O ÚNICO CAMINHO…

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Tem sido um novembro de muito trabalho em casa, na tentativa de colocá-la em ordem até o natal, depois dos muitos contratempos por que passei após o incêndio de março, mas aos poucos estou conseguindo dar conta da tarefa, além das demais que teimo desenvolver, como esse humilde blog, um tanto defasado, não só pelo curto espaço de tempo que disponho, mas, e principalmente, pela aversão que tenho desenvolvido pela mesmice endêmica que vem estrangulando inexoravelmente o grande jogo, pelo menos aquele que conheci, pratiquei, estudei, pesquisei e venho ensinando por cinco décadas…

Sem dúvida alguma paramos no tempo, em sua principal e determinante face, a da técnica de jogo, hoje mascarada por “avanços” midiáticos “like NBA”, com números circenses, bailarinas, pegadinhas, e outras mais tupiniquins, como narradores tonitruantes, ufanistas, festivos, futebolísticos, assessorados por comentaristas e entrevistadores que pouco informam sobre as técnicas do jogo, igualmente festivos, que se esmeram em recados de fans e números de ouvintes, e estrategistas sobraçando pranchetas solidamente compromissados com o sistema único de jogo, certamente o único que conhecem, num nicho onde os muito poucos que entendem do riscado se apagam frente a uma realidade marqueteira, mil anos luz afastados da essência do grande jogo, basicamente aquela que tanta falta nos faz neste decisivo momento, o de seu soerguimento, depois da formidável queda que o lançou num limbo atroz nos cenários caseiro e internacional…

Então, como perder precioso tempo assistindo o mesmo do mesmo ano após ano, onde a média de erros de fundamentos se mantêm no absurdo número de 27,2 por jogo na liga maior, e já nem mais falo da hemorragia crônica dos três pontos, com todas as franquias jogando da mesma forma, e que somente agora, dez anos depois de fundada, suas defesas começam a se antecipar às manjadas jogadas, principalmente por parte de alguns americanos mais escolados, propiciando algumas vitórias pontuais, porém muito aquém do desejável impacto modificador do padronizado e formatado modelo que aí está, medíocre, primário, escancarado a todos…

Ainda mais, analisando as estatísticas da LDB, com a média de 35 erros por jogo, com algumas partidas atingindo os inacreditáveis mais de 50 erros de fundamentos, absurdo dos absurdos. E querem soerguer o basquetebol dessa forma? Vão lá nas estatísticas e aufiram tais números, estarrecedores e comprometedores…

Treinam-se (?) táticas, sistemas, padrões e comportamentos, a jogadores que acima dos 17 anos simplesmente não sabem jogar basquetebol com pleno conhecimento e domínio de seus fundamentos básicos, todos se considerando especialistas nas bolinhas de três, e vem tais estrategistas posarem de doutores e conhecedores do grande jogo? Simancol B12 é pouco para essa turma graduada em cursos de 4 dias pela falida ENTB, e osmoticamente grudados em um ou outro luminar da modalidade, como se fosse possível incorporar seus incontáveis anos de conhecimento e trabalho duro em 2 ou 3 anos, e que desfila imponente como se a salvaguarda do grande jogo lhe pertencesse, todos calados e subservientes à sombra de um croata salvador…

Logo mais destinarei um tempinho para acompanhar a seleção em sua estréia nas qualificatórias ao Mundial de 2019 na China, jogando contra o Chile em terras andinas, sabendo de antemão como jogará, claro, dentro do sistema único, mais seguro quando tiveram somente uma semana de treinos, com talvez uma disposição defensiva mais enérgica, fator natural a todo namoro inicial entre comandante e comandados no primeiro encontro de uma competição desse nível, porém menos impactante graças a fragilidade conhecida do basquetebol masculino chileno. Talvez na segunda feira, quando enfrentaremos a Venezuela aqui no Rio, tenhamos um verdadeiro retrato do que nos espera daqui para diante, quando o técnico croata terá a oportunidade de aferir a nossa realidade, e do quanto terá de trabalhar para minorar nossas deficiências mais urgentes, sabedor que é da nossa deficiente formação de base, antítese da formação desenvolvida historicamente em seu país, que nos tinha num passado não tão distante assim, como rivais diretos, fruto da bela formação que ostentávamos e perdemos criminosamente nos últimos 30 anos…

Infelizmente temos de reconhecer que não será com penduricalhos midiáticos, ufanismos desenfreados, endeusamentos precoces, cópia deslavada e colonizada de uma matriz que somente nos quer como consumidores de seu bilionário produto, econômico, cultural e mercadologicamente interesseiro, que emergiremos do atoleiro em que nos encontramos, e sim, atuando fortemente na base colegial e clubística, nas pequenas e grandes ligas municipais, estaduais e nacionais, na criação e desenvolvimento de associações estaduais de técnicos, formando melhores professores e técnicos através substanciais incrementos e correções curriculares nas escolas de educação física, hoje mais voltadas a área da saúde, balizando e sedimentando o culto ao corpo, numa indústria bilionária capitaneada por holdings de academias para onde são direcionados seus formandos, vigiados e controlados por cref´s abusivos e equivocados, para os quais uma política nacional de educação física e desportos centrada nas escolas se torna altamente indesejada, por interferir no mercado milionário de jovens que jamais migrariam para suas hostes se pudessem usufruir de seu direito constitucional a uma educação de qualidade nas escolas e nos hoje quase dizimados clubes de bairros e comunidades…

Se o grande jogo quiser honesta e sinceramente sair de tão humilhante posição, precisa investir seriamente em qualidade, qualidade mesmo, e não escambo político, protecionismo interesseiro, para investir no conhecimento, no estudo e pesquisa de alto nível, no mérito enfim, abandonando de vez o imediatismo e as “ações entre amigos”, cujos resultados mancharam o brilhante histórico do nosso basquetebol. É o único caminho a ser percorrido…

Amém.

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PEQUENOS E INSTIGANTES TÓPICOS…

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– Nosso técnico croata tem feito o que seu antecessor pouco fazia, ou seja, percorrer as quadras do país para observar de perto os valores que poderão defender a seleção nas próximas, muito próximas eliminatórias para o Campeonato Mundial, e que, tenho a mais absoluta certeza, o está deixando surpreso com o que está testemunhando, principalmente com a concepção de nossos estrategistas liberando geral uma artilharia boçal e irresponsável nos arremessos de três, todos sintonizados com a ausência defensiva fora do perímetro, responsável pela descomunal farra por parte de jogadores que se consideram especialistas neste crítico e especialíssimo arremesso (que a crítica midiática vem definindo hilariamente como um fundamento específico), transformando os jogos numa mera competição de tiro aos patos, errática, absurda e profundamente prejudicial ao grande jogo, principalmente ao servir de imagem e parâmetro aos jovens que se iniciam nesta complexa modalidade. Números assustadores o devem estar horrorizando, e temeroso frente ao enorme abacaxi que tem em mãos, que, talvez, o belo salário que aufere não compense o esforço descomunal de Prometeu que o espera, escalando um cume improvável de alcançar de acordo com a realidade que tem presenciado, como por exemplo os três últimos jogos do playoff paulista, onde foram arremessadas 102/183 bolas de dois, e 69/180 de três, sendo que na terceira partida de série foram cometidos 12/45 de três (18/27 de dois) pelo Paulistano, e 12/29 (16/26) respectivamente por Franca, numa desvairada orgia do que estão querendo implantar no país, como arremedo de um Warriors da matriz que idolatram beociamente. Com exemplos como estes, antevejo sérios problemas com um técnico que prioriza a defesa, o ritmo, os fundamentos, e por conseguinte o coletivismo, antítese do “chega e chuta” que tem presenciado, e mais claro ainda, as performances americanas em jogos onde são a maioria nas formações básicas, e o pior, sendo quase todos meia-boca, ocupando um precioso espaço aos jovens ansiosos por uma chance, mas importantes para estrategistas que lançam nas mãos deles as decisões, que omitem nos rachões disfarçados em treino, e os rabiscos desenfreados em suas midiáticas e enganosas pranchetas. Prevejo sérios problemas para o croata, mesmo hablando español…motta

– No entanto, a excelente conquista do sul americano sub 14 pela seleção masculina, tendo, inclusive, o MVP da competição, o Felipe Motta, filho e neto de ilustres basqueteiros, os Paulos Cesares Motta, dando seguimento a uma linhagem de brilhantes jogadores que foram, agora espelhados num jovem formado pela escola italiana, mas que optou defender o país de sua família, mesmo após se sagrar campeão italiano por uma equipe de Roma e ter seu nome cogitado para integrar a seleção daquele país, e na sua primeira participação internacional se sagra campeão e MVP da competição. A equipe brasileira, bem dirigida por uma técnica especializada na formação de base do EC Pinheiros, numa meritória indicação da CBB, merece todos os elogios, principalmente pelo fato de ser o primeiro degrau para o futuro de nossas seleções, e que as demais equipes de base sejam formadas e dirigidas por professores com o mesmo cabedal da técnica campeã, e não ungidos politica e compadrinhamente, como se tornou hábito nas administrações anteriores da CBB. Torço ardentemente que nas próximas seleções seja dado seguimento progressivo aos fundamentos do grande jogo, assim como sistemas ofensivos e defensivos diferenciados, a fim de dotar os jovens em sua ascensão etária, de um amplo cartel de conhecimentos técnico táticos, livrando-os das amarras asfixiantes de um sistema único, passando desta forma a servir de exemplo para a formação de base em escolas e clubes, onde a pluralidade de conhecimentos e leitura de jogo atinja o mais alto patamar para a prática de um basquetebol criativo, ousado e acima de tudo, vencedor…JP3_9199-1200x800

– Também aconteceu o lançamento do NBB 10, com o anúncio das conquistas que catapultarão o grande jogo às grandes conquistas, começando com o depoimento dos eternos cardeais, o Marcelo, o Guilherme e o Alex, figuras ícones e dominantes, repetindo o discurso de sempre, acompanhando o grande progresso feérico e de marketing da LNB, com bola personalizada, atrações antes, durante e após os jogos, com as transmissões televisivas abertas, fechadas e via internet, com sofisticadas estatísticas, anunciantes e patrocinadores de peso, com equipes recheadas de americanos e uns poucos latinos, dolarizados e independentes tecnicamente como sempre, mas com um grave, gravíssimo senão, eterno e constrangedor senão, a manutenção corporativa de estrategistas compromissados com o sistema único, maciço, pétreo, inamovível, mantenedor do status técnico tático que aí está,escancarado e falido, porém alinhado a realidade de jogadores que se revezam pelas equipes, ano após ano, e americanos que se sentem à vontade por encontrarem o sistema de jogo que convivem em sua terra, intacto, cristalino, e de automática adaptação. Novidades neste campo, sim, a adoção da dupla armação, dos pivôs leves e ágeis, do jogo mais livre, numa imitação canhestra de algumas equipes da NBA, como o Warriors, adaptando-os às movimentações sacramentadas pelo sistema único, com seus chifres, punhos, etc.,porém nada parecido a algo de realmente novo, diferenciado, como o exemplar Saldanha do NBB2, e aqui refaço o desafio feito em 2010, jamais aceito pela comunidade de estrategistas tupiniquins. Pena que não me foi dada a alforria pelo castigo de inovar e vencer alguns luminares naquela lapidar ocasião, o que foi um brutal erro, já que poderíamos ter antecipado em sete anos a definitiva fuga de um sistema absurdo e equivocado, que nos teria ajudado a trilhar novos e corajosos rumos, com algo nosso e proprietário, e não essa mal ajambrada, porém conveniente, cópia da matriz…P1150624

– Finalmente, o que falta ao Ministério Público, a Polícia Federal, a Receita Federal para expurgar de vez esse momento mafioso e seus conhecidos utentes, que se apossou do desporto nacional nos últimos 30 anos, o que falta meus deuses?…

Amém.

Fotos – Reproduções da internet e do site CBB. Clique duplamente nas mesmas para ampliá-las.

SUTIS REALIDADES E LEMBRANÇAS…

 

– Começou a LDB, com verbas liberadas pela CBC (não mais o ME), e já na primeira rodada tivemos clube cometendo 32 erros de fundamentos, mas com as pranchetas e o sistema único afiados como nunca, ou seja, não aprendem, e o pior, não ensinam fundamentos, e fico por aqui…

Marcus-vinicius-002– Tivemos o ex-diretor executivo de esporte do COB numa entrevista dada ao O Globo de 20/10/17 dando uma de surpreso com a prisão (agora solto) do ex chefe Nuzman, afirmando num determinado ponto da mesma – (…) O problema é que hoje a gente tem uma mancha no que foi feito. Essa mancha pode ser muito maior ou não. Vamos ver. E para mim, manchou o país inteiro, principalmente Rio 2016 e governos(…), para mais adiante dizer – (…) Não tenho nada a ver com a Rio 2016, pelo amor de Deus!(…). E ainda rebate – (…) Para mim, ela (a dívida de 132 milhões) é muito maior do que estão falando. E não acho. O COB será o herdeiro dessa dívida.(…) Bem, para quem foi cuidado pelo chefe a pedido de seu pai aos 13 anos, convivendo profissionalmente com o mesmo por 18 anos, até alçar ao cargo de diretor executivo do COB, torna-se difícil aceitar sua inocência angelical, ou não?…

gettyimages-587859680– Num recado direto e sem firulas, a CBB anuncia o novo técnico para a seleção masculina, o croata Alecsandar  Petrovic, irmão do lendário jogador Drazen Petrovic, morto num acidente na Alemanha quando se firmava na NBA, recado direto a LNB na afirmação de que nenhum técnico do NBB tem competência para liderar a seleção, a não ser como possíveis assistentes, que provavelmente poderão ser os mesmos que dirigiram a seleção perdedora na Copa América do mês passado, que sequer se classificou para o pan americano do Peru, fato que discordo veementemente, pois deveria ter sido dado ao europeu a escolha de seu assistente, para não se repetir com ele o ocorrido com o Magnano, que somente trocava planos e idéias diretas nos jogos com seu conterrâneo Duró, destinando a trinca brazuca ao papel de assistentes privilegiados no banco atulhado de aspones.

Quanto ao croata, representante da mais evoluída escola do basquete europeu, antes a após a dissolução da Iugoslávia, temo que tenha enormes dificuldades por aqui, pois não encontrará a base sólida da força maior dos praticantes de seu país, os fundamentos em seu estado maior, encontrando jogadores falhos e claudicantes nos mesmos, evoluindo em torno de um sistema único de jogo, que mesmo sendo do total conhecimento dele, se defrontará com a impossibilidade real de desenvolvê-lo, frente a flagrante e limitativa realidade da pobreza de jogadores no domínio dos fundamentos básicos necessários para acioná-lo com alguma margem de sucesso, principalmente se direcioná-lo ao coletivismo, ponto fulcral para a consecução do mesmo, e tendo de se postar frontalmente com a praga arraigada em nosso pobre basquetebol, a da autofágica e já endêmica síndrome dos três pontos, largamente difundida e aceita como uma resultante da nossa fragilidade defensiva fora do perímetro ( ontem mesmo o Paulistano venceu o Mogi arremessando mais de três do que de dois no playoff paulista), realidade que  poderá assustá-lo se porventura quiser impor um sistema defensivo mais rígido, como a emblemática defesa linha da bola com flutuação lateralizada, magistralmente empregada nas históricas seleções da nação iugoslava que defendeu como jogador dirigida pelo mítico Mirko Novosel, hoje desfeita.petrovic_novosel

Some-se a tudo isso a dificuldade linguística, os novos hábitos, a mais completa ausência de uma política de preparação da base, com uma geração de técnicos moldados num modelo importado sem maiores adaptações e de formação deficiente, e acima de tudo, o custo que ele importará aos combalidos cofres da CBB, que não será baixo, gerando uma corrente de insatisfação num momento sensível por que passa o país, e que por conta desse fator cobrará fortemente resultados que, sem dúvida alguma, dificilmente poderá atingir num prazo menor, quando um novo ciclo olímpico se inicia sem as devidas e mencionadas políticas voltadas a formação correta de técnicos e consequente aprimoramento dos jovens praticantes em todo o país.

Mas o recado foi dado, numa má hora e na pior situação possível, quando um técnico nacional poderia ter sido escolhido, mesmo não sendo dos quadros do NBB, pois temos alguns muito bons, esquecidos pelas administrações anteriores de péssima memória, e que não o deveriam ser principal e coerentemente por essa também…

P1030919-002Finalmente refaço uma pergunta de  longa data (sete anos), agora que o ME (e seus nefastos dirigentes) não mais patrocina a LDB, com suas covardes e pusilânimes contrapartidas, e que passado tanto tempo desde o NBB2, quando tudo de diferenciado que lá desenvolvi não encontrou tática e tecnicamente continuidade em nenhuma das franquias desde sempre, a não ser e disfarçadamente a utilização da dupla armação e dos homens altos, ágeis e atléticos agindo esporadicamente (quando deveriam agir permanentemente como demonstrei) no perímetro interno, numa negação de algo real, comprovadamente válido, ousado e inovador, o que fica faltando para me ser devolvido o sagrado direito de exercer a técnica desportiva, para a qual destinei toda uma vida de sacrifício, honestidade, integridade e competência ao grande, grandíssimo jogo? O que falta meus deuses?

Bem, enquanto não se faz presente a justiça, continuo aqui nessa inexpugnável e democrática trincheira, desse humilde blog, onde continuo a exercer o também sagrado direito de, ao menos, me indignar, dando seguimento ao soerguimento do grande jogo neste imenso e injusto país.

Amém.

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O QUINTETO…

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Foi muito engraçado quando o trovejante narrador iniciou o anúncio dos cinco jogadores que formariam a seleção do Eurobasket, quando apontaria suas posições de 1 a 5, como de praxe, da forma que conhece e divulga desde sempre. Então, vem o primeiro, “da posição 1, também o MVP, Dragic”, e daí para diante se calou, pois o 2 e o 5 não apareceram, e sim mais dois da posição 1, Bogdanovic e Shved, o Doncic da 3, e o Gasol da 4, numa formação de três armadores e dois alas pivôs, que esfumaçou os conceitos posicionais do dito cujo, inclusive sendo acompanhado pelo comentarista que não alinhavou uma linha sequer sobre o quinteto escolhido, claro, numa formação que de forma alguma avalizaria numa equipe dirigida por ele, numa concepção que vem sendo repetida de dois euros para cá, para espanto e incompreensão de muita gente metida a expert no grande jogo…

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E qual foi o recado dado? Nenhum, a não ser a confirmação da radical mudança por que passa o basquetebol europeu para o confronto com o americano mais lá na frente, que de sua parte iniciou a reforma com o coach K liquidando o conceito massudo e desproporcional dos cincões, hoje praticamente extintos, inclusive na NBA, todos trocados por jogadores mais atléticos, rápidos e flexíveis, numa mudança radical e eficiente, assim como desenvolvendo um conceito antigo e esquecido, o de setorizar ações fora e dentro do perímetro, com a utilização de dois armadores e três homens altos transitando internamente, possuidores de confiáveis fundamentos, interagindo sequencialmente e de modo continuado, numa movimentação envolvendo a todos, mesmo que jogadas estejam sendo feitas num dos lados, obrigando a vigilância defensiva e evitando ao máximo as eficientes dobras…

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Ficam então todos maravilhados com tamanha exibição de alta técnica, de sublimes sistemas táticos, esquecendo porém os caminhos que os europeus percorreram, e ainda percorrerão na busca e conquista da máxima eficiência individual e coletiva, aquela através do incessante e contínuo preparo nos fundamentos, da base a elite, garantia de exequibilidade, exatamente por ser lastreada pelo absoluto domínio dos mesmos, sem os quais se torna inalcançável…

Agora,o mais engraçado, se não fosse algo trágico, é o fato repetitivo, monocórdio, aqui longamente exposto e discutido (?), sobre este assunto, o da dupla armação, dos três pivôs móveis (ou alas pivôs se preferirem) que utilizo, desenvolvo a muitos anos em minhas equipes, inclusive no NBB2 com o Saldanha da Gama em apenas 11 jogos incluídos nos 49 dias de um trabalho, que quer queiram ou não, balançou algumas estruturas do padronizado, formatado e globalizado sistema único, que se mantém intocado, incólume e impenetrável, garantindo a segurança e o mercado corporativo de trabalho de uma turma que dificilmente o largará a novos ares e rumos, garantindo a mesmice endêmica asfixiante e autofágica que nos tem lançado permanentemente para trás, numa cegueira coletiva e imperdoável…

Simplesmente (se é que podemos considerar tão simples assim), o que assistimos neste Eurobasket, principalmente em seu jogo final, foi a certificação do poder dominante dos fundamentos do grande jogo por parte de todos os jogadores intervenientes, armadores, alas e pivôs, jovens ou veteranos, independendo onde se situavam na quadra, driblando, passando, bloqueando, reboteando, arremessando, defendendo, todos dominando seus dois instrumentos de trabalho, o corpo e a bola, ambos oscilando para mais ou para menos em torno de seus centros de gravidade, conscientemente bem treinados e adestrados, tornando por conta de tais conhecimentos, factíveis a todos e quaisquer movimentos táticos, dos mais simples aos mais complexos, atendidos em pleno pelo domínio absoluto dos aqui esquecidos e negligenciados fundamentos do grande jogo…

E a tal ponto chegou o pleno conhecimento técnico individual e coletivo daqueles jogadores, de ambas as equipes, que o MVP da competição, Dragic, que até os momentos decisivos da partida já havia convertido 35 pontos, ter sido levado ao banco por seu técnico, após uma sucessão de três erros motivados pela sua mais absoluta exaustão, nos momentos decisivos do quarto final, numa atitude somente possível pelo altíssimo nível da equipe, onde desculpas finais de que uma cólica o teria afastado, seria irrelevante no momento em que uma falência física o tornava refém de falhas técnicas, como a última antes de ser substituído, quando numa longa penetração tropeçou nas próprias pernas caindo de exaustão. Sua equipe, que já havia perdido o Doncic por torção, demonstrou que era realmente coesa e superiormente preparada, vencendo a competição com maestria e brilhantismo…

Por último, um fator que sugere uma análise mais precisa a médio prazo, os arremessos de 3, onde as duas equipes arremessaram 16/51 (8/26 para os eslovenos e 8/25 para os sérvios), demonstrando tacitamente que o jogo foi vencido “lá dentro”, onde os eslovenos conseguiram concluir 27/32 nos lances livres, contra 13/15 dos sérvios, por conta da grande agressividade de seus homens altos, sempre presentes no perímetro interno, provocando um sem número de faltas pessoais, muito bem aproveitadas por seus jogadores…

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Que lições poderíamos compilar deste magnífico Eurobasket, senão a mais enfática de todas, o trabalho de base bem feito e estruturado, conduzido por técnicos e professores da mais alta qualidade, e não escolhidos pelo critério que se estabeleceu política e doentiamente entre nós, o de “premiar” federações próximas, ou não, do centro diretivo, com a formação estratégica de base, campo definitivo para os mais preparados, mais experientes, mais comprovados na tarefa mãe de ensinar correta e didaticamente o grande jogo, que é a chave mestra dos eslovenos, sérvios, russos, espanhóis, argentinos, gregos, alemães, americanos, e todos aqueles que destinam ao ensino seus mais valiosos profissionais, e não amigos e apaniguados pretendentes a currículos recheados…

Quanto às divisões de elite, meus deuses, quais aqueles capazes de transformarem nossos claudicantes craques em bons (bom já seria um consolo) praticantes dos fundamentos, no mínimo que fosse, tornando menos frustrante a exequibilização de um sistema qualquer, um que fosse, ofensivo ou defensivo, que não se situassem reféns de perdas absurdas de bola, de passes, de arremessos, na defesa sempre presente, de bloqueios, simples que fossem, porém suficientes para, no mínimo, incentivar os que se iniciam na prática permanente dos fundamentos, no controle e domínio da bola, de seu corpo, de sua mente, tornando melhores muitos que pensam e se consideram completos, até o dia que enfrentam aqueles que realmente o são, de verdade, e aí, bem,  já conhecemos de sobra os resultados…

Amém.

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POR QUE FUNDAMENTOS, POR QUE?…

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O basquetebol continua a inspirar cuidados, muitos cuidados, e o que vemos acontecer (?) beira ao improvável, ao impossível de ser resolvido se não houver um mínimo (que deveria ser o máximo) de resoluções realmente inovadoras, arejadas, cristalinas, justas e ponderadas ante situações viciadas e viciosas desde sempre, herdadas de administrações calamitosas e até certo ponto criminosas, escoradas pelo escambo, pelas trocas e favores políticos, pelo protecionismo e pelo domínio centralizado, padronizado e formatado de um conceito técnico tático colonizado e implantado por um corporativismo antítese das verdadeiras raízes do grande jogo em nosso país, que nos último 30 anos nos lançou ladeira abaixo no cenário internacional, e que hoje, frente a mesmice técnico tática endêmica em que nos encontramos ainda teimamos em buscar soluções no âmbito fechado e estagnado do que aí está, perigando seriamente restabelecer os mesmos erros, as mesmas razões dos contumazes fracassos que se repetem ano após ano, década após década, numa monocórdia ação assustadora…

Téc…digo, estrategistas anunciam estarem estudando e assistindo jogos internacionais para se situar na primazia de uma indicação para seleções nacionais, outros ganham viagens para estagiar na matriz com a mesma intenção, mais alguns recebem apoios importantes por serem jovens e promissores, outros por terem agentes influentes, enfim, uma miríade de possibilidades e influências, porém, todos alinhados ao sistema único, rigidamente alinhados, no qual a uniformidade padronizada de jogadas atinge a formatação máxima, mudando uma ou outra denominação, porém uníssonos nos resultados finais, que como temos constatado, beiram ao desastre frente a países que também se utilizam do sistema, com uma radical diferença, compostas suas equipes por jogadores infinitamente superiores a nós nos fundamentos básicos do jogo, fruto de uma bem planejada e concretizada formação de base, e manutenção dos mesmos nas divisões de elite…

O que adianta assistir jogos, tentar adquirir conhecimentos táticos pelo processo osmótico junto a luminares, se debruçar por sobre pranchetas projetando jogadas, tais como coreografias a serem realizadas por encordoados jogadores/marionetes, descerebrados, desconectados com a dura realidade do confronto defensivo direto, que é o fator deles sonegado nas exposições gráficas de seus estrategistas ( que deveria denominar de coreógrafos), numa triste e monótona repetição tempo após tempo pedidos, numa encenação midiática de demonstração de profundos conhecimentos, como uma vitrine de saberes e ostentação, que pode enganar a neófitos, jamais aqueles que conhecem e entendem os meandros do grande jogo…

Treinar sistemas se ampara no pleno conhecimento, por parte dos jogadores, de como exequibilizá-los através suas competências individuais e coletivas, pelo domínio dos fundamentos, sua mais autêntica e segura ferramenta de trabalho, praticada todos os dias, exaustivamente, todos, e não só aqueles que auferem admiração, como os arremessos, omitindo os demais, como o exasperante, difícil e cansativo jogo de pernas defensivo, nada glamouroso, porém fundamental numa equipe de verdade, para estarem preparados às nuances e sutilezas da mecânica exigida para a consecução plena dos sistemas, inclusive o único, cabendo ao técnico de verdade, tornar realidade todas estas exigências, que somente a longa e dura experiência o tornará apto a direção de seleções, melhor ainda se desenvolver e aplicar novas concepções sistêmicas, e não repetir colonizada e osmoticamente o que anota, ou computadoriza, como conhecimento absoluto…

Estudar, pesquisar, ensinar, treinar e dirigir jogadores no grande jogo é uma arte difícil e seletiva, denota muito tempo de preparo, numa caminhada sofrida e pedregosa, não sendo admitido o erro contumaz de exigir o que o jogador se sente incapaz de realizar, como um determinado fundamento, inviabilizando um sistema, forçando-o a um inconsequente improviso, bem diferente daquele outro que, por suas qualidades fundamentais, improvisa no bojo do mesmo, conscientemente, fator este que nos desqualifica frente a países mais bem formados, e que nos cobra seriamente pelos resultados negativos, pois na nossa equivocada concepção, estrategistas, ou coreógrafos, não se detém na direção de jogadores que julgam falhos nos fundamentos, trocando-os por outros e outros, numa ciranda sem fim a cada temporada finda, atestando sua incapacidade de treinar, ou mesmo admitir  ensinar fundamentos, que desconfio seriamente não saberem fazê-lo, o que numa seleção se torna ainda mais letal que numa franquia, ainda mais na teimosa e suicida insistência pelo sistema único, o único que professam, certamente o único que conhecem pela prática e pela ausência da teoria, antigas ou novas, porém indissociáveis da prática, claro, para os que realmente sabem, ou não?…

Busquem esses técnicos/professores, onde estiverem, neste enorme e injusto país, pois em contrário continuaremos a deslizar fundo abaixo, inexoravelmente…

Amém.

Foto – Praticando os fundamentos em divisão de elite, necessidade vital para um embasamento sistêmico. Clique duplamente na mesma para ampliá-la.

TRISTE, MUITO TRISTE…

TRISTE, MUITO TRISTE...

Querido amigo Paulo, o mundo da bola laranja se liquefazendo apanhando feio e vergonhosamente em Medellin, o Brasília se mandando do NBB, o Caboclo cuspindo no prato que comeu, a ENTB sendo entregue a Estácio de Sá, e você mocó? Que houve, desistiu também?…

Depois de um telefonema neste desabusado teor, como me omitir de extravasar ao menos algumas linhas aqui neste humilde blog, como?…

Pois bem, vamos lá, e em primeiro lugar externando meu último sentimento ainda válido, o de não me privar da indignação, da mais pura e primal indignação, pela ignomínia pulsante que grassa no seio do grande jogo, em todas as esferas, da administração ao meio da quadra, da técnica fajuta e enganosa a tática absurda, questionável e equivocada, da crítica primária, ufanista e interesseira a realidade inquestionável dos resultados, escancaradamente jogados para o alto, num barata voa dantesco e autofágico, onde tudo e todos afundam abraçados, num naufrágio coletivo e desalentador…

Linhas e muitas linhas foram escritas ufanisticamente em torno dos jovens craques que emanaram da LDB (com suas equipes apresentando médias de 27,2 erros de fundamentos por jogo e uma cascata interminável de bolas de três), ascendendo equipes do NBB, e agora na Seleção, para gáudio e prazer de espertos agentes, mídia ufanista, oportunos estrategistas, torcedores encobertos pelo anonimato covarde e pusilânime em comentários nas redes da web, narradores e comentaristas se eximindo da crítica direta e objetiva dos reais fatos que destroem a credibilidade do grande jogo, optando pelo falso otimismo, todos, absolutamente todos afirmando contribuir para “o soerguimento do basquetebol no país”, porém omissos aos verdadeiros fatos que o corroem e aviltam desde sempre, num exercício bem conhecido da política e dos políticos que desgraçam este imenso e injusto país…

Caboclo é mais um destes falsos heróis produzido antes do tempo de uma maturação obrigatória e difícil, onde degraus básicos são transpostos aos pares, culminando com a pseuda definição de craque, que de tal modo se impõe, que não admite contestações, ficando a um passo da rebeldia, da não aceitação de comandos, afinal é um profissional(?) da NBA, que tudo pensa saber e agir, para, finalmente, e pela terceira vez em nossa pujante tradição basquetebolista, ser mais um a se negar entrar em quadra, se negar a defender a seleção numa competição oficial, fato que por si só o desqualifica para toda e qualquer convocação futura, sem maiores considerações, e que ele cobre de quem o assessora e orienta a tomar “decisões profissionais” sem o ser na acepção do termo, pois aos 21 anos já é um adulto, e não um jovem em formação, não mesmo…

Brasília se vai do NBB depois de falsa e erroneamente inflacionar o mercado de jogadores, como umas outras poucas franquias o fazem, tornando a médio prazo impraticável a manutenção do modelo sem a contrapartida dos títulos, desnudando de vez a precariedade dos reais valores apostos a jogadores medianos nada próximos aos valores a eles destinados, culminando com o estouro de uma bolha inflacionária incontrolável, num numerário comum ao mundo do futebol, em nada e por nada sequer parecido a realidade do basquetebol nacional. Aqui bem perto o basquete argentino tem um teto salarial definido e sustentável, e somente aqueles que o extrapolam por qualidades realmente de alta técnica emigram para o exterior, para ligas que sejam mais bem dotadas que a dela, simples assim…

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Enfim, e dolorosamente previsível, o basquete tupiniquim chegou ao fundo do poço técnico, já que o administrativo o tenha conseguido bem antes, e pela enésima vez afirmo que o técnico pouco tem a ver com o administrativo, pois na esteira do segundo se instalou no âmago do grande jogo um corporativismo técnico que deflagrou a mesmice endêmica do sistema único, que aí está perdendo de México, Porto Rico e vencendo a Colômbia de um ponto, e no feminino naufragando sem comiseração, tornando inviável e absurda a grita dos “entendidos” do grande jogo pela renovação com jogadores claudicantes e inseguros nos fundamentos, e téc…digo, estrategistas mais claudicantes e inseguros ainda nos conhecimentos mais básicos do jogo, tornando-os inócuos para o comando, agora midiaticamente substituídos por comissões que se reúnem a cada pedido de tempo, ratificando uma lastimável coerência, compromissada ao sistema único, apensa aos tais chifres de diversas matizes e polegares para cima ou para baixo, que seria o correto dentro da lógica romana, que ao direcioná-lo para baixo definiam o destino dos perdedores, lá primários, aqui contumazes…P1150548P1150547

Finalmente a ENTB, que planeja ser entregue a Estácio de Sá, conveniando um sistema de ensino a distância, isso numa atividade cujo aspecto presencial se torna imprescindível ao conhecimento prático e teórico de uma modalidade complexa e detalhista, em tudo e por tudo inadequada a um ensino desta natureza, num autêntico tiro no pé, bem a gosto daqueles que definem massificação pela distribuição pura e simples de informação, que é uma atividade complementar às técnicas de ensino e aprendizagem presenciais, e não a essência das mesmas, conforme pretendem e propalam. Será mais um equívoco, semelhante àquele de sua fundação quando foi comandada por um preparador físico, cujos resultados aí estão…

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Desculpe amigo insistente, mas não inconveniente, são essas as minhas dolorosas colocações, que já vêm de longuíssima data, bem antes da publicação deste humilde blog, propondo, inclusive, que uma saída para esta crise de identidade desportiva fosse debatida em torno de uma grande mesa, por todos aqueles que realmente viveram intensa e profissionalmente o grande jogo em sua mais autêntica essência, anos luz de semelhante proposta como algo inédito e proprietário de pessoas que nasceram ontem, mas julgam que o basquetebol nasceu com eles, pretensão oportunista e infantil, bem ao gosto dos que acham que o grande jogo somente será soerguido exclusivamente pela cabeça arejada dos jovens, esquecendo o princípio que fundamenta a experiência válida, aquela que tem de ser vivida, plena e profundamente vivida, e por isso mesmo menos vulnerável aos erros, os muitos e terríveis erros que tem desgastado e aniquilado o grande jogo, ou não, respondam, debatam, ou se calem frente a tais e contundentes evidências…

Amém, meus deuses, Amém.

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O “CHIFRE DE LADO”…

csc-979Obra em casa é sempre um sufoco, muita poeira, muito entulho e muito pouca paciência com os prazos cada vez mais elásticos para o término, que parece não ter fim. Mesmo assim, dei-me um intervalo para assistir a estréia da nova seleção brasileira, plena de jovens e nova direção…

O que vi, e o que achei? Tecnicamente, um naipe de jovens e promissores jogadores, desde que sejam devidamente corrigidos nos fundamentos do jogo (e não lapidados…), a fim de que se gabaritem a sistemas ofensivos e defensivos bem mais exigentes do que o feijão com arroz que apresentam e apresentaram desde sempre, onde nem um mísero bloqueio é efetuado corretamente, quiçá um decente trabalho defensivo de pernas…

Taticamente, a mesmice de sempre, endêmica e limitadora a toda e qualquer iniciativa criativa, que não seja aquela imposta de fora para dentro da quadra, com inclusive uma novidade que, ao ser pedida num dos tempos técnicos, aguçou minha curiosidade, afinal se tratava de uma jogada inédita, pelo menos para mim, o “chifre de lado”, completando a tríade chifruda “para cima”, “para baixo” e “invertido”, mas que na execução ( se é que houve…), fiquei somente com a curiosidade, nada mais…

Poderia encerrar os comentários por aqui, no entanto, como escrevo no dia seguinte ao jogo, pude ler numa matéria do globoesporte o seguinte relato do estreante técnico –

(…)Segundo o comandante, na parte técnica, a ideia foi colocar em prática apenas uma parte do repertório treinado para que os atletas executassem com menor probabilidade de erros. Até a estreia na Copa América, a tendência é que o número de jogadas colocada em prática vá aumentando.

(…) A ideia é de passar um grande volume nos treinamentos, mas nos amistosos diminuir bem para eles não se confundirem. Nos amistosos, e agora que vamos para a Argentina, não será feito de forma integral. Estamos escolhendo alguns movimentos que eles estão se saindo melhor. Acredito que o que a gente selecionou, a gente fez bem. Agora, o restante  conforme forem acontecendo de forma mais automática, a gente vai soltando nos jogos – disse(…)

Pelo exposto, creio que não preciso me alongar em comentários que nada acrescentariam ao cenário do grande jogo entre nós, pelo menos aquele que entendo por grande jogo, em contraponto ao que praticamos centrados  no sistema único, com seu repertório encordoando os jogadores como marionetes guiados de fora para dentro da quadra, representado em pseudos grafismos nas descerebradas, porém, midiáticas pranchetas, e aí sim, confundindo os jogadores pelo irrealismo que ostenta, frente a dura realidade do campo de jogo, onde, inclusive, atuam defensores nunca mencionados nas ditas cujas, como “os russos” da sabedoria popular futebolística, reminiscência magistral do criativo, técnico, tático e estratégico Garrincha…

Nestes momentos fico imerso em pensamentos e lembranças da face mais cerebral e criativa do grande jogo, o improviso consciente, fruto direto da arte do domínio pleno dos fundamentos individuais e coletivos, fatores que habilitam os jogadores a consecução de todo e qualquer sistema, ofensivo e defensivo que se lhes apresentarem, onde as jogadas fluem com naturalidade e plena consciência de execução, e não impostas coercitivamente a cada movimento realizado, repetitivo, monocórdio, amorfo, automático, na vã tentativa de repetí-las, impossibilidade inerentes a elas mesmas

Estas observações nos orientam a letalidade dos repertórios de passo marcado, das exigências do “eu quero”, do “eu determino”, do “eu exijo”, todas antíteses do “joguem com  inteligência”, com”o que sabem e dominam”, com “companheirismo”, “lendo e compreendendo as minúcias e facetas do jogo”, “com bom senso”, enfim, “agindo, fluindo e atuando como um todo, como uma equipe de verdade”…

Por tudo isto, temo os repertórios que avolumam e enriquecem manifestos currículos, e apoio o culturalismo e o profundo conhecimento de uma disciplina, sabendo que o mesmo sempre  se manifestará  pequeno frente às exigências básicas e necessárias ao comando, o seguro, responsável e solitário comando, jamais participante dos novos petit comitês com assistentes, que agora acontecem a cada tempo pedido e antes das instruções, numa cópia canhestra dos exércitos de técnicos e assistentes das ricas equipes americanas.

Enfim, aguardarei mais alguns jogos, amistosos e oficiais, para também, repetitivo e monocórdio, reportar o que fatalmente ocorrerá pela manutenção doentia do sistema único, a não ser que. oxalá, sejamos surpreendidos por algo de novo, corajoso, instigante, evolutivo em uma seleção  tão nova e promissora, merecedora de novos ares, mas que não seja, meus deuses, um “chifre de outro lado”…

Amém.

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DE 40? NÃO, DEFINITIVAMENTE, NÃO…

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Não foi de 40, foi de 39, mas a contagem chegou aos 42 antes do fim, e que inglório fim…

Inadmissível, absurdo , ofensivo, acachapante, e de tal forma que nem as de 3 acertaram uma sequer (0/9), noves fora o tanto de bandejas perdidas e os já tradicionais 20 erros do básico do básico, os fundamentos do grande jogo, aqui diminuto, ridículo, atroz…

E lá pelas tantas, numa bola duvidosa para a arbitragem (a diferença já ia além dos 20 pontos) fortes e inócuas reclamações, com as caras e bocas de praxe, como se a pretensa falha ameaçasse a liderança numa partida liquidada e contabilizada…

Discursos antecipados de medalha, vaga no papo, renovação da equipe, tornando imperdoável a convocação de jogadoras ultra veteranas e completamente fora dos padrões mínimos físicos para uma competição classificatória para um mundial, numa salada indigesta e comprometedora, sob qualquer critério que tente explicar tanta irresponsabilidade, onde o discurso de ineficiência administrativa não pode ser levado em consideração, em se tratando de uma nova gerência central, tornando cristalina de onde se origina a falha, sempre omitida pela mídia, num descabido protecionismo a estrategistas quase sempre indicados por serem jovens, promissores e independentes tática e tecnicamente, argumentos corporativistas e mantenedores da ordem vigente, onde impera absoluto e intocável o sistema único, o preparo da equipe privilegiando os sistemas táticos, jamais os fundamentos, com as desculpas de que o fator estreito de tempo direciona o treinamento para os mesmos e para os amistosos fajutos, deixando de lado, como sempre deixaram, os fundamentos, e que aos poucos vem revelando e aflorando algo que sempre destaquei aqui neste humilde blog, que tal artimanha simplesmente desnuda uma triste verdade, a de que nada entendem ou sabem sobre os fundamentos, sequer como ensiná-los, já que “altamente qualificados” para orientar e dirigir estrategicamente jogadores prontos, qualificados e proprietários da arte de jogar o grande jogo em sua forma mais elevada, e que aos poucos, agora, revela-se mentirosa e aviltante, afinal, como afirmam dirigentes, técnicos, jogadores, aficionados e jornalistas também – “onde já se viu jogador adulto ou de seleção treinar e praticar fundamentos? Isso é lá para a formação de base”…

Mas, e se a base também não os treinam e praticam, trocando-os pelos arremessos de 3, as enterradas e as monumentais peladas, como agirão lá na frente, inclusive nas seleções, como? Inclusive como muitos destes se transformam em técnicos, provisionados ou não, o que esperar de tal formação, ou melhor, transformação, o que?…

Exatamente o que aí está, escancarado e transparente à vista de todos, me parecendo um pouco mais esclarecidos por força de cada vez mais resultados lastimáveis e equivocados, a começar com pauladas como a de hoje, meus deuses, de 40? Não, definitivamente, não, e não só um não, mas um basta se impõe, antes da derrocada definitiva…

Ah, a solução, técnicos estrangeiros, já que falta a coragem para quebrar, liquefazer, pulverizar tanta tapeação em nome de QI´s politiqueiros e de escambo, onde o mérito é escanteado propositalmente, afinal, quantos votos ele representa? No meu humilde, porém experiente ponto de vista, ele ainda é a forma mais justa, responsável e inteligente para se galgar a excelência, seja no campo que for, e por isso mesmo um terreno para poucos, muito poucos, nominando etimologicamente as expressões “seleção” e “competência”, ambas frutos de tomadas corajosas, incisivas, inovadoras e instigantes, e como disse, terreno para muito poucos que, acreditem, habitam esse enorme e injusto país, minimizados e marginalizados, como reza a boa cartilha corporativista…

Amém.

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TEM DE PONTUAR!!!!…

P1150487P1150488No artigo de ontem abordei as duas temáticas que, no meu ponto de vista, explicam com sobras o abismo em que nos enfiamos tecnicamente, muito mais amplo e profundo do que o aspecto administrativo gerencial que a mídia designa como o fator da hecatombe, responsabilizando-o pelo cenário que aí está escancarado a todos. Mas, e desde sempre, responsabilizo prioritariamente o fator técnico tático como o causador direto pela implantação da mesmice endêmica, contínua e teimosa que nos catapultou para baixo, e que somente a custo de enormes esforços, poderemos emergir a médio/longo prazo desse incomensurável limbo. Sempre tivemos bons e maus dirigentes, agora técnicos e professores, não mais, e as pouquíssimas exceções pouco pesam nesta dolorosa realidade…

Esse jogo contra a Argentina desnudou as duas temáticas acima referidas, a do despreparo acintoso das jogadoras nos fundamentos do jogo, e a ausência proposital no ensino dos mesmos por parte da esmagadora maioria dos téc…digo, estrategistas que inundam a modalidade sobraçando suas infames e midiáticas pranchetas, espelhando através das mesmas seus mais estigmatizados equívocos, frutos do imediatismo e consentida cópia uns dos outros, emoldurados em um sistema único de jogar, onde até as posições dos jogadores são codificadas de 1 a 5, forçando-os a atuar encordoados, como fantoches manipulados de fora para dentro da quadra, descerebrados e sujeitos coercivamente aos rompantes circenses da grande maioria deles, numa busca incessante das lentes e microfones televisivos que os lançam na ilusória ribalta da fama passageira, esquecendo ou omitindo suas mais importantes e decisivas funções, a de educador e a de técnico de uma modalidade complexa, apaixonante e extremamente rica em saberes, aprendizagem e lições de vida…

Fico profundamente preocupado quando assisto um técnico exigir de suas jogadoras que “façam pontos”, “que pontuem”, que “precisam pontuar”, mas não indica os caminhos para satisfazê-lo, eis o ponto, pois ao não admitir afastar-se de seus “conceitos sistêmicos de via única”, perde o direito de exigir tal comportamento, ainda mais quando antecedendo aos exigidos pedidos esclarece “que não adianta somente defender se não pontuar lá na frente”, e tudo isso no comando de uma seleção nacional…

Que me perdoe o galardoado técnico, mas todo um trabalho minucioso de treinamento sugere conceitos de dupla via, onde toda e qualquer orientação e ensino técnico em uma equipe, terá de estabelecer respostas advindas da mesma, em ações e, principalmente, em diálogos esclarecedores e conclusivos, pois a ausência de qualquer um destes fatores geram dúvidas e em alguns casos, cisões muitas vezes incontornáveis, sendo que a mais grave e decisiva é a da negativa (explícita ou velada) ao comando, traduzida pela indiferença disfarçada pela falsa aceitação da liderança autocrática, o que muito explica certas “aventuras” de jogadores(as) mais experientes e vividos nas quadras…

Pelo exposto, é que sempre propugnei pelo preparo inicial dentro e através a prática intensa, geral e não diferenciada por posições para todos os jogadores nos fundamentos do jogo, inclusive como eficiente forma de preparação física comungada com a técnica, colocando-os num mesmo barco que precisa ser direcionado para um mesmo e uniforme destino, abrindo caminho para o conhecimento conjunto das habilidades e inabilidades de cada um, aspecto fundamental na adequação de sistemas de jogo ao nível médio do grupo e factível a todos, dando margem a individualidades e criatividade (que é a chave do improviso consciente) dentro da competição, e não ficando refém de um comando que simplesmente cobra eficiência de quem não possui as competências para atendê-lo em suas elucubrações táticas de via única. Por isso a importância do pleno conhecimento do domínio dos fundamentos de cada integrante de uma seleção, para aí sim, adequá-las a sistemas de jogo, corrigindo e ensinando os fundamentos, pois, ao contrário do que muito especialista no grande jogo afirma, não é pelo fato de uma seleção ser adulta ou de base, que não se possa ensinar ou aprender as técnicas corretas para a execução dos movimentos básicos individuais e coletivos do grande jogo, sendo  a negativa acintosa dessa evidência a responsável pelo mais baixo nível que alcançamos nas últimas três décadas nas competições nacionais, e por extensão nas internacionais também, sedimentadas na vergonhosa média de mais de 25 erros por partida, inviabilizando sistemas ofensivos e defensivos, sejam de que escola e tendências forem, avalizando o panorama cinzento que aí está, estabelecido, formatado e padronizado pelo corporativismo fechado e lacrado ao novo, ao instigante e a corajosas e solitárias tentativas práticas de se antepor a tanta cega e estupida mesmice…

Sairemos desta fossa? Com a palavra os estrategistas em permanente plantão, sobraçando seus impolutos alter egos, suas pranchetas…

Amém.

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DEUSES, QUANDO A FICHA CAIRÁ, QUANDO?…

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Mesmo atarefado até a medula na reconstrução da casa após o incêndio que por pouco não a levou de vez, anteveio o comichão basqueteiro, e lá fui me postar na frente da televisão para assistir aterrorizado e mais ainda, revoltado, a uma exibição pífia, ridícula e altamente comprometedora de uma seleção brasileira feminina tentando uma das três vagas ao mundial, que, honestamente, não concebo imaginar que tenha condições minimamente plausíveis para lá estar tão cedo…

Tinha visto o quarto final do jogo anterior contra a Colômbia, mas perante a dura realidade de uma equipe que em duas apresentações cometera 59 erros de fundamentos (33/26), mal pude acreditar que contra uma equipe frágil como a das Ilhas Virgens, ainda teria fôlego para mais 23 erros, fora as inúmeras bandejas perdidas (19/49 nos 2 pontos), muitas através uma pivô que mal se deslocava pelo excesso de peso, dentro de uma equipe que sequer apresentava uma nesguinha de sistema de jogo ofensivo, e que marcava o nada, o nada mesmo, com um técnico teimando em apresentar jogadas numa prancheta, que jamais dariam certo frente a dura realidade de que assim seria, como até hoje vem sendo implausíveis por um simples, simplório fator que, em sua mais absoluta ausência inviabilizava qualquer tentativa tática, sistêmica, e até mesmo defensiva, o fato inconteste de que não sabem jogar o grande jogo, a começar pelos fundamentos básicos, aqueles mínimos conhecimentos para praticá-los com eficiência…

Do outro lado uma equipe para lá de modesta, mas com um pequeno, porém decisivo detalhe (ah, os tão mencionados detalhes…), algumas delas possuíam razoáveis conhecimentos de fundamentos individuais, principalmente no drible e nas fintas, propiciando boas oportunidades nos curtos arremessos, que as levaram a uma vitória justa, ainda mais quando sutilmente orientadas por um idoso técnico, experiente e cirúrgico na orientação ao 1 x 1 sobre as lentas e fora de forma pivôs brasileiras, conseguindo vencê-las bem lá dentro da defesa tupiniquim, somados a uns arremessos de 3 absolutamente desprovidos de contestação (foram 4/13), e mais decisivos que os 3/18 da inditosa equipe nacional…

De pronto saltam questionamentos de uma simplicidade franciscana, ou sejam – Por que treinar “exaustivamente” sistemas de jogo, jogadas marcadas, previsíveis e estéreis, frente a incapacidade de torná-las factíveis se os fundamentos inexistem? – Por que não treinarem, até mesmo serem ensinados os fundamentos, mesmo sendo uma seleção, já que nos clubes não são corretamente ensinados, trocando-os por amistosos fuleiros para dar “experiência e rodagem internacional a jogadoras carentes ”, que na realidade são direcionados ao enriquecimento curricular dos que as dirigem ? – Que explicação plausível pode ser dada ao fato da coordenação técnica ser exercida, e publicamente reconhecida, como influenciadora na forma de jogar da equipe, por um técnico que se mantém décadas fiel ao sistema único? – Por que essa teimosia em entregar seleções nacionais a aspirantes a técnico, sem um mínimo de disposição e conhecimento em inovar sistemas de jogo,  ferrenhamente atados ao… sistema único? – Por que cargas d´água evitamos estoica e ignorantemente que a ficha caia de forma definitiva, por que meus deuses? – Até quando apostaremos em resultantes óbvias e destrutivas de relevantes oportunidades, ao promovermos os que se consideram “prontos a provarem suas competências”, quando uma seleção é lugar dos que notoriamente já a provaram de forma coerente e de há muito, muito tempo? Quando?…

Olhando o banco da inexpressiva equipe que nos venceu hoje, e da maioria esmagadora das equipes internacionais que fatalmente nos venceram, vencem e vencerão, vemos consternados que são dirigidas por veteranos curtidos e sabedores profundos das minúcias do grande jogo, não necessitados em provar competências como muitos dos nossos, frutos de um inexplicável e vigente QI, e portanto, plenamente coerentes aos resultados apresentados, toscos e desprovidos da humildade dos que realmente sabem das coisas, daqueles que não precisam provar nada aos que os indicam, e sim a jogadores que orientam e ensinam, transformando-os numa equipe de alto nível, e não num triste arremedo que vimos numa quadra portenha…

Meus deuses, quando a ficha cairá, quando?

 

Amém.

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