FIM DE ANO.
E o ano chega ao fim, melancólico e preocupante. Acompanhei os dois jogos que definiram o Campeonato Carioca, entre Flamengo e Rio de Janeiro, ou Pan 2007, sei lá, uma equipe montada e patrocinada pela Prefeitura do Rio de Janeiro, e administrada pelo Oscar, e o último jogo antes das festas pelo Campeonato Paulista, entre Paulistano e Joinville. Três jogos que bem definem o atual estágio do basquetebol em nosso país, ou seja, da mais melancólica e preocupante indigência técnico –tática jamais vista por estas bandas. Praticamente o que testemunhamos foi um patético torneio de arremessos de três pontos, equilibrados ou não, factíveis ou não, admissíveis ou não, perpetrados por todos os jogadores,independentemente se armadores, alas ou pivôs. Eram produzidos por quem chegasse primeiro na linha demarcatória, como se todos fossem especialistas dos mesmos. Uma vergonha jamais coibida pelos técnicos, e por conseguinte, cúmplices dessas desvairadas ações. No confronto paulista tivemos no primeiro tempo um total de 29 tentativas para 5 acertos, um descalabro, um crime inafiançável. E nenhuma intervenção dos técnicos. Jamais testemunhei tamanha falta de treinamento fundamental, e de conceituação tática. Mas algo de novo igualou as produções dos vencedores destes três jogos, o Paulistano e duas vezes o Flamengo, o fato de somente terem as rédeas dos jogos quando lançaram em quadra dois armadores puros, que mesmo, claudicantes em alguns dos fundamentos básicos, foram suficientes para levarem suas equipes à vitória, provando que um mínimo de domínio dos fundamentos de drible e passes, agilizam os esquemas(sejam lá os que forem), e conotam um relativo incremento às ações defensivas. Mas é muito pouco ante as exigências da modalidade, principalmente se comparadas ao plano internacional, que se aproxima célere pelas competições classificatórias para as Olimpíadas. A continuar tal descalabro, nenhuma, afirmo, nenhuma chance teremos de classificação olímpica.
Entrementes, na corte o pau canta cada vez mais alto, numa liga inchada pelos egos e pelos milhões de dólares, para deslumbre da colônia.O sistema padrão por aqui servilmente empregue, é o mesmo de lá, com a diferença da dinheirama transbordante de lá em contraponto com a indigência daqui. Macaquear é a palavra de ordem, nos sobrando talvez os cueiros travestidos de calções, os penteados e tiaras raciais e os ipods que padronizam a incultura de ambos. Nunca a NBA ficou tão contra a parede, desde que relaxaram o acesso às suas equipes aos não universitários e deficientes estrangeiros, em nome de uma multíplice internacionalização, que em momento algum escondeu os grandes interesses mercadológicos em jogo.O preço agora está sendo cobrado, com alguns dos espetáculos mais contundentes de violência e estupidez jamais vistos por aquelas bandas.
Finalmente, assistimos letargicamente o início de uma luta, de um lobby não muito velado, pela substituição da quadra comissão técnica de nossas seleções, numa atitude despropositada, já que totalmente fora dos planos continuistas patrocinados pela organização do grego melhor que um presente. Nenhuma mudança conceitual, organizacional e técnico –tática será factível sem o sustentáculo de uma direção confederativa à favor das mesmas. Logo, a prioridade é o acréscimo de votos federativos, que somados aos 9 discordantes (se é que ainda existentes) elejam uma direção propensa a tais mudanças, quando, aí sim, uma nova metodologia de escolha de técnicos, pelo sistema de mérito, dará inicio a uma nova era em nosso basquetebol. Até lá, todo e qualquer movimento sucessório, fundamentado ou não, somente reforçará entre nos os vícios que tanto combatemos, e que tanto lastimamos.
Que o limiar de um novo ano nos tragam boas idéias, bons projetos, e muita disposição para realizá-los, mesmo que ao preço de muitos sacrifícios e abnegação, que somados e distribuídos por entre os verdadeiros basqueteiros nos levarão, ou não, a dias bem melhores que a perpetuação do buraco em que nos encontramos. Amém.