Muito bem, bem, bem, como diria o inesquecível Arrelia, aconteceu o primeiro jogo das finais do NBB 15 entre as estreladas equipes de Franca e do São Paulo, duelando em Franca, perante uma enorme e vibrante plateia. Foi um jogo clone de todos os outros até aqui disputados por todas as equipes da Liga, nem maior ou menor em qualidade, simples assim…
Foi um jogo a que pude assistir em meu celular a meia viagem de volta de Belfast para Dublin, onde reside meu filho caçula João David, que com seu conhecimento técnico em TI da PayPal, sintonizou com perfeição o celular por todo o trajeto. Mesmo em tela pequena, porém nítida, Ao final da partida, as estatísticas apontaram:
Franca. São Paulo
(48%) 23/34. 2. 22/41. (54%)
(32%) 9/28. 3. 13/28. (46%)
(71%) 15/21. LL. 15/19. (79%)
36. R. 30
14 E. 5
Os números demonstram claramente que o confronto nas artilharias dos três priorizou o jogo das duas equipes, onde o São Paulo foi mais eficiente nos acertos, em contrapartida ao equilíbrio nos dois pontos e nos lances livres, e levando nítida vantagem nos rebotes e erros de fundamentos, com ambas taticamente iguais, o que não é surpresa para ninguém, porém. com o São Paulo insistindo um pouco mais no jogo interno que o Franca. Torno a predizer que, aquela equipe que investir mais energicamente no jogo interno levará o título, complementando a ação com forte contestação nos arremessos de três e maior determinação nos rebotes, principalmente os ofensivos…
Enfim, como afirmam os entendidos, vence aquele que comete menos erros, principalmente nos fundamentos básicos, o que se tornou endêmico em nosso tatibitati basquetebol.
Amém.
Fotos – Própria autoria. Clique duplamente nas mesmas para amplá-las.
Recentemente a seleção sub-15 masculina venceu o Sul-americano, jogando a final na Argentina contra os donos da casa. Um bom resultado em se tratando de seleções de base, setor tão mal conduzido em nosso país. No entanto, algo pairou no ar sobre a forma como a seleção venceu a competição, pelo fato da mesma ter utilizado a defesa por zona, contra uma outra que não permite sua utilização por menores de 15 anos em todas as suas competições regionais e federais, acolhendo determinação de sua associação de técnicos, como efetiva forma de desenvolver ao máximo as ações e destrezas defensivas em toda sua formação de base, somente conseguidas pela utilização da defesa individual, única e exclusivamente, permitindo as defesas zonais somente daquele data em diante…
Tal determinação conota alta qualidade aos futuros jogadores, fazendo com que os mesmos atinjam alto grau de eficiência defensiva nas divisões acima, principalmente nas seleções adultas…
Veem com clareza os técnicos argentinos os ganhos positivos em suas seleções adultas, em seus aumentos qualitativos na defesa, atestando não serem as conquistas nas divisões da base um fator prioritário, onde a qualificação dos fundamentos ofensivos e defensivos, estes sim, são prioridade absoluta. De nossa parte pensa-se diferente, pois o alvo a ser alcançado pelos técnicos de jovens é fazê-los escadas de suas conquistas individuais, onde títulos recheiam e valorizam seus currículos profissionais, visando contratos mais rentáveis nas categorias superiores, onde o fator desenvolvimentista dos fundamentos básicos são substituídos pelas conquistas rápidas, fáceis, advindas de peneiras, onde parcos conhecimentos sobre o jogo, e a altura elevada dos candidatos, se tornam complementos em torno de defesas zonais, prato feito para as tão desejadas vitórias a curto prazo. Logo, não seria um prosaico sul americano entrave a tais objetivos, nos quais a aplicação sistemática de defesas zonais as facilitam de verdade. Decididamente não se trata de opiniões divergentes entre técnicos, e sim um posicionamento intencional às custas de jovens propositadamente afastados de defesas individuais, muito mais trabalhosas e de longa aprendizagem, porém, se bem ensinadas, bem aprendidas e melhor treinadas, constituirão base sólida nas divisões superiores, seleções inclusas, como fazem os hermanos, americanos e europeus, cujos resultados acabamos de sentir na Copa América este ano em Pernambuco…
Este mês estive em Chicago visitando o técnico, professor e amigo Gil Guandron, colaborador de longa data deste humilde blog, junto ao qual, e experimentalmente, iniciei um podcast, cuja gravação posto ao final deste artigo, e cujo tema central se desenvolve em torno do assunto que postei acima, reproduzindo antes as declarações dos técnicos argentino e brasileiro sobre o referido sul americano, exposições estas que gostaria muito fossem debatidas por todos aqueles realmente interessados em nosso desenvolvimento técnico tático. Vejamos as matérias :
A seguir o podcast com a participação do Prof. Gil Guandron
Como vemos, muito e polemizado assunto poderá gerar uma salutar discussão sobre o ensino e a utilização de defesas zonais antes dos 15 anos dos jovens e futuros jogadores, posição esta a muito defendida e tomada por mim na prática em mais de quatro décadas na formação de base, com extensa matéria publicada neste blog. Aprendi, ensinei e sempre pus em prática convictamente que, somente.se torna eficiente uma defesa por zona, se utilizada por jogadores muito treinados e eficientes em defesa individual, cuja fundamentação básica os aparelham com técnicas e habilidades, que se perdem quando iniciados em defesas zonais, e cujos prejudiciais vícios os tornam enormemente vulneráveis nas divisões superiores, sendo essa a nossa maior limitação quanto ao conceito coletivista que. tanto evocamos, e para o qual não encontramos respostas desde sempre…
Amém.
Errata – Aos 10:12 min do podcast, por falha emotiva, confundi defesa por zona com individual, pela qual me desculpo com os leitores. Obrigado pela compreensão. Paulo Murilo.
Vídeos – Reproduções da Internet.
Podcast – Video, som e edição – João David Raw Iracema (Jay Raw)
É muito triste ver uma equipe montada para vencer todas as competições ser varrida num playoff por 3 x 0, deixando no ar um sentimento de frustração anunciada desde sua montagem, onde “peças” especializadas em longos arremessos se ajustariam com precisão a uma concepção arrivista e temerária, onde os arremessos de três pontos estariam na vanguarda de seu sistema ofensivo, contra qualquer equipe que a defrontasse…
Convergências entre arremessos de 2 e 3 pontos ocorreram em todas as suas partidas, não importando que adversário se lhe opusesse, numa demonstração tácita de de seu comando, o mesmo que ora dirige a seleção nacional, imbuída desta mesma opção técnico tática do chega e chuta, em qualquer situação de jogo, numa preferência basal do jogo externo em detrimento do interno, mesmo possuindo “peças” poderosas no mesmo, talvez bem mais superior as demais equipes da liga…
Nunca se contratou tantos estrangeiros especialistas nos três pontos como neste NBB 15, por muitas das equipes participantes, onde americanos e argentinos formavam uma maioria de respeito, com destaque aos armadores e alas, e raramente num pivô de oficio. Todos com a.função prioritária nas longas finalizações, mesmo sendo armadores, fator fulcral que elevou ao patamar de arremessadores aqueles que deveriam ter a função básica de armadores de suas equipes, ficando bem clara a opção do jogo fora do perímetro, secundarizando o interno, onde bons e.talentosos alas pivôs se voltaram ao externo, competindo com os armadores nas bolinhas, vagando a luta nos rebotes ofensivos, negligenciando uma das mais poderosas armas de uma equipe bem treinada e melhor orientada, a posse e domínio dos rebotes ofensivos…
O que se viu? Um completo desastre tático, e muito pior, estratégico, pois abriu-se mão de uma unidade coletivista, trocando-a por exacerbado individualismo, disfarçado em pretensa super habilidade nas bolas de três pontos perante ausência defensiva, atitude comum a grande maioria das equipes. Tal posicionamento tornava-as similares neste aspecto, tornando possível uma competição desvairada de erros, que comum aos competidores, igualáva-os no campo de jogo. No entanto, em alguns jogos, uma das equipes revertia ao jogo interior, resultando vitórias pontuais e importantes…
Se olharmos com atenção os números de alguns destes jogos, poderíamos com precisão, entender quão falhas algumas das equipes mais poderosas se tornaram no transcorrer da competição, ao optarem pela orgia dos longos arremessos, em vez de prioritário jogo interior, mais rico, preciso e eficiente ao final das partidas, vencendo-as de 2 em 2 pontos, deixando as inconstantes e mais imprecisas bolas de 3, como recurso complementar da equipe em seu todo…
Se olharmos melhor ainda, bastaríamos tomar conhecimento dos comentários analíticos sobre a equipe rubro negra, editados no site Nação Rubro Negra, assinado por Enéas Lima em 19/5/2023 (acesse aqui), onde uma análise sobre o plantel rubro negro é colocado como o culpado pela derrocada no NBB, quando determinados e brilhantes jogadores se tornaram inadequados ao sistema de jogo implantado pelo técnico da equipe, que já estaria em processo de trocas de “peças” para a próxima temporada, adequando-as a seu poderoso e revolucionário sistema fundamentado nos arremessos de três a qualquer custo, de qualquer distância, ao tempo que for, o mesmo que tenta incutir na seleção nacional, na qual, fica bem claro, não possuir as “peças” internacionais altamente especializadas que o grande clube carioca contrata para suprir os megalômanos devaneios de seu gênio paulistano, em sua patética busca de mudar e transformar o grande jogo numa competição descerebrara de tiro aos pombos, no qual os fundamentos e princípios centenários mantidos por excelentes jogadores (e não “peças”), magníficos técnicos e professores de verdade, o tornaram, assim como o futebol, nas modalidades mais difundidas e amadas por todo o mundo conhecido, não só por sua apaixonante dinâmica, como, e principalmente, por sua desafiante complexidade técnica, tática e estratégica, aspectos estes que não podem ser minimizados por uma concepção tacanha de um chega e chuta boçal e retrogrado (a NBA matriz já se dá conta desse engodo)…
Para quem ainda tem dúvidas sobre eficiência entre jogo exterior e interior, ai estão os números de São Paulo e Flamengo nas três partidas disputadas, quando culpar “peças” por derrocadas se torna contundente frente a responsabilidade genial e criativa de comissões técnicas revolucionárias e pretensiosas…
Flamengo. São Paulo
(51,1%) 43/84. 2. 66/85. (77,6%)
(24,0%). 25/104. 3. 36/95. (37,8%)
(83,9%). 47/56. LL. 38/54. (70,3%)
47 (15,6 pj). E. 35 (11,6 pj)
Em jogos dessa dimensão pequenos fatores os dimensionam, e na tabela acima vemos que a opção pelo jogo interno de qualidade deu ao São Paulo os pontos necessários para vencer a série, mesmo duelando nas longas tentativas fora dos perímetros, pois contestou com mais eficiência a artilharia rubro negra, assim como levou a melhor sobre a marcação interna carioca, em que ambos os contendores tiveram nas mãos de seus estrangeiros a verdadeira condução tática dos jogos, com a individualidade americana nas penetrações por parte da equipe paulista, e a liderança argentina severamente contestada pelos melhores fundamentos defensivos dos americanos, fatores que nenhuma prancheta de plantão nas três noitadas os qualificaram. E assim sendo, seguimos os tortuosos caminhos do chega chuta desenfreado, pretensioso e profundamente burro como arma prioritária numa equipe que se arvore em superior, tática, técnica e estrategicamente constituída. A seleção nacional que se cuide, pois já se constitui como realidade a devida e competente contenção das bolinhas de ocasião, ah, e o Flamengo também…
Amém.
Foto – Reprodução da TV. Clique duplamente na mesma para ampliá-la.
Três meses se passaram sem algo por aqui postado, e que sem dúvida alguma não fez a menor diferença, face a mesmice endêmica que se instalou no basquetebol tupiniquim, seja na formação de base e na forma técnico tática de atuar das equipes na elite, padronizada e formatada, seja nas seleções nacionais, onde um sistema único de jogo asfixia de morte o que ainda pouco resta de criatividade e ousadia das últimas gerações, pobres e miseravelmente espoliadas em seu direito de atuar sob a égide de sistemas proprietários de jogo, e não esse pastiche mal ajambrado advindo de uma NBA voltada ao business mercadológico, individualizando o grande jogo, a ponto de praticamente reduzi-lo a embates 1×1 por todo o campo de jogo, lançando por terra o coletivismo inerente aos princípios que o nortearam desde sua criação no final do século 19…
Dias atrás assisti pela ESPN via computador ao sexto e definitivo jogo entre Miami e New York pela NBA, vencido pelo,primeiro, fechando a série por 4×2, merecidamente aliás, claro, dentro da sistêmica maneira de atuar que todas as franquias vêm implantando no mundo, o embate 1×1 por todos os limites da quadra, e o chega e chuta desde o perímetro externo, em quaisquer situações em que se apresente o jogo, num frenesi de correrias e erros primários de fundamentos, que não eram cometidos a poucos anos atrás, conotando uma tendência que fatalmente retroagirá o desenvolvimento harmônico do grande jogo por lá, por aqui e pelos países que seguem cega e colonizadamente a tutela da grande liga americana…
Porém, muitos assuntos vieram à baila nestes três meses de ausência de artigos neste vetusto é teimoso blog, sequer comentados e discutidos, quando à sombra do famigerado, endeusado e mercantilizado “basquete internacional” transmitido aos hecatombicos berros de narradores que, sentem ser este o estilo que levará de volta as quadras o verdadeiro público do grande jogo, em nada ajudados por comentaristas de ocasião, alguns deles mergulhados até o pescoço nas maliciosas malhas de empresas de apostas em jogos desportivos que, muito mais cedo do possamos imaginar, detonarão a imagem do jogo correto e ético do cenário desportivo, lançando a todos num torvelinho de manipulações que, dificilmente poderá vir a ser revertido num prazo aceitável, condenando nosso infeliz basquetebol a descer mais fundo ainda no imenso poço em que se encontra a quase três décadas de descrédito e desastrosa gestão…
E se não bastasse tanto descaso, principalmente no aspecto formativo e técnico tático de todas as equipes filiadas `a LNB, vemos agora desenrolar um processo célere de domínio progressivo de programas de preparo e formação de técnicos, de jovens jogadores, e até, pasmem, de dirigentes e gestores, inclusive com estágios internacionais, com patrocínio geral da NBA, numa apropriação indébita de uma atividade socioesportiva, que em qualquer nação independente, responsável e com a devida vergonha na cara, seria obrigação de seus poderes municipais, estaduais e federal, como parte integrante e indivisível do processo educacional de seus jovens, reserva estratégica que são do país…
Aqui de fora do país, acompanhando in loco o que é planejado e feito por países que levam muito a sério a educação de sua juventude, e ter exercido o magistério em em todas suas etapas, complementando-as com o preciso trabalho na técnica desportiva, vislumbro com maior clareza ainda do que a usual, o quanto de subjugação nos encontramos frente a interesses que, de forma alguma, poderiam alcançar objetivos tão flagrantemente contrários à condução de nossos jovens em sua sacrificado e penosa jornada neste imenso, desigual e injusto país…
Temos alguma saída para tão doloroso impasse? Certamente que sim, e algumas ideias e análises foram intensamente publicadas e discutidas neste humilde blog, ao longo de seus dezoito anos de existência, cujas matérias continuam disponíveis nesta trincheira desde sempre…
O que dizer então do inconteste fato de termos todos os clubes futebolísticos, assim como muitas franquias da LNB, patrocinadas por empresas de apostas, abrindo o perigoso e mais do que provável caminho das manipulações em resultados de jogos e competições, que aliás já vem ocorrendo, cuja tendência é a de se espalhar rápida e seriamente? Dizer o quê, a não ser lamentarmos tão previsíveis possibilidades? Lamentável destino provocado por cabeças pensantes(?) que não estão nem um pouco preocupadas com a educação de um povo tão carente da mesma, oprimido a séculos de seu direito constitucional a uma educação plena e de qualidade cognitiva, emotiva e psicomotora, três dos mais importantes objetivos necessários e alcançáveis por qualquer governo que represente plenamente os anseios de seu povo…
Estamos no limiar das decisões na NBA , e em sua pobre e carente filial, o NBB, onde as enormes e profundas crateras expõe suas diferenças técnicas, táticas, formativas, estratégicas, e principalmente econômicas, sociais e educacionais, que só serão sanadas, diminuídas, se reaprendermos a administrar nossa pobreza funcional e histórica, e nos prepararmos com afinco, plena e paciente dedicação ao objetivo maior, a educação desse sofrido povo, desse imenso, desigual e injusto país.
Amém.
Fotos e reproduções pessoais e da internet. Clique duplamente nas mesmas para ampliá-las.