O VIGÉSIMO TERCEIRO DIA…

Ainda com alguns jogadores se recuperando de pequenas lesões, fizemos um treino eminentemente técnico sobre arremessos (lances livres em particular), de diversas formas e situações, sempre procurando sanar deficiências de execução e concentração. Foi uma manhã proveitosa neste aspecto.

À tarde, um treino de fixação da movimentação básica dos pivôs móveis e dos armadores na busca detalhada de suas ações coordenadas, foi o tema principal abordado e desenvolvido à exaustão, tanto de execução, como de correção. Finalizamos o treino com series de lances livres, uma permanente preocupação, em face dessa deficiência crônica da equipe.

Uma discussão pormenorizada e com a participação opinativa de todos encerrou a atividade, altamente positiva em todos os sentidos.

Com a participação de todos os componentes da equipe, por certo obteremos nestes dois últimos dias que antecedem a rodada dupla  contra Franca na sexta, e Araraquara no domingo, um aumento significativo no trabalho coletivo, e na qualidade e eficiência dos arremessos de média distância. e lances livres., provando o quanto de melhoria um grupo de jogadores pode alcançar com trabalho intenso e dedicação integral..

Amanhã daremos seguimento a esta pequena, porém significativa saga de uma coletividade desacredita na busca de sua redenção.

Amém.

OS VIGÉSIMO PRIMEIRO E SEGUNDO DIAS…

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Ontem, segunda feira descansamos até o treino da tarde, quando efetuamos uma atividade de ajustes nos arremessos e discutimos os números do jogo contra o Paulistano, principalmente o elevado número de erros, 22, entre passes, andadas e perdas de bola, que devemos corrigir para o próximo jogo contra Franca na sexta feira.

Hoje, treinamos mais fundamentos e arremessos pela parte da manhã com a ausência de alguns jogadores que se encontram em trabalhos de recuperação física.

Na parte da tarde efetuamos um duro treinamento de formações de ataque contra defesa individual, trabalhando desde as posições iniciais dos pivôs móveis, até os deslocamentos em dribles dos armadores visando o ajuste síncrono com os deslocamentos dos pivôs, verdadeira sintonia fina entre estes dois segmentos aparentemente dissociados, mas que interagem permanentemente através passes e deslocamentos sem a bola de ambos. É a parte mais sensível do sistema ofensivo, necessitando de altos padrões de atenção e concentração dos dois segmentos, sem os quais se desconectam e se anulam.

A busca deste sincronismo é apaixonante, pelo fato de que é a porta de entrada da criatividade, da improvisação e da percepção do jogo quanto às ações defensivas dos adversários. Em outras palavras, induz à leitura do jogo pela constatação direta do comportamento defensivo, liberando as ações ofensivas compatíveis ao mesmo.

Amanhã daremos continuidade a estes ajustes, sem esquecer os sempre presentes fundamentos, ferramenta de trabalho de todos os jogadores, sem exceções.

Amém.

O VIGÉSIMO DIA – O JOGO…

A saída do avião de São Paulo é muito demorada pelo intenso tráfego aéreo e as condições atmosféricas. Chove, e estou muito cansado. Somente agora o nível de adrenalina baixa às condições normais, e anseio chegar a Vitória para enfim descansar. Aos poucos o vozerio alegre dos jogadores arrefece e alguns dormem. O avião decola.

“Professor, precisamos vencer, vamos vencer, nem que eu tenha de me matar em quadra, pode confiar”. E confio, ele se mata na quadra, e vence.

Dois dias atrás uma gastrenterite somada à emoção do iminente nascimento do primeiro filho e a tensão pelo jogo que precisava vencer, derrubou o gigante. Mas hoje, jogou e lutou bravamente, ajudando seu time para a vitória. Mas para que ela viesse eu precisava recuperar a auto confiança da equipe, e do Jesus em particular, que é forte e habilidoso, e muito veloz também. O outro pivô, o André, já se estabeleceu na equipe, por sua técnica e garra, e por isso substitui-o pelo Jesus, ganhando para as futuras partidas mais um pivô de qualidade.

O André não jogou na quadra, mas jogou junto a mim no incentivo e orientação do renascido Jesus, numa atitude madura e competente de quem está compromissado com o trabalho e com o grupo, merecendo de mim o incontido agradecimento.

Sim, temos um equipe de verdade, um jogador subestimado como o Roberto, que com seus 24 pontos, e 100% no aproveitamento dos lances livres (14/14) e 15  rebotes, se tornou o maior pontuador da partida, e o Amiel com seus 22 pontos, ambos pivôs móveis, e não alas arrivistas à serviço de imponderáveis arremessos de três, lugar comum estabelecido pelos jogadores brasileiros e seus técnicos, cúmplices desta impensada temeridade, acobertada e incensada por um tipo de mídia a serviço do ‘espetáculo”, onde enterradas e aventuras de três sempre receberam os incontidos louvores dessa turma que de basquete pouco sabe, sequer ama.( E aqui cabe uma questão- Por onde se escondeu a salutar idéia da prova de habilidades nos fundamentos no encontro das estrelas em Uberlândia? Desculpem, esqueci que fundamentos não dão Ibope… ).

E num elenco pouco prestigiado conseguimos,  todos, estabelecer o conceito dos pivôs móveis, onde o André, o Jesus, o Casé e o Lucas completam com o Roberto e o Amiel  um sexteto rotativo de alta qualidade, pois se revezam no esforço tático de manterem seus domínios reboteiros em ambas as cestas,  sem flutuações para menos na condição atlética, fundamental nessa categoria de elite, além, muito além de complementarem à cesta de distâncias menores, garantindo também menores desvios angulares nos arremessos, otimizando os ataques, onde a freqüência de acertos é bem superior ao descalabro intencional da ditadura dos três pontos, em tudo similar às ditaduras de fato.

E outro conceito estabelecido da forma correta, a da dupla armação alimentadora dos pivôs móveis, sempre e permanentemente no foco da ação, conceitos estes compatibilizados pelo treinamento forte, esclarecedor e discutido por todos ( pedi um único tempo no jogo, aos 1: 53 do fim, mas de alerta do que tático, pois situações de jogo e sistemas são formuladas em treinos, e não rabiscadas hieroglificamente em inúteis pranchetas), na busca da ansiada e difícil, já que aleatória, coordenação em sintonia fina, somente alcançada em alguns momentos, que se percebidos com inteligência e apurada leitura do jogo defensivo adversário, leva a equipe à vitória. E para tanto, jogadores como o Munõz, o Rafael, o João, o Daniel, o Mosley e o Matheus, em duplas compostas  de n fatores,  na medida tática que se fizer presente, e em permanente rotação, constituem a força motriz do sentido da dupla armação, onde a ajuda constante referenda e embasa a força da equipe, como um todo.

E finalmente o conceito grupal, aquele que preconiza a responsabilidade pessoal à serviço da equipe, com mínimos rasgos de vaidade, auto controlada por jogadores que se pressupõem inteligentes, e que o provam a cada treino, a cada jogo, na montagem detalhada e muitas vezes fugidias das sutis nuances do ser humano, fragilizado no abandono, forte e ousado quando na busca do bem comum, da cidadania, do espírito( o verdadeiro) de equipe.

Mas não nos deixemos levar por devaneios motivados por duas apresentações, fruto do trabalho de somente 20 dias, mas eivado de novas propostas e possíveis soluções técnico táticas ( se discutidas e estudadas por técnicos de verdade), e sim nos condicionarmos da necessidade capital da continuidade do trabalho, inspirador da confiança e da determinação de todos, e que, obrigatoriamente deverá ser amparado pelos patrocinadores da equipe, em suas obrigações contratuais, inclusive para comigo mesmo, para que todos juntos, irmanados por um factível ideal, somemos  uma réstia de esperança ao nosso tão maltratado basquetebol. Que assim seja.

Amém.