O HEAD COACH…

– O Head Coach estuda muito, sempre estudou, e continuará estudando até o fim.

– Ele jamais assumiu, assume ou assumirá um cargo aonde irá para aprender com assistentes e dirigentes, e sim para ensiná-los como se lidera e dirige uma equipe, seja iniciante, seja de alto nível.

– Em hipótese alguma admitiu, admite ou admitirá ser tutelado por prazos, por interesses incidentes em suas funções, por acordos tampões, ou por qualquer necessidade de cunho pessoal que possa ser explorado por outrem.

– Sua graduação, experiência, conhecimento profundo do jogo, sua audácia e destemor ao novo fundamentado no antigo e nas tradições, e seu sentido de transmissão de conhecimentos, o tornam consistentemente preparado para ações de ponta, e jamais dependente de interesses que não os cunhados e forjados pelos princípios do mérito e da ética.

– Seu reconhecimento natural e insofismável cala a maioria das críticas, debela oposições injustificáveis, aplaina e suaviza seu caminho a muito trilhado com sacrifícios, muito e doloroso trabalho, mas com coragem e sabedoria.

– O Head Coach não se vende, não se leiloa, não se permite minimizar, pois é produto de uma classe de professores muito especiais, a dos Mestres, aqueles que até os detratores respeitam, por reconhecerem  sua essência, e seu modo de ver, conotar e, acima de tudo, valorizar a vida.

– O Head Coach erra pouco, mas errou muito em seu caminho, e errará cada vez menos com o avançar dos anos, não importam quantos, se vividos com lucidez, honra, dignidade, saúde, ética profissional e ética para consigo mesmo.

– O Head Coach tem obrigatoriamente de ser mobilizado pelo país a que pertença, pois o representará com o que possui de melhor, num longo e custoso investimento, não só econômico, mas fundamentado e lastreado em seus recursos humanos, advindos das carências mais primarias de seu povo.

– São Mestres maduros, prontos a servir, a por seus conhecimentos a serviço dos mais jovens, jogadores, assistentes, dirigentes, torcedores, jornalistas, e não dependerem destes para aprender o que tem a obrigação de dominar, ampla, mas não totalmente, o universo de sua modalidade.

– O Head Coach não pode ser motivo daquele tipo de debate que antepõe mérito com interesse político, pois se situa eticamente acima do mesmo, já que  qualificado e reconhecido com majoritária unanimidade.

Conheci alguns destes grandes Mestres, aqui e lá fora, e sempre admirei a mais considerável de suas qualidades, sua independência cultural, técnica e político econômica, tornando-os únicos e verdadeiros, ao professarem a ética pelo trabalho e pelo incontido respeito ao grande jogo, a grande meta de suas vidas.

Jamais torci e desejei tanto para que tais princípios se instalem definitivamente em nosso país, justificando o primado da justiça e do reconhecimento a quem de direito, e peço aos deuses todos os dias por isso.

Amém.

PS- Paremos para refletir o quanto de falta nos faz uma associação de técnicos, forte, independente, numa hora como esta…

FELIZ NATAL…

Desejo a todos que me honraram com seus comentários, críticas, idéias, sugestões, e até mesmo desacordos, um Feliz Natal, junto aos entes queridos, aos amigos, e que em 2011 possa de novo contar com tão seleta e educada audiência, a fim de que possamos, todos juntos, lutarmos pelo soerguimento do grande jogo em nosso país.

Que os deuses nos assistam e protejam na longa caminhada.

Paulo Murilo.

DE DOMINGO A DOMINGO…

De domingo a domingo consumindo o produto basquetebol, do Flamengo x Pinheiros ao vivo, numa temperatura sufocante pelo imposto horário das 15:30 hs no Tijuca TC, a um Limeira x Vitoria televisivo ao meio dia de hoje, entremeados por jogos do campeonato paulista, onde Pinheiros se destacou, Franca sucumbiu, e Limeira e Araraquara se degladiaram pelas semi finais.

A destacar algumas considerações:

– A equipe do Pinheiros, que ao vencer convincentemente o Flamengo e Franca, foi imediatamente alçada pela mídia ao status de grande, e quase perfeita equipe, a nível latino-americano, que “com duas sólidas contratações”  se transformaria em potencia, mas que hoje mesmo, perdeu para a renovada e jovem equipe do Minas, fazendo a bola dos especialistas baixar um pouco, mas que deveria nem ter sido alçada precocemente.

– O festival avassalador dos arremessos de três desencadeado por todas as equipes, como que querendo provar suas capacitações, mesmo após o acréscimo de 50cm na distância de arremesso, chegando às culminâncias no jogo(?) de hoje entra Limeira e Vitoria, quando a equipe capixaba arremessou 33 bolas de três, somente 6 a menos que suas tentativas de 2 pontos.

– A frenética exibição televisiva das pranchetas e seus rabiscos ininteligíveis. Meu filho André, que jogou basquete e é um competente designer gráfico, me pedia silêncio para tentar entender os grafismos nas pranchetas, confessando sua incapacidade em decifrá-los. Fico sempre imaginando o desespero dos jogadores nas mesmas circunstâncias, e ainda ter de jogar contra defensores que nunca são mencionados, nem por um borrãozinho da hidrocor nas estelares pranchetas, que para meu espanto, teve uma delas hoje destruída, acredito eu, por não ter sido capaz de passar aos jogadores, com a devida clareza, a tática genial de seu mentor, e logo ela, coitadinha, a super star televisiva…

– A comprovação definitiva, mesmo com a inclusão de novos técnicos, na idade e na experiência, de que o sistema único tão cedo cederá seu monopólio a qualquer manifestação técnico tática que se insurgir no cenário tupiniquim, custe o preço que custar, mesmo que o novo técnico da seleção argentina, Sergio Hernandez, venha a público afirmar numa reportagem do Site UOL com o Ruben Magnano, “que os jogadores que vão para a NBA sem passar pelo basquete europeu não têm muita consistência tática”, no que concorda o Magnano –“É uma realidade. Na NBA se joga por função. Concordo totalmente com o que disse o Sergio(…)”. (…) “Isto é muito importante. O fato de ter jogadores da NBA não te garante nada. Eles estão há 10 meses fazendo apenas uma função. Você os incorpora à seleção e pega este garoto, que você viu fazendo mais coisas em outra oportunidade, para incrementar o volume de jogo do time(…)” Imaginem agora, como se sente um técnico campeão olímpico no comando de uma equipe cujo campeonato nacional é totalmente dominado pelo sistema técnico tático da NBA, e seus jogadores são especializados nas posições de 1 a 5? E que as seleções de base municipais, estaduais e nacionais garantem a continuidade dessa perversa realidade?

De domingo a domingo presenciei, assisti e testemunhei o terrível estágio em que nos encontramos, ainda e teimosamente convivendo com as enterradas, os tocos e os arremessos de três como a sublimação do jogo, segundo a mídia dita especializada, a realeza das pranchetas e suas mensagens caóticas e cifradas, e a cada vez, e proposital separação do que venham a ser técnicos formadores e técnicos ( ou treinadores) estrategistas ( e aqui cabe uma leitura de um artigo do Prof. Ronaldo Pacheco sobre o assunto, publicado no blog rodrigo.galego desta semana), aqueles com anos e anos de trabalho e estudo junto aos jovens, e também aos adultos, e estes, promovidos após cessarem suas atividades atléticas, provisionados, e prontamente elevados à condição de técnicos de elite e de seleções, numa inversão de valores que assombra e põe em dúvida a seriedade do grande jogo entre nós.

Agora, basquete NBB somente em janeiro, um bem vindo descanso visual ante tanta poluição de três pontos, colossal despreparo e desconhecimento dos fundamentos básicos do jogo, e das estelares e “indispensáveis” pranchetas televisivas.

Amém.

PS- Fico imaginando se a um singelo pedido meu, o velho Noel fizesse, como régio presente de natal ao nosso pobre basquete, com que sumissem as pranchetas estelares… Pelos Deuses, esquece, esquece, não quero testemunhar e me sentir culpado pelo suicídio coletivo que …

MALHEMOS NOSSAS CRIANÇAS…

Recebo no Skype a seguinte comunicação do meu filho André Luis:

[10:58:42] André Raw:

http://oglobo.globo.com/vivermelhor/mat/2010/12/13/especialistas-liberam-pratica-de-musculacao-para-criancas-adolescentes-923256551.asp

[10:59:04] Paulo Murilo Alves Iracema: vou ver

[11:00:25] André Raw: agora estão querendo que se acostumem cedo ao ambiente de academia, parece matéria paga

[11:01:12] Paulo Murilo Alves Iracema: Culto ao corpo, o grande negocio do século. Só aqui no Brasil movimenta 12 bilhões anuais.  Máfia de criminosos

[11:03:17] Paulo Murilo Alves Iracema: Vindo da Alemanha, a Meca dos grandes laboratórios farmacêuticos deste mundo miserável. Só poderia vir deles mesmo, pois associado aos pesos virão os suplementos, os complementos, os equipamentos e vestuário específico, as cirurgias reparadoras inevitáveis,  e o mais inevitável ainda, o doping. Lamentável. Vou publicar algo a respeito. A crise do euro e da economia vai levar a descompassos como esse. Business meu caro, nada pessoal, somente, business…

E ai está uma matéria que deverá deixar o grande comercio do culto ao corpo tupiniquim alvoroçado, afinal de contas, a perspectiva de lucros, com a entrada de crianças nesse mercado gerará muitos bilhões a mais do que os 12 atuais. Notórios empresários do setor já deverão estar esfregando as mãos ante perspectivas financeiras jamais imaginadas. Já pararam para pensar, num mundo infantil dentro de academias?

E as escolas? Ora, que se danem as escolas com suas mensagens de cidadania, integração e preparo para a vida. Nada disso gera lucros imediatos, nada disso os tornam mais ricos e poderosos.

E o exercito de provisionados amparados e formados pelo sistema Confef/Cref, abiscoitará este segmento com a fome dos ingênuos estagiários, sub pagos e dependentes patriarcalmente das gigantes holdings do culto ao corpo, estas sim, as grandes beneficiárias de pesquisas deste teor.

E o novo governo, que já anunciou que a educação já está bem encaminhada, com certeza, e à sombra da cornucópia financeira de 2014 e 2016, fará vistas grossas a tais progressos científicos, adiando, talvez definitivamente, a autêntica e verdadeira revolução que nos tiraria em duas gerações da subserviência educacional, cultural e esportiva, que nos envergonha e humilha no cenário mundial.

A verdadeira revolução que mencionei é a da escola, onde, por direito constitucional todo jovem desse colossal pais teria o direito de se educar, mental, física, artística e profissionalmente, num ambiente em que pesos e alteres jamais substituiriam os campos, as pistas, as piscinas e as quadras a que tem pleno e irrecusável direito, sob qual ótica e argumentação forem expostos, já que cidadãos de direito, de pleno direito.

Por se tratar de uma brutal realidade, e não de um sonho, é que me dou ao direito da indignação, última e derradeira opção de um velho e teimoso professor.

Amém.

ENGANAR E ADORAR SER ENGANADO…

9/12/2010
CURSOS DA ENTB COMEÇAM EM JANEIRO
Rio de Janeiro — A cidade do Rio de Janeiro vai receber o primeiro curso de 2011 da Escola Nacional de Treinadores de Basquetebol (ENTB). O curso de formação de treinadores de basquetebol nível I será realizado de 12 a 15 de janeiro, no Clube Botafogo de Futebol e Regatas (Av. Venceslau Brás, nº72 – Botafogo). As inscrições poderão ser feitas no site da Confederação Brasileira de Basketball (www.cbb.com.br) a partir de segunda-feira (dia 13).
O curso de formação Nível I é destinado a todos os profissionais de educação física e que trabalham com basquete, e foi dividido em dois módulos: presencial (32 horas/aula) e à distância (28 horas/aula). Os inscritos serão submetidos a três avaliações. Uma após o módulo presencial, outra durante o módulo à distância e uma avaliação prática seis meses após o módulo presencial. Nos meses de janeiro e fevereiro, a ENTB promoverá mais dois cursos Nível I, nas cidades de São Paulo e Recife.
Os treinadores que estiverem de acordo com o sistema CONFEF/CREF e que forem aprovados no curso de Formação Nível I com média sete ou superior (somatória das três avaliações) receberão o certificado e a carteira definitiva “Nível I”. Os demais receberão o “Certificado de Participação”.
CORPO DOCENTE NÍVEL I
Aluísio Elias Xavier Ferreira (Lula)
André Germano
Dante De Rose Jr.
Diego Jeleilate
Flávio Davis Furtado
Hermes Ferreira Balbino
José Alves dos Santos Neto
Maria do Carmo Mardegan Ferreira (Macau)
Paulo Roberto Bassul
Roberto Rodrigues Paes
Sérgio Maroneze
Tácito Pinto Filho
CADASTRO NACIONAL DE TREINADORES DE BASQUETEBOL
O cadastro Nacional de Treinadores de Basquetebol continua recebendo inscrições. Os objetivos são mapear e quantificar os profissionais do basquetebol no Brasil, além de ser uma importante ferramenta de informação e comunicação entre os profissionais da modalidade. Os técnicos devem se cadastrar no link: CADASTRO.
Em 1963, logo após minha licenciatura em Educação Física pela ENEFD/UFRJ, fiz o Curso de Técnica Desportiva, em Basquetebol, na mesma instituição, com a duração de 360 horas, em dois semestres de atividades teóricas e práticas, paralelamente a atividades em escolas e clubes, na mesma modalidade, numa somatória de estudos e praticidade que marcaram minha formação.

Em 1983 fui o responsável por curso correlato no IEF/UERJ, naquele que foi o último curso de formação de técnicos no Rio de Janeiro dentro de uma instituição formadora de professores em Educação Física.

Foram cursos completos, com disciplinas voltadas a formação de um técnico de basquetebol, onde a Psicologia Desportiva, a Cinesiologia, a Fisiologia e a Organização e Administração complementavam os aspectos teóricos e práticos do grande jogo.

Daí para frente, com a pulverização dos cursos de educação Física na área do humanismo, e conseqüente ida dos mesmos para a área biomédica, toda uma estrutura de formação de técnicos foi transformada em apoio paramédico aos novos comandantes das atividades físicas no país, os médicos, com sua cultura voltada ao corpo e a saúde, hoje um dos grandes negócios do país, movimentando acima de 12 bilhões de reais anualmente, segundo o Atlas da Educação Física e Desportos, do Comte. Lamartine Costa, e tendo o apoio logístico e político do Sistema Confef/Cref,  avalista e garantidor do grande negócio em que transformaram o desporto e as atividades físicas no país, claro, fora das escolas, garantindo uma clientela utente de seus serviços quando na idade adulta, o que seria seriamente prejudicado se tais princípios educativos, esportivos e salutares fossem adquiridos através os currículos escolares, que é um direito cidadão amparado e previsto pela constituição do país, mas sócio politicamente vetado aos jovens brasileiros.

Agora, assistiremos o segundo capítulo de uma ENTB voltado ao Nível 1, meses após ter sido dada a partida da mesma através um curso formativo de Nível 3, onde num prazo de 4 dias dizem e afirmam solenemente terem preparado técnicos para a elite do basquete nacional, e ao módico custo de 800 reais, onde atividades de quadra foram inexpressivas, e até palestras sobre direito esportivo foram feitas, num currículo confuso e equivocado.

E o mais sério, se percorrermos o corpo docente para esse nível (pressupondo existirem outros para os demais níveis…), e o colocarmos frente ao numero de horas aulas previstas para o curso, 32 presenciais nos 4 dias iniciais, e 28 à distância, com uma avaliação prática seis meses após o modulo presencial, podemos concluir que se dividirmos essas horas por 12 professores, teremos 5 horas para cada um ( não sei se suportaria tal carga de trabalho…), se todos derem suas aulas. Mas se os dividirmos pelos demais dois cursos que serão realizados em São Paulo e Recife, teremos 15 horas para cada um, numero esse rigorosamente insuficiente para percorrerem, por exemplo, três fundamentos básicos, como passes, dribles e arremessos, para começar.

Mas como tudo pode ser possível nesse país de vivaldinos (?), veremos e comprovaremos brevemente que- “Os treinadores que estiverem de acordo com o sistema CONFEF/CREF e que forem aprovados no curso de Nível I com a média sete ou superior (somatória das três avaliações) receberão o certificado e a carteira  definitiva “Nível I”. Os demais receberão  o “Certificado de Participação”. ( Diretriz constante do regulamento da ENTB), fato este que oficializará a festa dos provisionados, a grande massa critica do famigerado sistema.

Podemos então agora perceber com clareza, os porquês de muitos dos grandes professores e formadores de jogadores estarem fora da ENTB, pois jamais admitiriam que tal escola funcionasse de forma tão primitiva e rudimentar, ainda mais quando a mesma foi, é, e continuará a ser coordenada em sua formatação e padronização (?)  por um preparador físico, e não um professor e técnico de basquetebol, numa inversão de valores comprometedora e constrangedora àqueles que aceitaram e aceitam tal liderança, e mais, sendo todos seus integrantes ligados desde sempre à CBB, numa flagrante marginalização dos demais e competentes professores e técnicos espalhados e trabalhando em todo o país.

E se observarmos bem o logotipo da ENTB, concluiremos ser o mesmo o retrato autêntico e fiel de sua missão baseada na padronização de um sistema falido e mal intencionado, a começar pela prancheta lá eternizada, com seus garranchos ininteligíveis, ali bem demonstrados em vermelho, onde setas apontam para lugar nenhum, numa alegoria de seu equivocado direcionamento.

Mas fico profundamente curioso para testemunhar mais uma conquista brasileira para o mundo, a de, por mais uma vez, formar técnicos do grande jogo em 4 dias presenciais, façanha esta que bem demonstra nossa capacitação única de enganar, e adorar ser enganado, na medida que um certificado aconteça.

Peço aos já cansados e desiludidos deuses que nos ajudem, uma vezinha mais…

Amém.

A SIMPLE WORD (NOT THOUSAND…)

DEFENSE!  DEFENSE!  DEFENSE!

WHERE IS IT?

Foto Morry Gash – AP

OUSAR PARA VIVER…

Foram 271 arremessos de três nessa rodada, e uma equipe, a de Joinville conseguiu a façanha de arremessar mais de três do que de dois (14/38, 18/34) em seu jogo contra o Pinheiros, num total de 62 tentativas de longa, e agora ampliada, distância.

Em tempo algum o sistema único de jogo, com seus especialistas nas posições de 1 a 5, atingiu tal culminância da alcançada nesse NBB3, onde, inclusive, pivôs  retornam gloriosamente aos arremessos de três, situando-se num perímetro onde a captação de rebotes é nula, função básica de um reboteiro de ofício.

E com a maior abrangência de espaços, decorrentes do aumento na distância da linha de três, os embates de 1 x 1 se tornaram mais freqüentes, nos quais a pouca habilidade nos dribles e fintas, somada à inabilidade defensiva da maioria dos jogadores, culminam numa sucessão de erros de fundamentos altamente preocupante numa divisão de elite, agravada quando defesas zonais são empregadas, desencadeando uma hemorragia de arremessos de três, solução que dispensa(?) maiores envolvimentos com chatíssimos dribles e fintas.

E por sobre tal cenário, nosso técnico nacional percorre o país desenvolvendo um projeto de seleção permanente para jovens de 15 a 18 anos, cujo referencial básico é fazê-los jogar de forma parecida com a divisão adulta e seu sistema único de jogo, codificado, marcado e coreografado, cujo grau de previsibilidade é de conhecimento até de técnicos chechenos e esquimós.

Combater essa previsibilidade técnico tática teria de ser a prioridade das prioridades, onde um ensino qualificado dos fundamentos, em todas as suas minúcias e variações, se constituiria no projeto a ser atingido numa preparação séria e responsável, além de uma segunda etapa, a busca de sistemas diferenciados de jogo, que explorassem todas as potencialidades naturais de nossos jovens, e que se constituíssem numa fonte inesgotável de criatividade e leitura permanente de jogo, habilidades estas hoje obliteradas pelo monitoramento das ações, de fora para dentro da quadra de jogo.

Acredito firmemente que somente um grande esforço voltado ao eficiente e responsável ensino dos fundamentos individuais e coletivos em nossas divisões de base, nos tiraria dessa repetição do óbvio, dessa mesmice técnico tática, desse limbo em que nos encontramos.

Mas para tanto, torna-se urgente e necessário uma reformulação de clinicas e atualizações, nas quais se perdem recursos e precioso tempo em discussões inócuas, proferidas por pessoal não qualificado na função de ensinar a ensinar a base do grande jogo, seus fundamentos, mais preocupados com preparação física, testes inconseqüentes, padronizações e formatações de caráter coercitivo e altamente limitadoras.

Essa deveria ser a função precípua da ENTB, e que por si só já renderia estudos e pesquisas, se bem planejadas na pratica. Formar um pequeno exército de professores habilitados no ensino correto dos fundamentos, precederia toda e qualquer tentativa de se implantar sistemas de jogo antes de alcançadas as metas projetadas para os mesmos, sem os quais sistemas inexistem em precisão e confiabilidade.

Mas como abandonar as pranchetas, o sistema único, a confraria que os utilizam, e por isso mesmo se tornam fonte de emprego e aparente fonte de segurança e continuísmo, em prol de uma atividade que exige muito estudo, pesquisa e trabalho, muito trabalho, e acima de tudo quase sempre mal pago?

Isso me lembra um técnico que justificava seu posicionamento de não estudar, com uma pérola de raciocínio – Porque perder meu precioso tempo estudando, se existem malucos como você que estudam e pesquisam? Vejo o que dá certo com você e simplesmente o aplico, sem sacrifícios e inúteis renúncias.

Creio que é chegada a hora de decidirmos o que queremos para o soerguimento do nosso basquete, e um primeiro passo foi tentado por mim no Saldanha da Gama, onde baseei todo o trabalho nos fundamentos e num sistema diferenciado de jogo, provando ser factível que adultos se exercitem nos fundamentos, com melhoras e aprimoramento técnico visível. Por que não nossos jovens? Mas Paulo, você ficou fora do NBB3 por conta dessa tentativa, não?  Sim, numa prova cabal de resistência de um status quo solidificado, mas que pode, e deve ser rompido, se quisermos sair dessa mesmice, desse deserto de idéias e ausência de criatividade.

Ousar é sinônimo de vida, de progresso. Ousemos então.

Amém.

ALICERCES DE BARRO…

PROGRAMAÇÃO DA 86ª CLÍNICA TÉCNICA E PREPARAÇÃO FÍSICA

— Quarta-feira (1º de dezembro) – 19h00 às 21h00 – Aula teórica com Diego Falcão

. Periodização da base – alto nível
. Princípio geral do treinamento
. Característica física do basquete
. Periodização e controle do treino
. Jogos pré-desportivos

— Quinta-feira (02 de dezembro) – 15h00 às 18h00 – Aula prática com Diego Falcão

. Treinamento combinado: coordenação/fundamento
. Abordagens das capacidades físicas no basquete
. Treino de força
. Voluma e intensidade: treino de físico e suas variáveis

— Sexta-feira (03 de dezembro) – 15h00 às 18h00 – Aula teórica com André Germano

. Princípio de continuidade e planejamento plurianual
. Filosofia e metodologia de trabalho
. Especialização precoce
. Conteúdos de treinamento

— Sábado (04 de dezembro) – 09h00 às 12h00 – Aula prática com André Germano

. Treinamento técnico-tático e técnico-físico: exercícios combinados
. Conceitos de jogo ofensivo
. Treinamento: Tático
. Defesa: individual/zona match up

Esta a programação da Clinica na cidade de Maceió, em sua octogésima sexta versão, visando a padronização e formatação dos jovens técnicos brasileiros, numa ação em conformidade com a ENTB e seus princípios didático pedagógicos.

Observemos que os dois primeiros dias são de responsabilidade de um preparador físico, não um técnico experiente na função formativa, mas lá está o nobre colega(?) discorrendo seus conhecimentos sobre as etapas da base ao alto nível, dos princípios gerais do treinamento, do controle do treino, até de jogos pré desportivos, reservando somente um tópico de sua especialização sobre características físicas do basquete, transpondo em muito suas atribuições técnicas, e tudo isso em abordagens teóricas, pois nas praticas, no dia seguinte é que entra com vontade numa área em que não tem competência de se meter, mas lá está, laborando a tarefa de ensinar a ensinar o que não sabe e domina, mesmo.

O técnico de formação somente se manifesta nos terceiro e quarto dias, quando comunicações teóricas e práticas se orientam às padronizações e formatações técnico táticas que tanto combato, e que nos escraviza ao sistema único de jogo (seguramente o único que conheça, daí seus fervor em defendê-lo a todo custo…e miseráveis resultados), que é compartilhado por todos que compõem as famigeradas clínicas.

São onze horas de intervenções pseudamente técnicas em quatro dias de trabalho, jornada esta que eu dava em clinicas praticamente num único dia, que em quatro perfaziam oito horas diárias, num total de trinta e duas, e não onze, como nestas enganosas clinicas da CBB. Ah, com um detalhe de somenos importância para essa turma, reservava 70% do tempo para os fundamentos, a verdadeira meta a ser alcançada numa clínica de iniciação ao grande jogo.

Analisem bem os tópicos teóricos e práticos que compõem a grade curricular, e encontrarão a resposta dos porquês estamos nessa realidade indigente na qualidade fundamental de nossos jovens jogadores (as).

Mas algo de novo bate com precisão em todo esse processo de sedimentação do sistema único, numa reportagem do Globoesporte.globo.com em 04/12/2010, com o técnico Ruben Magnano, que percorre o país em busca de jovens talentos, para constituir uma seleção permanente de 15-18 anos, visando 2016, e que lá no penúltimo parágrafo discorre:

– “A estrutura deve ser maior para que mais meninos joguem basquete. A criação da Escola Nacional de Treinadores também foi um passo importante para que depois possam ser exigidos os resultados. A idéia é que as seleções de base joguem de forma parecida com a principal, respeitando a idade. Precisamos entender que um jogador de 30 anos está num estágio diferente de um de 16. Raulzinho (armador de 18 anos que foi ao Mundial da Turquia) foi em boa hora para a seleção. Esse trabalho aponta que temos meninos para o futuro”.

Ai está, os meninos devem jogar taticamente como os adultos, sedimentando o sistema único, e o trágico, até 2016!

Claro, que determinados fundamentos serão escalonados pelas exigências (?) das posições de 1 a 5, e não TODOS os fundamentos, como deveria ser, ainda mais numa preparação onde o domínio tático é prioritário, e não os fundamentos.

“Na América não conheço um projeto assim. Na Argentina, acompanhei o que foi feito de perto e não houve um tão estável, ficando o tempo todo concentrado no trabalho, disse o Magnano”.

Mas porque  na Argentina foi diferente? Ao desembarcar em Ezeiza com o título olímpico em mãos, a primeira manifestação do Magnano foi o agradecimento aos técnicos de formação de base que propiciaram a ele comandar a grande geração advinda do grande e perseverante trabalho daqueles técnicos dedicados e patriotas, sem os quais nada teria sido alcançado, trabalho aquele centrado prioritariamente nos fundamentos, seguindo a escola espanhola, irmã e ancestral.

E aqui em nosso continental país, quem são esses técnicos, como são ou serão acionados, como serão lembrados e formados, como?

Pela ENTB que se iniciou “formando” técnicos da elite em quatro dias?  Pelas clinicas cebebianas cujo conteúdo programático ai em cima expõe uma realidade injustificável?

O continuísmo administrativo na CBB gerou o continuísmo técnico tático impingido às nossas seleções desde a base, num moto contínuo inamovível ainda por um longo tempo, suficiente para nos levar ainda mais ladeira abaixo, pois capitania hereditária de uns poucos e apaniguados que se julgam detentores do conhecimento do grande jogo entre nós, e poderosos o suficiente para afastar quem ouse se antepor a seus princípios e domínios.

Que os deuses, em sua infinita paciência, nos ajudem.

Amém.

O DOMINGO PERFEITO DO PEDRO…

Chegamos na Arena ao final do jogo entre os argentinos pelo terceiro lugar, eu, o Pedro Rodrigues e o Laércio, vindos de uma peixada irrepreensível, e com o Pedro em estado de graça pela vitoria do seu Fluminense no nacional de futebol, bastando uma vitoria de seu Brasília para o êxtase absoluto, que transformaria o domingo em algo inesquecível.
Mas havia o jogo, contra um adversário temível, o Flamengo, defendendo seu titulo sul americano, e jogando em casa, abraçado a sua torcida, no meio da qual fomos nos instalar, cercados de famílias inteiras, muitas crianças, e uns imbecis vociferando palavrões e ofensas descabidas a juízes e adversários, num ambiente não futebolístico, do qual são originários, num flagrante e injustificável desrespeito a um publico majoritário que lá ocorreu para se divertir em paz e com educação.
Claro, que após o primeiro quarto mudamos de lugar, ainda mais pelo fato do Pedro não esconder para que lado torcia, mesmo que reservada e contidamente.
E o jogo, o que ocorreu de especial, de inédito, de marcante? Taticamente, nada, pois ambas atuavam no tradicional sistema único, com uma pequena diferença, o Flamengo se utilizando de dois armadores, que o fez movimentar a bola com grande rapidez, a tal ponto de concentrar sua eficiência pontuadora nos dois pontos, e não nos tradicionais arremessos de três, vencendo o quarto por 33 x 24.
E veio um segundo quarto arrasador do Brasília, ao concentrar seu poderio no perímetro interno, onde seus pivôs atuavam com desenvoltura, e com voltas rápidas de bola ao perímetro externo que deixavam Guilherme e Nezinho a vontade para os arremates de três, sem quaisquer anteposições, somada a uma defesa por zona eficiente, num 29 x 11 que prenunciava uma vitoria possível, reforçada pelas três faltas cometidas pelo Marcelo, atuando nitidamente nervoso.
No terceiro quarto, algo de inusitado ocorreu com o sistema tático do Brasília, pois não só neste quarto, como no último, o armador Nezinho atuou somente pelo lado direito da quadra de ataque, fato esse que o fez cair em varias dobras defensivas pela previsibilidade da ação, perdendo bolas e cometendo erros de fundamentos que levaram a equipe do Flamengo a uma reação significativa, quando também se utilizou da defesa por zona, no intuito de proteger o Marcelo da quarta falta, vencendo o quarto por 27 x 20. Foi nesse quarto que ambas as equipes praticamente alijaram seus pivôs da disputa interna, concentrando seus esforços ao bloqueio externo, que no caso do Flamengo, contou com a unilateralidade ofensiva do Nezinho numa situação tática inusitada e errônea.
O quarto final foi dividido entre duas tendências explicitas e bem definidas. Por um lado, a equipe rubro negra insistindo nos arremessos de três, vigiados e contestados fortemente pela defesa candanga, por outro, uma equipe atuando nitidamente pelos dois pontos, e mais ainda, pelo ponto a ponto que usufruíam pelas inúmeras oportunidades que tiveram em lances livres, originados pelo recurso em faltas pessoais por parte de seu adversário, nas tentativas de retomarem a posse de bola.
Pelas características do jogo, onde as defesas zonais ainda se situam como obstáculos de difícil transposição por equipes deste nível, e onde armadores mantêm uma excessiva posse de bola por atuarem sozinhos na posição, pois o outro armador, se em quadra, age mais como um ala, venceria o jogo aquela que dominasse um aspecto negligenciado pela maioria de nossas equipes, o aproveitamento efetivo da maioria de seus ataques, somente possível pela eficiência e precisão de seus arremessos, onde os curtos e de media distâncias superam estatisticamente os de longa e hoje estendida distancia.
Esse fator, se somado a uma defesa eficiente, torna a equipe muito mais habilitada às vitorias, como essa no sul americano.
Parabenizo a equipe de Brasília pela lídima e justa vitoria, assim como o Pedro, feliz e realizado, quando pode curtir um domingo perfeito.
Amém.

DRIBLANDO A MESMICE…

“Paulo, já vi que você não vem aqui na Arena. Se mudar de idéia me telefone, tenho um convite para a tribuna para você”( o amigo Pedro Rodrigues ontem ao telefone…).

Confesso ter inventado uma resposta, tal como o perigo que estaria correndo tendo de trafegar às 23 horas, numa cidade acuada pelo medo, ao voltar para casa, e coisas e tais. Mas a verdade verdadeira não foi expressamente dita, a de não agüentar mais assistir um jogo, vários jogos, estruturalmente fundamentados numa mesmice técnico tática irritante, arrepiante. E o Pedro deve ter compreendido, entendido minha ausência, conclusão lógica de nossas longas conversas pelos celulares da vida, recheando contas telefônicas bem fornidas.

Mas, como todo entusiasta em basquete, em desporto educacional e competitivo, exceto os “excepcionais e altamente educativos” campeonatos ( inclusive mundiais…) de Poker e MMA, vinculados impunemente por nossas mídias jornalísticas, ligo a TV e assisto os jogos deste sul americano de clubes, preocupado, profundamente preocupado, se na idade que estou, tenho o direito de desperdiçar um tempo precioso para analisar algo cujo grau de previsibilidade atinge o inenarrável.

Todas as equipes jogando iguais, TODAS, com  pequeníssimas adaptações nas formações iniciais, com a utilização de dois armadores (um deles substituindo um ala de formação), numa padronização formatada ao longo dos últimos 20 anos, variando um pouco também na velocidade de execução. E o incrível, com a novel adesão das equipes argentinas, apesar da inquestionável supremacia no domínio dos fundamentos que ostentaram nestes mesmos últimos 20 anos, agora comprometidos pela mesmice nebiana, pela utilização do sistema único de jogo, preocupados em seguirem os caminhos trilhados pelo Ginobili, Oberto e Scola, esquecendo que não jogaram dessa forma ao serem campeões olímpicos e vice mundiais.

Minha perplexidade aumenta mais ainda ao acompanhar jogos do campeonato brasileiro sub 17 em Santa Maria, veiculado pelo site Multiweb, no qual todas as equipes, TODAS, seguem o modelo padronizado e formatado pelas clinicas da CBB e pelos técnicos de nossas seleções de base e principal, e com um alarmante índice de erros de fundamentos, que beira ao inacreditável.

Enfim, perante um cenário de tal ordem, creio não ter o direito de me deslocar a uma deserta Arena, a preços extorsivos e correndo reais perigos no asfalto, agora freqüentado pela bandidagem do tráfico, para testemunhar algo que de olhos fechados posso relatar:

– O armador fulano gesticula um sinal, passa ao lado, corre para o fundo da quadra, ao mesmo tempo em que o ala (ou o armador improvisado) beltrano recebe um bloqueio do pivô sicrano fora do perímetro (agora acrescido de mais 50cm, tornando o afastamento do mesmo da zona de rebote mais crítico…), originando ou não um indefectível pick and roll, de defesa primaria se feita com atenção, ou a continuidade de mais passes visando os mais indefectíveis ainda arremessos de três, e nos limites dos 24seg, uma penetração afobada e desequilibrada, ações estas repetidas ad infinitum pelas duas equipes, quebradas em algumas situações de contra ataque, originadas pelas constantes falhas de nossos “especialistas” nos três pontos, ou nas primarias violações e erros crassos de fundamentos que cometem.

E como num moto contínuo de mediocridade explicita, segue o grande jogo sua via crucis, emblematicamente emoldurado pelo sistema único, pela panacéia a que nos condenaram assistir, situação por mim negada, pelo menos in loco.

Mas como professor e técnico de inabalável otimismo, ainda mantenho a tênue esperança de poder, um dia, testemunhar o desvanecimento dessa mesmice, para que tenhamos e usufruamos de dias melhores para o grande jogo.

Amém.