CONJECTURANDO…
Toca o Skype e quem fala do lado lá é o Alcir, iniciando um papo sobre, adivinhem…isso, basquete, e mais, olímpico. Assunto em pauta, o jogo contra a Argentina logo mais em Londres pelas quartas de final, que por si só provoca situações para além de inusitadas, apaixonadas, e radicalmente unilaterais, não fossemos hermanos inseparáveis…
Digo a ele que estava em plena elaboração do artigo de hoje, exatamente sobre um assunto que me nego normalmente a escrever, previsões sobre jogos, principalmente aqueles em que não me encontro participante. Mas após ler um batalhão de comentários em artigos blogueiros sobre “como jogar” esse decisivo jogo, me permito abordar alguns detalhes estratégicos, táticos por assim dizer, sobre algo que entendo um pouco, e que fatalmente divergirão das opiniões maciçamente publicadas, que em sua maioria advêm de leigos, entusiastas, torcedores, curiosos, palpiteiros, e um ou outro editorialista mais objetivo e esclarecido.
Vejamos então:
– Quatro são os pontos perigosos nesta excelente equipe argentina, seus dois armadores, seu pivô extra classe, o seu coração, Ginobili, e um sentido inigualável de conjunto e comprometimento grupal.
– Enfrentar uma equipe deste quilate exige um planejamento acurado e preciso, fatores que o Magnano domina muito bem, não fosse o mesmo um ex condutor da mesma em campanhas gloriosas.
– No entanto, poderiamos projetar umas poucas situações de fato, que se bem equacionadas propiciariam boas chances de vitória, já que concretas.
– Primeiro, brecar na medida do possível a armação argentina, normalmente veloz, muito técnica, que é exercida por um armador de oficio (Prigioni ou Campazzo), mas sempre na companhia de outro armador honorário com técnica similar (Delfino ou Ginobili), numa dupla armação efetiva e vencedora. Colar no armador de oficio, fustigando-o permanentemente, em muito comprometeria o sentido coletivista dos argentinos, pois teriam contestada sua unidade na origem. E nada melhor do que o Alex para confrontá-lo, em vez de duelar de forma desigual com um Ginobili muitos furos tecnicamente acima dele.
– Dificultando e retardando os passes iniciais dentro do sistema argentino de jogar, a defesa poderia se antecipar aos pivôs, colocando-se nas linhas de passes aos mesmos, provocando a abertura do Scola, num posicionamento onde é menos efetivo do que no interior do perímetro, obrigando a armação a um exercício inseguro e impreciso em seu ponto mais forte, o principio coletivista, pois fragmentando-o seriam invertidas suas prioridades ofensivas, obrigando-os ao improviso, ao individualismo, no qual o Ginobili é mestre, mas não se sozinho for mantido pelo maior espaço de tempo possível, pois anulá-lo é impensável, mas tentar reduzir sua eficiência e números em pelo menos 25% em muito aumentariam as chances de um bom resultado, e para tanto somente um jogador muito veloz para antecipar suas jogadas, como o Leandro ou o Huertas, próximos em estatura ao grande jogador.
– Esse estratagema, se bem executado, equilibraria as chances, que somadas às melhores condições físicas da equipe brasileira auferiria reais oportunidades de vitoria e continuidade na competição.
Mas são conjecturas, puro exercício de um técnico veterano e com alguma experiência no grande jogo, o grandíssimo jogo.
Amém.
Foto – Colin Foster/CBB. Clique na mesma para ampliá-la.
Acho fundamental acrescentar isso a defesa de Varejão e Nenê no Scola. Jamais Splitter, muito menos Guilherme.
Defender o perímetro como nunca. Eu sei que é difícil quando se tem Marquinhos e Marcelinho defendendo, mas hoje vale o sacrifício. Esses jogos têm mostrado que todo time bem marcado abusa das bolinhas, com índices muitas vezes inferiores a 30%. E o forçar lance livre não é má ideia, afinal praticamente todo mundo vem demonstrando uma falta de equilíbrio psicológico e preparo técnico altíssimos nesse importante fundamento do grande jogo.
Boa sorte (vamos precisar)!
Desculpe a demora na resposta, prezado Rodolpho, tive alguns problemas com o computador, mas está tudo legal agora.Creio que o jogo em si respondeu aos nossos comentários, inclusive o comentario do proprio Lamas. Se não atuamos como indicava o bom senso, paciência. O que não pode ocorrer (e ocorrerá, infelizmente…)é a repetição dos erros cometidos, que confesso contrito, são de dificilimas soluções, frente à nossa endêmica limitação, a formação de base. Sem ela, muito bem estruturada, nada conseguiremos em 2016, e com essa liderança corporativista que se instalou no meio, agora denominada “familia do basquete”(a mais propria denominação seria famiglia…), na qual o mérito é engolido pelo Q.I., sinto pena do grande jogo em nosso enorme e injusto país.
Um abraço, Paulo Murilo.