A DICOTOMIA DO ÓBVIO…

Numa excelente entrevista com o técnico Bernardo Resende, logo após a publicação do post 1000 de seu blog Bala na Cesta, o jornalista Fabio Balassiano, a quem parabenizo efusivamente, não só pelo milésimo post, mas principalmente pelo belo trabalho que vem desenvolvendo pelo soerguimento do basquetebol em nosso país, pudemos atestar o quanto de competência e profissionalismo emolduram uma carreira brilhante e vencedora de um dos maiores técnicos desportivos do país, legítimo herdeiro de um Paulo Matta, Bebeto de Freitas, em sua modalidade, assim como um Togo Renan Soares, Moacyr Daiuto, Renato Brito Cunha, Ângelo da Luz, no Basquetebol, e alguns outros, também brilhantes nestas e em outras modalidades.

Lendo a entrevista com o máximo de atenção, podemos de pronto estabelecer um ponto fulcral a toda uma discussão que vem se estabelecendo no seio da inteligência desportiva brasileira, o fator técnico formador, ou seja, a diferença, ou mesmo o vão aleatóriamente estabelecido entre as funções de técnicos formadores e técnicos estrategistas, numa dicotomia absurda em se tratando de modalidades coletivas, como se estanques fossem tais funções, como o conhecimento dos fundamentos independessem dos sistemas técnico táticos, como se fossem duas funções flutuando ao bel prazer de oportunistas e aventureiros.

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MONCHO PILATOS…

E o Moncho fechou a seleção, e o fez determinando a forma com que irá jogar a Copa América, forma esta em torno de um único armador, que deverá enfrentar duplas armações por parte dos adversários mais ferrenhos, e que sofrerá combate desigual, já que dobrado (é o que eu faria se enfrentasse o Brasil com somente um único armador de qualidade, desgastando-o para ver em quadra um Duda, ou um Marcelo driblando numa nota só, prontinhos para perderem a bola num momento decisivo, como num replay já visto e testemunhado por todos nós…), e que será dobrado sistematicamente na forma ensaiada pelos uruguaios no inicio do jogo no Rio, com resultados não esquecidos, apesar da ilusória surra que demos nos cisplatinos.

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FOI-SE MAIS UM MUNDIAL…

“Fizemos um bom primeiro tempo. Entramos com uma proposta de jogo com uma defesa fechada, pressionando a jogadora com a bola, uma vez que as americanas têm no rebote um de seus pontos fortes. Nos dois períodos finais, rodei mais o time para dar ritmo para quem estava jogando menos e descansar as jogadoras para o jogo decisivo de sexta-feira. Tivemos inteligência nas finalizações e, apesar da derrota, saímos com moral, pois tivemos vários momentos bons na partida, com ótimas situações de cesta. Canadá e Argentina têm estilos diferentes. As argentinas jogam com mais contato e, como as atletas são baixas, atacam mais aberto. As canadenses contam com pivôs muito altas, têm um bom aproveitamento nos arremessos de dois e três pontos e jogam mais leve na defesa. Nós estamos confiantes para conseguir a vaga para o Mundial e não importa se o adversário será o Canadá ou a Argentina. Temos que fazer a nossa parte, jogando com garra e determinação para vencer”, comentou o técnico César Guidetti.( Databasket em 13/08/2009).

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TREINANDO…

Uma equipe que alcançou os 90 pontos contra a maquiada seleção brasileira dias atrás, não poderia ter feito sessentae poucos pontos na noite de hoje, a não ser que…

Bem, eles não saberiam como enfrentar nossos estrangeiros numa Copa America se não os testassem ao máximo que pudessem, principalmente seu poder de marcação e rebote embaixo das cestas. Não por acaso o que mais vimos nessa equipe uruguaia, que se destaca pela utilização de dois armadores muito rápidos e bons nos arremessos de média e longa distâncias, além de dois pivôs muito fortes, foi a proposital diminuição nas distâncias dos arremessos e finalizações, pois praticamente toda a equipe levou suas tentativas à cesta para baixo dos aros, como que testando o poder defensivo, e possíveis brechas dentro das áreas restritivas, os garrafões. E por causa desse estratagema levaram uma infinidade de contra ataques, que tenho a certeza não serão tão freqüentes na Copa América, aja vista a tranqüilidade do técnico e dos jogadores nos pedidos de tempo, onde a realidade contra do elástico placar, em nada alterava o comportamento e o humor dos mesmos.

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ABSURDOS…

Um absurdo o não cumprimento de uma norma da FIBA que destina à equipe mandante o uso do uniforme branco, que tradição rubro negra nenhuma poderia exigir uma outra camisa acima de uma exigência legal, e o pior, com o consentimento de não sei quem, num prejuízo enorme à técnica de um jogo caracterizado por ações extremamente rápidas quando próximas à cesta. Qualquer técnico de pré mirim sabe que as trocas velozes de passes em zonas congestionadas exige visualizações rápidas e precisas, nas quais a pronta identificação de seus participantes está intimamente ligada à cor dos uniformes. Por essa falha imperdoável muitos erros de passes foram cometidos nesta final, assim como foram comprometidas as coberturas defensivas e mesmo as jogadas em duplas ofensivas.

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VAMOS AO QUINTO…

Quando no terceiro quarto a equipe de Brasília levou sua defesa para a linha da bola, permitindo defender o pivô do Flamengo pela frente, obrigando seu oponente aos arremessos de três e esporádicas penetrações, iniciou o caminho da vitória, principalmente quanto à vigilância sobre o Marcelo e seu eficiente corte para a esquerda, quando atinge a plenitude de sua precisão nos arremessos fora do perímetro. É como uma marca forjada pelo hábito de muitas e muitas tentativas, por anos a fio, que se quebrada altera em muito sua performance anotadora.

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CHECANDO O FUTURO…

Colaborando com a CBB e sua Supervisão Técnica das seleções de base masculinas, cujo trabalho nos últimos anos visando uma padronização técnico tática, divulgada exaustivamente através clinicas de atualização pelo país, e que tem levado nossos jovens jogadores a um patamar nunca alcançado, publico esse check list onde progressivamente poderá ir assinalando seus indiscutíveis resultados negativos, na busca insensata de seus objetivos.
Para facilitar já estão assinalados os paises que nos tem vencido regularmente. Claro, que com um pouco mais de esforço completarão a lista muito em breve.
Portanto, mãos a obra!

Amém.

PS-Com a terceira derrota em três jogos, Para Estados Unidos, Porto Rico e Venezuela na Copa America, nossa seleção sub-16 não se classificou para o turno final, ficando ausente do Mundial da categoria.

QUANDO OS BRAÇOS SE CRUZAM…

Tempos atrás ainda lecionando didática e prática de ensino para alunos da EEFD na Praia Vermelha, via com curiosidade ex jogadores profissionais de futebol, que se licenciavam em Ed.Física, sempre de braços cruzados sobre o peito quando falavam aos seus alunos, e nas discussões de pós aulas com seus colegas estagiários como eles. Observando melhor, constatava que em todas as reuniões que antecediam e encerravam treinos em equipes de futebol, a maioria quase absoluta de todos os participantes mantinham seus braços cruzados, o que denotava um enorme sentido de auto censura nos participantes das reuniões, fossem eles jogadores, técnicos e até dirigentes, como se o ambiente e o momento em que se encontravam parecesse mais um campo minado do que um espaço esportivo.

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NA ARENA…

(…)Em termos de tática e filosofia de jogo, qual o maior desafio dos técnicos brasileiros para a próxima edição do NBB?
– São várias coisas. É preciso melhorar em alguns pontos, mas sem perder outros, como o jogo de velocidade. Agora, velocidade sem controle é um risco muito grande. Lidar com isso vai ser o desafio de todos os técnicos. E não podemos abandonar nunca os fundamentos do jogo. Eles são mais vitais que a própria tática (…).

Essa foi uma das respostas do técnico de Brasília na entrevista que concedeu ao Rodrigo Alves do Rebote em 12/06/09.

E é exatamente neste ponto que o basquete brasileiro vem perdendo sua identidade nos últimos vinte anos. Na preparação de nossos jovens e mesmo nas divisões adultas, onde a tática sempre antecede, e na maioria das vezes obscurece a pratica dos fundamentos do jogo. E o resultado está ai, escancarado a todos, numa curva descendente apavorante, em continuidade a um projeto de clinicas nacionais onde a padronização técnico tática é priorizada, e não o ensino sistemático dos fundamentos.

E o que vimos, por mais uma vez na Arena, onde Brasília e Flamengo disputaram a segunda partida do torneio final, senão a confirmação dessa curva descendente, projetada em falhas lamentáveis de fundamentos, de arremessos, de dribles e fintas, de posicionamento defensivo, de ausência quase total de movimentações ofensivas concatenadas e coerentes, e o pior, em reações ofensivas de jogadores a um dos técnicos quando substituídos, e mesmo a realidade dicotômica do que era pedido nos tempos pelos técnicos, daquilo que era colocado em pratica pelos jogadores, como num diálogo de surdos e muitas vezes cegos.

E nesse panorama repetitivo venceu a equipe que errou um pouco menos, e que mesmo no meio de um maremoto de arremessos de três conseguiu encontrar tempo e alguma oportunidade de arremessar de distâncias menores, e por isso mesmo, mais seguras.

O confronto está empatado, e o jogo desse domingo deverá ser aquele de maior importância, pois definirá uma liderança difícil de ser alcançada no caso de vitoria da equipe candanga, já que remete para o planalto central o jogo decisivo da serie, revertendo a vantagem inicial do Flamengo.

O de se lamentar a desorganização reinante, desde a venda de ingressos caótica no local da competição, até a invasão do setor 2 pela torcida da casa, totalmente entregue a cultura do futebol, com seus xingamentos, ao pisoteamento proposital das cadeiras onde deveriam estar sentados, assim como a névoa de poeira em suspensão por toda a Arena, numa flagrante ausência de manutenção e limpeza do local. A turma da rinite deve ter passado muito mal.

E que o lembrete do técnico de Brasília de que os fundamentos são mais vitais do que a tática, ele que faz parte da associação de técnicos da LNB, seja levado em alta conta, a começar por sua própria equipe, e pela divulgação e ampliação do mesmo aos demais técnicos espalhados pelo país, a fim de que possam participar, discutir e reorganizar o efetivo preparo fundamental em nossas divisões de base

Estarei torcendo para que logo mais na Arena tenhamos um jogo melhor tático tecnicamente, lamentando os grandes vazios que persistirão no grande recinto que poderiam estar preenchidos por escolares da região, tão abandonados pelas autoridades desportivas do estado.

Amém.

QUE DIA…

Começo o dia lendo no O Globo que o TCU aponta superfaturamento nos Jogos do Pan, onde até selo de garantia dos colchões da Vila Olímpica foram pagos pela Comissão, num total de 191.312,34 reais, assim como o aluguel dos condicionadores de ar por sete meses foi 31% superior ao preço do equipamento. Essas e outras mutretas explicam os bilhões de reais que ultrapassaram o orçamento inicial. Fico imaginando a festança que será com os 260 bilhões previstos para a Olimpíada 2016, ao invés de aplicarmos essa dinheirama simplesmente em educação.

Educação esta, que na cidade que se candidata à 2016, só metade dos alunos da rede pública conclui a 8ª série, e dos que seguem para o ensino médio somente 44,5% o conclui, menos que a média do nordeste brasileiro. Em suma, uma vergonha nacional (O Globo de 10/6/09, página 8).

Com tal aperitivo, fomos para frente da telinha acompanhar o primeiro jogo da decisão do NBB, entre Brasília e o Flamengo.

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