSSIMO EM 2021…
Postei esse artigo a nove anos atrás, e hoje, às vésperas do início do torneio pré olímpico na Croácia, onde somente uma equipe se classifica para Tóquio, uma mesma realidade se repete, como num inexorável carrossel, monocórdico, repetitivo, sem uma mínima fresta de evolução no que diz respeito ao progresso técnico tático de jogadores oriundos de uma formação de base claudicante e severamente equivocada. Mudou, por mais uma vez, o comando da equipe, porém, os jogadores apresentam os mesmos vícios e defeitos, acrescidos de forma preocupante do crescente e exacerbado individualismo, numa modalidade onde o coletivismo é a pedra fulcral para o sucesso, de todos, e não de uns poucos aspirantes a estrelas. Vale o documento pela atualidade, e principalmente pelo intenso debate em comentários precisos e e de elogiosa participação, tão ausentes no “basquetebol moderno”. Quem sabe evoluamos…
INSIDE (?)…
sexta-feira, 13 de julho de 2012 por Paulo Murilo– 11 Comentários
Paulo,viu o time jogar como você gosta? Vi, mas não do jeito que gosto, mas como deveria jogar sempre, lá dentro, na cozinha deles, e sendo abastecido por dois bons armadores, por todo o tempo, cirurgicamente, e contando com um ala que deveria estar por perto dos pivôs, para de dois em dois otimizarem seus ataques, como quase fizeram desta vez. Note que foram 7/16 de bolinhas de três, 21 pontos num total de 91, ou seja, 70 pontos de 2 e 1 pontos! Imagine a quanto iria o placar se a metade das bolas de três perdidas fossem trocadas por tentativas de dois? Cem pontos…
Mas foram bem melhores do que vinham jogando, e nunca uma briga nos favoreceu tanto em termos de ajustes táticos do que a travada entre o Marcelo e o Gutierrez, os dois melhores arremessadores de três de suas equipes, que alijados do jogo propiciaram como nunca o jogo interior, ora e vez quebrado pelas teimosas tentativas de três dos dois remanescentes cardeais, principalmente o Guilherme, que sempre se postava fora do perímetro, quando deveria estar mais próximo de seus dois pivôs, em bloqueios, em cruzamentos, todos em movimento constante, sempre bem colocados para os rebotes ofensivos, para a bola curta e precisa, e provocando faltas de seus oponentes, e o mais importante, bem posicionados para retardar e mesmo contestar os contra ataques adversários, que sem dúvida alguma será a grande arma dos americanos na segunda feira, como foi contra os dominicanos.
Então Paulo, como você gostaria de ver um time jogar com três alas pivôs sob dupla armação? No caso da seleção, que pode sempre escalar dois bons e ágeis pivôs, contando com um ala de boa estatura e bom arremesso, como o Marcos (2,07), o Guilherme (2,05), o Marcelo (2,00) e o Alex (1,93), e três eficientes armadores compondo duplas sempre em jogo, tal sistema funcionaria muito bem na medida em que todos os jogadores se movimentassem ininterruptamente, mantendo dessa forma seus marcadores próximos a eles, atenuando muito as flutuações defensivas, comprimindo-os dentro do garrafão, quando ai sim, liberariam generosos espaços para arremessos médios de dois e mesmo os de três pontos.
E estão muito próximos deste cenário, bastando percorrer com atenção as fotos acima postadas, que revelam o quanto ainda teriam de evoluir para preencherem os mais importantes requisitos para executarem o sistema com precisão, começando com os deslocamentos constantes, principalmente após efetuarem os passes; a colocação de frente para a cesta de todos os jogadores nos arremessos, inclusive os pivôs; a presença constante do ala próximo aos pivôs, interagindo com os mesmos por todo o tempo, abrindo espaços sempre que a leitura defensiva assim o permitisse, e finalmente, que os armadores jamais saíssem do foco das ações, na entre ajuda e no domínio do perímetro exterior, agindo como armadores e não se comportando um deles como um ala adaptado.
Foto 1 – Raul na armação inicial, com os dois pivôs bem colocados, e o Larry penetrando, quando deveria ser esta uma ação do Guilherme, que se mantêm fora do perímetro, num típico posicionamento para um arremesso externo…
Foto 2 – De novo o posicionamento errado do Larry, onde deveria se encontrar o Guilherme…
Foto 3 – Mais uma vez o Guilherme fora do perímetro interno…
Foto 4 – Ação correta dos armadores, mas…
Foto 5 – Boa ação dos dois pivôs, mas sem a ajuda próxima do ala…
Foto 6 – Outra ação dos pivôs, mas com um deles na ala, desfalcando em muito o posicionamento para o rebote.
Enfim, a seleção se encontra num limiar auspicioso, na medida em que sua direção inove na maneira de jogar, já que impôs novos hábitos e atitudes, principalmente na disposição defensiva, pressionada, forte e atuante, mas que deveriam ser acrescidos de maior contundência ofensiva, mais ousada e diferenciada das demais equipes, fator que a qualificaria entre as mais instigantes da grande competição.
O técnico Magnano, com sua experiência e notória competência, sem dúvida alguma saberá percorrer o caminho árduo e pedregoso de uma competição que já venceu com méritos. Assim espero, assim torcerei.
Amém.
Comentários-
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Abraços
Giancarlo.
No caso do Guilherme, apontei posicionamentos que deixaram de ser ocupados dentro do perimetro, na ajuda e suporte aos pivôs da equipe, todos eles com estatura próximas a ele, constituindo um terceiro (ala)pivô, com habilidade de transitar interiormente, com a mesma facilidade que o faz exteriormente, dotando-o (o mesmo com o Marcos, o Marcelo e também o Alex)de uma amplitude inesgotável de recursos, a começar pelo preciso arremesso de curta e media distância, numa zona aparentemente saturada de jogadores se estáticos se mantivessem, mas plena de passes e deslocamentos possiveis se em movimento constante, incluido aberturas ao perimetro externo. Ao se manter aberto frente ao jogo interior dos pivôs, esse habilidoso jogador abre mão de seu bom repertório de ações técnico individuais, se restringindo ao arremesso de três, que é muito pouco frente às suas reais qualidades.
Enfim, prezados Rodolpho e Giancarlo, muitos são os fatores que tornam o basquete complexo, e por isso mesmo, apaixonante.
Um abraço para os dois. Paulo Murilo.
Um abraço, Paulo Murilo.
Fico aqui na trincheira onde ainda posso trabalhar, ah, sem salário, mas fazendo o que amo (e entendo) de verdade.
Um abraço, Paulo Murilo.
Espero ter respondido a sua pergunta.
Um abraço, Paulo Murilo.
Um abraço, Paulo Murilo.