O DÉCIMO PRIMEIRO DIA…

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Que calor infernal, o suor flui abundante e desgastante, o treino tem de ser interrompido amiúde para a necessária hidratação, e todo esse cenário transcorre num ginásio cuja ventilação é seriamente comprometida, multiplicando os efeitos nocivos entre os jogadores.

Claro que a produtividade decresce naturalmente, exigindo que o foco na execução dos movimentos propostos seja otimizado ao máximo naqueles poucos momentos de superação ante uma temperatura elevada. E estão conseguindo, numa doação elogiável e promissora.

Trabalhamos pela manhã o que defino como academia do arremesso, onde através exercícios conjuntos e individuais corrigimos posicionamentos, empunhaduras, controle direcionais, força e trajetória dos arremessos curtos, e de  media e longa distâncias, reservando um tempo apreciável a um dos pontos fragilizados da equipe, os lances livres.

No trabalho vespertino, contando com 14 jogadores pela primeira vez, alguns voltando de contusões, treinamos o novo sistema contra defesas zonais, cuja adaptação é sabidamente lenta, exigindo muita paciência, atenção e sincronismo, fator que define os bons sistemas ofensivos.

E mesmo nestes trabalhos conjuntos, são observadas as acuradas execuções dos fundamentos do jogo, fazendo com que todos os fixem trabalhando e repetindo seus sutis detalhes diariamente e por toda suas vidas de jogadores.

Espero que possamos seguir com todos os jogadores capacitados fisicamente, em direção a um amanhã pleno de reabilitação, de confiança, e de muito trabalho.

Amém.

O DÉCIMO DIA…

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Sem conseguir passagem aérea do Rio para Vitória, tive de viajar de ônibus por toda a madrugada, a fim de estar presente no treino de hoje às 10 hs da manhã no recomeço dos trabalhos, depois do intervalo de três dias para o descanso reivindicado pelos jogadores.

Mas não pudemos treinar, de acordo com uma norma administrativa ( o ginásio pertence a Prefeitura) exigindo a presença de um funcionário graduado no local, o que não ocorreu. Uma lástima, pois apesar da presença da equipe, mais um treino pratico foi desperdiçado, substituído por uma longa exposição técnico tática promovida por mim junto a equipe, detalhando, expondo e discutindo os sistemas defensivos e ofensivos  que empregaremos daqui para diante.

No entanto, dois fatores tendem a colocar algum risco ao progresso do trabalho, algumas contusões, e pequenos desajustes quanto ao cumprimento de horários por parte de alguns jogadores, mas nada que não possamos corrigir no devido tempo, conclamando a todos para o grande esforço comum na busca do soerguimento da equipe, tarefa maior que teremos de enfrentar.

No trabalho da tarde fomos mais fundo na aplicação de alguns princípios defensivos que desenvolvi através muitos anos, baseados nas flutuações lateralizadas, e não as longitudinais à cesta de ampla aceitação entre nós. Esta concepção defensiva depende crucialmente destes dois conceitos contrastantes dentro do principio da linha da bola, exigindo um árduo treinamento e atenção constantes, mas cujos efeitos altamente positivos compensam todos os esforços despendidos em sua aprendizagem.

Logo a seguir trabalhamos com afinco o novo sistema ofensivo, ainda em fase de junção dos fragmentos praticados separadamente, utilizando a técnica das partes para o todo, comprovadamente aquela que melhor se coaduna à uma mudança radical por sobre um sistema enraizado por longos anos de pratica. Trata-se de uma tarefa difícil, mas absolutamente não impossível.

A equipe tem respondido com empenho e interesse, meio caminho andado para seu soerguimento.

Amém.

O NONO DIA…

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Numa reunião de trabalho da comissão técnica, e com um representante dos jogadores participando, um dos temas abordados foi o da folga nos dias carnavalescos, onde o argumento dos jogadores era o da enorme fadiga causada por 19 dias de quatro jogos e treinos intensos, e tudo sem um dia sequer de descanso. Aceitei em acordo com os demais componentes da CT, e pararemos três dias, recomeçando na próxima terça feira.

E fomos para os dois treinos do dia, o nono dia de um projeto desafiador em toda sua conformação técnico tática. Combinamos mudar o modo e a maneira de jogar, e estamos conseguindo levar a razoável termo essa pretensão, que vem exigindo o máximo de esforços da grande maioria da equipe, que só não atinge o total pelas contusões e decorrentes recuperações.

Pela manhã praticamos de forma liberta de cadeiras e obstáculos, e em formação de duplas, toda uma gama de fundamentos previamente treinados, e cujo teor abrangia todos que compõe o grande jogo em seu desenvolvimento.

À tarde, onde por força de algumas forçadas e justificadas ausências só pude contar com nove jogadores, o que forçou uma mudança, e conseqüente adaptação à programada inclusão dos dois fragmentos que faltavam para a complementação do sistema proposto. Mesmo assim o apresentamos em meia quadra e sem marcação, tão somente as poucas regras que o compõe  para o entendimento setorizado do mesmo, e para que durante a folga os jogadores estudem sugestões e plausíveis adaptações baseadas em suas experiências de muitos anos no sistema único de jogo, agora confrontado com um outro de concepção  diametralmente oposta  a ele. Esta confrontação teórico pratica é que definirá os movimentos básicos do novo sistema, que sendo aceito por todos o tornarão factível e democraticamente reconhecido.

Quando um técnico propõe uma ruptura técnico tática a uma equipe adulta contrapondo a um novo sistema os hábitos profundamente adquiridos pela longa pratica de execução de um outro, jamais deverá impor tal mudança sem o desvinculamento de seus jogadores daqueles hábitos, pois corre o risco de ver ruírem ambas as experiências. Cabe então usar o processo de substituição progressiva, lenta e pausadamente, de um habito por outro, mantendo sempre os pontos concordantes, basicamente os fundamentos comuns a ambos, mas diferenciados em sua aplicabilidade especifica.

Ao se atingir tal objetivo, a equipe se situará em um novo patamar técnico tático, sem perder o sentido básico do controle dos fundamentos, mesmo sob a influencia de um novo sistema e os diferenciados hábitos a serem adquiridos.

Trata-se de uma troca sutil e particularíssima, que exige um bom planejamento e aferições e avaliações constantes e detalhadas, e que por certo, auferirão a equipe uma nova postura, um novo recomeço, novas e plausíveis esperanças.

Voltaremos na próxima terça feira.

Amém.

O OITAVO DIA…

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A ordem do dia de hoje é por em prática o pouco que assimilamos até  agora, não importando os resultados em si, mas avaliando melhoras na técnica individual dos fundamentos, principalmente no drible, nos passes, no posicionamento defensivo, nos bloqueios de rebote, nas fintas e nos arremessos de media e curta distâncias.

São fundamentos imprescindíveis ao sistema que pretendemos adotar, com particularidades intrinsecamente ligadas aos mesmos, claro, sem esquecermos da pratica dos demais, num tour de force cansativo e suado. É o tipo de preparo que bem define quais e quem de todos os participantes se comprometeram no progresso da equipe, que até o momento posso afiançar numa simples afirmação, todos.

Todos em tese, pois uma coisa é observarmos o empenho no trabalho técnico, outra é avaliarmos do quanto de aceitação estão realmente imbuídos, pois ainda não tenho a capacidade de ler mentes, apenas constatar reações em mínimos detalhes nas execuções e no desenvolvimento das tarefas propostas.

E essas observações me fazem otimista de que a proposta está sendo convenientemente captada, pelo simples fato da acentuada melhoria coletiva no domínio dos fundamentos tornar-se uma palpável realidade a cada dia que passa, inclusive no reconhecimento deles próprios. E isso é simplesmente encorajador.

Organizei movimentações táticas em meia quadra, sem e com marcação, forma indicada para observações corretivas sem dispêndio de detalhes, que seriam perdidos em movimentações de quadra inteira, inicialmente para o sistema defensivo, e depois para juntar os três fragmentos do ofensivo desenvolvidos anteriormente.

E aos poucos, pacientemente, vamos montando esse sofisticado puzzle, onde nem sempre a peça escolhida é que se encaixará nas primeiras tentativas, e sim mais adiante, quando o esboço da arte final estiver encaminhado e minuciosamente estabelecido.

Observação direta, indireta, objetiva e coerente, são fatores determinantes nessa fase de ajustes e realizações, num trabalho exaustivo e profundo, somente levado a bom termo ã luz da experiência, aquela bem especifica de ser valida, por ter sido integralmente vivida.

Vivamos então nossa instigante experiência.

Amém.

O SÉTIMO DIA…

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Dia extremamente quente, abafado, quase irrespirável, principalmente para atletas de alto rendimento. Apesar do constante vento vindo do mar, Vitória faz calor, e muito. Nestas circunstâncias, treinos são quase improdutivos, e o pouco que podemos usufruir tem de ser valorizado ao máximo. E foi o que aconteceu, pela manhã e à tarde.

Na sessão matutina, um circuito de fundamentos priorizou o drible, as mudanças de direção, as fintas, os arremessos curtos e a movimentação  defensiva básica, em velocidade média a fim de que reações adversas não viessem a ocorrer motivadas pela alta temperatura e a pouca ventilação do ginásio.

Seguiu-se uma relativamente longa sessão de DPJ (drible, parada e jump) com finta e corte inicial, numa valida tentativa de recobrarmos a grande importância desse arremesso, esquecido em função da febre irresponsável dos arremessos de 3 pontos, e seus iludidos “especialistas”, cuja limitação técnica de execução tanto empobreceu o jogo com suas  40 a 60 tentativas por jogo.

Técnicas corretivas aplicadas aos lance livres, um dos pontos fracos da equipe na competição nacional, encerraram os trabalhos da manhã, cujo aproveitamento real não foi dos melhores, pelos motivos acima apontados.

Na sessão vespertina, numa temperatura menos intensa, recordamos o primeiro fragmento do sistema ontem apresentado e treinado, ainda sem marcação, e logo a seguir o segundo fragmento, desenvolvido de forma semelhante ao primeiro, e ainda sem marcação, visando a fixação de seus movimentos naturais.

Finalmente, os dois fragmentos propostos e treinados, o foram à luz de uma defesa individual bem fechada, onde os hábitos técnico táticos adquiridos ao longo dos anos muitas vezes mascararam a nova proposta, diametralmente oposta. Mas como hábitos podem ser substituídos por outros, o trabalho toma um rumo reestruturador, no qual adultos calejados terão a oportunidade de repensarem posições e atitudes, num exercício de renovação e desafio.

Finalizamos o treino com arremessos de lances livres, bem cansados que estavam, procurando os pontos de concentração tão esmaecidos quando sob o domínio da pré-estafa.

Com possibilidades de chuvas para amanhã, o ambiente pesado do mormaço poderá dar lugar a uma temperatura mais amena, contribuindo para uma sessão de treinos mais proveitosas. Assim espero.

Amém.

PS- Uma falha na conexão da  rede do hotel, me deixou ontem sem internet, daí o atraso de um dia nessa publicação. PM.

O SEXTO DIA…

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No treino pela manhã, um completo circuito a ser percorrido em duplas, foi montado tendo em vista a pratica dos fundamentos de drible, passes e defesa, oferecendo a mim toda uma gama de observações  personalizadas , onde a constatação de qualquer erro de execução era prontamente corrigido, dando aos jogadores uma sensação de apoio e atenção praticamente individualizada.

Esse método de avaliação imediata, propicia uma correção que será tão mais rápida quanto menor for o espaço entre a diagnose e a mesma, num processo eficaz e progressivo na homogeneização  da equipe quanto ao domínio correto dos fundamentos básicos, fator primordial para a consecução de um sistema de jogo, seja lá o que for empregue por qualquer equipe de qualidade.

O grande e profundo trabalho a ser desenvolvido nesta fase é da efetiva conscientização dos jogadores pela necessidade da pratica e treinamento dos fundamentos, pois muitos deles se auto definem como excludentes de um processo que pseudamente dominam, considerando-o para iniciantes tão somente, constituindo-se num erro que onera  a equipe em seu todo, pela deficiência técnica na execução do fator responsável pela  viabilidade de um sistema, os fundamentos do grande jogo.

No treino da tarde, foi apresentado à equipe o primeiro fragmento de um sistema baseado em dupla armação, na forma de um exercício entre dois, e depois três jogadores, ainda sem marcação, mas sendo exigida toda uma preocupação concernente aos movimentos coordenados na formulação e execução dos mesmos, através a consciente leitura de todas as partes que os compõem. A somatória de todos os fragmentos transformados em exercícios práticos e minuciosamente estudados é que comporão o cerne do futuro sistema, tornando-o exeqüível pelo pleno conhecimento e domínio de suas particularidades.

Exercícios de rebotes e de contra ataques complementaram uma pratica altamente compensatória, mesmo sob o domínio suado e sacrificado de todos que compõem essa dedicada equipe.

Mudanças de atitude e disposição estarão sendo modificadas com o desenrolar dos treinos, originando na equipe um maior sentido técnico tático, como produto direto do esforço de todos. E assim será.

Amém.

O QUINTO DIA…

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Enfim comecei, ou recomecei hoje a trilhar o caminho das pedras, suado e trabalhoso, exatamente como todo trabalho no grande jogo deveria começar, pelos fundamentos. Conclamei a todos que incorporassem o trabalho, mesmo que alguns resistissem à idéia de que já os dominavam, com um singelo argumento, o de que sempre podemos agregar algo de novo ao que sabemos, aperfeiçoando-o, renovando-o, ou simplesmente, recordando-o em seus sutis detalhes.

Volvemos à arte do drible, com suas particularidades somente dominadas por uns poucos, mas cujo teor e carga técnica deve ser do conhecimento de todos, armadores, alas e pivôs, num exercício e grau de linearidade comum e acessível a indistintamente todos que se habilitam a aprendê-lo.

Os cortes, as mudanças de direção, com ou sem troca de mãos, as reversões com a obrigatória troca das mesmas, a manutenção dos cotovelos junto ao corpo, obrigando a bola a ser controlada também junto ao corpo, tornando-a parte integrante de um único movimento, e não um fardo arrastado e descontrolado, e por isto mesmo de comportamento imprevisível.

Tornamos à descoberta progressiva daquele comportamento, instável e volúvel, e por isso de domínio técnico complexo e apaixonante, qualificação única dos corpos esféricos, cujo domínio e total controle por si só justifica um retorno à sua aprendizagem.

Abordamos preliminarmente as técnicas do rebote ofensivo, propondo o giro de 180 graus no ar quando do efetivo domínio do mesmo, propiciando na queda  ao solo a manutenção da tríplice ameaça, posicionamento que todo jogador de qualidade jamais deveria abdicar, tornando-o apto ao drible, ao passe e a um novo arremesso, estando próximo a cesta.

E toda essa sucessão de movimentos fundamentais desenvolvida e praticada na forma de circuitos, onde cadeiras plásticas de baixo custo, balizam os caminhos, os obstáculos e anteposições aos movimentos, na recriação de situações reais de jogo, e onde o técnico promove as correções individualizadas, durante o percurso dos mesmos.

Muito cansaço e suor, premiando o eterno e inesgotável prazer de bem aprender, reaprender, ou mesmo recordar as bases do grande jogo, seus fundamentos. Muitos treinos ainda explorarão as possibilidades e potencialidades das ações fundamentais, que são aquelas que amalgamam o sentido e a compreensão do que venha a ser uma verdadeira equipe, pois seus sistemas de jogo só se tornarão factíveis com o pleno conhecimento e domínio das mesmas.

Amanhã pela manhã continuaremos a saga em busca do soerguimento da equipe, que premiará o esforço consentido de todos. E assim será.

Amém.

O QUARTO DIA…

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Neste domingo, após mais uma derrota na Liga, contra o Flamengo,  conclui minhas observações sobre a equipe nos três planos possíveis pelo pouco tempo em que aqui estou, em treinos, jogos e nos relacionamentos sociais, assim como me interei razoavelmente nos aspectos técnico administrativos da mesma, considerando ao final termos todos reais  possibilidades de evoluirmos positivamente na classificação final.

E afirmo isto baseado numa única constatação, justificada nos dois jogos que assisti, e nas analises estatísticas da equipe nos jogos anteriores, quando alcançou duas únicas vitórias em 14 jogos, a de que é composta de bons e experientes jogadores, mas que apresentam de forma repetitiva alguns vícios técnico táticos, perfeitamente contornáveis se corrigidos através árdua preparação, e por se tratar de um grupo profissional e termos um intervalo na competição  para possíveis 34 treinos, não suficientes, mas que possibilitará aos mesmos uma apreciável melhora no rendimento técnico.

No plano individual, dribles, passes, fintas, marcação e arremessos podem e devem ser melhorados substancialmente, e aprimorados nos rebotes e corta-luzes.

No plano técnico tático, uma mudança radical deve ser a proposta a ser desenvolvida, pois mesmo no sistema único de jogo que praticam, e é praticado pela maioria quase absoluta das demais equipes, sua produtividade é abaixo do sofrível, forçando um jogo individualizado e improdutivo, e por isso mesmo desagregador e até certo ponto egoísta. Mas são variáveis perfeitamente contornáveis e corrigidas se a dedicação aos treinos for assumida por todos.

No plano do relacionamento social, fio de prumo das grandes equipes, e elemento balizador na construção de sistemas de jogo evoluídos, não observei fraturas aparentes, mas que por certo existem e sempre existirão na realidade do relacionamento humano, onde o aspecto mais importante e fundamental é o de sabia e equilibradamente desenvolver e estabelecer tais relações com isenção, e acima de tudo, com bom senso. Em suma, com boas conversas corrigem-se falhas, amparadas e referendadas pelo trabalho intenso, respeitoso e disciplinado.

O caminho está em aberto, restando tão somente possíveis e importantes acertos nas três esferas, a do técnico com seus jogadores, entre os próprios jogadores, e finalmente a da equipe em seu todo frente aos direitos e deveres devidos ao clube e seus patrocinadores, e vice versa, obrigatoriamente.

No mais, muito trabalho nos aguarda, começando impreterivelmente amanhã.

Amém.

O TERCEIRO DIA…

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Dia totalmente tomado para a formulação do projeto, com a compra de material gráfico, pastas, encomenda de  material de apoio construído de madeira de refugo, barata e de fácil acesso, mas necessitando da habilidade de um bom marceneiro( construção de um tampão do aro da cesta, e dois pequenos cavaletes para correção de direcionamento nos arremessos), reserva de cadeiras plásticas empilháveis, e homologação de horários disponíveis para os treinos, inclusive durante o período carnavalesco.

No fim da tarde uma ida ao ginásio para assistir o treino preparatório para o jogo amanhã contra o Flamengo, ainda sob o comando do técnico interino Alarico Duarte, quando ao fim do mesmo chega ao local a equipe adversária para o reconhecimento do ginásio, e a oportunidade de reencontrar velhos conhecidos , como o Paulo Sampaio e o João Batista, técnico e assistente do Flamengo, que além de caloroso, amistoso, nos fez relembrar boas e animadas histórias, que sempre deveriam ser bem vindas e recontadas por todo os técnicos associados do país, hoje afastados e isolados uns dos outros, numa perda extraordinária de poder, se unidos e associados.

Mais uma ligeira reunião com  a direção, e volta ao hotel para  dar continuidade ao planejamento dos 34 treinos que antecederão os jogos em São Paulo no próximo dia 26.

Amanhã, o jogo contra o Flamengo será de enorme importância na observação final dos jogadores em situação de competição, onde detalhes técnicos individuais e coletivos servirão de base ao trabalho proposto.

Muito apoio temos recebido de torcedores, dirigentes, e até pessoas na rua, numa demonstração de engajamento à luta que deverá ser travada, na tentativa da equipe evoluir da situação dramática em que se encontra na classificação do campeonato.

É um desafio digno de ser enfrentado por todo e qualquer jogador que se considere valioso perante si mesmo e perante a equipe a que pertença., a todo jogador que valorize a auto estima duramente conquistada e posta a serviço de sua equipe como um todo. E a recobraremos, sem dúvida.

Amém

O SEGUNDO DIA…

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Neste segundo dia almocei com a Diretora Administrativa da equipe, Claudia Sueli D.Lima, quando tive a oportunidade de me informar sobre muito da organização e critérios administrativos que exequibilizam sua participação na LNB, e no NBB2, alguns dos quais me eram desconhecidos. Esse primeiro encontro intronizou-me na realidade ainda incipiente do basquete profissional no país, quando muitos caminhos ainda terão de ser percorridos até sua implantação de caráter permanente se sedimentar.

À noite desloquei-me para Vila Velha onde uma rodada dupla seria disputada entre as duas equipes capixabas contra os atuais campeões paulista e brasileiro, São José e Flamengo, respectivamente, cabendo ao Saldanha enfrentar a equipe paulista.

Foi um jogo em que da arquibancada pude constatar o alto grau de perda de auto estima da maioria dos jogadores da equipe, com uma ou duas exceções, na demonstração explicita de entrega já no segundo quarto, como penalizados se sentissem pela má colocação no campeonato, fator originário das isoladas tentativas individuais de tomar o resultado da partida em mãos, relegando ao mínimo a participação coletiva. Nem ao fato real de estar eu assistindo e avaliando a equipe e seus bons jogadores, creio ter influenciado na produtividade dos mesmos, e sim a imensa vontade de reverterem uma situação com suas infrutíferas ações de caráter puramente individual.

Logo se fez sentir a situação em toda a sua dimensão negativa, a quase completa ausência de coletivismo, somente presente no último quarto no setor defensivo, como o derradeiro alento de não permitirem um placar mais excludente, demonstração elogiável de amor próprio, mesmo que pontual.

Domingo enfrentarão o Flamengo, quando sofrerão com o poder ofensivo do campeão brasileiro, dando por encerrada essa fase negativa, pois na segunda, juntos e unidos, deflagraremos uma nova etapa, com muito e dedicado trabalho, exatamente no sentido de resgatarmos o coletivismo, base estrutural de uma equipe de alta competição, lastreado pelos bons valores que compõem essa singular equipe.

O que faremos, e que proposta sugeriremos a todos em busca de uma entendimento comum? Trabalho de resgate de fundamentos negligenciados, apesar de não esquecidos, tanto os individuais, como os coletivos, e uma progressão didático pedagógica que os levem de encontro à interdependência de cada um deles às necessidades básicas de uma equipe, onde a técnica, a virtuosidade e a liderança de cada um  se funda com a de seus companheiros, num único e rígido bloco, resgatando definitivamente o perdido espírito de equipe, pela elevação da auto estima de todos.

E  estes objetivos imediatos, só poderão ser alcançados através a faina dura e sacrificada dos 34 treinos que antecedem o reinicio do campeonato no próximo dia 26 em São Paulo contra o fortíssimo Pinheiros.

Até lá nos entregaremos de mente, corpo e alma ao trabalho e somente a ele, como um permanente e imutável sacrifício no altar dos vencedores. E se mesmo assim não atingirmos em pleno nossos anseios, que fique marcada essa entrega como algo de que jamais nos esqueceremos na busca e no reencontro da auto estima fugidia. E assim será, prometemos todos.

Amém.