A ENCRUZILHADA (FROM DUBLIN)…

Recentemente a seleção sub-15 masculina venceu o Sul-americano, jogando a final na Argentina contra os donos da casa. Um bom resultado em se tratando de seleções de base, setor tão mal conduzido em nosso país. No entanto, algo pairou no ar sobre a forma como a seleção venceu a competição, pelo fato da mesma ter utilizado a defesa por zona, contra uma outra que não permite sua utilização por menores de 15 anos em todas as suas competições regionais e federais, acolhendo determinação de sua associação de técnicos, como efetiva forma de desenvolver ao máximo as ações e destrezas defensivas em toda sua formação de base, somente conseguidas pela utilização da defesa individual, única e exclusivamente, permitindo as defesas zonais somente daquele data em diante…

Tal determinação conota alta qualidade aos futuros jogadores, fazendo com que os mesmos atinjam alto grau de eficiência defensiva nas divisões acima, principalmente nas seleções adultas…

Veem com clareza os técnicos argentinos os ganhos positivos em suas seleções adultas, em seus aumentos qualitativos na defesa, atestando não serem as conquistas nas divisões da base um fator prioritário, onde a qualificação dos fundamentos ofensivos e defensivos, estes sim, são prioridade absoluta. De nossa parte pensa-se diferente, pois o alvo a ser alcançado pelos técnicos de jovens é fazê-los escadas de suas conquistas individuais, onde títulos recheiam e valorizam seus currículos profissionais, visando contratos mais rentáveis nas categorias superiores, onde o fator desenvolvimentista dos fundamentos básicos são substituídos pelas conquistas rápidas, fáceis, advindas de peneiras, onde parcos conhecimentos sobre o jogo, e a altura elevada dos candidatos, se tornam complementos em torno de defesas zonais, prato feito para as tão desejadas vitórias a curto prazo. Logo, não seria um prosaico sul americano entrave a tais objetivos, nos quais a aplicação sistemática de defesas zonais as facilitam de verdade. Decididamente não se trata de opiniões divergentes entre técnicos, e sim um posicionamento intencional às custas de jovens propositadamente afastados de defesas individuais, muito mais trabalhosas e de longa aprendizagem, porém, se bem ensinadas, bem aprendidas e melhor treinadas, constituirão base sólida nas divisões superiores, seleções inclusas, como fazem os hermanos, americanos e europeus, cujos resultados acabamos de sentir na Copa América este ano em Pernambuco…

Este mês estive em Chicago visitando o técnico, professor e amigo Gil Guandron, colaborador de longa data deste humilde blog, junto ao qual, e experimentalmente, iniciei um podcast, cuja gravação posto ao final deste artigo, e cujo tema central se desenvolve em torno do assunto que postei acima, reproduzindo antes as declarações dos técnicos argentino e brasileiro sobre o referido sul americano, exposições estas que gostaria muito fossem debatidas por todos aqueles realmente interessados em nosso desenvolvimento técnico tático. Vejamos as matérias :

A seguir o podcast com a participação do Prof. Gil Guandron

Técnico Argentino
Técnico Brasileiro

Como vemos, muito e polemizado assunto poderá gerar uma salutar discussão sobre o ensino e a utilização de defesas zonais antes dos 15 anos dos jovens e futuros jogadores, posição esta a muito defendida e tomada por mim na prática em mais de quatro décadas na formação de base, com extensa matéria publicada neste blog. Aprendi, ensinei e sempre pus em prática convictamente que, somente.se  torna eficiente uma defesa por zona, se utilizada por jogadores muito treinados e eficientes em defesa individual, cuja fundamentação básica os aparelham com técnicas e habilidades, que se perdem quando iniciados em defesas zonais, e cujos prejudiciais vícios os tornam enormemente vulneráveis nas divisões superiores, sendo essa a nossa maior limitação quanto ao conceito coletivista que. tanto evocamos, e para o qual não encontramos respostas desde sempre…

Amém.

Errata – Aos 10:12 min do podcast, por falha emotiva, confundi defesa por zona com individual, pela qual me desculpo com os leitores. Obrigado pela compreensão. Paulo Murilo.

Vídeos – Reproduções da Internet.

Podcast – Video, som e edição – João David Raw Iracema (Jay Raw)



1 comentário

  1. […] formação de base, assunto da maior importância que descrevo e discuto no artigo A encruzilhadahttp://blog.paulomurilo.com/2023/05/30/a-encruzilhada-from-dublin/, publicado recentemente neste humilde blog, onde ponho em foco a utilização generalizada da […]

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