UM DIA PARA SER LEMBRADO E RELEMBRADO

UM DIA PARA SER LEMBRADO E RELEMBRADO

Ontem o Congresso Nacional vetou o projeto que constituia o Conselho Federal de Jornalismo,profissão a que também estou habilitado pela ECO/UFRJ.Com absoluta firmeza a classe jornalística lutou por sua independência,base de sua profissão.Os professores também necessitam do elemento vital em sua ação educativa,a liberdade de pensamento,a liberdade de interagir com a sociedade e a juventude.Exatamente por tudo isso que as nações desenvolvidas preparam com eficiência seus professores,dando aos mesmos a grande responsabilidade de preparar as gerações futuras.Entre nós essa capacidade formativa vem se deteriorando com o passar dos anos,das décadas,e só não afundou de vez por ser a formação dos futuros mestres responsabilidade dos centros humanístas de formação,dos centros de filosofia e ciências humanas,com uma exceção,a formação dos professores de educação física,entregues aos centros pragmáticos de ciências da saúde.Estes, por força de sua formação são integrados a um Conselho Federal de Profissionais da Educação Física, e que mesmo com uma formação universitária se vêem equiparados a um exército de leigos e praticantes empíricos de atividades ligadas a desportos,e que as têm legalizadas por cursos de curtíssima e duvidosa duração,patrocinados e organizados exatamente pelo Conselho em questão.É uma atividade altamente rentável,assim como as ações exercidas fora do âmbito escolar,hoje a segunda fonte de grandes negócios em nosso país,e que têm no Conselho seu grande patrocinador.São os profissionais da educação física que subjugam a figura do professor,que os reduzem ao triste papel de coadjuvantes no universo escolar.A não existência de conselhos federais de profissionais da geografia,da matemática,de português,biologia,história,etc,atestam uma realidade que compromete a educação física na realidade escolar.Por tudo isso,os jornalistas estão de parabéns por se manterem independentes e gestores de seu futuro.Quanto a Educação Física,ora, quem vai querer largar o grande velocíno de ouro,quem?

24 SEGUNDOS-COMO USÁ-LOS.

Se dividirmos 24seg. pelas 3 ações básicas de um ataque coordenado,ou seja,a transposição da linha central da quadra,que pelas regras do jogo deverá ser executada em 8seg.(muitos chamam de transição, que na realidade significa o passe rápido do campo de defesa para o de ataque,característico dos contra-ataques),o processo de organização do ataque e a conclusão do mesmo,quando seriam alocados 8seg. para cada etapa.No sistema de jogo adotado por todas as equipes brasileiras,masculinas e femininas,nas categorias de base e nas principais,essa divisão de tempo é quase um padrão de comportamento coletivo,quase sempre comprometido pelo prévio e notório conhecimento das ações que serão desenvolvidas.Se todos atacam de forma semelhante,logicamente as defesas atuarão da mesma forma. E nessa situação previsível é que os 16 seg.se mostram insuficientes para conclusões equilibradas.O correto e plausível é que destinassemos o máximo de tempo no campo de ataque,e que as ações fossem centradas na cêsta,com um mínimo de passes no perímetro,com a utilização dos dribles incisivos e de corta-luzes dentro do garrafão,tanto contra defêsas individuais ,como por zona.Essas ações,bem treinadas, coordenadas e com um alto têor de discernimento quanto ao improviso,concluiriam com arremêssos equilibrados e com tempo suficiente para executá-los com precisão.Como tudo isso seria possível? Inicialmente preparando os jogadores nos fundamentos básicos,tais como:No aspecto genérico,que todos,sem exceções pratiquem o drible,as fintas,os passes,os rebotes,os arremêssos e a marcação independendo se forem armadores,alas ou centros,e nos aspectos específicos de algumas funções,aí sim obedecendo suas características. Porém,alguns ajustes têm de ser observados,e os principais são:1-Passes paralelos à linha de fundo não podem ocorrer em hipótese alguma.2-A zona externa delimitada pela linha dos 3 pontos não poderá ser utilizada como campo de manobras do(s)pivô(s)da equipe.3-A utilização de 2 armadores na zona em questão deverá ser incentivada,pois tal atitude técnica otimizará penetrações em tão vasto território,certamente o mais amplo para ações de ataque.4-Que tanto alas,como pivôs recebam os passes em movimento,pois dessa forma se anteciparão sempre aos defensores,deslocando-os e minorando possíveis coberturas.5-Que em qualquer movimentação de ataque,mesmo as mais simples,todos os atacantes se movimentem permanentemente.6-Que todas as disputas nos rebotes tenham a participação de pelo menos 3 jogadores.7-Que as triangulações ofensivas tenham dois de seus vértices dentro do garrafão,local ideal para que se estabeleça a supremacia ofensiva.8-Que todos os jogadores fintem antes da recepção dos passes.9-Quando de posse da bola os jogadores mantenham-se em posição básica de ataque,jamais elevando a bola acima da cabeça.10-Que os arremêssos fluam com naturalidade,equilibrio e técnica,e com o tempo necessário para sua execução.
Finalmente,que toda movimentação ofensiva seja comum,tanto contra defesas individuais como por zona.O grande desafio dos técnicos é exatamente encontrar respostas para essa circunstância,o de organizar,treinar e desenvolver um ataque polivalente,que se adeque a qualquer tipo de defêsa,pois se trata de uma ação extremamente complexa,mas de eficiência recompensadora. É claro que as ações inerentes ao sistema utilizado de maneira universal pelas equipes brasileiras,com jogadores exercendo funções padronizadas,sendo inclusive numerados como 1,2,3,4 e 5, inviabilizam toda e qualquer tentativa de atuarem dentro de um sistema fundamentado no improviso e na criatividade
pura. Logo podemos concluir que a proposta aqui mostrada só será exequivel com um rompimento radical sobre o que tem sido empregado nos últimos 20 anos,o modelo NBA.
Não custa lembrar que os 24seg.deveriam se transformar em 35seg.para as equipes mirim e infantil,30seg.para as equipes infanto e juvenís,e 24seg.daí para diante.Essa atitude técnico-pedagógica,adaptando-se às características comportamentais nas diversas categorias,propiciaria uma progressiva e segura aprendizagem das técnicas coletivas,assim como reforçaria o amadurecimento dos jóvens praticantes.A idéia de que essas atitudes de mudança,principalmente nas divisões adultas seriam inócuas,por já terem enrraizados hábitos técnicos é discutível,pois jogadores de qualidade seriam os primeiros a se submeterem a treinos intensos de fundamentos,pois sempre haverá lugar para novos gestos e novas técnicas,na medida que sejam incentivados a adquirí-los.Enfim,muito se poderia ainda dizer,mas um fator não poderá ser esquecido,a total e urgente necessidade de sairmos da mesmice que se instalou entre nós,e do já mais do que demorado momento da reforma.Técnicos,tomem coragem,estudem,pesquisem,trabalhem e salvem o nosso querido basquetebol.

ARREMÊSSO:VISUALIZAÇÃO GESTUAL

Isto é um exercício,e para tanto tenha em mãos,se possível, uma bola,que necessariamente não precisa ser de basquetebol.Muito bem,comecemos- Empunhe a bola como para um arremêsso com uma das mãos. Execute o lançamento bem devagar e para cima, utilizando pouca força. Com a flexão do pulso observe detalhadamente como a ponta dos dedos se mantêm em contato com a bola até que os mesmos percam o contato com ela, e como o movimento gera uma enérgica aceleração que faz com que a bola gire para trás em torno de um hipotético eixo diametral, ou seja, uma rotação inversa. Repita o movimento algumas vezes procurando observar o comportamento da bola no ar. Agora, tente determinar qual, ou quais dedos são aquele(s)que tocam por último na bola. Após três ou quatro tentativas você será capaz de determinar qual(is). Feito esse reconhecimento, imagine a seguinte figura- Como a bola gira em torno de um eixo diametral após o lançamento, como se comportaria se esse eixo se mantivesse paralelo ao aro da cêsta, e que os extremos deste eixo se mantivessem equidistantes dos bordos externos do mesmo? Sem dúvida teríamos um grau de direcionamento perfeito. Os outros fatores intervenientes ao arremêsso, força e trajetória complementariam a ação, mas o fator determinante para o sucesso do mesmo seria, sem dúvida alguma, o correto enquadramento com a cêsta, o direcionamento sob controle. Aprimorando um pouco mais o estudo fixe, desenhe ou pinte por cima de uma das linhas que delimitam uma das circunferências da bola, uma faixa de cor branca com aproximadamente 1cm. de largura. Feito isto, empunhe a bola com a faixa perpendicular a mão e execute os lançamentos para cima. Observe agora, com muita atenção o comportamento da faixa branca girando inversamente, e quais os desvios que sofre em sua perpendicularidade. O eixo estará sob controle, e dentro do padrão exposto anteriormente, quanto menor forem os desvios e oscilações sofridas pela faixa fixada na bola. Lançando em uma parede e mais adiante na própria cêsta poderemos observar se o eixo diametral estará paralelo e equidistante ao aro. No entanto, esse alinhamento dependerá basicamente de quais dedos ou dedo que por último tocar a bola, pois definirá o controle do eixo. E quanto maior for a distância do arremêsso mais crítico será o micro controle sobre o eixo diametral em sua rotação inversa. Esse controle é a chave, o “pulo do gato” na arte do arremêsso, seja qual ele fôr, mas com ênfase no de 3 pontos, pois a distância torna crítica a empunhadura, fatôr que muito poucos jogadores dominam com precisão. Se depois do que aqui foi expôsto você sentir que tem condições de dominar com precisão a técnica do direcionamento, teremos um especialista nos arremêssos, e se conseguir desenvolver metodologias para aprimorá-los, teremos um excelente técnico nos fundamentos. E se fôr um jornalista ou comentarista especializado talvez se dê conta do quanto de técnica e precisão independe do ato de “enterrar”, e quanta falta nos faz dominar as técnicas dos arremêssos, pois estamos perdendo um tempo precioso conotando brilhantismo a quem não tem.Vamos treinar gente, e se souberem o que estão fazendo tanto melhor. Tentem, e mãos à obra, digo, na bola!

UM DIA PARA SER LEMBRADO E ESQUECIDO.

Hoje foi lançado na Confederação Nacional do Comércio,aqui no Rio,o Atlas do Esporte no Brasil,por uma equipe de pesquisadores liderada pelo Comandante Lamartine DaCosta,que argumenta-O Atlas do Esporte criou um caso.Antes,não havia informação(dados estatísticos)sobre o setor,e agora há.Os dirigentes sempre pedem patrocínio,mas qual o empresário que vai pôr seu dinheiro sem saber onde investir?(O Globo em 3/12/04)Nessa mesma reportagem alguns dados foram apresentados,como o número de academias no Brasil,20 mil,só inferior ao dos EEUU, e que também só perdemos para os mesmos em número de piscinas recreativas,1,3 milhôes.Afirma também que o setor emprega 1,5 milhões de pessoas,sendo 870 mil diretamente,e mais,que 110 milhões de brasileiros são praticantes de atividades físicas,sendo 26% de ocasionais;51% de muito ativos ou atletas,ao passo que sedentários são 11%. Em um jornal televisivo uma outra afirmação,a da existência de 400 Cursos de Ed.Física no País,somente inferior ao dos EEUU.Tudo perfeito,mas em nenhuma afirmação se tocou,nem de leve,na palavra Escola.E que o esporte,que é parte integrante e idissolúvel da Eucação através da atividade física pudesse ser enquadrada como pilar do processo integral da educação dos jovens,por delegação constitucional e de inalienável e democratico direito de todo cidadão.O Atlas,foi planejado,elaborado e agora divulgado como o Manual do Business da Atividade Física,no qual não poderá haver espaço para que tão rentável indústria se perca em detalhes menores e nada lucrativos,a Educação Física e os Desportos no âmbito Escolar. Em artigos anteriores discorri exaustivamente sobre o assunto,mas a confirmação “ipsileteris”de tudo que disse e escrevi me comove e entristece,pois de forma alguma queria ter razão nessa trágica constatação.Repito pela enésima vez,foi com a retirada dos Cursos de Ed.Física dos Centros de Formação de Professores para os Centros de Ciências da Saúde,com a decorrente criação dos Bacharelatos,ação da qual fui testemunha inicial,e a qual me antepús veementemente,que foi iniciado todo o processo de comercialização do nóvel culto ao corpo nos anos setenta,pós tricampeonato mundial de futebol,magistralmente encampado pelo regime militar no govêrno da época.O Conselho Federal de Ed.Fisica ratificou a conquista originando a criação dos Profissionais da Ed.Física,necessários para o preenchimento e atendimento das 20 mil academias cadastradas no Atlas,assim como as escolinhas desportivas espalhadas pelas praias e quadras de todo o país,todas pagas ou subvencionadas pelos govêrnos estaduais, municipais,setores da indústria,do comércio e até de unidades militares.Isso sem falar na rentabilíssima indústria dos Personal Trainers,muito dos quais formados em escolas superiores públicas,para depois se dedicarem a uma minoria abastada e rica.Profissionais de Ed.Física e não Professores,eis a mágica do Business Desportivo, agora sacramentado pelo glorioso e oportuno atlas do comandante Lamartine.Parabéns cara,não nego a sua genialidade.Quanto a Escola? Ora,pra que Escola?Ela não dá lucro. Em tempo,fui convidado para elaborar os dados referentes ao basquetebol para o Atlas,e me neguei a fazê-lo pelas razões expostas.Tenho a certeza que fiz bem em não negar minha formação e minhas convicções,não sou um profissional da Ed.Fisica,sou e sempre serei um Professor.

PENEIRA,PENEIRANDO…

Houve uma época,nem tão distante assim,que existiam em nosso país os mais genuínos mestres do basquetebol,aqueles que”faziam”jogadores,que os encontravam,treinavam e lançavam nas equipes de base. Hoje,acontecem as”peneiras”,onde o que importa é encontrá-los semi-prontos,classificá-los pelas posições do”basquete internacional”,com prioridade na estatura,condicioná-los fisicamente,e pronto novos astros emergem no cenário nacional.Era dessa forma,nos primórdios do Futebol de Salão que se formavam as equipes.Organizavam-se torneios abertos,onde compareciam dezenas de jóvens,sentava-se com uma prancheta nos últimos degraus da arquibancada,e era só escolher os melhores.Estava pronta a equipe.Como naquela época o Futebol de Salão utilizava-se da mesma quadra onde eram praticados o Voleibol e o Basquetebol, aos poucos foi sufocando a ambos,não só pelo apêlo da
modalidade,mas pela facilidade de se constituirem equipes.Hoje seria quase impossível
acontecer a liquidação do basquetebol,pois as medidas que se exigem das quadras de Futsal são muito maiores,mais próximas do Andebol.Mas o mal já havia sido feito por quase duas décadas,e muitos clubes jamais se soergueram,e se orientaram para outras atividades.A”peneira”nasceu dessa forma,simplista,objetiva,pragmática.Livros técnicos de Futsal apareceram muito tempo depois da modadlidade ter sido implantada no país,ao contrário do basquetebol que é detentor da mais numerosa bibliografia dentre os desportos praticados no mundo.Bibliografia originada pela grande dificuldade no ensino e no treinamento do mesmo,pela complexidade de suas ações técnicas e táticas.Quando me deparo com a divulgação de uma dessas”peneiras”,me pergunto com incontida perplexidade:Quem ensinou esses jóvens a jogar? Porque basquetebol não se aprende sozinho,exige prática,que mesmo de pouca qualidade necessita de supervisão,correção,repetição,ações de domínio técnico.E advém a”peneira”,com subsequente escolha,e imediata constituição grupal,fácil,oportunista dissociada das implicações do ensino fundamental,trabalhoso e quase artesanal,mas que
os técnicos atuais rejeitam por terem acesso aos atletas iniciados pelos”trouxas”que teimosa e idealisticamente dão continuidade a obra maior,a formação do atleta.Mas claro,na quase totalidade não possuem os atrativos de uniformes bonitos e tradicionais,refeições balanceadas,mesadas atraentes.São inseridos nos principios do “basquete internacional”,ganham posições numeradas de 1 a 5,desandam a correr desordenadamente na quadra,se livram permanentemente da bola pela utilização obrigatória do Passing Game e,conquista suprema,se transformam em”especialistas” nos arremêssos de três pontos e nas enterradas.Poucos são realmente treinados nos fundamentos mais complexos do jogo,mas o que importa se outras “peneiras”acontecerão?
E por ai evolue o triste bloco de até bons jogadores,que por incúria e ignorância de muitos deixam de alçar à condição de excelentes praticantes.E vem a pergunta final,a que faço do fundo da minha concepção de basquetebol:Quando os verdadeiros formadores de jogadores terão a oportunidade que os “peneirantes”têm nos dias atuais? São segregados por estarem nas escolas?Respondam se forem capazes.É um desafio.

PESQUISA? PARA QUE?

Garrincha nasceu,viveu,jogou como ninguèm e morreu sem que um único estudo científico tentasse descrever metodólogicamente como um homem, com tantas deformações anatõmicas, alcançasse o ápice da performance técnica como o fez em sua trajetória de gênio do futebol. Nunca se fez um estudo científico sobre algumas das técnicas assombrosas desenvolvidas por Pelé em sua brilhante trajetória de futebolista inigualável.No entanto,bastou Roberto Carlos pôr os pés na Itália para que uma equipe de ciêntistas universitários o filmasse por todos os ângulos para tentar compreender a técnica de seus formidáveis arremates. Muitos anos atrás,quando pertencia ao LTE da EEFD/UFRJ,juntamente com os técnicos Roberto Pavel da natação,e Paulo Matta do voleibol,elaboramos um sem número de filmes técnicos, entre os quais os dos recordistas mundiais de natação Manoel dos Santos,Silvio Fiolo,Luis Nicolau e Precopenko,e as equipes campeãs olímpicas do Japão e da Tchecoslováquia no voleibol,além do Campeonato Mundial de Judô em Londrina e do Campeonato Mundial Feminino de Basquetebol em S.Paulo, como um ensaio prático para o futuro Laboratório de Pesquisas no Campo Desportivo, que era o nosso sonho final.No entanto, a verba que propiciaria a criação do Laboratório foi deslocada para o NUTES(Núcleo de Tecnologias no Ensino da Saúde)da UFRJ,no desencadeamento do processo que levou a EEFD do Centro de Filosofia e Ciências Humanas para O Centro de Ciências da Saúde,que originou a debacle da Educação Física no âmbito escolar.Daí para diante o que se viu foram pesquisas de puro interêsse médico, com enfoque zero na área do gesto desportivo,com vultosas verbas para financiar caríssimos laboratórios de fisiologia do esfôrço,para medirem e avaliarem débito de oxigênio,dobras cutâneas,etc,etc… que mais tarde embasariam e financiariam a mina de ouro em que se transformou o culto ao corpo em nosso país,é claro, sob o comando dos médicos,tendo os profissionais de Ed.Física como coadjuvantes minoritários do butim alcançado.Educação Física na área da saúde se tornou realidade nacional,e hoje quando se fala em desporto escolar temos no Ministério do Esporte e no COB seus pressupostos garantidos pelo Conselho Federal e Conselhos Estaduais de Ed.Física em suas funções dissociadas da unidade escolar, aquela que tem como obrigação constitucional a formação integral do jovem.A Educação Física fora do âmbito do Ministério da Educação tornou-se uma aberração inconcebível.Por tudo isto as pesquisas das técnicas e do gesto desportivo são insignificantes em nosso país.Mas existem e sempre existiram uns teimosos que esporadicamente se insurgiram contra tais situações, entre os quais me encaixo,mesmo sem verbas, nem oportunos mecenas.Em 1976 fiz parte da primeira turma de um curso de mestrado em Ed.Física na USP, e após 2 anos,tendo completado todos os créditos exigidos com excelentes conceitos,fui desligado do curso por me negar a mudar a tese final,que era de caráter experimental na área técnica de basquetebol,pela negativa do professor orientador em aceitá-la. Quatorze anos depois consegui defendê-la como tese de doutoramento na Faculdade de Motricidade Humana da Universidade Técnica de Lisboa,provando a excelência do projeto.Na minha volta de Portugal oferecí uma cópia da tese à CBB,e pelo que soube foi abandonada em um fundo qualquer de gaveta, e jamais foi sequer discutida ou divulgada.No entanto,tem sido usada como base de pesquisa na Europa e em um único caso aqui no Brasil.Recentemente veio ao conhecimento do público algumas tentativas de pesquisas na área técnica do voleibol e da natação,porém são muito poucas as iniciativas nesse campo, ao contrário das pesquisas que interessam ao outro campo, o que detem as verbas e as políticas na área dos esportes, os profissionais da saúde.Uma leitura cuidadosa nos três volumes da Produção Científica em Educação Física e Esportes,publicados pelo Núcleo Brasileiro de Dissertações e Teses em Ed.Físca e Esportes(NUTESES)da Universidade Federal de Uberlândia comprovam essa evidência.Então o que se vê na realidade é o quase total domínio do empirismo irresponsável pairando sobre o fator que poderia dar um impulso inigualável ao desporto nacional,um bem organizado e orientado programa de desenvolvimento técnico através pesquisas nesse esquecido campo.Mas para tanto teríamos de contar com técnicos e professores com esperiência desportiva,e que não trajassem jalécos.Sei que apesar de poucos, existem, e poderiam desenvolver muito bons programas científicos voltados para a melhoria das técnicas do ato desportivo, e que o mesmo pudesse retornar como área de concentração nos mestrados e doutorados de nosso país,deixando para a medicina,fisioterapia,psicologia,psicomotricidade,saúde pública,serviço social,etc, as pesquisas de seus interesses nas áreas que se apoderaram da Ed.Física.Sobra-nos as fintas,os dribles,os passes,as cortadas,os saques,as corridas,os saltos,as braçadas,os chutes,as empunhaduras,o equilíbrio e a força,ações que nenhum estetoscópio poderá medir,quantificar,modificar,otimisar, desenvolver.Estas sobras poderão se transformar em um vastíssimo campo de pesquisas, bastando que queiramos tentar,pois em caso contrário poderemos afirmar:Pesquisa? Para que?

COMO DEVERIAMOS JOGAR

Segundo as declarações de Amaury Passos em recente programa do SPORTV,o contra-ataque sempre foi a marca registrada do basquete brasileiro,tendo mencionado,inclusive,o sistema da linha de três atacantes na execução do mesmo, ação largamente utilizada pelo técnico Kanela nas seleções brasileiras que dirigiu,mas que dependia basicamente do domínio dos rebotes defensivos, setor que dominávamos como ninguém, pela velocidade e habilidade de nossos homens altos.Na impossibilidade do contra-ataque, atacavamos com dois exímios armadores,dois rápidos e certeiros alas e um pivô em permanente movimentação.Os arremêssos de três pontos ainda não tinham sido adotados, no entanto as contagens, via de regra,ultrapassavam os 70 pontos,provando que elevadas contagens podiam ocorrer normalmente sem a presença dos arremêssos de três pontos.Não se trata de negá-los, e sim reservá-los aos verdadeiros especialistas,ao contrário do que ocorre nos dias atuais, quando qualquer jogador se acha suficientemente técnico para executá-los. Trata-se de uma arte, difícil e elitista arte, que é reservada a muito poucos jogadores.E por ser uma restrita especialidade é que os sistemas ofensivos deveriam ser direcionados para os poucos e especiais momentos em que pudessem ser realizados com boas perspectivas de sucesso, e não como uma regra geral a ser adotada como vemos nos dias atuais, e com desastrosos resultados na maioria das partidas.O advento dos três pontos, e o endeusamento das enterradas propiciaram um afrouxamento na prática de fundamentos excênciais no preparo dos jóvens,assim como a adoção de um sistema que privilegiasse aqueles arremêssos, pautado quase que exclusivamente nos passes, cristalizaram e generalizaram o uso do Passing Game como a norma a ser adotada e seguida por todos. Instalou-se o modelo,que tinha na NBA o seu executor maior, divulgado e imposto subliminarmente mundo afora,aceito religiosamente por quase todos os técnicos, que viram nele a solução para o problema maior,a falta de talento,criatividade e coragem para alçar vôos sólos. Por que estudar se o modelo NBA ali estava,à mão,gratúito, e previamente aceito pelos jóvens que ostentavam nas camisetas emblemas e fótos das equipes americanas? Por que adotar comportamento generalista na execução dos fundamentos se era bem mais fácil orientar os jóvens atletas pelos caminhos da especialização na forma de Jogador 1, 2, 3,etc…Nem os EEUU seguiram essa linha, jamais o fizeram,pois o Passing Game foi estabelecido muito antes do advento dos três pontos, com a finalidade de manter o controle tático das equipes universitárias na mão dos técnicos quando da inclusão do limite de posse de bola,inicialmente em 45 segundos,posteriormente em 35 e atualmente em 30 segundos.Irônicamente, os americanos estão aplicando experimentalmente em uma liga menor dos profissionais a permissão dos arremêssos de três pontos somente nos três minutos finais dos jogos, no intuito de incentivar a pratica dos arremêssos de média e curta distâncias, com consequente diminuição do grande número de êrros que vinham ocorrendo nos últimos anos. Acreditam que somente os especialistas serão acionados nos três minutos finais, e que a diminuição das distâncias incentivarão os jogadores à busca da precisão perdida nos últimos tempos. E nós cada vez mais mergulhados,e na maioria das vezes,perdidos no caudal de êrros que vem transformando nossos jogadores em franco-atiradores,onde até os pivôs já embarcaram na aventura dos três pontos.E nossos técnicos,embevecidos ou impotentes assistem a tudo como se fosse essa a nossa verdadeira maneira de jogar.Se estão, como comandantes,coniventes com essa realidade,devem tentar urgentemente reverter o processo que está nos levando para o fracasso definitivo.Torna-se de vital importância o renascer da arte do drible,da execução e recepção dos passes de forma antecipativa, com alas e pivôs os recebendo sempre em movimento, e basicamente
desenvolvendo as ações de jogo com e sem a bola.A movimentação assíncrôna é a chave
dos bons e efetivos sistemas,pois mascara as intenções ofensivas que a sincronia torna de facil marcação pela obviedade dos movimentos.É o que vemos atualmente, pelo fato de todas as equipes jogarem de forma igual,previsivel,óbvia, e sempre voltadas à
preparação dos arremessos de três pontos.Os resultados ai estão para provar o quanto de ineficiência apresentam, e como retardam o nosso desenvolvimento técnico.Temos que voltar a adotar sistemas que permitam aos jóvens,após um intenso preparo nos fundamentos, trilharem os caminhos da experimentação, da descoberta de suas potencialidades e a de seus companheiros, fora de esquemas rigidamente coreográficos,
que os tem levado desde cêdo a uma absurda pseudo-especialização.Uma jóvem equipe bem
preparada nos fundamentos se sai melhor do que aquela atrelada a esquemas que só se
manifestam importantes perante a vaidade e despreparo de também pseudo-técnicos.Mas
aplicar corretamente os fundamentos exige de quem o faz, não só um profundo conhecimento do jogo,mas um rigoroso conhecimento da arte de ensinar.Nos países líderes do basquetebol mundial,são os técnicos de divisões de base aqueles mais bem
preparados pedagógica e técnicamente.Alguns anos atrás perguntei a um renomado técnico se ele aceitaria orientar uma divisão de base, e recebi como resposta a
afirmação de que considerava um desprestígio fazê-lo após ter atingido ao patamar de
técnico da elite.Esse posicionamento é bem mais comum do que imaginamos,e o que nos
resta é lamentar, pois um técnico de alto nível raramente cometeria os êrros comuns
aos técnicos inexperientes.Dedicar um horário no dia de trabalho aos pequenos praticantes daria um impulso sem precedentes ao nosso combalido basquetebol,e
prepararia melhor os futuros técnicos.Adaptar situações técnico-táticas às necessidades e limitações dos jóvens torna-se de fundamental importância,assim como
livrá-los das imposições e limitações contidas no sistema em vóga em nosso país.
Enfim,com a melhoria no ensino dos fundamentos,e com a diversidade em sistemas de jogo que serão desenvolvidos, teremos a médio prazo a possibilidade real de sairmos
do limbo em que nos encontramos a 20 anos no campo do basquetebol internacional.
Espero, sinceramente, que sim.

DEBATES E RETROCESSOS

Não a muito tempo a ESPN Brasil promoveu um intenso debate, tendo como fóco principal a dispensa do técnico da seleção e a realidade do basquetebol brasileiro. Mais recentemente o SPORTV veiculou matéria sobre a atualidade e o que se esperar para o futuro da modalidade, e em ambas as iniciativas contaram com o testemunho e ativa participação de antigos e atuais jogadores,técnicos,jornalistas e até profissionais de outras áreas ligados, ou interessados pelo basquetebol. Discutiram,debateram, mas em nenhum momento apontaram os verdadeiros, porém comprometedores motivos da decadência. Em artigos anteriores apontei grande parte deles, mas um em particular deve ser priorizado,a desunião profissional.Torna-se muito difícil, e até repetitiva a abordagem desse assunto, porque atinge em cheio e profundamente a essência da ética.E é em respeito a esse princípio fundamental das relações profissionais que insisto em fazê-lo, apesar das críticas em contrário. Podemos estabelecer que poucas foram as ocasiões em que pudemos constatar união entre os técnicos,mas elas existiram, através as efêmeras, porém importantíssimas associações de técnicos fundadas nos anos setenta, a ANATEBA e a BRASTEBA.Foram duas
brilhantes tentativas de união “inter pares”, as quais propiciaram encontros,cursos,
debates e clínicas, onde eram discutidas as diversas tendências técnicas,os sistemas
mais em voga, os principios éticos, a convivência enriquecedora. Foi uma época onde
a diversidade metodológica provocava o surgimento de novos padrões de treinamento,de
inovadores sistemas de jogo,de táticas audaciosas, de inteligentes estratégias. A
mesmice existente nos dias de hoje, o marasmo subserviente, o colonialismo cultural e
técnico não existiriam se aquelas nobres tentativas do passado tivessem obtido o
êxito merecido. No entanto, merecimento nem sempre alimenta boas e profíquas intenções, o qual, na medida em que vai de encontro a certos interêsses de mercado,
necessita ser extirpado,para que os objetivos dos mesmos sejam alcançados.Foram-se
os ideais, feneceram as lutas, venceram aqueles que viriam a implantar o terrivel
modelo que ora viceja em nosso país, o “basquete internacional”,o modelo NBA. Um
modelo que dispensa maiores estudos, custosas adaptações as nossas condições,modelo
“prèt-a-porter” com soluções padronizadas e por isso inteligentemente globalizadas
em pról de um basquetebol de principios unilateralistas,mas profundamente rico e para
o qual se voltam os olhos e as vontades daqueles que se negam a enfrentá-lo. Essa é a
escravidão que temos de renegar, para tentarmos nos soerguer tendo como exemplo maior
um passado glorioso e patriótico, um passado de vitórias. Não se trata da negação de
uma escola que sempre se pautou pela excelência dos fundamentos do jogo, mas sim de
não adotar soluções técnico-táticas inadequadas à nossa realidade, ao caráter de
nossos jóvens, à realidade de nossas deficiências econômicas e sociais. Temos de
reaprender a administrar nossa pobreza, voltando a utilizar doses maciças de coragem
e criatividade.Enfim, temos de retomar o caminho perdido, temos de voltar a nos unir
em torno do ideal maior, ao reencontro de nossa verdadeira vocação.

PASSADO,PRESENTE E FUTURO

Nos artigos já publicados nesta pequena página, abordei da maneira mais concisa possível alguns dos fatôres que, na minha modesta opinião,levaram o basquetebol a
encruzilhada em que se encontra atualmente,e que infelizmente não está sabendo ou
merecendo sair. Acabo de receber um email do Presidente da Confederação Portuguesa
das Associações de Treinadores(http://www.cpatreinadores.org),Prof.José Curado,ex-
Técnico da Seleção Principal de Portugal,pedindo minha colaboração na organização
do 1ºCongresso de Treinadores de Lingua Portuguesa, a ser realizado no próximo ano
em Lisbôa. Pede-me que faça uma ponte entre os técnicos daqui para que possam ir ao
Congresso,mantendo uma ligação com nossas Associações para o envio e credenciamento
dos mesmos ao evento.Mas quais Associações? No ano passado fui ao lançamento em São
Paulo da APROBAS(Associação dos Profissionais do Basquetebol)na qualidade de um dos
fundadores das duas primeiras Associações no Brasil, a ANATEBA e a BRASTEBA,nos
anos setenta.Fiz minha inscrição,paguei a taxa anual,e até hoje aguardo a credencial de sócio, e mesmo o recibo para pagamento da atual anuidade.Sequer fui contatado,por carta ou email.Para a APROBAS simplesmente não existo.Não tenho qualquer informação da existência de outras associações,e vejo-me na situação de não ter como atender a contento o pedido do José Curado.Uma coisa é certa,lá estarei,e já solicitei espaço para apresentar um trabalho técnico durante o forum que será criado para a apresentação dos mesmos. Tentarei estabelecer contatos com as federações para que as mesmas comuniquem aos seus técnicos as diretrizes do Congresso.Mais não posso fazer, a não ser lamentar a profunda divisão e omissão que grassa no meio, fator preponderante para o entendimento dos”porques” da situação de indigência técnica da modalidade.Em artigos semanais coloquei em discussão vários pontos importantes sobre formação,competição, e organização desportiva ,mas só obtive respostas de uns poucos abnegados e realmente interessados na melhoria do basquetebol em nosso país.Assim como um declarado candidato à presidência da CBB criou um decálogo de salvação nacional,sugiro um, não de salvação, mas de conclamação àqueles que querem realmente o bem do basquetebol.Aí vai:
1-Que tentemos reverter a formação dos professores de Ed.Fisica e futuros técnicos desportivos aos Centros de Ciências Humanas das universidades públicas e particulares do país,que é o ambiente indicado e fundamental na formação docente.
2-Na impossibilidade da extinção do Conselho Federal dos Profissionais da Educação Fisica,o que seria correto, que o mesmo se destine ao controle das academias,dos clubes e associações, jamais a escola e a universidade.
3-Que fossem incentivadas em cada federação a formação de ligas para as divisões de base, congregando preferencialmente as escolas,com patrocinio local na medida do possivel.
4-Que os campeonatos de seleções das divisões de base fôssem realizados entre cidades em cada estado,dos mirins até infantís,entre regiões por estados,dos infantos e dos juvenis, e nacionais pelos estados nos divisões sub21 e sub23,adequando as distâncias e os deslocamentos pelas faixas etárias,com menor dispêndio de verbas.
5-Que fossem incentivadas as criações de associações de técnicos por regiões do país
sob supervisão de uma associação nacional que se responsabilizaria pelas conexões com as congêneres internacionais,e com finalidade pura e exclusivamente técnica.
6-Que a associação nacional fosse responsável pela implementação de atualização técnica e estudos voltados ao desenvolvimento da modalidade,assim como,em conjunto com a confederação,federações e associações regionais estabelecerem as normas competitivas dos calendários regionais, estaduais e nacional.
7-Caberia a confederação a responsabilidade das seleções nacionais, do banco de dados técnicos e estatísticos e o apoio logístico às iniciativas de caráter técnico da associação nacional.
8-Que fosse eleborado, estudado, discutido e implementado um verdadeiro e exemplar código de ética, a ser seguido e respeitado por todos os envolvidos no processo.
9-Que fossem instituidos canais facilitadores para publicações técnicas por parte dos estudiosos do basquetebol, e consequente difusão e distribuição do material selecionado.
10-Que verbas governamentais fossem rigorosamente auditadas em ligas, federações e confederação, garantindo a lisura do processo de soerguimento do basquetebol brasileiro. Nem todos os itens deste decálogo terão receptividade amistosa, mas não custa tentar chamar à introspecção assuntos de importância fundamental ao processo educacinal de nosso povo,no qual se insere com méritos e reconhecida importância o nosso tão maltratado basquetebol.

O QUE NOS FALTA REALMENTE?

Este é vigésimo primeiro artigo que publico,e depois de abordar diversos assuntos técnicos e situações politico-administrativas creio que apresentei alguns,porém sólidos argumentos para, de uma forma objetiva apresentar conclusões e sugestões visando a melhoria técnica e administrativa de nosso combalido basquetebol.
Falta-nos,prioritariamente união.Quando técnicos aceitam influência,orientação,método
sistemas e técnicas de uma única matriz,tomando-a como verdade absoluta, e impondo-a
inclusive na formação das divisões de base,esteriotipando as ações dos futuros jogadores em modêlos voltados à especialização(jogador 1,2,3…etc), limitando-os a papeis manipuláveis de fora da quadra,escravizando-os em coreografias que se tornaram
padronizadas pelas equipes brasileiras,repito,quando os técnicos agem dessa forma,
prevejo poucas chances de fujirmos a médio prazo da mediocridade em que nos encontramos. Torna-se urgente o desligamento da matriz NBA,do sonho subserviente de lá vencer como jogador,ou de lá se especializar como técnico ou dirigente,e mesmo se
espelhar como torcedor de um esporte que somente eles praticam,e que inteligentemente
importam estrangeiros para torná-los propagadores de suas idéias absolutistas em seus
paises de origem. Agora mesmo os brasileiros que lá jogam estão relegados à reseva de
suas equipes, de onde dificilmente sairão.No entanto são festejados como aqueles
craques que levarão a seleção brasileira ao patamar olímpico.Da equipe argentina,
campeã olímpica, somente um dos jogadores atuava na NBA,e como estrêla absoluta,e os
outros o faziam na Europa, principalmente na Italia, onde, pela força da dupla cidadania de seus jogadores aperfeiçoavam um método de jogar antagônico ao da NBA e
totalmente condizente à realidade das regras internacionais negadas pelos norte
americanos.Foram campeões por sua extraordinária inteligência ao perceberem que venceriam se explorassem a fragilidade dos americanos perante a crueza das regras
internacionais.Para nos restou a pseudo e estúpida aceitação do que chamam”basquete
internacional”,numa prova cabal de quase total ausência de amor e respeito por nossas
raízes culturais e passado brilhante na forma de jogar,forma esta que nos fez imbatíveis em nosso continente.Hoje nem em divisões de base vencemos os irmãos argentinos, que fugiram do exclusivismo perante o modelo NBA. Resta-nos a união pela
discussão, pelo embate das idéias,pela fundação de associações estaduais de técnicos,
que discutam a modalidade em função de suas regionalidades para, ai sim,em torno de
uma associação nacional reencontrar o caminho perdido nos últimos 20 anos.Caberia a
CBB encorajar esse caminho,e não se situar como principio, meio e fim na busca das
soluções para os graves e terminais problemas que nos afligem.Houve uma época em que
fundavamos uma ANATEBA, uma BRASTEBA, que nos reuniamos em pequenos, porém encontros
técnicos para técnicos, onde discutiamos e discordavamos, mas sempre concluiamos algo
de interesse do basquetebol.Divergiamos porque não utilizavamos em nosso trabalho uma
uma única fonte inspiradora.Tinhamos até”escolas”como a paulista,a carioca,a mineira,
como outras,que ao se enfrentarem nos campeonatos nacionais definiam os caminhos de
evolução técnica a serem percorridos.Hoje o que apresentamos é uma única forma de atuar, calcada no modelo NBA, que nos chega de enxurrada pela TV,pelos jornais e revistas, em matérias regiamente pagas, em contraponto à nossa pobreza.Só sairemos dessa penúria no momento que nos reunirmos.Encontros como os que aconteciam aos sabados na USP,onde mais de 100 técnicos assistiam palestras de colegas, e depois as
discutiam,ou aqueles que aconteciam no Rio,no RGS e em Minas, dos que tenho conhecimento, e que eram levados a sério pela CBB, que hoje simplesmente omite qualquer manifestação que não compactue com suas orientações exclusivamente de cunho
político-continuistas,onde inexiste discussão aberta sobre as técnicas da modalidade
que representam.Um exemplo? Em 1971,quando exerci a função de coordenador do Laboratório de Tecnologia do Ensino da EEFD/UFRJ propús a realização de um filme de
média metragem semi-profissional em 16mm sobre o Campeonato Mundial Feminino realizado aqui no Brasil.Juntos,EEFD e CBB levantamos uma pequena verba para a compra
e a revelação dos negativos,e realizei,filmando,roteirizando,editando e gravando o
único filme técnico sobre basquetebol feito em nosso país.Cópias foram distribuidas
até no exterior, como Australia e Portugal,e outras que até recentemente faziam parte do acêrvo de duas escolas de Ed.Fisica quando se deterioraram pelo passar do tempo.Quatro anos atrás descobri os negativos de imagem e de som do mesmo e corri para um laboratório especializado de cinema para tentar salvá-lo.O orçamento foi de
seis mil reais aproximadamente.Como não dispunha dessa quantia fui a CBB tentar que
me ajudassem a salvar aquele único documento da extinção.Resultado? Até hoje o material mofa em um refrigerador da LABOFILMES,e nem sei se ainda existem.O único
filme de basquetebol feito no Brasil e documento de um Mundial aqui realizado,
patrocinado pela CBB não teve dela a menor ajuda em sua restauração.Uma entidade
esportiva que não preserva sua história não está cumprindo sua função de guardiã das
técnicas do passado,quiça as do futuro.O que resta? A reação daqueles que são os
verdadeiros artífices do jogo, aqueles que em suas funções de professor e técnico
mantêm viva a modalidade.Enfim,aqueles que compôem o cerne e a alma do basquetebol,os Técnicos.Unamo-nos e levaremos o basquetebol de volta ao cenário mundial.